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"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história." Bill Gates

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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O dia em que amei uma prostituta


Por Hermes C. Fernandes, no seu blog

Eu estava apresentando um programa de rádio em uma das emissoras mais populares do Rio de Janeiro. Recebíamos telefonemas no ar, e respondíamos a dúvidas apresentadas pelos ouvintes, oferecendo-lhes conselhos, e, por fim, orávamos pela situação apresentada.

Faço programas de rádio há cerca de 30 anos. Apesar da larga experiência com rádio, nunca havia me deparado com uma situação semelhante àquela que me foi apresentada por uma jovem.

Com a voz trêmula, ela contou que estava diante da janela do seu apartamento em Copacabana, disposta a atirar-se. Sobre mim pesava a responsabilidade de dissuadi-la a cometer suicídio. E o pior que tudo isso acontecia enquanto o programa era transmitido. Milhares de ouvintes ficaram em suspense.

Como evitar aquela tragédia? E se ela pulasse? E se fôssemos responsabilizados por isso?

De repente, deixei de lado tais questões, e senti um enorme amor por aquela vida. Como amar e não colocar-se a favor de quem se ama? Como amá-la sem tentar evitar que ela atentasse contra a própria vida?

Tentei acalmá-la, mas ela soluçava muito, e dizia estar decidida a cometer a loucura.

Depois de acalmar-se um pouco, contou-nos que ela era garota de programa e atriz de filmes pornôs. Disse que ganhava muito dinheiro com isso, pois só fazia programas com executivos e empresários, e que havia viajado pela Europa fazendo filmes. Por um descuido, engravidou-se de um dos seus clientes, mas não tinha a menor idéia de quem era.

Se não pulasse daquela janela, ela teria que tirar a criança. De duas, uma: suicídio ou aborto.

Comecei a falar-lhe de Jesus e de Seu amor. Ela começou a chorar ainda mais, e disse: - As igrejas não me querem. Eu já tentei ir, mas quando chego, todos olham para mim com discriminação e preconceito. Eu já fui crente! Nascida e criada na igreja. Quando cresci, larguei tudo para experimentar os prazeres do mundo. Minha igreja era muito rígida, e eu não suportei o peso das doutrinas. Hoje, toda a minha família tem vergonha de mim. Com o que ganho, ajudo a todos na minha família, principalmente a minha mãe. Mesmo assim, eles não me aceitam.

Percebi que sua situação era mais grave do que imaginava.

De fato, as igrejas não estão preparadas para receber pessoas egressas desse tipo de vida. Prostitutas, gays, drogados, são vítimas de olhares preconceituosos daqueles que se dizem representantes de Deus na Terra.

Vento do Espírito




Carlos Ruas, em Um Sábado Qualquer

Com 44% de ateus, Holanda usa igrejas como livrarias e cafés


Livraria Selexyz, em Maastricht
Paulo Lopes, no blog Paulo Lopes
As igrejas e templos da Holanda estão cada vez mais vazios e as ordens religiosas não têm recursos para mantê-los. Por isso esses edifícios estão sendo utilizados por livrarias, cafés, salão de cabeleireiro, pistas de dança, restaurantes, casas de show e por aí vai.
De acordo com pesquisa de 2007, a mais recente, os ateus compõem 44% da população holandesa; os católicos, 28%; os protestantes, 19%; os muçulmanos, 5%, e os fiéis das demais religiões, 4%.
A maioria da população ainda acredita em alguma crença, mas, como ocorre em outros países, nem todos são assíduos frequentadores de celebrações e cultos religiosos.
Café Olivier, em Utrecht
Algumas adaptações de igrejas têm sido elogiadas, como a de Maastricht, onde hoje funciona a livraria Selexyz (primeira foto acima). A arquitetura realmente impressiona.
O Café Olivier (a segunda foto), em Utrecht, também ficou bonito e agradável. Ao fundo, em um mezanino, se destaca o órgão da antiga igreja – um belo enfeite.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Copérnico traído




publicado originalmente na Folha de S.Paulo

Marcelo Gleiser

Nos séculos 16 e 17, o que você pensava sobre o Cosmos podia lhe custar a vida; se não a vida, ao menos a liberdade e a integridade física. Imagine viver numa sociedade na qual o arranjo dos céus, por fazer parte da interpretação teológica da Bíblia, era determinado não pela ciência, mas pela fé. Essa era a época em que viveram Copérnico, Galileu e Johannes Kepler, os pioneiros da chamada Revolução Copernicana.

Copérnico trabalhava para a Igreja Católica na Polônia como uma espécie de administrador local. Mas, embora houvesse estudado medicina e jurisprudência, seu interesse real estava nos céus.

Em 1500, todos acreditavam que a Terra era o centro do Cosmo e que o Sol, a Lua e os planetas giravam à sua volta. Em 1510, Copérnico escreveu um pequeno tratado propondo algo inteiramente diferente: o Sol era o centro e a Terra girava à sua volta, tal como todos os planetas.

Ele resolveu testar a recepção da ideia distribuindo o trabalho para alguns intelectuais e membros do clero. Ao contrário do que muitos pensam, a Igreja Católica não tinha ainda uma posição oficial contra o sistema heliocêntrico (o Sol no centro). Quem se manifestou contra Copérnico foi Martinho Lutero: "Há aí um astrônomo que diz que a Terra gira em torno dos céus. O tolo acha que vivemos num carrossel". Fora isso, nada de muito dramático ocorreu com Copérnico e seu tratado.

Apesar de sua fama crescente como excelente astrônomo, Copérnico só foi publicar sua grande obra, o resumo do trabalho de toda a sua vida, em 1543.

Alguns afirmam que ele temia os outros astrônomos, pois sabia que seus dados não eram dos melhores: construiu seu sistema usando medidas astronômicas tiradas por Ptolomeu em 150 d.C. e por astrônomos árabes durante a Idade Média -Copérnico era mais um arquiteto do que um observador.

