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"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história." Bill Gates

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Justiça nega pedido para tirar do ar TV que só transmite religião


Rede 21 vende 22 horas por dia
para evangélicos

A Justiça Federal negou ao MPF (Ministério Público Federal) de São Paulo pedido urgente (liminar) para a retirada do ar da Rede 21, do Grupo Band, por transmitir 22 horas por dia de programa religioso, da Igreja Universal do Reino de Deus.

Pela regulamentação do setor de telecomunicação, rádio e TV podem vender no máximo 25% de sua programação.

Como a decisão é provisória, agora a Justiça vai examinar o mérito do pedido.

O MPF tomou iniciativa semelhante em relação à CNT. A Justiça ainda não se manifestou sobre essa segunda ação civil pública.

Para o MPF-SP, as emissoras que estão extrapolando “os limites da concessão do serviço de radiofusão” agem contra o “interesse nacional” porque deveriam dedicar sua programação à cultura e à educação.

Assim, segundo o órgão, essas emissoras incorrerem na prática de “enriquecimento sem causa”.

As emissoras alegam que não transgridem a lei porque os programas religiosos não são anúncios.

Trata-se de uma argumentação difícil de sustentar porque somente em 2014 as igrejas injetaram nas emissoras pelo menos R$ 1 bilhão, de acordo com estimativa do site “Notícias da TV”. Só a Globo e o SBT não fazem esse tipo de negócio.

A TV Band, a principal emissora do grupo da família Saad, fatura por mês R$ 8,5 milhões com a venda de uma hora na faixa nobre ao pastor R.R. Soares, chefe da Igreja Internacional da Graça de Deus.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Em novo reality, pastor tem oito minutos para converter prostitutas


O pastor Greg Reese em rua do condado de Orange (Califórnia, EUA)
 antes de se encontrar com prostituta
por Daniel Castro, no nTV

Um novo reality show promete dar o que falar. Em 8 Minutes (8 Minutos, título provisório), o pastor norte-americano Greg Reese, de 44 anos, promete tirar prostitutas das ruas de uma cidade da Califórnia e transformá-las em fiéis protestantes. Sua missão será registrada pelas câmeras do produtor Tom Formam, criador de Extreme Makeover: Home Edition, que a exibirá no canal pago A&E.

Ex-policial, Reese já tem experiência no assunto. Uma reportagem sobre seu trabalho, publicada no ano passado pelo jornal Los Angeles Times, inspirou a criação do reality show. "Nós lemos aquilo e pensamos: alguém tem que colocar uma câmera nisso", disse Forman ao site Entertainment Weekly. "É a coisa mais incrível que eu já ouvi."

Durante 20 anos, Reese atuou na região do condado de Orange, vizinha a Los Angeles. Ele trabalhava no setor de vícios da polícia local e lidava com o mundo da prostituição diariamente, prendendo homens e atendendo ocorrências de ataques a garotas de programa.

Atualmente, em seu trabalho na igreja batista, Reese telefona para prostitutas se passando por cliente e marca um encontro. No local, ele logo entrega uma camisinha com um telefone e diz que não está ali para transar. O pastor explica a situação e espera uma reação.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

4 razões para abandonar as redes sociais

foto: flickr.com/todojuanjo/
foto: flickr.com/todojuanjo/
Carol Castro, no Ciência Maluca (via Pavablog)
Tudo começa com uma curiosidade. Seus amigos estão lá e não param de comentar sobre a novarede social do momento. Você entra, fuça e gosta. Instala no celular o aplicativo para não perder as novidades do seu feed de notícias. A todo instante, vai lá conferir quem curtiu seu post, suas fotos, seus comentários. Pronto: você está viciado.
E vai ficar mais viciado em redes sociais do que em cigarro. Foi o que mostrou um estudo de pesquisadores da Universidade de Chicago. Durante uma semana, 205 voluntários relatavam, a cada meia hora, quais eram os desejos mais fortes que sentiam naquele momento. Eles até resistiam aos impulsos consumistas e sexuais, mas não se aguentavam quando o assunto era checar o Facebook. A vontade de fuçar nas redes sociais era maior do que a de fazer qualquer outra coisa. Até fumar.
Aí você não se reprime e fuça mesmo. Não apenas confere as novidades alheias, como também posta um montão de fotos bacanas. E nessa corre o risco de perder amigos. Pois é. É que sempre vai ter alguém para sentir ciúmes – seus amigos que ficaram de fora ou o seu amor. E seu nível de intimidade com essas pessoas até cai.
Pelo menos foi o que disseram as 500 pessoas que participaram de uma pesquisa britânica. Eles contaram aos cientistas com que frequência alguns amigos lotavam o feed deles com fotos,como se sentiam, qual era o nível de intimidade com aquela pessoa. A maioria se afastava dos colegas que se exibiam muito nas redes sociais. Exceto, claro quando eram amigos muito próximos ou parentes.
Bem, se não bastava perder a simpatia de alguns conhecidos, você ainda corre o risco de engordar. E ficar pobre. A pesquisa da vez vem lá das universidades Columbia e de Pitsburgo. Eles convidaram 541 pessoas para uma brincadeira. Parte tinha acesso às redes sociais, enquanto os outros não. Depois de um tempo de espera, eles deveriam escolher entre um biscoito dechocolate e uma barra de cereal. Quem havia fuçado no Facebook costumava preferir a primeira opção. Esse grupo também se mostrava mais disposto a seguir impulsos consumistas e torrar todo o dinheiro desenfreadamente.
É um efeito colateral do seu bom relacionamento com os amigos que sobraram. “Quando as pessoas usam o Facebook elas ficam mais felizes com elas mesmas”, explica Andrew Stephen, co-autor do estudo. “E pessoas que se sentem bem tendem a se controlar menos. Eles se dão permissão para extrapolar em algumas coisas”, conclui.

Thomas Jefferson retalhou a Bíblia para ter versão sem lixo


Jefferson extraiu 'diamantes' da Bíbliapara
ter sua versão da história de Jesus
Em uma noite de inverno de 1804, Thomas Jefferson (na ilustração), o terceiro presidente dos Estados Unidos, de 1801-1809, pediu a um funcionário da Casa Branca que trouxesse dois exemplares da Bíblia e a retalhou com uma lâmina, tirando da história de Jesus o que lhe agradava. Ao conjunto, ele deu o nome de "A Filosofia de Jesus de Nazaré”.

Mais tarde ele escreveu uma carta ao seu amigo John Adams dizendo que tinha montado uma versão só com os “diamantes” da Bíblia, para distingui-los do monturo (dunghill)

Em português, monturo significa grande quantidade de lixo, monte de objetos desnecessários, lixão de difícil acesso.

A palavra inglesa dunghill quer dizer, entre outras coisas, estrume, monte de esterco, excremento de animais.

Jefferson usou “diamante” como metáfora por se tratar de pedra rara.

Ele foi o principal autor da Declaração da Independência (1776) e também um dos mais influentes fundadores dos Estados Unidos.

Jefferson perdeu a sua montagem de “diamantes” da Bíblia, mas em 1820, aposentado da política, aos 77 anos, ele criou nova versão do Novo Testamento, em quatro idiomas. Usou seis exemplares da Bíblia — dois em inglês, dois em francês e dois em latim e em grego.

