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"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história." Bill Gates

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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Os bananas e o coxinha

Reprodução
por Alex aantunes, no Yahoo Notícias

Foi Luciano Huck, após ser assaltado em outubro de 2007, que escreveu a respeito de seu próprio assassinato essa fantasia bizarra: "Uma jovem viúva. Uma família destroçada. Uma multidão bastante triste. Um governador envergonhado. Um presidente em silêncio. Por quê? Por causa de um relógio".

Como se vê, Huck atribuiu a si mesmo uma importância social extraordinária – provavelmente já contando com o sensacionalismo turbinado da mídia nos casos que envolvem, err, celebridades. Mas também nos obriga a lembrar um detalhe. Não era “um relógio” qualquer, era um rolex. De ouro. E um rolex de ouro pode custar até centenas de milhares de reais. Com sua peculiar sensibilidade social, Huck não entendeu que um maluco com muitos milhares de reais pendurados no pulso pode, sim, ser assaltado, e talvez morto. O rolex de Huck, naquele ano, consta, custava R$ 39 mil. No Brasil mata-se por muito (mas muito) menos.

Entre outras respostas contundentes, vieram a do escritor Ferréz (que imaginou o drama do outro lado, o do ladrão) e a de Zeca Baleiro. É uma ponderação de Zeca que me interessa agora: "Eu também reclamaria caso roubassem algo comprado com o suor do rosto. Reclamaria na mesa de bar, em família, na roda de amigos. Nunca num jornal. Esse argumento, apesar de prosaico, é pra mim o xis da questão. Por que um cidadão vem a público mostrar sua revolta com a situação do país, alardeando senso de justiça social, só quando é roubado? Lançando mão de privilégio dado a personalidades, utiliza um espaço de debates políticos e adultos para reclamações pessoais (sim, não fez mais que isso), escorado em argumentos quase infantis, como 'sou cidadão, pago meus impostos'".

Ontem, Luciano Huck fez pior. A história começou no domingo, num jogo na Espanha. Como todo mundo já deve saber, o jogador brasileiro do Barcelona, Daniel Alves, foi alvo de uma banana arremessada. Antes de cobrar um escanteio, em uma inspiração momentânea (pelo menos aparentemente, como veremos), Alves comeu a banana, como se nada estivesse acontecendo. O vídeo correu mundo – mas a coisa não parou nisso.


Continuou, e aumentou, com uma manifestação um tanto esquisita de Neymar, que postou foto também comendo banana, ao lado de seu filho. Esquisita porque Neymar, seu colega de time, já tinha nos explicado no final de 2013 que “nunca foi vítima de racismo – até porque não é preto, né”, reforçando a declaração em mais de uma entrevista.

Talvez Neymar tenha superado a amnésia traumática e lembrado que já foi sim alvo de agressões racistas. Por exemplo na Bolívia, em 2012, quando, ainda no Santos, foi alvo de bananas. Então a tag que lançou junto com a foto, #somostodosmacacos, seria um pouco menos impessoal. Além dele, ao longo da segunda-feira, gente como Alexandre Pires, Michel Teló, Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Fátima Bernardes, Ana Maria Braga, Dinho Ouro Preto e Reinaldo Azevedo (!), além do Inri Cristo, postaram suas respectivas (ops) bananas.

Pareceria um caso, sempre meio bobo, de viral-celebridade, se dois desdobramentos não viessem a público: a) a tag #somostodosmacacos foi criada por uma agência de publicidade, a Loducca. Como no caso da cueca, Neymar gosta de fazer publicidade disfarçada. Questionado, um executivo da agência respondeu que “tentar desmerecer o movimento pelo fato de ter uma agência por trás é tão preoconceituoso quanto o torcedor que joga a banana. Por que não pode haver ajuda profissional? Não é uma campanha para vender nada”; b) a loja de Luciano Huck, o primeiro depois de Neymar a postar foto sua (com a esposa Angélica), já tinha pronta para vender uma camiseta com a tag e  banana, a R$ 69 reais. Ou seja, se a Loducca só queria “vender boas intenções”, para Luciano Huck isso não era um impedimento. E nem roubar a banana do Andy Warhol na capa do disco Velvet Underground.

Reprodução/Instagram
A Loducca diz que o próprio Neymar, que não estava nesse jogo, iria comer a fruta em alguma ocasião, e que Daniel o fez por uma incrível coincidência. O que levou Neymar a disparar a campanha. Nem é necessario embarcar na teoria da conspiração de que o próprio arremessador da banana em Villareal já fazia parte da trama – só a mera iniciativa relâmpago de Huck em capitalizar em cima da campanha já gerou um enorme desconforto. Luciano, que não é Hulk e não fica verde, também não fica amarelo em ganhar com a desgraça alheia.

Em 2011, Luciano e a empresa de descontos à qual tinha se associado, a Peixe Urbano, (supostamente) faziam doações paras as vítimas das enchentes naquele ano – mas você tinha que se cadastrar no site, antes de “comprar os cupons de doação”. No mínimo, mesmo que as doações chegassem integralmente (o que é improvável), era um modo de Luciano colocar sua base de fãs e seguidores no cadastro de vendas, usando a tragédia como desculpa.

A casa de Huck na ilha das Palmeiras, em Angra dos Reis, é construída numa área de proteção ambiental. Para se livrar da acusação, Huck contratou o escritório de advocacia da então primeira dama do Rio – e o governador Sérgio Cabral, em 2010, editou um decreto (que logo ficou conhecido como “Lei Luciano Huck”) para resolver o probleminha do apresentador. Não satisfeito, no ano seguinte Huck foi acusado de impedir o acesso à sua “praia particular” com bóias ilegais.


terça-feira, 29 de abril de 2014

O negócio do bom livro


Por Wesley Moreira, via Púlpito Cristão

Historicamente o propósito da tradução das escrituras sagradas era levar a Bíblia à aqueles que não a podiam ler no idioma original. Os tempos passaram e houve uma mudança do propósito original.

Em dezembro de 2006 "The New Yorker" publicou o artigo "O negócio do bom Livro", texto que afirmou: "A ideia de que a Bíblia é o livro mais vendido de todos os tempos obscurece um fato ainda mais surpreendente: a Bíblia é o livro mais vendido do ano, todos os anos ... Este é um negócio extremamente competitivo ... Todos os anos as editoras analisam a sua linha de produtos em busca de falhas, analisam as ofertas da concorrência, e conversam com os consumidores, varejistas e pastores sobre suas necessidades."