Talvez se preocupasse também com os luteranos, que avançavam em seu domínio na Europa Central. Mas quando, devido à insistência de seu único pupilo, Rheticus, ele termina o tratado, Copérnico o dedica ao papa! Certamente não era a Igreja que temia.

Russo que vendeu virgindade se diz hétero e ‘apaixonado’ por Catarina


Alexander afirmou que sua primeira noite só pode ser com uma mulher. Jovem revelou que não ficará com dinheiro e que mãe não sabe do leilão.
Alexander Stepanov, 20, aceitou leiloar virgindade para se sentir mais
 seguro e confiante (Foto: Divulgação/Virgins Wanted)
Cauê Fabiano, no G1, capturado no Pavablog
Alexander Stepanov, um rapaz nascido na Rússia, nunca teve facilidade em lidar com o sexo oposto. Enquanto os garotos mais precoces corriam para ver quem dava o primeiro beijo, o jovem russo sentia o coração disparar e começava a suar ao simplesmente falar com uma garota, o que fez com que chegasse casto aos 20 anos de idade. Na tentativa de “lutar contra seus demônios” e vencer a timidez, Alexander tomou uma decisão polêmica, que até agora permanece escondida da família: não perderia a virgindade, mas a colocaria a leilão.
Os lances foram encerrados no último dia 24 e, junto com o jovem russo, uma brasileira, chamada Catarina Migliorini, também colocou sua castidade à venda. Enquanto a catarinense faturou mais de R$ 1,5 milhão, Stepanov atingiu “apenas” R$ 6 mil. Em entrevista ao G1, Alexander contou por que se envolveu no projeto, o que pretende fazer com o dinheiro e sobre uma aparente paixão que sente pela brasileira.
Catarina Migliorini, de 20 anos, vendeu sua virgindade
 em leilão pela internet (Foto: Divulgação/Virgins Wanted)
Ao se mudar para Austrália em 2007, o jovem russo queria ter a chance de mudar sua vida e, ao mesmo tempo, fazer alguma coisa pelos seus países de origem e destino. Fez cursos de inglês, de matemática, cultura australiana, quis servir ao exército – tudo para tentar ser confiante, “lutar contra seus demônios”.
Depois de saber que não poderia servir às forças armadas, Alexander se sentiu frustrado. “Voltei para casa e percebi que minha vida nunca tinha sido feliz. Nunca foi algo como ‘vou conseguir um trabalho, encontrar uma namorada e ser feliz. Nunca foi assim”, disse Stepanov por telefone, com um pesado sotaque russo.

“Prefiro morrer como cristã do que sair da prisão sendo muçulmana”, diz paquistanesa

A cristã Asia Bibi está há dois anos na prisão por discutir religião com suas amigas de trabalho

“Prefiro morrer como cristã do que sair da prisão sendo muçulmana”, diz paquistanesa“Prefiro morrer como cristã do que sair da prisão sendo muçulmana”, diz paquistanesa
Condenada a morte desde 2010, a paquistanesa Asia Bibi continua aguardando a decisão final para saber se será ou não enforcada por cometer o crime de blasfêmia. A cristã de quase 40 anos se envolveu em uma discussão religiosa com mulheres muçulmanas quando saia do trabalho.
Suas colegas tentavam forçá-la a voltar a servir Ala, mas Asia rebateu usando frases que foram entendidas como ofensivas: “Jesus está vivo, mas Maomé morto. O nosso Cristo é o verdadeiro profeta de Deus. Maomé não é real. Jesus morreu na cruz pelos pecados da humanidade, e Maomé, o que fez por vocês?”.
A polícia foi chamada e em 8 de novembro de 2010 Asia Bibi se tornou a primeira mulher a ser condenada à pena de morte por enforcamento no Paquistão, um crime que já condenou 45 pessoas nos últimos anos sendo que 43 destes já foram executados.
Há poucas informações sobre Asia, também chamada de Aasiya Noreen, mas o Portas Abertas relembra que duas pessoas já morreram por tentar defendê-la da morte, entre elas o Salman Taseer, muçulmano liberal, ex-governador da província de Punjab, ele foi

Coisas que Jesus nunca diria


via Mero Cristianismo

Myrian Rios fala sobre celibato: "é uma opção minha"

publicado originalmente no Terra

Myrian Rios concedeu uma entrevista ao apresentador Amaury Jr.. Foto: Carol Mendonça/Divulgação


Myrian Rios concedeu uma entrevista ao apresentador Amaury Jr.
Foto: Carol Mendonça/Divulgação

Myrian Rios, ex-mulher do cantor Roberto Carlos e atual Deputada Estadual pelo Rio de Janeiro, disse em entrevista ao apresentador Amaury Jr. que não terá relações sexuais com ninguém até que se case de novo. "É uma opção minha e tem a ver com a religião católica", revelou.

Dedicada a religião desde que se tornou missionária católica, Myrian contou que vive no celibato. Questionada se o pretendente está a caminho, a ex-atriz desconversou: "não estou interessada em ninguém".

Durante a entrevista, Myrian também falou sobre os 12 anos de relacionamento com o Rei Roberto Carlos. Ela contou como os dois se conheceram e comentou sobre o fato de não terem filhos. "Queria ter tido um filho com ele".