Nesta versão, Jefferson deixou de fora os milagres, como Jesus andando sobre as águas, ressuscitando Lázaro e multiplicando pães e peixes. Ele também não fez recortes sobre alusões ao nascimento virginal e à sugestão de que Jesus é Deus.

Jefferson deu à colagem o nome de “A vida e moral de Jesus de Nazaré”. Ela termina com o sepultamento de Jesus na sexta-feira, não com a ressurreição, no domingo de Páscoa.

Encadernada, essa colagem está Museu Smithsonian, de História Americana, juntamente com duas Bíblias das quais Jefferson extraiu os “diamantes”.

Thomas Jefferson foi de família que frequentava a Igreja Anglicana. Estudou em escolas que seguiam essa orientação religiosa, desde o ensino fundamental à faculdade.

Ele compareceu a cultos durante toda a vida, mas tinha uma visão crítica da religião, principalmente do cristianismo, como demonstram as suas versões da Bíblia.

Intelectual brilhante, ele preferiria tirar suas próprias conclusões, mesmo contrariando o dogmatismo religioso. Dizia que todos deviam fazer o mesmo.

Uma das Bíblias das quais Jefferson extraiu 'diamantes'
Em 1787, ele disse ao seu sobrinho Peter Carr que indagasse com arrojo mesmo sobre a existência de um deus. “Porque, se houver um, ele deve homenagear mais a razão que o medo de quem tem os olhos vendados”.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Congresso reúne opositores da teoria da evolução; biólogos criticam 'novo criacionismo'

por Reinaldo José Lopes, na Folha de S.Paulo

O químico Marcos Eberlin, 55, tem um currículo muito parecido com o de outros pesquisadores de alto nível do país. Com centenas de artigos publicados em revistas especializadas, ele é membro da Academia Brasileira de Ciências e professor titular da Unicamp, chefiando um laboratório especializado em espectrometria de massa (grosso modo, uma técnica que permite "pesar" moléculas).

Para consternação de vários de seus colegas, porém, Eberlin também é um dos organizadores do 1º Congresso Brasileiro do Design Inteligente, que começa em 14 de novembro, em Campinas, reunindo os principais adversários da teoria da evolução entre cientistas do Brasil.

Os defensores da TDI (Teoria do Design Inteligente) apresentam uma versão atual de argumentos que chegaram a seduzir o próprio Charles Darwin (1809-1882) antes que o naturalista formulasse a ideia de seleção natural e se tornasse fundador da biologia evolutiva.

Eles defendem que seres vivos são complexos demais para terem surgido a partir de matéria não viva, pela ação de leis naturais.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress 

Essa complexidade seria, na verdade, sinal de um design, ou "projeto", embutido nos seres vivos por algum tipo de inteligência avançada.

"Cientificamente, eu sei quais são os meus limites, sei que nunca será possível demonstrar que inteligência seria essa", diz Eberlin.

"Tem gente que vai dizer que é o Deus bíblico, tem gente que vai dizer que são os ETs, ou que é uma força que permeia o Universo. Mas mostrar que houve essa ação inteligente é uma proposta científica válida", afirma o pesquisador.

A grande maioria da comunidade científica discorda, porém –em especial os biólogos, principais responsáveis por estudar a trajetória da vida na Terra. Nos EUA, onde surgiu, a TDI é vista como uma tentativa de misturar ciência com convicções religiosas. Por lá, de fato, os defensores mais importantes da tese costumam ser cristãos conservadores.

"No nosso caso, não vejo esse viés. Tem agnóstico, tem espírita, tem católico e, lógico, tem evangélico também", afirma Eberlin, que é batista.

QUESTÃO DE QUÍMICA

Entre as dezenas de membros do comitê científico do congresso, há desde biólogos até historiadores, mas os químicos, tal como o professor da Unicamp, predominam. Dois dos membros mais destacados do comitê, Kelson de Oliveira, da Universidade Federal do Amazonas, e Brenno da Silveira Neto, da Universidade de Brasília, também cursaram teologia (ambos são presbiterianos).

Segundo Oliveira, a forte presença de químicos entre adeptos da TDI é motivada, em parte, pelos modelos sobre a origem da vida na Terra, que "podem ser facilmente entendidos por um químico". "Isso nos permite ver falhas que muitas vezes escapam a integrantes de outras áreas", diz o pesquisador.

Mais especificamente, eles dizem que a probabilidade de reações químicas naturais levarem à formação de células primitivas seria praticamente nula. Para Eberlim, a complexidade bioquímica das células atuais, com mecanismos de correção de DNA, é indício de design inteligente.

Para Brenno da Silveira Neto, o congresso será um foro de debate científico sobre o tema. "Acho errado que grupos religiosos se tornem adeptos da TDI só porque ela valida sua visão de fé."

O congresso deve ser palco da criação da Sociedade Brasileira do Design Inteligente e da divulgação de um manifesto sobre o ensino da evolução e da TDI nas escolas públicas. Eberlin, porém, diz que a ideia não é pressionar o Ministério da Educação.

"O que a gente quer é que a teoria da evolução seja ensinada de maneira certa e na idade certa. É um absurdo usar nas escolas revistinha da Turma da Mônica mostrando o macaquinho virando homem para crianças pequenas", diz o químico.

"Queremos que o professor não esqueça de informar aos alunos que há outra teoria que quer entrar na briga. E que não se ensine nada sobre TDI, pois ainda não se sabe bem o que falar. Deixe apenas os alunos cientes de sua existência."


O professor de química da Unicamp Marcos Eberlin, adepto da tese
do design inteligente (TDI) - 
Davi Ribeiro/Folhapress 

SEM SENTIDO

A tentativa de dar verniz científico e educacional à Teoria do Design Inteligente costuma esbarrar na semelhança entre a tese e o tradicional criacionismo –a crença numa divindade que teria criado diretamente os seres vivos como são hoje, em geral idêntica ao Deus da Bíblia.

Foi essa a conclusão do juiz americano John Jones ao decidir contra a secretaria de educação de Dover, na Pensilvânia, que defendia que a TDI fosse ensinada ao lado teoria da evolução nas escolas públicas. Jones concluiu que um currículo escolar assim violaria a separação entre religião e Estado estabelecida na Constituição dos EUA.

No Brasil, em 2004, o Estado do Rio de Janeiro, governado por Rosinha Matheus, chegou a propor a inclusão do criacionismo no ensino público, embora não tenha havido alteração nas aulas.