Em suma, a tradução e impressão de Bíblias é "Grande Negócio ". No mundo do consumismo o principal objetivo do produtor é oferecer um produto que apele ao consumidor. Por esta razão a tradução deve estar de acordo com as expectativas do comprador. Se a Bíblia publicada não está de acordo com as expectativas dos compradores, mesmo que seja mais precisa, melhor traduzida e bem revisada, ela não irá vender.

Steven Voth, da United Bible Societies e autor do excelente livro The Challenge of Bible Translation, desabafou sobre o tema em um artigo em que usou as seguintes palavras:
Por que devemos colocar em risco a venda de 100.000 cópias por causa de uma palavra simples e aparentemente inocente? Porque uma palavra pode levar a resultados mais catastróficos, uma questão que deve ser tratada por aqueles entre nós que são membros da equipe de tradução. Que parâmetros éticos devemos usar? Certamente, não há razões linguísticas, exegéticas ou translacionais para alterar o texto. A única razão para alterar o texto seria a de satisfazer a necessidade de vender 100.000 cópias da Bíblia. Nesse ponto eu me pergunto: Iremos mudar a tradução de um texto bíblico cada vez que alguém com poder de marketing solicite uma mudança? Quando chegará o tempo que no trabalho de tradução da Bíblia, diremos “basta!
Enquanto eu lia o longo texto de Steven Voth eu tentava prever o que aconteceria se algum dia um desses 'papas evangélicos', com seus milhares de fanáticos consumidores, decidisse usar seus dólares para pressionar os tradutores por uma versão bíblica inclinada a favorecer suas doutrinas, quando onze parágrafos depois, me deparo com as seguintes palavras de Voth:
Curiosamente uma igreja neo-pentecostal muito grande e muito conhecida, a Igreja Universal do Reino de Deus, entrou em contato com certa Sociedade Bíblia Nacional e exigiu a produção de uma edição da Bíblia Reina Valera de 1960, conforme seus padrões doutrinários, e pressionando disseram que se a Sociedade Bíblica não fornecesse a mudança no texto que eles exigiam, iriam por sua vez comprar as Bíblias da Sociedade Bíblica Internacional que estaria interessada na proposta.”
Segundo Voth, o grande problema no incidente envolvendo a IURD é que as considerações éticas estavam totalmente ausentes quando o pedido na mudança da tradução foi feita e o único critério em operação era o impulso do mercado, Voth continua:

Protagonismos (ou: Cada macaco no seu galho)

publicado em a estrada amarala
Domingo, 27 de abril de 2014. Na TV um programa de boa audiência fazia uma homenagem a um de seus dançarinos, assassinado pela PMRJ. Não quero aqui entrar na questão do que foi ou não dito pelas pessoas que lá estavam, se foi bom ou não. Isso é um outro assunto. Eu quero falar aqui sobre protagonismo.
Douglas, o dançarino assassinado, era preto e favelado. E morreu por causa disso. Os pretos favelados desse país morrem por serem pretos e favelados. Não interessa muito como eles levam as suas vidas, ser preto e favelado aqui é motivo suficiente pra alguém ter o direito (ou o dever quase cívico, segundo muitos) de meter-lhe uma azeitona na testa. Somos um país racista e classista, e acho que sobre isso não há muito o que se discutir. As estatísticas dão conta de encerrar qualquer argumento contra esta afirmação.
Depois da morte do Douglas, que morreu como tantos iguais a ele morrem todos os dias, um outro preto e favelado, Rene Silva, do Voz da Comunidade, ativista atuante na rede, postou uma foto segurando um cartaz escrito “eu não mereço morrer assassinado”, seguindo o mote da campanha feminista em que dizíamos: “eu não mereço ser estuprada”.
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Até aí tá tudo certo, tudo no seu devido lugar. Rene é negro, mora no Complexo do Alemão, e ainda é ativista. Quais são as chances que ele tem de ter o mesmo fim do Douglas? Muitas! Ele, e todos como ele, têm total direito de segurar esse cartaz, porque esse cartaz diz o seguinte, nas entrelinhas: as chances reais de eu ser assassinado são enormes, e eu não mereço isso.
Vamos ao segundo ponto: no programa de TV de hoje, tinha gente pra dedéu. Foi bonito ver um programa inteirinho homenageando um pretinho funkeiro favelado. Em quase 37 anos de vida eu nunca vi isso. Eles, os invisíveis, estavam lá, sendo protagonistas na TV, em rede nacional. Coisa linda! A única coisa que ralmente me incomodou muito foi quando todos os presentes, incluindo brancos ricos, ergueram um cartaz igual ao do Rene. Não, gente! Tá errado. A Carolina Dieckmann corre risco quase nulo de ser assassinada nos mesmos termos. Na verdade, eu me arrisco a dizer que não há possibilidade disso acontecer. Como eu também não corro esse risco. Porque diabos eu levantaria um cartaz dizendo que “eu não mereço morrer assassinada” se, em comparação aos douglas todos, as minhas chances são pífias? O protagonismo não é meu. Eu posso tomar essa causa para mim também, mas eu nunca vou poder ser protagonista dela. Nunca! E eu não tenho sequer o direito de tentar. Eu posso fazer o meu protesto junto com eles, mas sem o EU. Não é sobre mim, embora me doa; mas por mais que me doa, nunca vai doer igual como dói neles. Não é e nunca será sobre mim!
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Neste mesmo domingo, Daniel Alves, jogador brasileiro que atua na Espanha, protagonizou mais um episódio escrotíssimo de racismo. Estava pronto para bater um escanteio quando jogaram bananas nele. Daniel foi fodástico. Pegou a banana, comeu, e bateu o escanteio em seguida. Foi do caralho! Foi tipo um: “eu vi, eu entendi e fodam-se vocês racistas de merda!”. Eu achei a coisa mais sensacional do mundo o que ele fez! Do caralho!
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Os episódios de racismo no futebol têm se multiplicado ultimamente, a coisa saiu completamente do controle e precisa mesmo ser combatida, com toda e qualquer ação possível.
Não sei como começou o que veio depois, mas a primeira foto que eu vi foi do Neymar. Ele e seu filho numa foto, com bananas, seguida da hashtag #somostodosmacacos. Houve quem criticasse o Neymar por isso ou por aquilo, houve quem dissesse que ele só estava fazendo marketing (como se ele precisasse), que no passado ele tirou o corpo fora quando sofreu racismo também (daí a galera esquece que o moleque é uma criança ainda, que só tem vinte e poucos anos e fica cobrando dele uma maturidade que não cabe). Mas o que interessa é que o Neymar pode pegar o protagonismo dessa causa pra si. Eu não tenho nenhum direito de criticá-lo por isso. Não vou eu aqui, branca, querer dizer a um não branco como ele deve lutar, ou se deve, pelo racismo que ele sofre, provocado por gente branca como eu. Eu posso até não concordar (muito embora nem em pensamento eu me dê esse direito), mas quieta, no meu canto, sem atrapalhar, sem querer ditar regras de como ele, que sofre racismo, deveria lutar contra isso, ou – pior! – se ele deveria ou não fazer isso. Eu nunca fui chamada de macaca. Eu nunca vou ser chamada de macaca. Eu não tenho como avaliar como é ser chamada de macaca. Então me cabe apenas me solidarizar e lutar contra o racismo, que eu – mesmo sendo branca – repudio. Mas de outra maneira que não dizer ao coleguinha como ele deve lutar contra mim! (Sim, contra mim! Eu, pessoalmente ou conscientemente, posso não oprimir, mas eu sou parte da parte opressora!)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Não desista de si mesmo