Myrian também falou sobre a vinda do Papa Bento XVI ao Rio de Janeiro, programada para julho de 2013.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Coma os morangos



Rubem Alves: “Jovem não fala retrato, fala foto. Tenho que escrever rápido porque não sei quando vou partir”
Marília César [via Valor Econômico], capturado no Pavablog.
“Tempus fugit”. Portanto, “carpe diem”. O tempo voa. Então, colhamos o dia. Vivamos o momento, pois envelhecer é só canseira e enfado. É como a luz do crepúsculo, que vai se transformando rápida e melancolicamente, até o mergulho final na escuridão da noite. O pior da velhice, entretanto, é que as pessoas passam a nos tratar por diminutivos, como fazem com as crianças. “Você está doentinho?” “Quer um docinho?” É humilhante.
Essas imagens sobre o envelhecer são descritas pelo escritor, psicanalista e teólogo Rubem Alves em seu livro “Pimentas – Para Provocar Um Incêndio Não É Preciso Fogo” (Planeta), no qual trata dessa “fase crepuscular” da vida com poesia, ironia e melancolia. São 74 fragmentos sobre temas variados — educação, política, poesia, céu e inferno e passagens curiosas do Antigo Testamento — de um autor que completou 79 anos em setembro.
Ele soa um pouco triste ao telefone, falando da varanda de seu apartamento, na cidade de Campinas. “O tempo me foge. Não tenho mais tempo para escrever um romance. Não tenho mais tempo para escrever uma coisa com começo, meio e fim. ‘Pimentas’ é uma coleção de fragmentos – sou um retratista. Outra palavra que revela idade.”
Leia abaixo a entrevista na íntegra.
Valor: O senhor conta no livro um episódio engraçado sobre um “flerte” no metrô que não terminou como gostaria. Como foi isso?
Rubem Alves: Eu descobri que estava velho numa situação surpreendente. Isso foi há vinte anos. Estava em São Paulo, peguei o metrô, estava lotado. Eu era jovem, pernas fortes, segurei no balaústre e comecei a olhar para os rostos das pessoas. Rostos contam histórias. Olhando para as pessoas você pode imaginar contos, muitas coisas. Eu estava ali, imaginando as crônicas que poderia escrever, quando vi uma moça me olhando com mansidão, quase com ternura. Eu fiquei comovido com aquele olhar. Eu olhava para ela, ela olhava para mim. Percebi que ela devia estar comovida com a minha presença. Houve um momento de suspensão romântica. Pensei: manchete do meu conto — ‘Rubem Alves encontra inesperadamente no metrô o grande amor de sua vida’. Comecei a ter fantasias. Foi nesse momento que ela me fez um gesto de carinho. Ela se levantou e me ofereceu o lugar. Quando ela fez isso, é como se dissesse para mim: o senhor (certamente ela estava pensando em senhor, não em você) não pertence ao meu mundo. O senhor deve ter pernas bambas. Naquele instante eu percebi que estava perto dela, mas estava muito longe dela. Ela era uma moça e eu era um velho. A partir dali o tema da velhice começou a ser importante para mim. Comecei a prestar atenção no que acontece com as pessoas quando elas se descobrem velhas. Fiz então uma série de observações sobre isso.
Valor: Cite algumas.
Alves: A gente é velho quando as moças nos oferecem lugar no metrô. A gente é velho quando uma moça lhe dá o braço para ajudar a subir a escada e você tem que aceitar a delicadeza. Eu agora tenho que ter cuidado, tenho que olhar pro chão e medir os meus passos. Coisas que eram naturais – andar, subir escada, descer escada – coisas simples passam a não ser mais.
Valor: Mas o senhor não está se concentrando muito no aspecto físico do envelhecimento?Alves: É, mas o olhar das pessoas também muda.
Valor: O que muda nesse olhar?
Alves: Você deixa de ser o homem másculo, viril, objeto de contemplação das jovens, e passa a ser um ser crepuscular. O que é o crepúsculo? Nele, o tempo passa muito mais rápido. Neste instante, eu estou sentado aqui na minha varanda, o céu está muito azul, o tempo está parado. Assim é a juventude — na juventude, o tempo para. Mas quando chega o crepúsculo, começa a haver transformações rápidas no céu. Rapidamente, as cores vão se alterando, o azul fica verde, o verde fica amarelo, amarelo fica abóbora, abóbora fica vermelho, o sol está se pondo, tudo fica roxo e logo o céu está mergulhado na escuridão. A percepção é que a hora de partir está chegando. O crepúsculo é essa consciência de que o tempo passa rapidamente, a vida passa rapidamente.
Valor: O senhor cita numa das crônicas o livro de Eclesiastes, quando fala do envelhecer como os anos nos quais o homem não encontra mais prazer nenhum.
Alves: 
Sim, a gente descobre que o tempo é curto. Aqui na minha varanda tem duas frases que mandei gravar em madeira – Tempus Fugit. Se o tempo foge, eu preciso correr. Então mandei gravar Carpe Diem, colha o dia. Viva o momento. Mas isso dá uma tristeza na gente.
Valor: Envelhecer também não é sobre perder a capacidade de sonhar? A sua escrita, contudo, revela uma pessoa que não perdeu essa capacidade. Que sonhos o senhor tem cultivado?
Alves: Tem uma frase de Fernando Pessoa que diz assim – Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Talvez essa pressa em produzir tenha a ver com essa sensação de que os dias passam muito rapidamente . Comecei a ler esses dias um livro enorme de John dos Passos, um livro monumental. Eu não tenho mais tempo para escrever livros enormes. O tempo me foge. Não tenho mais tempo para escrever um romance. Não tenho mais tempo para escrever uma coisa com começo, meio e fim. “Pimentas” é uma coleção de fragmentos – sou um retratista. Olha aí, eu já disse uma palavra que revela a idade. Jovem não fala retrato, fala foto. Eu tenho que escrever rápido porque não sei quando é que vou partir.
Valor: O senhor parece cansado.
Alves: Uma das coisas da velhice é o cansaço. Dá uma canseira de viver, sabe? Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Mas a gente não tem mais disposição para fazer a obra nascer. A gente tem que agarrar o que resta. Gosto de contar a história de um homem que ia caminhando pela floresta, a mata estava escura. De repente, ele ouve o rugido de um leão e sai correndo, mas como está escuro ele cai num precipício. Ele se agarra a um galho preso no abismo, olha para cima, o leão, para baixo, o abismo; então ele nota que bem à sua frente está brotando um galho com uma fruta vermelha. É um morango. Ele estende o braço e come o morango e se delicia. As pessoas perguntam – qual o final da história? O homem caiu? E eu respondo, não tem final, é só isso mesmo. Você não entendeu? Quem está pendurado sobre o abismo sou eu, é você , todos estamos sobre o abismo, portanto, o que nos resta a fazer é comer os morangos.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Fé, lágrimas e utopia