A maioria dos biólogos, porém, diz não ver sentido na TDI, mesmo quando se analisam os dados do DNA com técnicas modernas.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Marina, teologia e política

Marina Silva no culto em que foi ordenada como Evangelista da Assembleia de Deus


Ricardo Gondim, no seu site.
A dias da eleição em primeiro turno fui convidado, por via indireta, para um encontro de líderes evangélicos com Marina. A reunião aconteceu em plena avenida Paulista. Sem saber quem também compareceria, achei que deveria ir.
Estranhei, de princípio, os que encontrei: pastores-presidentes de denominações e líderes neopentecostais, alguns auto-proclamados apóstolos e apóstolas e vários bispos e bispas. A faixa etária me chamou a atenção: a maioria era semi-idosa – iguais a mim. Faltavam jovens. Observei que uma gerontocracia sacerdotal continua a dar as cartas entre os crentes.
Depois, não podia deixar de notar a baixa frequência. Os organizadores não conseguiram lotar as cerca de 500 cadeiras dispostas no clube Homs. Murmurei para mim mesmo em tom crítico: dá para promover um evento gospel, mas é muito pouco para eleger um presidente – no caso, presidenta – do Brasil.
Antes mesmo de cantarmos o hino nacional, eu já conseguia suspeitar as percepções de mundo que inspiravam o encontro. Vi expoentes de uma onda que se popularizou no final da década de 1980 pelo Brasil conhecida como teologia da guerra espiritual – que procura combater demônios que se encastelam, desde os ares, em áreas geográficas definidas. Com textos bem alegorizados da Bíblia hebraica – Antigo Testamento – esse pessoal afirma que há príncipes diabólicos e potestadesinfernais designadas pelo próprio Satanás para reger, aprisionar e destruir bairros, cidades, estados e até o Brasil. A percepção fica entre o primitivo e o medieval: uma batalha entre forças espirituais antagônicas – anjos versus demônios – exige que os crentes se engajem através da oração. Sem a força das preces, os demônios vencem, mas, quando a igreja ora, os anjos triunfam. Identifiquei esses teólogos (grandes aspas aqui) nos corredores do encontro. Constatei, inclusive, que alguns se dirigiram para a coxia do salão e não voltaram mais. Minha intuição evangélica me avisa que foram interceder por Marina.
A candidata evangélica estaria vulnerável não ao constante bombardeio de marqueteiros de outros partidos, sequer desgastada pelo assédio e intimidação de certos televangelistas, mas por ataques satânicos. A vitória de Marina se daria, portanto, com jejum e oração; jamais por sua capacidade de transmitir boas propostas políticas ao povo brasileiro. Marina aconteceria no cenário político como encarnação de saias de Dom Sebastião, vinda dos joelhos dobrados em oração para a salvação do Brasil. Ela é guerreira do Senhor. Ela é ungida por Deus e capacitada pela intercessão dos crentes para conquistar, nas esferas espirituais, os territórios, as cidades e a própria nação do domínio que Satanás conseguiu exercer.
Marina entrou na reunião, cumprimentou a todos e se sentou. Um apóstolo fez a prece da abertura. Antes de orar, discursou por uns 10 minutos – que pareceram uma hora. Deixou claro: ele empenhava os votos de sua comunidade com dois milhões de membros – exagero que, sem juízo, pode ser creditado como mentira. Expressou outro ponto teológico que explicava o primeiro e, talvez, mais importante porquê de os evangélicos apoiarem Marina: uma reivindicação moralista.
Ficou nítida a força que animava aquele auditório: eles queriam que Marina combatesse o avanço nas conquistas civis dos homossexuais, impedisse o aborto e, num conceito mais difuso, protegesse a família. Com a bancada evangélica, notoriamente, manchada por enormes desvios éticos, o grupo sabe da conveniência de enxergar, nessas causas, a ruína do Brasil. Algumas grandes igrejas nacionais – seus líderes estavam no encontro – já foram investigadas até por assassinato. Se contar o número de processos contra políticos evangélicos no STF, fica ridículo os próprios evangélicos identificarem nos homossexuais, e na insistência da comunidade LGBT de ter seus direitos civis reconhecidos, a desgraça do país.
Convidaram um pastor para representar o presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (ausente da reunião e que apoiou Aécio Neves). Lembro quase ipsis litteris de suas palavras: - A candidatura de Marina Silva nasceu no coração de Deus. Deus tem tudo, rigorosamente, sob seu controle. E ele levará sua serva à vitória. O ambiente, que vinha morno, se acendeu. Aleluia, glória a Deus e amém se repetiram entre mãos levantadas e salva de palmas. Minha reação imediata: E se ela não for eleita?
Eu acabava de escutar a tolice mais repetida em púlpitos, debates e nas frases de efeito que se espalham pelas redes sociais. Ela soa interessante, mas não passa de um disparate. Se Deus tem mesmo tudo sob seu mais absoluto e rigoroso controle e Marina perde, já no primeiro turno, restam duas alternativas: o pastor falou asneira ou os dois adversários que a suplantaram em votos – Dilma e Aécio – burlaram o Todo-Poderoso; isto é, foram mais astutos. O pastor e aquele auditório, com raríssimas exceções, não pensam nos desdobramentos de suas afirmações. A frase não se sustenta. E essa piedade mostra o quanto o movimento evangélico nacional prescinde de bom senso.
Além do mais, se Deus tem tudo sob seu mais absoluto e rigoroso controle e a candidatura de Marina nasceu no seu coração, aquela reunião devia ser uma celebração antecipada da posse. E todo o esforço do comitê de campanha, todo o dinheiro gasto e toda rouquidão da candidata não passavam de teatro, com o fim do espetáculo anteriormente definido.
Depois, o telão exibiu um pequeno vídeo com Marina em comícios, com um trecho de seu testemunho de menina pobre, sem comida em casa. A música da peça publicitária era, obviamente, gospel no melhor estilo triunfalista. Não lembro a letra toda, mas o refrão repetia sem parar a palavra vitória. Marina havia descido do palco para assistir ao vídeo de frente. Uma das protagonistas do movimento “O Brasil é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso” se pôs em pé, acenou com as mãos, pedindo palmas efusivas.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Vaticano desmente a mídia: Nem o Sínodo nem o Papa Francisco tomaram decisões doutrinais

Sínodo da Família. Foto: Daniel Ibáñez / ACI Digital
via ACI digital|

Após uma série de notícias difundidas ontem sobre uma suposta mudança doutrinal da Igreja a respeito dos casais homossexuais, o site oficial de notícias da Santa Sé, News.va, assinalou nesta terça-feira que as discussões que têm lugar no Sínodo da Familia não são “doutrina nem normas definitivas”, e sim propostas para um documento de trabalho que será enviado às dioceses para preparar o Sínodo de 2015.

“Em resposta às reacções e discussões que se seguiram à publicação da Relatio post disceptationem, e ao facto de que, muitas vezes, lhe tem sido atribuído um valor que não corresponde à sua natureza, a Secretaria Geral do Sínodo reitera que este texto é um documento de trabalho, que resume as intervenções e o debate da primeira semana e, agora, é proposto à discussão dos membros do Sínodo reunidos nos Círculos menores, como previsto pelo Regulamento do mesmo Sínodo”, esclareceu o News.va.

“Acima de tudo, é importante recordar uma vez mais que o que se fala no Sínodo não é nem doutrina nem normas definitivas: não haverá ‘resultados’ do Sínodo, pois o Sínodo só está preparando um documento de trabalho que será discutido em todas as dioceses do mundo para preparar o sínodo de outubro de 2015”.

“Será este segundo Sínodo o qual apresentará uma série de recomendações ao Papa e ele aprovará o que considere melhor para o povo de Deus. Mas no momento, não há nada definitivo em nenhum sentido, por isso as notícias que atribuem tal ou qual decisão ao Papa ou ao Sínodo não são certas”, assinalou também o portal em sua edição em espanhol.

Nesse sentido, diante a confusão gerada nos fiéis, News.va convidou a procurar “informação de primeira mão sobre o sínodo” nos meios da Santa Sé.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Documento do Vaticano defende mudança da Igreja em relação a gays

Homossexuais têm 'dons e qualidades a oferecer', diz texto. 
Documento foi preparado após uma semana de discussões com 200 bispos.