Publicado por Lucas Lujan, via Pavablog
Era uma conversa por telefone. Amigo de longe, ser humano bonito. Duvidava de sua coragem para viver. Eu, ao contrário, o julgava forte e seguro. Admirável. Era sensível e sabia tratar as pessoas com carinho.
Enquanto conversávamos, me confundi várias vezes com ele. Enfrentávamos dramas, não semelhantes nas circunstâncias, mas nas dores. Todos que sofrem, não importa o motivo, têm em comum a dor. Esse deveria ser um convite à solidariedade e à compaixão mas, egoístas, insistimos em sofrer sozinhos e ignorar o sofrimento alheio. Tão pequeno de nossa parte.
O remédio para o sofrimento não é deixar de sofrer, é ter com quem reparti-lo. Não sofrer é uma impossibilidade, dividi-lo é empreendimento do amor. Descobrir que alguém sente nossa ferida é o caminho para curá-la, porque a dor se dilui nos corações envolvidos. Quem tem companhia anda pelo vale da sombra da morte sem temer.
Contava-me que pensara em desistir da vida. Tão breve e frágil, muitas vezes perdia o sentido e nem sempre era fácil reencontrá-lo. Divagava sobre todas as inseguranças e incertezas da existência. Ele tinha razão, suas palavras me atingiam e encontravam em mim cabimento.
Tantas vezes pensei em desistir. Entregar-me à correnteza dos dessabores e me afogar no mar do esquecimento. Já quis mesmo me esquecer de mim. Por isso fui honesto e disse a ele que muitas vezes sentia o mesmo, e acreditava que todos, em algum momento, se sentiriam assim. É a inevitável angústia de viver, o desespero humano que nos visita hora ou outra. Legítimo.
Contei para ele sobre quando meu pai deixou minha família. Enfrentamos dias difíceis e amargos. Muitas vezes ouvi minha mãe chorar no banho, porque tentava nos proteger de seu sofrimento e desespero. Falei que ela tinha motivos para desistir.
Mas não desistiu.
Para o desespero humano, um salto de fé. Minha mãe não sucumbiu porque tinha fé. Acreditava que a angústia e o desespero não eram maiores que o amor; que os próximos dias seriam melhores, porque a felicidade era possível. E de fato a vi feliz nos anos que se seguiram.
Então passei a acreditar no futuro também. Vi que ele traz motivos para querer viver. E porque acredito, não desisto. O segredo é reunir forças nos dias bons para enfrentar os ruins.
A vida é bonita, mesmo quando faz careta.  Falei para ele sobre as infinitas possibilidades que estaria perdendo e sobre todos os amores que não viveria se entregando. Falei dos amigos que não faria, da família que não teria e dos vinhos que não experimentaria.

A arte de não adoecer


por Dr. Draúzio Varella, via Ed René Kivitz

Se não quiser adoecer – “Fale de seus sentimentos”.
Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna… Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar,confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados. O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia..

Se não quiser adoecer – “Tome decisão”
A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.

Se não quiser adoecer – “Busque soluções”
Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.

Se não quiser adoecer – “Não viva de aparências”
Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de peso… uma estátua de bronze, mas com pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.

Se não quiser adoecer – “Aceite-se”
A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos,destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Falso padre engana fiéis e párocos no Noroeste, e acaba preso na Semana Santa

'Padre Ricardo' foi desmascarado após participar do rito católico em Laje do Muriaé e Porciúncula

publicado em O Dia

Rio - Já imaginou se confessar com um padre e, dias depois, descobrir que revelou seus pecados e arrependimentos a um falso sacerdote? Essa é a sensação vivenciada por centenas de fiéis em Laje do Muriaé e Porciúncula, no Noroeste Fluminense. Wesley Ricardo da Costa, que se autointitulava ‘Padre Ricardo’ e enganou até os párocos das duas cidades, foi levado para a 138ª DP (Laje do Muriaé) após ser desmascarado. Mas não antes de concelebrar as missas da Semana Santa, período em que a presença de devotos aumenta nas igrejas.

Selfie: ‘Padre Ricardo’ celebrava missas e postava fotos no Facebook
Foto:  Reprodução Internet


Natural de São Paulo, Wesley conseguiu participar do rito católico nos municípios fluminenses depois de usar o Facebook para convencer o padre Ramyro Armond, da Igreja Nossa Senhora da Piedade, em Laje do Muriaé. Em sua página na rede social, ‘Padre Ricardo’ disse que teria “uns dias de folga” e perguntou a Ramyro se poderia conhecer a paróquia. Ramyro, acostumado a navegar na internet, viu o seu álbum repleto de fotos com párocos paulistas e lhe fez o convite.

Sabendo da boa vontade de ‘Padre Ricardo’, Gilberto Araújo Alvim, pároco de Porciúncula, tratou de entrar em contato e solicitar seus serviços para o período da Páscoa. “Fomos ingênuos? Não. Apenas parecia ser realmente um padre católico, pois em seu Facebook havia fotos ao lado do Cardeal de São Paulo, com quem havia concelebrado missas”, disse.

A farsa só foi descoberta após fotos de uma das missas em Porciúncula serem postadas na internet. Paróquias paulistas que já haviam sido alvo do falsário alertaram a Diocese de Campos dos Goytacazes, à qual as paróquias do Noroeste são vinculadas.

O enclausuramento involuntário do falso padre não durou muito tempo. Por se tratar de crime com menor potencial ofensivo, Wesley foi liberado e responderá em liberdade por falsidade ideológica — ele tinha uma carteira falsa da Diocese de São Paulo.