Ed René Kivitz, no seu blog

Eu também tenho mais perguntas do que respostas. Mas das respostas já não faço questão. Madame Guyon disse que “se as respostas às perguntas da vida são absolutamente necessárias para você, então esqueça a viagem. Você nunca chegará lá, pois esta é uma viagem de incógnitas, de perguntas sem resposta, de enigmas, de coisas incompreensíveis e, principalmente, injustas”. Andamos por fé. A fé não tem a ver com certezas, mas com confiança. Confiança em Deus, seu caráter justo, amoroso e bom. Jesus também fez uma pergunta e não obteve resposta. O que lhe doía não era a a falta de explicações, mas o desamparo. No dia da tragédia não precisamos de respostas, precisamos de alguém. Deus é suficiente para compreender nossa perplexidade, assumir posição de réu sob nossas dúvidas, e sofrer o peso da nossa dor. Assim creram os antigos: Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na tribulação, pois nem a morte, pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Eu também choro. Sei que a vida continua, que não posso ficar preso ao passado, que devo levantar a cabeça e seguir em frente, que tenho ainda minha própria vida para viver… Mas antes preciso chorar. Preciso acolher meu sofrimento, dar a ele boas vindas, permitir que a tragédia faça seu caminho até o mais profundo do meu coração, fazer com que a dor traga de volta lembranças abafadas pela correria da vida, promova arrependimentos, desperte sonhos adormecidos, traga para a luz memórias de afeto e alegria. Assim posso purgar tudo isso sem medo, vencer a escuridão com a coragem de chorar. Oferecer minhas lágrimas como a mais legítima das orações e o meu pranto como o mais sublime tributo de amor. Jesus também chorou diante da morte. Deus é suficiente para nos outorgar perdão, redimir palavras e gestos, recolher as palavras e gestos que jamais deveriam ter ganho concreção, e dar destino ao que ficou por dizer e fazer. Deus é bom e sabe amar, capaz de enxugar nossas lágrimas e dar sentido e significado ao nosso sofrimento. Assim creram os antigos: a tribulação produz.

Eu também fico indignado. Também não me conformo com os desmandos de um país que agoniza sob incompetências, negligências, imperícias, imprudências, e, principalmente, a corrupção sistêmica e a injustificada impunidade. Mas não vou permitir que isso me torne cínico e cético. Vou dar mais ouvidos aos idealistas, me agarrar às forças das utopias, me deixar levar nas asas da esperança. Vou arregaçar as mangas, arar a terra e semear o solo regado com o sangue dos justos e inocentes. Vou

Menino de 3 anos doa medula e salva vida de irmão de 5


publicado originalmente BBC Brasil
Um menino de três anos doou células de sua medula óssea ao irmão de cinco anos e salvou sua vida, de acordo com seus pais e com médicos argentinos.

O menino mais novo, Benjamín, abraça o irmão Faustino, que recebeu o transplante
O menino mais novo, Benjamín, abraça o
irmão Faustino, que recebeu o transplante
Com ajuda dos especialistas, os pais das crianças lhes explicaram como seria a intervenção médica e que um irmão ajudaria o outro a voltar para casa, após dias de hospital.
"Eu disse a eles toda a verdade desde o início. A Benjamín, de três anos, eu disse que ele ajudaria o irmão, Faustino, de cinco anos, a sair do hospital e a voltar pra casa para brincar com ele", disse Mariana Torriani, mãe das crianças, à BBCBrasil.
Ela contou que "em momento algum" Benjamín chorou ou demonstrou medo de ser internado. "Eu expliquei a Benjamin que seria como doar sangue ao irmão e ele entendeu a situação", afirmou.
As crianças foram atendidas no hospital público e pediátrico Sor María Ludovica da cidade de La Plata, na província de Buenos Aires.
"Eu quis revelar o que aconteceu com meus únicos filhos para que as pessoas não tenham medo de ser doadoras. Não tenham medo de salvar vidas", disse Mariana, de 32 anos.
Mariana, o marido, Martín, e os filhos moram na cidade de Laprida, em uma área de fazendas, na província de Buenos Aires.
"Depositei toda a confiança nos médicos. Eles me explicaram que hoje os riscos são mínimos para o doador e que o tratamento também avançou muito para os que necessitam do transplante. Mas Faustino ainda precisa de cuidados, que também estavam previstos antes da operação", disse.
Além dos especialistas, as crianças contaram com apoio de psicólogos do hospital.
Um ano
Tudo começou quando há um ano, em 27 de outubro, os médicos diagnosticaram que Faustino sofria de leucemia e que o melhor caminho para seu caso seria o transplante de medula óssea.
"Foi muito forte saber o diagnóstico. A única opção era lutar, enfrentar o problema", disse Mariana.
Ele realizou tratamento de quimioterapia durante alguns meses e os médicos sugeriram a alternativa do transplante de medula óssea, como contou a chefe do serviço de hematologia do hospital, Alcira Fynn.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Como o reverendo anglicano se transformou no religioso que mais celebra casamentos no Brasil