Bispos em reunião matinal do sínodo da família, no Vaticano, nesta segunda-feira (13)
(Foto: Gregorio Borgia/AP)
publicado no G1

Numa grande mudança de tom, um documento do Vaticano declarou nesta segunda-feira (13) que os homossexuais têm “dons e qualidades a oferecer” e indagou se o catolicismo pode aceitar os gays e reconhecer aspectos positivos de casais do mesmo sexo.

O documento, preparado após uma semana de discussões sobre temas relacionados à família no sínodo que reuniu 200 bispos, disse que a Igreja deveria aceitar o desafio de encontrar “um espaço fraternal” para os homossexuais sem abdicar da doutrina católica sobre família e matrimônio.
saiba mais

Embora o texto não assinale nenhuma mudança na condenação da igreja aos atos homossexuais ou em sua oposição ao casamento gay, usa uma linguagem menos condenatória e mais compassiva que comunicados anteriores do Vaticano, sob o comando de outros papas.

A declaração será a base das conversas da segunda e última semana da assembleia, convocada pelo papa Francisco. Também servirá para aprofundar a reflexão entre católicos de todo o mundo antes de um segundo e definitivo sínodo no ano que vem.

"Os homossexuais têm dons e qualidades a oferecer à comunidade cristã: seremos capazes de acolher essas pessoas, garantindo a elas um espaço maior em nossas comunidades? Muitas vezes elas desejam encontrar uma igreja que ofereça um lar acolhedor”, afirma o documento, conhecido pelo nome latino de “relatio”.

“Serão nossas comunidades capazes de proporcionar isso, aceitando e valorizando sua orientação sexual, sem fazer concessões na doutrina católica sobre família e matrimônio?”, indagou.

John Thavis, vaticanista e autor do bem-sucedido livro “Os Diários do Vaticano”, classificou o comunicado como “um terremoto” na atitude da Igreja em relação aos gays.

“O documento reflete claramente o desejo do papa Francisco de adotar uma abordagem pastoral mais clemente no tocante ao casamento e aos temas da família”, disse.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Mãe evangélica reescreve Harry Potter, com medo de seus filhos virarem bruxos


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Duda Delmas Campos, no Literatortura (via Livros e Pessoas)
No presente momento de frenesi eleitoral e acirradas discussões políticas, muito se diz a respeito do conservadorismo religioso, que não só no Brasil, mas mundo afora, afeta as vidas de muitas pessoas, assim como se debate acerca da validade do fundamentalismo. E é nesse contexto que surge Grace-Ann, nos EUA. A texana, amedrontada ante a possibilidade de seus filhos tornarem-se bruxos ao lerem Harry Potter, decidiu reescrever a saga, retirando-lhe as partes mágicas. Pois é.
A nota que precede essa releitura de Harry Potter, que você pode conferir aqui, lê: “Olá, amigos! Meu nome é Grace Ann. Sou nova nessa coisa de fanfic; mas, recentemente, encontrei um problema para o qual acredito que essa seja a solução. Meus pequenos têm pedido para ler os livros de Harry Potter, e é claro que fico feliz que estejam lendo, mas não quero que se transformem em bruxos! Então pensei… por que não fazer algumas pequenas mudanças para que esses livros sejam familiares? E depois pensei, por que não compartilhar isso com todas as outras mães que estão enfrentando o mesmo problema?”
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Segundo a autora, a história de Harry Potter tem muito potencial, já que trata de amizade e coragem, mas, pela existência de bruxaria, seus filhos não podem ler, de forma a ter sido necessário que ela a reescrevesse mantendo toda a aventura e a “boa moral”, mas eliminando todas as coisas ruins, ou seja, a magia. Você pode estar perguntando-se: e como ela simplesmente retira a magia de um livro que é fundamentalmente sobre isso? Bom, então vamos a uma breve sinopse desse novo mundo.
Basicamente, o bom e obediente órfão Harry Potter mora com seus tios, evolucionistas que negam a existência divina, até que um dia é visitado por Hagrid, um pregador cristão que bate na casa dos Dursley para perguntar se eles querem ser salvos. Harry, puro e pleno de “santa energia”, aceita e parte para a Escola de Orações e Milagres de Hogwarts, a fim de aprender a ser cristão. Lá é recebido pelo Reverendo Dumbledore e sua esposa, Minerva, pais de Hermione Granger. A menina lhe explica sobre Voldemort, um homem que deseja destruir tudo por que eles lutam, pressionando o Congresso a aprovar uma pauta que os impediria de expressar livremente sua religião.
Temos também Rony, um sonserino que deixa Harry bastante intrigado por estar rezando a uma estátua. O Rev. Dumbledore explica que, como tempos difíceis estão chegando, a escola é inclusiva em relação a todos aqueles que acreditam n’O Senhor, independentemente de como, de modo que as divisões do cristianismo funcionam como as Casas Grifinória, Sonserina, Lufa-Lufa e Corvinal. A esta última casa pertence Draco, que crê que mulheres são inferiores a homens, por isso não devem trabalhar, o que incomoda profundamente nosso herói Harry, para quem mulheres não devem ter uma carreira porque devem cuidar dos filhos. Já Luna pertence à Lufa-Lufa, pregando Mateus 7:1:“Não julgueis, para que não sejais julgados”.
Outra alteração é que Snape é o professor responsável pela Grifinória e defende que existem forças malignas que querem a derrocada dessa Casa, já que as outras ou estão conspirando com Voldemort, ainda que isso contrarie a 1ª Emenda Constitucional, ou simplesmente acreditam em tudo. E isso é o que temos até agora. Não há muita aventura ainda, contrariando o que a autora afirmou, mas quem sabe nos próximos capítulos? Talvez…?
Finda a nossa sinopse, é preciso constatar: claramente há alguns problemas aí. Pelo menos alguns. Dentre eles, os mais imediatos seriam: Dumbledore e McGonnagall, casados? E pais de Hermione? Rony, aluno da Sonserina? Pelas barbas de Merlin! Snape, professor da Grifinória??! Um pouquinho de verossimilhançacom o mundo fictício, por favor! Já em termos de qualidade literária, a “obra” peca pela monotonia das cenas, sempre marcadas por discussões religiosas e pensamentos castos, corretos e puritanos do herói, tornando-a uma leitura bastante chata, principalmente se considerarmos o público alvo.
No entanto, a fanfic evidencia outros problemas muito mais graves, obviamente. Evidencia o quanto as artes ainda são censuradas e revisadas com intuito doutrinário. Evidencia como o fundamentalismo religioso não é restrito apenas a jihadistas do Oriente Médio. Evidencia como a intolerância religiosa é perigosa para a sociedade. E ratifica uma visão errada sobre a religião, perpetuando o equivocado estereótipo de instituição arcaica e ignorantemente extremista.
Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que Grace-Ann tem todo o direito de fazer isso. Ela não está falando em nome de um governo ou instituição laica, nem mesmo obrigando ninguém a ler. Mas isso não quer dizer que possamos tão somente ignorar iniciativas como as dela, pois, assim como cabe a apologia por ela feita, cabe também a crítica. Crítica porque ela se utiliza de um discurso falacioso segundo o qual religião e Teoria Evolutiva são excludentes; crítica porque ela confunde religião com misoginia e esvazia o papel da mulher na sociedade; crítica porque ela hierarquiza as religiões de acordo com a proximidade de Deus ao invés de colocá-las em patamar de igualdade; crítica porque ela crê que ficção e magia possam ser demoníacas e não sensibilizantes, libertadoras e enriquecedoras (imagine o que ela deve não fazer com contos de fada). Enfim, como todo projeto polêmico, a Escola de Orações e Milagres de Hogwarts invariavelmente atrai críticas. E tanto a desaprovação quanto a defesa, você deve expressar nos comentários – vamos aquecer a discussão!