Conte comigo


Ivan Martins, em Época
Outro dia, em circunstâncias suaves e domésticas, lembrei de um poema do Mario Benedetti que costumava me comover até os ossos. Chama-se Hagamos un trato -Façamos um trato, em português – e fala dos sentimentos de um homem por uma militante política, que ele chama de compañera.

Em linguagem simples e direta, o poema diz, essencialmente, que ela pode contar com ele “não até dois ou até dez”, mas contar com ele, em qualquer circunstância. É um poema de amor que expressa um compromisso político. Ou talvez seja um poema épico suavizado por um toque de amor. Não sei. Vocês leiam e me digam.

Mas é evidente, para mim, que qualquer que tenham sido as intenções do Benedetti, seu poema resume uma verdade essencial: afeto é compromisso. Os problemas do outro passam a ser parte dos meus problemas, minhas dores são em alguma medida as dores dele. Eu cuido dele e ele cuida de mim. Não deixei de ser eu, ele tampouco deixou de ser ele, mas há um projeto que nos vincula e nos torna responsáveis um pelo outro. Voluntariamente. Talvez temporariamente. Mas, enquanto estivemos ligados, será assim.
Se isso parece consistir um fardo, não é. Dividir é bom. Cuidar também é bom. Andamos tão acostumados a pensar de forma egoísta que a ideia de ser responsável pelo outro nos apavora. Temos medo também de depender da atenção e dos cuidados alheios. Mas tem sido assim por alguns milênios e acho bom que continue. Somos indivíduos, inescapavelmente, mas algo em nós anseia por ligar-se e partilhar de uma forma que não seja superficial ou declaradamente provisória. Quando isso acontece, nos sentimos parte de algo maior que o mercado ou as redes sociais. E há um profundo conforto nisso.

Talvez essa seja o sentido atual do “conte comigo” de Benedetti. Ele expressa uma forma de amor que não está na moda. É algo que se manifesta não apenas como partilha de prazer e hedonismo, mas como potencial de sacrifício. O poema nos lembra que não estamos nessa apenas pelo riso e pela noite inesquecível. Às vezes será inevitável sofrer, fazer coisas chatas, deixar de lado vontades e interesses imediatos. Às vezes será necessário abrir mão. Seremos capazes? Espero que sim.

Quando li Hagamos un trato pela primeira vez, por volta de 1995, ele me pareceu uma promessa de amor em meio à guerra. Benedetti, afinal, era um homem de esquerda. Fora exilado pela ditadura militar em seu país, o Uruguai, e sempre voltara seu arsenal de palavras contra ela. Hoje, com outros olhos, o poema me sugere outros sentimentos, que vão além do contexto político.

Lições que nascem com a simplicidade


Ricardo Gondim, no seu site
Quantas vezes perdemos o encanto de certos momentos por não sabermos valorizar os processos singelos da vida. Não entendemos uma existência perpassada pela simplicidade.
No enfrentamento dos pequenos medos, a vida se prepara para a grande coragem.
Perseverança depende do desânimo.
Esperança se anima na frustração.
Resiliência acontece desde as derrotas mais amargas.
Desestímulo alheio convida à ousadia.
Aprende-se ternura com as feridas.
Desprezo educa para o perdão.
Para ser simples, a virtude precisa andar quando outros, afobados, correm; sussurrar, quando outros, presunçosos, gritam; sorrir, quando outros, raivosos, destilam ranho; pensar, quando outros, iludidos, mistificam.
Quem deseja subir um degrau na existência, precisa descer dois. Humildade, o contrário de autocomiseração, significa apenas a capacidade de perceber as sombras com a mesma sensibilidade que a luz.
Perfeição não aparece nas simetrias extraordinárias. Perfeição se esconde no ordinário – no dia a dia – e só pede um olhar simples. Por isso alguém já disse que a camisa que tremula no varal pode conter a vela que empurra o navio; o fio que a aranha estende entre os galhos da árvore pode preceder a ponte suspensa sobre o abismo; a chaleira que chia no fogão pode inspirar o mecanismo da locomotiva; a maçã que despenca da árvore pode explicar a lei da gravidade; o pardal que voa no entardecer pode lembrar o cuidado universal de Deus, que ama a todos.

terça-feira, 22 de abril de 2014

O dia em que visitei o Egito

Ricardo Gondim, no seu site
Há 4 anos visitei o Egito. Andei pelas ruas de Cairo. Tudo me chamou a atenção. As mulheres, escondidas sob véus negros, pareciam monjas reclusas. Os homens, magros em sua grande maioria, caminhavam pela ruas de mãos dadas.
Rodopiei. Um tornado cultural me deixou tonto. Tentei decifrar uma história milenar, que jamais entenderei completamente. Islam, quase onipresente, prevalece por todo o Egito. Notei que era minoria – de novo. Eu não conseguia me esconder, destaquei no meio da multidão. Me senti frágil. Tive medo. Nas alamedas estreitas de Cairo, notei a força da paranóia que a mídia ocidental passa. A propaganda imperial de que o Oriente médio é inimigo gruda na gente. Eu pressentia – erroneamente – que uma bomba estava prestes a explodir na próxima esquina. Cheguei a ver terroristas onde não existia nenhum.
Me perdi no árabe. Eu simplesmente não conseguia decifrar duas letras de um alfabeto que poderia ajudar a saber em que esquina eu estava. Em outra cultura vemos como somos provincianos. É difícil lidar com cheiros, paladares e paisagens novos. Em uma cultura em que tudo espanta, tudo choca, tudo fascina, a gente consegue avaliar a estreiteza da própria mente.
Compareci a uma Igreja Ortodoxa Copta. O padre era um velhinho, mistura de Frei Damião com pastor evangélico.  A igreja, iniciada no aterro de lixo da cidade, virou centro de romaria. O padre copta conduz uma paróquia que luta para mudar a sorte de centenas de milhares que vivem nos arredores do lixão de Cairo. Seu trabalho visa aliviar a miséria mais abjeta. Seu ministério oferece espaço de esperança e reconstrução para mulheres e crianças. No Brasil, entretanto, uma igreja que atrai tantos pobres e sincretiza vários perfis religiosos jamais seria tolerada pelo status quo evangélico. No Egito, aquela igreja é tida como uma renovação dentro da ortodoxia copta.
Fui ao Egito para participar de uma reunião de pastores e líderes evangélicos de países do sul do Equador. Éramos 40. Por acontecer no Egito, a reunião ganhou ares de conspiração. Como há muito abandonei a ambição de ganhar o mundo, eu me senti fora das aspirações do grupo. Querer ganhar o mundo desestabiliza a alma. Megalomania mina o dia a dia despretensioso e sufoca as relações desinteressadas. Me preocupei sobremaneira em notar um ambiente belicoso e intolerante entre os pastores. Em determinado momento ouvi de um deles: o islamismo é o último gigante a ser abatido antes da volta de Cristo. Minha reação imediata foi: em que essa atitude difere dos terroristas que odeiam os ocidentais, e os tratam como irmãos de satanás?
Anos depois da viagem, medito. O que significa ser cristão no mundo atual? Quem poderia amenizar tanta hostilidade? Um neo-ateísmo destila rancor contra a religião. Religiosos se estapeiam em nome da verdade que acreditam possuir. Palestinos sofrem horrores, acossados pela miséria e por um poder militar portentoso. O Islam cresce com taxas vertiginosas em diferentes regiões do mundo. Séculos depois, os mouros retomam a Europa. A França impactada pelo Iluminismo não se conforma em conviver com tanta burca, mesquista monumental e tapete estendido para reza.