Fotos Fabiano Accorsi
Bom de sermão 
Falando de igual para igual, o reverendo Aldo arrebanhou uma multidão de fiéis para a sua igreja

Como o reverendo anglicano se transformou no
religioso que mais celebra casamentos no Brasil


Adriana Dias Lopes, na Veja

São 9 horas da noite de sexta-feira, 8 de maio. A Catedral Anglicana, no Alto da Boa Vista, bairro de classe média alta paulistana, está pronta para mais um casamento. Os cerca de 500 convidados dão pouca atenção às palavras do reverendo Aldo Quintão, de 46 anos. Alguns cochicham com seus vizinhos de banco, outros olham para o vazio e há ainda aqueles que se levantam para atender o celular fora da igreja. Depois de algum tempo, finalmente, o reverendo consegue despertar a curiosidade da plateia. Ele está falando algo sobre virgindade, moda e Angra dos Reis:

– A noiva escolheu a cor do vestido inspirada na Daslu? Não, minha gente. O branco é inspirado nas palavras do rei Davi, no Antigo Testamento, num momento de arrependimento: "Deus, tira de mim o meu pecado, lava-me e ficarei mais branco que a neve". Branco, portanto, é pureza. Mas não no sentido que vocês estão pensando, essas bobagens de virgindade. Ele representa a pureza do sentimento que aproximou esses noivos há três anos e onze meses, no momento em que eles se conheceram nas praias de Angra dos Reis, e os trouxe hoje para o altar. Cada um de vocês é testemunha dessa pureza.

Agora todos ouvem o que o reverendo Aldo tem a dizer. Ao final, os noivos Tamara Melo e Leonardo Barros deixam o altar radiantes e com um presente oferecido pelo religioso durante a celebração – umaBíblia.

Cerimônias como essa, com explicações para símbolos cristãos e associações com o dia a dia dos noivos, fizeram do reverendo Aldo o grande casamenteiro do Brasil. Só no ano passado ele celebrou 350 uniões – um aumento de 70% em relação a 2004 (veja o quadro). Tais números são tão mais impactantes pelo fato de a religião anglicana ser pouco disseminada entre os brasileiros. Dos 70 milhões de anglicanos no mundo, estima-se que 100 000, no máximo, vivam no Brasil. O anglicanismo nasceu, é claro, na Inglaterra. A fim de unir-se oficialmente àquele doce e quente pecado chamado Ana Bolena, o rei Henrique VIII (1491-1547) pediu ao papa Clemente VII para anular seu casamento com a rainha Catarina de Aragão. Pedido negado, Henrique VIII rompeu os laços com Roma, criou a Igreja da Inglaterra e declarou-se seu líder espiritual, numa tradição seguida até hoje pelos monarcas britânicos. Assim como os católicos, os anglicanos observam os sete sacramentos, acreditam em santos e na Santíssima Trindade. No entanto, seus sacerdotes não estão obrigados ao celibato, defendem o uso de contraceptivos e realizam casamentos entre divorciados. Um terço dos casamentos celebrados pelo reverendo Aldo são entre divorciados – daí, claro, a "conversão" de tantos noivos brasileiros.
O casamento de Tamara Melo e Leonardo Barros, celebrado no último dia 8


Aldo, que é casado, tem um filho de 19 anos e se submeteu a uma vasectomia há dez, veio de uma família paupérrima de Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. O branco, sempre lembrado em seus sermões, era a cor dos sacos de farinha com os quais sua mãe confeccionava a roupa dos sete filhos. Seus pais eram católicos praticantes e, na adolescência, Aldo decidiu enveredar pela vida religiosa.

“Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui”


foto: Jornal do Comércio Hoje


A declaração de morte coletiva feita por um grupo de Guaranis Caiovás demonstra a incompetência do Estado brasileiro para cumprir a Constituição de 1988 e mostra que somos todos cúmplices de genocídio – uma parte de nós por ação, outra por omissão


ELIANE BRUM, no site da Revista Época
- Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais. 
O trecho pertence à carta de um grupo de 170 indígenas que vivem à beira de um rio no município de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, cercados por pistoleiros. As palavras foram ditadas em 8 de outubro ao conselho Aty Guasu (assembleia dos Guaranis Caiovás), após receberem a notícia de que a Justiça Federal decretou sua expulsão da terra. São 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças. Decidiram ficar. E morrer como ato de resistência – morrer com tudo o que são, na terra que lhes pertence.
Há cartas, como a de Pero Vaz de Caminha, de 1º de maio de 1500, que são documentos de fundação do Brasil: fundam uma nação, ainda sequer imaginada, a partir do olhar estrangeiro do colonizador sobre a terra e sobre os habitantes que nela vivem. E há cartas, como a dos Guaranis Caiovás, escritas mais de 500 anos depois, que são documentos de falência. Não só no sentido da incapacidade do Estado-nação constituído nos últimos séculos de cumprir a lei estabelecida na Constituição hoje em vigor, mas também dos princípios mais elementares que forjaram nosso ideal de humanidade na formação do que se convencionou chamar de “o povo brasileiro”. A partir da carta dos Guaranis Caiovás, tornamo-nos cúmplices de genocídio. Sempre fomos, mas tornar-se é saber que se é. 
Os Guaranis Caiovás avisam-nos por carta que, depois de tantas décadas de luta para viver, descobriram que agora só lhes resta morrer. Avisam a todos nós que morrerão como viveram: coletivamente, conjugados no plural. 
Nos trechos mais pungentes de sua carta de morte, os indígenas afirmam: 
- Queremos deixar evidente ao Governo e à Justiça Federal que, por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo. Não acreditamos mais na Justiça Brasileira. A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas? Para qual Justiça do Brasil? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos, mesmo, em pouco tempo. Não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy, onde já ocorreram 4 mortes, sendo que 2 morreram por meio de suicídio, 2 em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas. Moramos na margem deste rio Hovy há mais de um ano. Estamos sem assistência nenhuma, isolados, cercados de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Tudo isso passamos dia a dia para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay. De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários de nossos avôs e avós, bisavôs e bisavós, ali está o cemitérios de todos os nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje. (…) Não temos outra opção, esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.
Como podemos alcançar o desespero de uma decisão de morte coletiva? Não podemos. Não sabemos o que é isso. Mas podemos conhecer quem morreu, morre e vai morrer por nossa ação – ou inação. E, assim, pelo menos aproximar nossos mundos, que até hoje têm na violência sua principal intersecção. 
Era de gente que se tratava, mas o que se fez na época foi confiná-los como gado, num espaço de terra pequeno demais para que pudessem viver ao seu modo – ou, na palavra que é deles, Teko Porã (“o Bem Viver”). Com a chegada dos colonos, os indígenas passaram a ter três destinos: ou as reservas ou trabalhar nas fazendas como mão de obra semiescrava ou se aprofundar na mata. Quem se rebelou foi massacrado. Para os Guaranis Caiovás, a terra a qual pertencem é a terra onde estão sepultados seus antepassados. Para eles, a terra não é uma mercadoria – a terra é. Desde o ínicio do século XX, com mais afinco a partir do Estado Novo (1937-45) de Getúlio Vargas, iniciou-se a ocupação pelos brancos da terra dos Guaranis Caiovás. Os indígenas, que sempre viveram lá, começaram a ser confinados em reservas pelo governo federal, para liberar suas terras para os colonos que chegavam, no que se chamou de “A Grande Marcha para o Oeste”. A visão era a mesma que até hoje persiste no senso comum: “terra desocupada” ou “não há ninguém lá, só índio”.  