Congresso eleito é o mais conservador desde 1964, afirma Diap


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Publicado no Estadão

Apesar das manifestações de junho de 2013 – carregadas com o simbolismo de um movimento popular por renovação política e avanço nos direitos sociais – o resultado das eleições do último domingo, 5, revelou uma guinada em outra direção. Parlamentares conservadores se consolidaram como maioria na eleição da Câmara, de acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

O aumento de militares, religiosos, ruralistas e outros segmentos mais identificados com o conservadorismo refletem, segundo o diretor do Diap, Antônio Augusto Queiroz, esse novo status. “O novo Congresso é, seguramente, o mais conservador do período pós-1964″, afirma. “As pessoas não sabem o que fazem as instituições e se você não tem esse domínio, é trágico”, avalia.

Ele acredita que a tensão criada pelo debate de pautas como a legalização do casamento gay e a descriminalização do aborto deve se acirrar no Congresso, agora com menos influência de mediadores tradicionais, que não conseguiram de reeleger. “No caso da Câmara, muitos dos parlamentares que cuidavam da articulação (para evitar tensões) não estarão na próxima legislatura. Algo como 40% da ‘elite’ do Congresso não estará na próxima legislatura, seja porque não conseguiram se reeleger ou disputaram outros cargos. Houve uma guinada muito grande na direção do conservadorismo”, diz.

O levantamento do Diap mostra que o número de deputados ligados a causas sociais caiu, drasticamente, embora os números totais ainda estejam sendo calculados. A proporção da frente sindical também foi reduzida quase à metade: de 83 para 46 parlamentares. Junto com a redução desses grupos, o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a descriminalização das drogas – temas que permearam os debates no primeiro turno da disputa presidencial – têm poucas chances de serem abordados pelo Congresso eleito, que tomará posse em fevereiro de 2015.
“Posso afirmar com segurança que houve retrocesso em relação a essas pautas. Se no atual Congresso houve dificuldade para que elas prosperassem, no próximo isso será muito mais ampliado. Houve uma redução de quem defendia essa pauta no Parlamento e praticamente dobrou (o número de) quem é contra”, diz.

Parte consistente do conservadorismo, segundo Queiroz, virá da bancada evangélica. Ele estima que o número de religiosos desta corrente deve crescer em relação aos 70 deputados eleitos em 2010. “A bancada evangélica vai ficar um pouquinho maior, mas com uma diferença: nomes de maior peso dentro das igrejas para melhor coordenar e articular os interesses desse segmento junto ao Congresso”, diz. Entre essas lideranças, o Diap já identificou 40 bispos e pastores.
Militares

O Diap também estima um aumento consistente de policiais e militares eleitos. Queiroz prevê que o aumento de parlamentares com este perfil deve chegar a 30%. “Esse grupo, necessariamente, vai fazer parte da ‘bancada da bala’, porque defende a defesa individual”, diz, referindo-se ao lobby da indústria armamentista.

No segundo turno, um plebiscito


ilustração: Internet
ilustração: Internet
Elio Gaspari, na Folha de S.Paulo
A doutora Dilma vai para o segundo turno sem uma plataforma clara. Em junho, durante a convenção do PT, ela anunciou um “Plano de Transformação Nacional” no qual, além de generalidades, prometeu uma reforma dos entraves burocráticos e um projeto de universalização do acesso à banda larga. Como? Não explicou. No seu lugar entraram autolouvações e manobras satanizadoras contra os adversários. Delas, a mais mistificadora é aquela que confunde os oito anos de Fernando Henrique Cardoso com uma ruína econômica e social. Foi o período de esplendor da privataria, época em que um hierarca do Ministério do Trabalho dizia que o aumento do número de brasileiros sem carteira assinada era uma boa notícia, mas deve-se ao tucanato algo muito maior: o restabelecimento do valor da moeda. Sem isso, Lula, Dilma e o PT não teriam conseguido quaisquer avanços sociais. Por questão de justiça, reconheça-se que o DNA demofóbico de parte do tucanato seria um obstáculo para que fizesse o que Lula fez.
A ideia segundo a qual o PT precisa continuar no poder porque no poder deve continuar é pobre e pode funcionar como uma armadilha. Na noite de domingo, a doutora Dilma afirmou que o “povo brasileiro vai dizer que não quer os fantasmas do passado de volta”. Pode ser, desde que se entenda que o Brasil de FHC foi um castelo mal-assombrado. Mesmo nesse caso, o PT faz sua campanha pretendendo continuar no governo pelos defeitos do adversário, e não pelas suas próprias virtudes. Colocando a questão dessa maneira, deu a Aécio Neves a oportunidade de responder: “O Brasil tem medo dos monstros do presente”.
O desempenho da doutora no primeiro turno foi o pior desde 1998. Ficou em terceiro lugar em São Bernardo, no coração do ABC paulista. A bancada petista no Congresso perdeu 18 cadeiras. Em Pernambuco, foi dizimada. Boa notícia o PT só recebeu de Minas Gerais, onde o eleitorado negou ao PSDB o mandato que lhe daria 16 anos de poder ininterruptos. É isso que o PT busca na esfera federal. Nunca na história deste país um grupo político homogêneo ficou no poder por 16 anos.
Dilma vai para o segundo turno com a arma do favoritismo de quem ganhou no primeiro. Contudo faltam-lhe dois amparos. Agora o tempo de televisão será o mesmo e os debates serão mano a mano. Aécio, como fez o petista Fernando Pimentel em Minas, falará em desejo de mudança. É o “Chega de PT”. Dilma defenderá o “Mais PT”. Darão ao pleito um tom plebiscitário. Seria melhor se discutissem propostas para os próximos quatro anos. O PT carrega êxitos e escândalos, porém o programa de Aécio é mais uma coleção de platitudes e promessas. Seus capítulos para a educação e a saúde não enchem um pires. Se Marina Silva obtiver dele a meta de implantar em

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Até que as eleições nos separem