O que Jesus teria ido fazer no inferno?



Por Hermes C. Fernandes, no Cristianismo Subversivo

Há uma corrente que defende que Cristo teria descido ao inferno para ser torturado por Satanás, e, assim, pagar por completo o preço de nossa redenção. Se isso fosse verdade, Ele não teria dito antes de Seu último suspiro: “Está consumado” (Jo.19:30). A obra da redenção foi finalizada na cruz. Ainda que tenha descido ao inferno, não foi para completar nada, mas tão somente para anunciar o que já havia feito (1 Pe.3:18-19).


Outra lenda que se tem disseminado entre muitas igrejas é a de que o Diabo promovia um verdadeiro carnaval no inferno enquanto Jesus era crucificado. Mas para sua surpresa, Jesus interrompe a celebração e toma das mãos do Diabo as chaves do inferno. Nada mais distante da verdade que isso. Jamais foi intenção do Diabo que Jesus morresse na cruz. Pelo contrário. Ele fez de tudo para impedir que isso acontecesse, pois sabia que através de Sua morte, seu império seria desbaratado. Por isso, foi capaz de usar até os lábios de Pedro para tentar dissuadir Jesus (Mt.16:22-23). 

Já no início do ministério de Jesus, o Diabo lhe ofereceu um atalho para reaver os reinos deste mundo, e assim, não precisasse passar pela cruz (Mt. 4:8-9). Mesmo durante Seu suplício no calvário, o Diabo insistia em que Ele descesse da cruz, valendo-se dos lábios de várias pessoas, incluindo um dos ladrões que morriam ao Seu lado (Lc.23:39; Mc.15:30). A cruz sempre foi o centro do plano divino para a redenção de toda a criação (At.2:23). Ela foi a porta pela qual Jesus passou para adentrar o território da morte e libertar os que ali estavam cativos. 

"O sangue de Jesus cobrirá o Brasil": mais um ato patético na Lagoinha

Por Antognoni Misael

A Lagoinha não se cansa de tentar ganhar o Brasil para Cristo. Há anos eles pagam micos e mais micos, lavam a bandeira com azeite, rugem como leões, vestem-se de soldados, ungem os mares com óleo, aplicam golpes de Muay thai nos tripés dos exus, e por aí vai... É como se Deus não estivesse no controle de nada, e que dependesse de seu povo para anular as ações de satanás.

Ao convidar os fiéis para o 15º Congresso de Adoração Ana Paula Valadão disse: "Temos promessas de Deus para o país e precisamos adorar, orar, clamar e trabalhar para que vejamos a transformação do Brasil em nossos dias".

O que me assusta é ver tanto anacronismo nisso tudo. Ao lermos sobre o verdadeiros avivamentos notamos que todos eles ocorreram de dentro para fora. Portanto, antes de qualquer ato patético é mister que se pense em Reforma e Avivamento. A Reforma nos propõe um retorno ao ensino da Bíblia e o avivamento nos indica uma relação apropriada com o Espírito Santo. Isto significa dizer que, os grandes momentos da História da igreja vieram quando estas duas qualidades entraram simultaneamente em ação fazendo com que os irmãos experimentassem a doutrina pura e a igreja conhecesse o poder do Espírito Santo.

Falar de avivamento e reforma é falar do padrão ideal que Deus quer de nós: Jesus Cristo. Portanto, não temos dúvida de que a igreja brasileira precisa urgentemente despertar neste sentido, a saber que estamos numa nação tida como a 6ª economia do mundo, mas com a maior população carcerária do planeta; o 8º na maior desigualdade social onde o negro é a imensa maioria do pobre, sem falar do altíssimo grau de corrupção enraizado em nossa estrutura política o que faz de nossa saúde, segurança e educação um vexame sem fim.

O lamentável nisso tudo é que o nosso inchaço religioso parece não mudar em nada esta realidade. Daí o que mais me espanta na Lagoinha é achar que estas representações tem algum valor diante da absurda realidade da nossa nação. Lembremos do batismo e da ceia. São sacramentos que por si só não tem valor algum no sentido de que, sem o arrependimento e sem a confissão, se tornarão mera simbologia vã. É mais ou menos isso que ocorre nos ritos da Lagoinha. Muito teatro e pouca validade!!

Assista:

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Como criar seu próprio deus



publicado em Um Sábado Qualquer

Doador anônimo salva menina afegã de seis anos de casamento forçado

Naghma Mohammad teve de ser vendida para saldar dívida de seu pai; empréstimo foi usado para cobrir despesas médicas do caçula da família, que morreu congelado aos 3 anos

NAGHMA MOHAMMAD, DE APENAS SEIS ANOS, FOI PROMETIDA A UM JOVEM DE 19, COMO FORMA DE PAGAMENTO DE UMA DÍVIDA FEITA POR SEU PAI (Foto: Reprodução / CNN)
NAGHMA MOHAMMAD, DE APENAS SEIS ANOS, FOI PROMETIDA A UM JOVEM DE 19,
COMO FORMA DE PAGAMENTO DE UMA DÍVIDA FEITA POR SEU PAI
(FOTO: REPRODUÇÃO / CNN)

A guerra no Afeganistão faz vítimas que vão além dos soldados e civis atingidos por tiros, bombas e granadas. Em 2009, amedrontado pela violência que rondava a província de Helmand, onde morava, Taj Mohammad foi obrigado a reunir a mulher, os nove filhos e seus poucos pertences e se instalar em um acampamento para refugiados, na capital Cabul. A falta de suprimentos básicos logo acometeu o caçula da família, Janan, de apenas três anos. Sem trabalho e com pouquíssimos recursos disponíveis, Mohammad fez um empréstimo de US$2.500 (cerca de R$5 mil reais) para cobrir as despesas médicas do menino.