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Governo da China proíbe as religiões de terem lucro

Decisão vai afetar os negócios
dos monges do budismo zen
Autoridades do governo central da China enviaram circular aos governantes das comunidades determinando que “proíbam firmemente” os grupos religiosos de terem  lucro com suas atividades.

Expedida pela Administração Estatal de Assuntos Religiosos, a circular critica os indivíduos e empresas que transformaram a religião em um negócio rentável. Menciona a construção de templos com fins econômicos e artimanhas para que os fiéis e turistas façam doações. 

“[Essas práticas] perturbaram a ordem das atividades religiosas, danificando a imagem da comunidade religiosa, ferindo os sentimentos dos fiéis e violando os direitos dos visitantes", diz circular. Os infratores são punidos com “graves castigos”. 

Na China, a liberdade religiosa é restrita porque, para pregar, as denominações precisam de autorização do governo — e elas são poucas, ao menos para o padrão de países democráticos do Ocidente. 

Não há estatística oficial sobre o número de religiosos praticantes. Para alguns observadores, nas últimas duas décadas, houve maior procura pelas crenças religiosas.

A agência EFE informou que a proibição vai afetar o mosteiro de Shaolin, onde surgiu o budismo zen e o kung fu. As atividades do mosteiro se tornaram um negócio lucrativo,

O Poder Invisível da Fé


Por  Carlito Paes, no site da PIB São José do s Campos

Será mesmo que quem tem fé vive mais? Vive melhor? Cada vez mais pesquisadores chegam à conclusão que sim. Publicam suas teses e livros afirmando que a fé melhora a qualidade de vida das pessoas, a despeito de todo preconceito que o tema ainda tenha no meio intelectual e acadêmico.

Ela ajuda as pessoas a viverem mais e melhor. Sinto isto em minha própria qualidade de vida e também percebo nas pessoas que encontro. Todavia eu não sou cientista ou pesquisador técnico do tema. Na revista Veja da semana passada, edição 2.290 de 10 de outubro, li com muito interesse a entrevista do Dr. Harold G. Koening. Sua tese é lúcida e brilhante. Ele foi cirúrgico em suas respostas, abordando o tema de forma muito lógica e convincente para todo tipo de leitor. O Dr. Harold já escreveu mais de 300 artigos sobre o tema e publicou mais de 40 livros a respeito. Afirma que a fé ajuda as pessoas em diversos aspectos da vida prática do cotidiano como: reduzir o estresse, gerando conforto em momentos difíceis e levando o indivíduo a assimilar hábitos saudáveis.

Em síntese, suas teses afirmam que a fé nos ajuda a viver melhor porque:

1. A fé atribui significado à vida! Isto é, gera uma vida com propósitos. Entendemos que estamos aqui neste mundo não simplesmente para ter, consumir e reter, mas para viver e construir, deixar um legado para vida de outras pessoas. Ele está absolutamente certo. A fé em Deus nos leva a entender que estamos aqui não por acaso, fomos criados por Deus para servir. Em particular para a fé cristã, nosso modelo é Jesus, que mesmo sendo Deus, veio à Terra para servir e nos ensinar que devemos ser altruístas. A fé nos ajuda nas decisões e escolhas diárias, facilitando a vida e assim reduzindo os esforços desnecessários.

2. A fé reúne e gera relacionamento e sociabilidade! O segundo fato que o Dr. Harold defende é muito coerente também. Pessoas de fé tendem a se unir em grupos para ajudar em causas comuns, o que gera apoio social para si e para o próximo. Com isso elas acreditam nas mesmas coisas, criam apoios mútuos como espiritual e financeiro. O que gera uma vida melhor para todos que desfrutam destes relacionamentos comuns.