Mariliz Pereira Jorge, na Folha de S.Paulo
charge: Internet
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Na contabilidade do barraco eleitoral, nesta guerra de farpas verbais, deixei de ler os posts de uma amiga, que virou uma maleta desbocada, e deletei dois colegas que se achavam cientistas políticos. Em época de eleição, todo mundo se acha e esfrega, sem cerimônia, sua estupidez, sua prepotência e sua ignorância na timeline alheia.
Quando vejo alguém panfletando, sempre penso: prefiro você bêbado às 5h da manhã, gritando “toca Raul”. Detesto Raul Seixas, mas não terminaria amizade com ninguém por causa do seu desgosto musical. Convivo com gente que curte pagode, sertanejo, funk. Nenhuma amizade desfeita. Uma vez peguei carona com uma amiga e vi no carro um adesivo escrito “sou chicleteira”. É pessoa do bem, apesar disso. Só não ando mais de carro com ela.
É claro que também caio na cilada de me achar bem mais sabida do que alguém que pensa diferente de mim. Não é raro ler um post e pensar: que imbecil. Eu mesma devo ter me revelado imbecil para algumas pessoas, apenas porque não penso, não voto e não quero para mim o mesma que elas. Todo mundo certo. Todo mundo errado. Todo mundo mordido pela mosquinha da vaidade de ter razão, de ser mais inteligente do que os outros.
Prometi que evitaria embates por causa das eleições. Que iria escolher bem as brigas e só gastar o latim se valesse a confusão, porque está difícil ficar do lado de qualquer candidato. Mas as discussões entre os apaixonados são piores que briga de torcedor de time que caiu pra série B. O sujeito insiste que “meu escolhido é menos ruim que o seu”.
A sua candidata é arrogante e incompetente. O seu é cheirador e baladeiro. A sua é pau-mandado de pastor. Só não arruma encrenca quem diz que vai votar no Eduardo Jorge porque ele é muito engraçado no Twitter. Ninguém fala do que interessa. Só observo a rinha.
Sempre gostei de política. Quis ser jornalista pra escrever sobre o assunto, mas meus chefes nunca botaram fé. Eles me achavam loira demais, alegre demais e baladeira demais para cobrir um assunto tão árido. Escalavam a loira para fazer o tricô, os assuntos menos nobres do jornal. Ainda bem. Talvez eu estivesse me engalfinhando pela internet se continuasse tão entusiasmada pela pauta.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Cid Moreira: ‘Você começa a ler a Bíblia e as coisas vão acontecendo’


“Estou na minha fase derradeira e gloriosa”, diz Cid Moreira
(foto: Alexandre Campbell - 21.ago.1998/Folhapress)
(foto: Alexandre Campbell – 21.ago.1998/Folhapress)
Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo (via Pavablog)
Cid Moreira, que apresentou o “Jornal Nacional” durante 27 anos, entre 1969 e 1996, diz que segue em sua “fase bíblica”. Ele falou com a Folha na noite de entrega do Prêmio Comunique-se, na terça-feira.
*
Folha – O que o senhor tem feito ultimamente? Tem trabalhado em projeto pessoal?
Cid Moreira - Olha, a minha vida é de fases. Tive fase do rádio, fase de cinema, fase de TV, e agora estou na fase bíblica. Estou divulgando a Bíblia. Tenho conseguido resultados maravilhosos. Por exemplo, a Bíblia que eu gravei, com trilha de cinema, efeitos, personagens, vamos dizer assim, o cego vê as imagens. A intenção é que as pessoas vejam. Essa Bíblia foi incluída num aplicativo que tem acesso de mais de cem milhões de pessoas no mundo.
Em várias línguas?
Não. Em português é a minha gravação. E é gratuito [o aplicativo], claro.
O senhor é muito religioso?
Não era, mas agora eu sou.
O que mudou?
Milagre da Bíblia. Você começa a ler a Bíblia, trabalhar com a Bíblia, e as coisas vão acontecendo.
Quando começou a ler?
No início da década de 1990, quando gravei salmos. A Globo me ajudou muito. Gravei vários clipes, trechos da Bíblia, enfim Começou a fase que vai ser a minha fase derradeira e gloriosa. Estou completando no final do mês 70 anos de carreira.
O que mais gostou de fazer?
O que estou fazendo agora.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Em quem vou votar pra presidente?



Nunca na história desse país se viveu um momento tão crítico diante de uma nação dominada pelo engano de “um prato de comida na mesa”

Depois de tudo que assisti ontem (23.09.14) e da declaração da PresidentE Dilma Russef nas nações Unidas, ainda estou pasmo, acordei pasmo, vou passar o dia pasmo porque de alguma forma, o desabafo do israelita quanto ao nanismo diplomático do Brasil se mostra agora, um ato “profético” que se concretiza oficialmente nas palavras da PresidentE diante do plenário das Nações Unidas.
Aconselhar o diálogo com o grupo do “estado islâmico” é uma atitude tão esdrúxula e tão ignorante que não leva em consideração que de tudo já se foi tentado e que esse grupo não pretende dialogar com ninguém, que seu diálogo é degolar pessoas, crucificar cristãos em praças públicas, enterrar mulheres vivas ou faze-las de escravas sexuais para seus “soldados”. Que seu diálogo é um genocídio premeditado e que sua luta, não tem sequer uma fundamentação racional senão dominar o mundo com este tipo de desgoverno totalitário, teocrático e déspota.
    Com essa atitude, Dilma Russef entra definitivamente para o time de Hugo Chaves e de Mahmoud Ahamadinejad, desce a estatura da peronista Cristina Kirchner e envergonha a nação brasileira com sua atitude murista de ocasião. Ela destoou até do ditador Sírio Bashar al-Assad, que claro, com seus interesses apoiou as ações de combate, mas destoou também de Ban Ki-moon secretário geral da ONU, que apoiou a ação e apenas pediu que fossem minimizadas as baixas civis.
    Vergonha, Vergonha, Vergonha de minha representante, vou dizer a todos através de todos os meios, vou pedir desculpas e dizer aos cristãos de todo mundo que essa não é a posição do Brasil e que com muita esperança esse tipo de governo se encerrará no Brasil a partir de 5 de Outubro
Por isso venho a Público, depois dessa “gota d’água” dizer que...