Janan não sobreviveu ao inverno e morreu congelado. Mal tinha se recuperado da morte do filho e Mohammad se viu em mais uma situação difícil: a cobrança pelo empréstimo havia chegado. Sem dinheiro, a única saída seria oferecer a filha Naghma, de apenas seis anos, como pagamento. Ela deveria se casar com o filho do agiota, de 19.O credor aceitou e Naghma foi morar com a família de seu futuro marido."Foi uma decisão difícil. Senti como se tivesse sido jogado no fogo", contou Taj Mohammad para a reportagem do site do canal norte-americano CNN.

 (Foto: Reprodução / CNN)
(FOTO: REPRODUÇÃO / CNN)
Quando grupos de direitos humanos descobriram a situação de Naghma, imediatamente entraram em contato com Kimberley Motley, uma advogada norte-americana que trabalha  no Afeganistão há cinco anos em prol dos direitos das mulheres no país. Kimberley organizou uma assembleia formada por afegãos anciãos, conhecidos como Jirga, e os convenceu de que Naghma não poderia se casar. Eles a liberaram para voltar para sua casa. Em seguida, um doador anônimo pagou a dívida de Taj Mohammad e livrou a menina da obrigação do casamento, de vez.

"O Deus de Israel não gosta de convarde", Pondé.


foto divulgação

Luiz Felipe Pondé, na Folha de S.Paulo
Título original: Nôach

O Deus de Israel não gosta de covardes. Homem, mulher, criança, todos são chamados à coragem, à dor e a tomar decisões difíceis.

Noé (Nôach), foi um desses heróis. Erich Auerbach, no seu "Mímesis", afirma que Deus testa seus heróis e heroínas, levando-os ao limite do insuportável, para que, sobrevivendo ao teste, descubram por que foram eleitos. Deus funda, assim, a ideia de autoconhecimento na literatura ocidental.

"E os que vieram, macho e fêmea, de toda criatura vieram, como Deus lhe havia ordenado; e o Eterno o fechou para protegê-lo. E foi o dilúvio quarenta dias sobre a terra, e multiplicaram-se as águas, e alcançaram a arca, e levantou-se de sobre a terra" (Gênesis, 7; 16-17, edição hebraica).

O filme "Noé", de Darren Aronofsky, é sobre eleição. "Eleição" é um conceito, muitas vezes, pouco compreendido pelo mundo contemporâneo, maníaco por felicidade "projetos do self" e sucesso.

Os eleitos pelo Deus de Israel só têm problemas; a solidão os assola, o medo e o sofrimento os persegue. Erich Auerbach entende muito mais de "eleição" na literatura israelita do que muito rabino, pastor e padre por aí, obcecados por vender autoajuda espiritual. "Dificilmente, um deles não sofre, como Adão, a mais profunda humilhação...", afirma Auerbach.

O diretor do filme, faz licenças poéticas, e algumas delas (não tenho como saber o quão consciente ele estava quando as fez) muito sofisticadas, levando em conta a "dramaturgia" do Velho Testamento, como falam os cristãos quando se referem à Bíblia hebraica.

Uma delas, muito pontual, é o uso da pequena tira de couro que o pai de Noé, e depois o próprio, enrola no braço: uma referência direta ao "tefilin" (filactério). A palavra hebraica tem sua raiz em "tefilá", que significa prece. Hoje, ela "virou" um cordão de couro ligado a duas caixinhas que o judeu amarra daquele jeito e também na cabeça (é bem maior do que mostra o filme).

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Análises apontam que papiro que fala da esposa de Jesus não é falso


 Imagem mostra inscrição em papiro do século 2 que causou polêmica em 2012. O texto menciona
 que Jesus foi casado, segundo pesquisa da Universidade de Harvard divulgada na ocasião.
Agora, uma nova análise atesta que o documento não é falso. "Nenhuma evidência de
fabricação moderna ('falsificação') foi encontrada", declarou a Harvard Divinity School
em um comunicado. O fragmento provavelmente remonta a uma data entre os séculos 6 e 9,
mas poderia ter sido escrito até mesmo no segundo século da Era Comum,
segundo os resultados do estudo publicados na Harvard Theological Review
publicado no UOL Ciências


Um pedaço de papiro antigo que contém uma menção à esposa de Jesus não é uma falsificação, de acordo com uma análise científica do controverso texto, declararam nesta quinta-feira (10) pesquisadores americanos.

Acredita-se que o fragmento seja proveniente do Egito e contém escritos na língua copta, que afirmam: "Jesus disse-lhes: 'Minha esposa...'". Outra parte diz ainda: "Ela poderá ser minha discípula".

A descoberta do papiro, em 2012, provocou um rebuliço. Pelo fato de a tradição cristã afirmar que Jesus não era casado, o documento atiçou os debates sobre o celibato e o papel das mulheres na Igreja.

O jornal do Vaticano declarou que o papiro era uma farsa, juntamente com outros estudiosos, que duvidaram de sua autenticidade baseados em sua gramática pobre, texto borrado e origem incerta.

Nunca antes um evangelho se referiu a Jesus como casado, ou tendo mulheres como discípulos.

Mas uma nova análise científica do papiro e da tinta, bem como da escrita e da gramática, mostrou que o documento é antigo.

"Nenhuma evidência de fabricação moderna ('falsificação') foi encontrada", declarou a Harvard Divinity School em um comunicado.

O fragmento provavelmente remonta a uma data entre os séculos 6 e 9, mas poderia ter sido escrito até mesmo no segundo século da Era Comum, segundo os resultados do estudo publicados na Harvard Theological Review.

A datação por radiocarbono do papiro e uma análise da tinta utilizando espectroscopia Micro-Raman foram realizadas por especialistas da Universidade de Columbia, da Universidade de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

"A equipe concluiu que a composição química do papiro e os padrões de oxidação são consistentes com papiros antigos, ao comparar o fragmento do Evangelho da Esposa de Jesus (Gospel of Jesus' Wife - GJW, em inglês) com um fragmento do Evangelho de João", declarou o estudo.

"O teste atual suporta, assim, a conclusão de que o papiro e a tinta do GJW são antigos", esclareceu.

Origem desconhecida

A origem do papiro é desconhecida. Karen King, historiadora da Harvard Divinity School, o recebeu de um colecionador - que pediu para permanecer anônimo - em 2012.