3. A fé proporciona em geral hábitos mais saudáveis de qualidade de vida! Como ingerir menos álcool, evitar o fumo, não realizar sexo de risco e promíscuo com múltiplos parceiros e o sedentarismo. A fé faz as pessoas se mexerem mais! É fato que os mandamentos da vida comunitária estimulam a boa saúde. Mais uma vez, faço a apologia direta à fé cristã, devido aos benefícios gerados pela vida de hábitos emocionais saudáveis como perdoar, ser uma pessoa amorosa, paciente, perseverante e equilibrada.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Coragem macunaímica

O batizado de Macunaíma, quadro de Tarsila do Amaral


Ricardo Gondim, no seu site

Coragem é uma virtude menos importante. Para ser intrépido ninguém precisa de caráter, basta atrevimento. Muitas vezes o corajoso, ao embarcar em alguma empreitada, necessita desvencilhar-se de certos escrúpulos. O arrojado abre mão da cautela. Na lógica do valente, quanto mais afoito, mais bem sucedido, pois coragem prescinde da prudência – daí os jovens se tornarem tão bons soldados e tão maus motoristas.
Outra característica dos audazes é a pressa. Arriscam-se porque não se dispõem ao longo processo de construir projetos passo a passo -acham melhor arriscar que trabalhar. Sérgio Buarque de Holanda afirmou que o processo de colonização, na verdade exploração, dos trópicos aconteceu pelo empenho do aventureiro e não do imigrante, que deseja construir um novo mundo: “Não se processou, em verdade, por um empreendimento metódico e racional, não emanou de uma vontade construtora e enérgica: fez-se antes com desleixo e certo abandono”.  Abandono, marca típica dos corajosos.
A raiz brasileira foi macunaímica – do herói sem caráter. Os puritanos não conseguiram inserir religião ou cultura, embora tenham tentado em Pernambuco e no Rio de Janeiro. Os tipos que desembarcaram no vasto litoral da ilha de Santa Cruz só enxergavam a generosa amplitude da terra, vulnerável ao desvirginamento (estupro). O Brasil se fez com poucos trabalhadores e com atrevidos aos montes. As incursões, que se diziam em nome do progresso nacional, tiveram protagonistas intrépidos – mas sempre restritos à ética da aventura. O Brasil engatinhou por séculos em esboçar  uma ética do trabalho. Tais personagens no Brasil colonial só atribuíram valor moral positivo às ações que sentiam ânimo de enfrentar. O atrevimento que alavancou a colônia, depois o império e mais tarde a república, prescindia do tipo trabalhador, que abraça a terra como sua. Eles ficavam mais próximos das qualidades do aventureiro, como detectou Buarque de Holanda:  “audácia, imprevidência, irresponsabilidade, instabilidade, vagabundagem – tudo, enfim, quanto se relacione com a concepção espaçosa do mundo, característica desse tipo”.
Essa ética do aventureiro fez o caminho inverso dos puritanos na Nova Inglaterra. Por aqui buscava-se a recompensa imediata com o esforço mínimo. Sérgio Buarque notou que nas raízes do Brasil, os protagonistas viam o trabalho árduo, que busca uma existência estável, justa, solidária, como vicioso e desprezível. O historiador chegou a dizer que “na obra da conquista e colonização dos novos mundos coube ao ‘trabalhador’, no sentido aqui compreendido, papel muito limitado, quase nulo… a época predispunha aos gestos e façanhas audaciosos, galardoando bem os homens de grandes vôos”.
“O que o português vinha buscar era, sem dúvida, a riqueza, mas riqueza que custa ousadia, não riqueza que custa trabalho”. Para ser Bandeirante ninguém precisava necessariamente ser decente. Valentia bastava. O projeto colonialista se resumia a violentar nações indígenas com o intuito único de arrancar delas e do solo o máximo de pedra preciosa, de ouro e de prata – e depois voltar para a “civilização” para usufruir, pelo resto da vida, os dividendos da empreitada.

Homem chega em casa e interrompe o 'próprio' velório em Alagoinhas (BA)



Família confundiu lavador de carros com corpo de morador parecido com ele.
Gilberto Araújo chegou a ligar para um amigo, que achou que era trote.



publicado originalmente no G1

Homem chega em casa e interrompe o 'próprio' velório em Alagoinhas (BA) (Foto: Reprodução/ TV Subaé)Semelhança entre homem morto e Gilberto confundiu
familiares (Foto: Reprodução/ TV Subaé)
Uma família de Alagoinhas, cidade a cerca de 100 Km de Salvador, reconheceu por engano o corpo de um homem no Departamento de Polícia Técnica (DPT), na manhã de domingo (21), como se fosse do lavador de carros Gilberto Araújo, 41 anos. O equívoco só foi esclarecido quando Araújo voltou para casa, ainda durante o velório.
A semelhança entre o morto, cuja identidade ainda é desconhecida, com o lavador de carros foi o que provocou o engano dos familiares dele durante o reconhecimento. Nenhum deles percebeu que o corpo não era de Araújo desde a liberação para o sepultamento até o velório.
O corpo chegou a ser velado durante toda a noite de domingo na casa da mãe do lavador de carros. “Foi um susto. As meninas caíram, desmaiaram. Teve gente correndo. A rua encheu de moto, de carro, de tudo”, disse a vendedora Maria Menezes.
O enterro estava previsto para o final da manhã de segunda-feira (22). Depois que a situação foi esclarecida, o corpo foi devolvido à Polícia Técnica.
“Vai ser ter tudo desconstituído e agora vai ser mais trabalho para a Justiça, tanto documental, quanto processual. Iremos começar do zero mais uma vez”, disse o delegado Glauco Suzart.
Falecido vivo
Araújo disse que soube de seu próprio velório por um amigo, na rua de casa. Ele afirmou que ligou para falar com um conhecido que estava no velório, mas quem atendeu achou que era um trote. Então, ele resolveu ir pessoalmente mostrar que estava vivo.