1.     Lamento quem o Brasil tenha chegado a esta situação, em que muitos estão votando, pelo menos uma classe mais esclarecida, não necessariamente em um candidato, mas em tirar o PT do poder.
2.     A decepção das tradicionais “esquerdas” do tempo ditatorial é muito grande, quando todos estavam “unidos” em torno de um projeto: acabar com a ditadura, mas que depois, ao que parece, “cada cá”, como dizia minha vovó, quis formar a sua própria ditaturazinha. A esponja ideológica que foi o MDB e depois o PMDB se tornou a grande prostituta, compõe com todos de acordo com seus interesses. E esse é um dos “canceres” da nação, aliado ao desvio ou o que me parece mais lógico, revelação das intenções do PT e seus “paladinos da justiça”.
3.     A Social Democracia, que parecia ser na origem, uma boa opção de centro esquerda em busca do equilíbrio, nunca saiu de cima do muro e se perde, como bem disse Luciano Pires, não sabe se comunicar com o povo, não tem a “manha” de um Lula e seus marqueteiros. Me impressiona a incompetência deles nessa área. E por fim, se couber julgamentos, escolhe um candidato dado às “noitadas” para não dizer outra coisa, para comandar uma nação. Mas até aí, fazer o quê? O iluminado graças a Deus EX presidente Lula é um adepto da cana destilada de marca maior, houve um governador em PE que se dizia que depois das 16h não atendia mais por conta do seu “sagrado” Whisky... isso não pode ser mais parâmetro!!
4.     Os demais candidatos não são dignos nem de uma análise, meu tempo é valioso demais para isso... meu Deus escutar aquela Gaúcha no debate me lembrou que a revolução farroupilha deveria ter sido bem sucedida...
5.    Surge Marina Silva e aqui me defronto com a “exclusividade dos inclusivos” os “libertários” e “democratas” que proclamam a liberdade mas execram quem se coloca em seu caminho, que não admitem “largar o osso” e que entram em uma disputa suja, mentirosa contra essa senhora, lançando calunias que me lembram o que Collor e sua equipe fizeram com Lula naquela primeira eleição, a arma é a mesma.
Nunca fiz e não faço campanha política, sou um Bispo da Igreja, pastor por vocação e profeta por ofício. Represento a fé que mais positivamente influenciou a humanidade desde que se tem conhecimento, o credo que lutou contra a escravidão, libertou nações, criou instrumentos dentro de seus monastérios que influenciaram revolução industrial, fez da Bíblia o livro que moldou a alma da civilização ocidental pelos seus princípios em prol da dignidade humana, enquanto no oriente muitos monges estavam meditando para esvaziar as suas mentes os monges cristãos estavam enchendo suas mentes de ideias que libertassem o povo. Esse é o meu credo, essa é a minha fé. Nunca usei minha posição de pessoa pública para ser cabo eleitoral de ninguém, não defendo qualquer candidato publicamente, no entanto, como líder cristão que sou, me coloco em denúncia de tudo que entendo ser corrupto, injusto e ameaçador da liberdade entre outras coisas. Tenho falado publicamente do atual governo, como falei de tantos outros (vide meu blog), porque entendo que eles traíram a confiança da nação e estão levando o Brasil para um Caos, mas, como disse não sou Cabo eleitoral, sequer revelo meu voto. Nesse sentido, sou profeta, teologicamente e historicamente, os profetas estavam ao lado do Rei nas decisões sábias e contra eles nas decisões sem sabedoria e que implicariam em prejuízo para a nação.
Não sou cabo eleitoral de Marina Silva, mas pelas circunstancias de minha atividade, tive a oportunidade, no início desse ano, de recebe-la em meu gabinete, conversar sobre vários assuntos e em seguida a entrevistei em uma conferência de líderes diante de mais de 500 pessoas durante 40 minutos. O tema não era política e sim, liderança diante das adversidades da vida. Li a Biografia de Marina e de fato me impressionou a sua história de vida.
O que posso dizer é que a campanha petista consegue fazer dela uma pessoa diferente do que ela é, a campanha petista é mentirosa isso posso garantir, é sanguinolenta pois se veem, pela primeira vez ameaçados de perder o poder. Antes de subir nas pesquisas Marina era tratada pelo PT como a boa moça que se desviou...
Alguém, recentemente colocou uma frase que me motivou a sair em defesa dessa senhora chamada Marina Silva. A frase mostra a percepção pessoal de alguém que respeito, mas que, democraticamente posso comentar pelo menos, sabendo que também sou respeitado.
A frase que menciono é essa:
Marina é uma carola, fundamentalista, preconceituosa, sem bancada e apoio parlamentar sem experiência e dominada por evangélicos como Malafaia. Um retrocesso para as conquistas que o Brasil alcançou.            
O que tenho a dizer sobre essa frase de alguém que já decidiu pelo voto nulo? Me permita:
Marina é uma carola, fundamentalista _ O fundamentalismo cristão é uma expressão que hoje se usa de forma deturpada. No início do século 20, com a chegada da teologia liberal, da alta crítica cristã e os escritos de Charles Darwin foi publicado um livro de muitos autores chamado “Os Fundamentos” que tratava de colocar claramente os fundamentos da fé cristã. Mas hoje se tem como fundamentalismo uma generalização sinônimo de intolerância e pelo que percebi em Marina Silva, nunca a enquadraria nesse rótulo pejorativo.
Essa expressão, me permita, está revelando sim preconceito. Por que carola? porque ela usa um pitó? um lenço, um vestuário diferente? Por que ela confessa uma fé? O Dalai Lama viaja o mundo com suas roupas exóticas para nossos costumes, fala de paz e justiça, tem seus fundamentos firmes na sua fé budista e se você perguntar a ele sobre a sua fé, o que ninguém faz, provavelmente se defrontará com alguém que não abre mão de seus fundamentos. Nesse sentido eu sou também carola e sei que não sou nem um pouco, porque carola é uma expressão preconceituosa para caracterizar aquelas senhoras católicas romanas, beatas, assíduas à igrejas e intolerantes fechadas em suas rezas e liturgias. Nesse sentido, posso dizer que Marina Silva não é nem carola, nem fundamentalista. Mas que como eu e como cristãos verdadeiros e mesmo como Dalai lama, não abre mão de seus fundamentos.
PreconceituosaPreconceito é algo que caminha numa linha tênue entre preconceito e ter um conceito. Seter um conceito é ser preconceituoso(a) Qualquer um é preconceituoso por não concordar com algo que o outro concorda. O preconceito, é uma ideia preconcebida de algo que não se conhece. É ai que entra o pré... o antes de saber. Por que Marina é preconceituosa? Porque ela tem um conceito formado por suas convicções, que se baseiam em um credo? Ela seria preconceituosa se não admitisse os direitos de quem quer que seja e isso, até onde sei, não aconteceu, pelo menos até onde eu saiba. Eu tenho dito que como cristão, eu tenho um conceito de mundo e, claro, procuro viver de acordo com ele e isso me leva a tomar posições bem definidas em relação aos aspectos sociais e morais da vida. O que faço baseia-se em meu conceito de mundo, respeitando quem pensa diferente, mas garantindo o meu direito de ter um conceito sem ser chamado de preconceituoso. Quem me chama de preconceituoso por isso, ai sim, manifesta preconceito. Não vi em Marina elementos que possam me levar a chama-la de preconceituosa. Como disse, pelo menos até aqui.
sem bancada e apoio parlamentar _ Sem bancada e apoio parlamentar por que? Porque as bancadas estão todas comprometidas com seus projetos de poder, se for por ter bancada, teríamos que votar mesmo em Dilma, e em seu congresso prostituto que levou o Brasil a ter 40 ministérios, quase um para cada partido da chamada base aliada do congresso. Acho que Marina Silva, em sendo eleita, em mantendo suas posições, encontrará sim dificuldades pois enfrentará o PT na oposição, que é outro partido, que voltará às origens do ser contra por ser contra, que não assinou a constituição e que foi contra o plano real por exemplo etc.
sem experiência_ é algo relativo, sua experiência como ministra e parlamentar não são consideradas. não há um curso para presidente, mas há uma história que dá lastro à vida de quem pleiteia e isso em  Marina Silva ninguém pode negar.

O respeitado cineasta Fernando Meireles no prefácio de sua biografia colocou-a como alguém voltada para o amanhã, alguém que enxerga a possibilidade de um outro futuro para o Brasil, mas principalmente para o mundo...


Culto vira comício e igreja faz até “pesquisa eleitoral”


samuel


Publicado no Terra

Já passa das 17h45, e o Culto da Família começa em mais um domingo na Assembleia de Deus do Brás – Ministério Madureira (ADBrás), na zona leste de São Paulo. Do lado de fora, muita gente ainda chegando: homens, mulheres, idosos, crianças. Depois de subir as escadas, já dentro do templo, uma funcionária faz um sinal com a mão e diz: “Posso fazer uma pesquisa com você? Em quem você vai votar?”, pergunta, exibindo um formulário onde o fiel pode indicar suas escolhas para senador, deputado federal e deputado estadual. “É só para a gente saber como está o desempenho do pastor aqui da casa”, explica a mulher à reportagem.