King, uma historiadora do cristianismo primitivo, declarou que a ciência mostrar que o papiro é antigo não prova que Jesus era casado.

"A questão principal do fragmento é afirmar que as mulheres que são mães e esposas podem ser discípulas de Jesus - um tema que foi muito debatido no início do cristianismo, num momento em que a virgindade celibatária se tornou cada vez mais valorizada", explicou King em um comunicado.

"Este fragmento do evangelho fornece uma razão para reconsiderar o que pensávamos que sabíamos, ao se perguntar o papel que as declarações sobre o estado civil de Jesus desempenharam historicamente nas controvérsias cristãs sobre casamento, celibato e família".

O fragmento mede quatro por oito centímetros.

De olho na concorrência!


J. Malaquias

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"Vai fazer igreja assim no inferno", Eduardo Paes elogiando Silas Malafaia

Paes: declaração infeliz
Paes: declaração infeliz
Por Lauro Jardim, no Radar On-line
Título original: Gafe de Paes

A inauguração da maior igreja do pastor Silas Malafaia no Brasil teve direito a uma gafe gigantesca de Eduardo Paes. No último sábado, participaram do evento, além do prefeito, Luiz Fernando Pezão e Lindbergh Farias.
Paes, ao elogiar a agilidade da obra – que durou 19 meses e custou 30 milhões de reais -, saiu-se com essa:
-  Vai fazer igreja assim no inferno.
Inferno não é lá das palavras mais adequadas para serem ditas na frente de milhares de evangélicos.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Silêncio, a mais covarde das covardias

Venho das fronteiras. Filho de um preso politico e de uma feminista militante, senti na pele o preço que eles pagaram pelo degredo. Canhoto, acostumei-me a não encontrar carteira adequada na sala de aula. Excomungado da igreja presbiteriana, antes de completar 20 anos de idade, perdi o medo de cenho franzido. Pentecostal entre teólogos com bom currículo, experimentei o peso da suspeita. Migrante nordestino em São Paulo, percebi a sutileza do preconceito.
Na adolescência, enquanto esperava papai descascar laranja para os filhos, ouvia seu conselho:Nunca negociem suas convicções. Nos anos de chumbo da ditadura, ele viu seus colegas de farda calados. Amigos, para fugir da inclemência do regime, desciam a calçada para não cumprimentá-lo. Papai se sentia só. - Silêncio, dizia meu velho, pode ser a mais covarde das covardiasSó nas horas difíceis a gente sabe quem é quem. Aprendi com ele: chacais e colibris não bebem do mesmo chafariz; ratos e gatos não se escondem na mesma toca.
Ele também me ensinou que o bem só prevalece enquanto existir gente disposta a encarná-lo. Mesmo em meio a uma indiferença histórica, quando a lua se recusa a amenizar a noite e vampiros vagam, o bom fermento não pode cessar de levedar a massa. Meu pai, agnóstico, repetiu sem se dar conta, a verdade do primeiro Salmo: Os ímpios não subsistirão na congregação dos justos; uma breve aragem se transformará em vendaval e os ímpios se espalharão como a moinha no deserto.
Devido à sua prisão, moramos de favor na casa da vovó. Ficamos expostos – talvez demasiadamente – uns aos outros, sem privacidade. Entretanto, aqueles anos serviram para me ensinar a detectar dissimulações mal ensaiadas. Carrego desde então, um certo asco para o sorriso manso de quem procura disfarçar mazela – lobos vestidos de ovelhas acreditam que ninguém os percebe patéticos no esforço de parecerem corretos; eles, na verdade, só lutam para esconder falhas e conveniências.
Anos se passaram e eu continuo habitando fronteiras – agora da teologia. Fiscais da ortodoxia se acham, permanentemente, de plantão. Eles me espreitam, querendo achar um til mal colocado que engatilhe suas censuras inquisitoriais. O bombardeio do fundamentalismo é renitente.
Espicaçado e achincalhado, não me vitimizo. Se noto que me estrangeiro, lembro: os guetos são pequenos. Não me impressiono se me avisam que me tornei emissário do diabo, inimigo de Deus ou apóstata. Dependendo de onde saem tais comentários, eu os tomo por elogio. Religiosos chamaram Jesus de Nazaré de príncipe dos demônios, apóstata e pedra de tropeço.
Meu caminho continua inexorável. Sigo resoluto. Rechaço o conselho dos apóstolos da cautela. Não respondo quem usa de pretenso zelo por minha alma para sugerir: volte atrás antes de queimar no inferno. Esse tipo de manipulação pode parecer piedosa, mas não deixa de ser apenas manipulação.
Também não me sinto constrangido com doçuras piegas. Condescendência não tem força de me fragilizar. Sequer o distanciamento de ex-amigos. Só acho estranho que eles, só agora, se sintam constrangidos em caminhar perto de mim. Não tem problema. Ser fiel às minhas convicções será sempre um dever para comigo mesmo.
Paulo avisa na Bíblia que a obra de cada um será testada no fogo. Me submeto ao tribunal de Deus. Os milhões de quilômetros que viajei para ajudar igrejas de outras denominações, os seminários, as conferências e os congressos onde falei atestam minha biografia. Estou certo de que nunca fiz mal a ninguém. Jamais defraudei quem colocou o seu auditório à mercê de meus pensamentos. Não tenho remorso de como me comportei desde a tesouraria, aos aconselhamentos pastorais, às noites de vigília que passei ao lado de famílias enlutadas. Que meus livros e sermões testemunhem a meu respeito.
Na renitente cruzada contra mim,  replico Davi: Caia eu nas mãos de Deus e não dos homens. Acrescento apenas uma nota: é pecado julgar precipitadamente. Alguns, cegos ao mercadejamento da verdade, à banalização do sagrado e ao aviltamento da ética, tentam me caçar em nome de uma ortodoxia que eles mal sabem explicar.

Pelas ruas onde andei


imagem:  Peroratio

Escolhi a liberdade!
"Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres." João 8:36

Entenda por que o mundo não impediu o genocídio de Ruanda

Em 100 dias, 800 mil pessoas morreram no país africano. Caso é exemplo de omissão de potências internacionais.

Giovana Sanchez
Do G1, em São Paulo

As mortes de ruandeses da etnia tutsi pela maioria hutu começaram antes de 1994, quando ocorreu o genocídio que deixou 800 mil mortos em 100 dias no país. Desde 1990, agências humanitárias e a ONU vinham documentando matanças isoladas e a deterioração da situação no país. Quando o genocídio efetivamente começou, as lideranças políticas foram também avisadas. Então por que, dias depois da retirada de estrangeiros, a ONU não aprovou uma intervenção militar? Por que, ao invés disso, diminuiu o número das forças de paz?