O candidato a quem ela se refere é o pastor Cezinha (Cezar Freire), que concorre a uma vaga de deputado estadual pelo DEM. Dentro da igreja, os cerca de 5 mil assentos vão ficando ocupados. Nas cadeiras vazias, junto aos envelopes de “dízimo” e “oferta”, os fiéis encontram uma espécie de cartão-postal do presidente da ADBrás, pastor Samuel Ferreira, sorridente ao lado de sua mulher, pastora Keila Ferreira. No verso, uma mensagem sobre “um momento muito importante, as eleições”: “O Cezar hoje é projeto de Deus e de nossa comunidade e precisamos dele na Assembleia Legislativa de São Paulo”, diz o texto, que continua com uma mensagem de “vote”, seguida do nome e do número do candidato.

Além de Cezinha, o santinho pede votos para o deputado federal Jorge Tadeu, também do DEM, que concorre à reeleição. “Apresento-lhe também nosso irmão Jorge Tadeu, para deputado federal. Com ele em Brasília teremos a certeza da defesa e luta pelos nossos ideais”. E então o fiel é informado sobre o número do candidato na urna, não sem antes receber uma nova mensagem do pastor Ferreira: “Peço a você que nos ajude agora com seu voto e sua influência junto aos seus familiares, amigos e conhecidos para conseguirmos mais votos” (veja reprodução do cartão no final da matéria).

A legislação eleitoral proíbe “a veiculação de propaganda de qualquer natureza” em “bens de uso comum” (estádios de futebol, bares, restaurantes, cinemas e igrejas, por exemplo), e o desrespeito à lei pode gerar multa de R$ 2 mil a R$ 8 mil. Para especialistas em direito eleitoral, o material assinado pelo pastor Ferreira configura propaganda irregular.

“O pastor não pode colocar a igreja a serviço da campanha eleitoral de ninguém. Quem está sujeito à multa, neste caso, é o pastor. Se ficar comprovado que os candidatos tinham conhecimento, todos devem pagar”, diz o advogado Arthur Rollo. “Além disso, vão para o inferno”, brinca.

Quanto à pesquisa de intenção de voto, o advogado Guilherme Gonçalves afirma que, como se trata de um “levantamento informal”, não há problema do ponto de vista legal. Já o advogado Arthur Rollo sustenta que a enquete é “uma forma de tutelar o voto do fiel”. “Não é o tipo de conduta saudável à democracia. É como se fizesse lavagem cerebral e quisesse ver se a lavagem cerebral está surtindo efeito”, afirma.

Comício velado
Por volta das 19h, o pastor Samuel Ferreira, que conduz o Culto da Família, diz aos fiéis que quer apresentar “um cara muito simpático, de uma família tradicional, filho de um desembargador do Tribunal de Justiça, que ajuda a igreja em momentos de dificuldade”, e então convida Guilherme Sartori para se juntar a ele. O jovem se levanta de uma cadeira no próprio palco, onde estava sentado com a noiva e a mãe, e ouve com atenção tudo de bom que o pastor tem a dizer a respeito dele e de sua família.

Feito o discurso, o pastor pede para que os presentes agradeçam e orem pela família do desembargador e convida os fiéis a repetirem “Família Sartori”. Depois, conclama o rebanho a gritar em uníssono: “Guilherme Sartori”. Obedientes, os fiéis repetem o nome de Guilherme várias vezes, com os braços erguidos.

“Quem é esse rapaz?”, pergunta a reportagem para uma fiel que repetia o nome de Sartori. “Não sei direito. Filho de juiz, né?” Em um acesso rápido ao Google, a explicação: Guilherme Sartori é candidato a deputado federal pelo PTB.

Em nenhum momento o pastor Ferreira ou o próprio Sartori contaram aos fiéis que quem estava ali era um candidato. Depois de ser apresentado pelo pastor, Sartori afirma, em discurso, que se coloca à disposição da igreja e dos fiéis porque “quando a gente está na Justiça a gente ajuda a família brasileira”


Dias depois, em entrevista por telefone, Sartori disse que ver os fiéis repetindo seu nome não lhe causa constrangimento algum. “Constrangimento por quê? Ele (pastor) é meu amigo, fui apresentado como amigo. Sou uma pessoa boa, que quer ajudar as pessoas, ajudar o País. Não tem constrangimento nenhum”, declara. “Não pedi voto, não fiz panfletagem. Isso é antiético, não se pode fazer isso (na igreja)”, continua, para então admitir o objetivo eleitoreiro da visita. “Como eu sou jovem, tenho que ir (ao culto) para fazer o meu nome ser conhecido. A gente é muito ético. Fica difícil concorrer com esses candidatos que têm muito dinheiro”, encerra Sartori.

Para o advogado Guilherme Gonçalves, o episódio em que o pastor convida os fiéis a repetirem o nome do candidato em uma espécie de mensagem subliminar pode ser interpretado como propaganda eleitoral irregular. “É uma estratégia para fixar o nome do candidato, é uma forma de propaganda”, diz o advogado. Já Arthur Rollo entende que “não é vedado, mas antiético”. “É um fato atípico, porque não tem material. Mas é claro que fazem isso com o objetivo de conseguir votos. Então não configura ilícito do ponto de vista eleitoral, mas, do ponto de vista ético, é absolutamente condenável. E do ponto de vista religioso também”, conclui.

Bancada evangélica
O voto evangélico é cobiçado. De acordo com o último Censo, divulgado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 42,3 milhões de brasileiros se dizem evangélicos, o que representa 22,2% da população. O percentual de adeptos às religiões evangélicas foi, por sinal, o que mais cresceu: de 15,4% em 2000, para 22,2% em 2010. Em contrapartida, o percentual de católicos caiu de 73,6% para 64,6%.

Ao mesmo tempo em que cresce o número de evangélicos, cresce também o número de representantes dessa parcela do eleitorado no Congresso Nacional. No pleito de 2010, a bancada evangélica passou de 47 para 74 parlamentares (71 deputados e 3 senadores), segundo dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

Para a próxima legislatura, a Frente Parlamentar Evangélica da Câmara espera chegar a, no mínimo, 90 deputados, de acordo com estimativa do deputado João Campos (PSDB-GO), vice-presidente da Frente. Campos, que concorre à reeleição, é pastor da Assembleia de Deus – Ministério Vila Nova, de Goiânia, e autor do projeto que ficou conhecido como “cura gay”. Também são fiéis da Assembleia de Deus o deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP) e os presidenciáveis pastor Everaldo (PSC) e Marina Silva (PSB), além do pastor Silas Malafaia.

Para o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo de Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o fundamentalismo da bancada evangélica é algo que cresce na medida em que crescem as divergências culturais na sociedade. “Quanto mais essa população se sente à margem do debate político e cultural, maior é a tendência da bancada em se fechar em questões fundamentalistas, o que dificulta o diálogo”, afirma.

Outro lado
Procurados, a Assembleia de Deus e o candidato pastor Cezinha não respoderam à reportagem. Já a assessoria de Jorge Tadeu informou que o deputado “desconhece qualquer prática de propaganda eleitoral irregular em sua campanha”, mas que “tomará as providências cabíveis” caso encontre alguma irregularidade.
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