Há muitas respostas para a questão da omissão das potências no caso de Ruanda(veja abaixo a cronologia dos eventos em Ruanda e no mundo). De fato, houve pedidos posteriores de desculpa de governos, como o americano, que tentaram se redimir com uma boa ajuda para a reconstrução.

Segundo a historiadora Cíntia Ribeiro, que pesquisou o tema no mestrado, Ruanda não despertava o mesmo interesse nas grandes potências que a Bósnia, em guerra na época. "A Bósnia, por se tratar de uma região que é importante para a Europa, teve muito mais preocupação das grandes potências do que Ruanda, um país pequeno no centro da África, que não tem nenhum recurso mineral, nenhum interesse econômico, não é nem zona de influência."

Outro fator, segundo ela, foi o fracasso de uma intervenção militar americana pouco tempo antes na Somália. "Eles tentaram uma intervenção [na Somália], mas entram no país sem um conhecimento profundo do que acontece, muito por conta de uma certa arrogância militar. [...] Eles tinham a ideia de que aquilo ia durar três meses, iam sair de lá com uma vitória completa. Um filme que retrata bem isso é 'Falcão negro em perigo'. Eles foram fazer uma operação no centro da capital e um dos helicópteros caiu. O episódio foi televisionado e a comunidade americana ficou chocada. Tudo caiu em cima do [ex-presidente Bill] Clinton. Logo depois disso ficou decidido que eles só interviriam se houvesse extremo interesse, porque ficar fazendo missão de paz só pela questão de direitos humanos não interessava, porque a vida de um soldado americano é muito mais importante. Então quando eles entram no Oriente Médio, por exemplo, é porque existe um interesse efetivo lá, é legitimada a morte de um soldado, ainda que cause grande problemática", disse a historiadora cuja dissertação “O genocídio de Ruanda e a dinâmica da omissão estadunidense” analisa a resposta americana no país africano.

Nigel Eltringham, professor de antropologia da Universidade de Sussex, no Reino Unido, também cita o fracasso da investida americana na Somália no ano anterior como um dos fatores. "Os americanos ficaram chocados com o que aconteceu em Mogadishu e o governo achou que não havia apoio da opinião pública para uma intervenção, então não apoiou o chamado de outras nações para intervir."

Segundo Eltringham, outro fator foi "uma completa falta de entendimento de que o genocídio era um ataque planejado aos tutsis (e hutus moderados) com um objetivo político claro (a manutenção do poder). Em vez de mostrar essa realidade, a imprensa reportou que o conflito era 'tribal' com 'raízes de ódio'. Ao despolitizar o conflito, a mídia deu a impressão de que era um confronto que não poderia ser resolvido, o que era incorreto."

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Noé no Brasil!!

Não, não vou falar do filme NOÉ. Afinal, já tem muita gente falando e dando opinião a respeito dele. Mas confesso que vou pegar a "onda" (desculpe o trocadilho atroz) e repostar um texto que traduzi, que ronda a Internet ,e tropicalizei-o às condições peculiares de nossa terrinha...

Um amigo meu, sobrevivente da grande cheia recifense de 1975, teve um pesadelo. Ele testemunhava o que ocorria com Noé, só que o patriarca morava no Brasil, nos nossos dias:
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Solano Portela, no O Tempora! O Mores!

Noé nunca tinha visto chuva em sua vida e fica espantado quando ouve uma voz retumbante dizendo: “Em um ano eu farei chover sobre toda a terra. Ela será coberta com água até que tudo esteja destruído, começando aí no Brasil, mas quero que você salve os justos e dois espécimes de cada animal. Assim, estou lhe comandando a construir uma ARCA”!

No meio de um relâmpago, num piscar de olhos, caem às mãos de Noé os desenhos e todas as especificações da Arca a ser construída.

Tremendo de pavor, Noé pega o projeto e concorda com a construção da Arca. “Lembre-se”, diz a voz, “Você tem que terminar a Arca e ter tudo e todos a bordo dentro de um ano”.

Passa-se exatamente um ano, no sonho, e uma tormenta monumental cobre toda a terra. Os mares estão agitados e tumultuados, mas Noé está sentado no terreno de sua casa, chorando!

“Noé”, ressoa novamente a voz, “onde está a ARCA”?

“Perdoe-me”, clama Noé. “Fiz o que eu pude, mas os problemas foram terríveis”!

“Primeiro, eu tive de obter uma licença de construção e o projeto da Arca não se enquadrava no código naval, nem estava assinado por um engenheiro credenciado na Marinha. Tive que contratar uma firma especializada para redesenhar tudo”!

“Depois, fiquei sabendo que o Distrito Naval havia feito um convênio de segurança e entrei numa questão judicial com o CONTRU, pois insistiam que a Arca precisava de uma sistema de ‘sprinklers’ contra incêndios e, além disso, a Capitania dos Portos exigia uma enormidade de coletes-salva-vidas”.

“Ai o meu vizinho ligou para o ‘Psiu’ dizendo que eu estava fazendo muito barulho e depois para a prefeitura, alegando que a construção da Arca no quintal da frente, violava o zoneamento da Capital. Tive que estar presente a cinco audiências na comissão de planejamento municipal até conseguir um certificado de exceção, para dar andamento ao projeto”.

"Quando a ARCA estava com a estrutura pronta, passou um protesto pela frente da minha rua e os Black Blocs tocaram fogo nela, enquanto a polícia olhava de longe, 'protegendo' os manifestantes. Sem chuva, tive um trabalho enorme para apagar o fogo".

“Tive problemas na compra de madeira para construir a Arca em função da proibição de corte de árvores, para proteção do mico-leão na Mata Atlântica. Finalmente, consegui convencer a Secretaria Estadual de Proteção à Fauna e Flora que eu precisava da madeira EXATAMENTE para salvar o mico-leão, mas a Polícia Florestal não me deixou pegar um casal de micos-leão. Sem mico-leão, não havia o que salvar”.

“Os marceneiros que eu havia contratado foram visitados pelo carro de som do Sindicato dos Trabalhadores em Madeira que convenceu-os a procurar a proteção do Sindicato. Na semana seguinte, fizeram uma greve, querendo intervalos para lanche de 2 em 2 horas e recusando-se a trabalhar horas extras. Tive de negociar até com a CUT e agora, em vez dos 8 carpinteiros que contratei quando comecei, tenho 16, que trabalham 5 horas a menos por semana do que os 8 que eu tinha, no início. E ainda não tenho os micos-leão”.

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