Santuário do Padre Marcelo Rossi será a maior igreja católica de SP


SANTUÁRIO THEOTOKOS – MÃE DE DEUS, A MAIOR IGREJA
 CATÓLICA DE SÃO PAULO (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Estadão Conteúdo em Época Negócios
Oito anos e várias promessas de inauguração depois, será aberto em 2 de novembro, com a missa de Finados, o megatemplo do famoso padre Marcelo Rossi, na região de Santo Amaro, zona sul. “Será um novo cartão-postal de São Paulo”, entusiasma-se o sacerdote. “Uma construção para durar 700 anos.” Será a maior igreja católica de São Paulo.
Para a missa de inauguração, às 11h do dia 2, estão confirmadas as presenças dos cantores Alexandre Pires e Agnaldo Rayol. Batizado de Santuário Theotokos – Mãe de Deus, a igreja foi construída em um terreno de 30 mil m² na Avenida Interlagos. Antes, o local abrigava uma indústria de cervejas.
Trata-se do quarto endereço das badaladas missas do sacerdote mais pop do Brasil. Nos outros locais, sempre galpões alugados na região de Santo Amaro, ele enfrentou uma série de problemas com vizinhos, incomodados com o barulho dos eventos religiosos e o grande número de peregrinos católicos.
O terreno definitivo foi comprado em julho de 2004. “Custou R$ 6 milhões”, conta padre Marcelo, ressaltando que pagou mais da metade e o restante foi doado pelo empresário Antônio Ermírio de Moraes. Depois disso, toda a renda obtida com a venda de seus produtos é revertida à construção da igreja.
Ainda em 2004 surgiu um parceiro de renome. “O arquiteto Ruy Ohtake doou o projeto”, conta o padre. “Como católico, quero o bem da humanidade”, comenta o arquiteto. “Quando elaborei o projeto, desenhei o espaço procurando reflexão e meditação.”
O que seria um presente acabou se revelando um problema. “Com o projeto cheio de curvas, tudo passou a custar dez vezes mais”, diz o padre. Ele não revela, de jeito nenhum, o valor gasto nas obras. De acordo com suas contas, o templo terá capacidade para 100 mil pessoas. “Será o maior do mundo”, exagera – na Basílica de São Pedro, no Vaticano, cabem 60 mil fiéis apenas na área interna. Ohtake é mais comedido: diz que a igreja comportará em torno de 20 mil pessoas, mais 60 mil no pátio descoberto.
A maquete foi apresentada em dezembro de 2004. No projeto, uma cruz de 44 metros de altura que pode ser vista a 1 km de distância. Tudo em estilo moderno contemporâneo, bem longe da estética tradicional dos templos do catolicismo. Graças às curvas, o pé-direito varia de 6 a 25 metros. A marca principal é o altar, de 5 metros. Outro ponto nobre: uma cripta, sob o altar, onde serão guardados restos mortais de padres e bispos da Diocese de Santo Amaro.
Foram muitas as promessas de inauguração: novembro de 2005, maio de 2006, Natal de 2006, julho de 2007 e… “Será em algum agosto. O de Deus”, passou a esquivar-se, de quatro anos para cá.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o padre contou que dinheiro foi o principal problema. “Em 2009, em um almoço, D. Fernando (Figueiredo, bispo de Santo Amaro) disse que nem com décadas de venda de CDs conseguiríamos pagar o Santuário”, relata. “Fiquei muito chateado.” Mas o padre foi salvo por um best-seller. Lançado em 2010, o livro Ágape vendeu 8,2 milhões de cópias. E trouxe na esteira outros sucessos: o CD Ágape (1,9 milhões de cópias vendidas), o livro infantil Agapinho (600 mil), o DVD Ágape Amor Divino (302 mil) e o CD de mesmo nome (283 mil). “Isso tudo viabilizou nossa obra”, conta.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Mãos de joalheiro




Ricardo Gondim, no seu site
Dentre todos os medos, assombro-me em virar um homem de palavras ríspidas e de textos cínicos. Quero, na página, a mesma atitude de minhas reações quando estou perto de gente. Se perco a beleza da doçura, sinto-me péssimo – pretendo continuar assim se não for íntegro ao redigir qualquer coisa. Ao desconsiderar a sensibilidade que um dia afirmei e por não conseguir renová-la diante do meu próximo, faço-me menos que homem; flagelo-me; nado em culpa.
Ao escrever, desejo aproximar-me de pessoas com a reverência dos monges quando entram em um lugar sagrado. A história de cada um tem nuances que merecem pausa. Para abrir os livros da vida individuais são necessárias mãos de joalheiro. Se falho em detectar diferença entre decência e cretinice, bondade e oportunismo, sei que meu caminhar é decadente. Cada existência é por demais preciosa, e para conhecer, só se tornando místico. Então que nossas relações se construam baixas, graves, suaves – num pianíssimo musical.
No inicio de toda conversa, nossas percepções são traspassadas pelo susto. Depois prosseguem na calmaria da lealdade. Mas só é possível nos conhecer se levarmos conosco bandeiras brancas. Sem nunca nos esquecermos de deixar a porta aberta para que o outro diga, reaja, conceitue, sobre qualquer atitude que conspire contra a amizade que se constrói.
Guardo feridas narcísicas. Uma delas tem a ver com o pavor de achar-me inconveniente. Meu pai nos disciplinou com rigor. Apanhei de cinturão por bobagens. Desse rigor, desenvolvi um medo de falar à mesa e ser repreendido. Ao descobrir o sexo, nas brincadeiras de criança, ao invés de explicar, instruir, papai simplesmente nos castigava. A dor era tremenda. Em determinada ocasião, comentei algo sobre o casamento de um jogador de futebol e a reprimenda veio na hora: “Cale a boca, Ricardo, não vê que está sendo inoportuno?”. Esse medo se desdobrou e acabei me tornando tímido nos contatos pessoais. Viajo de avião ou de ônibus por milhares de quilômetros, mas nunca entabulo conversa com o passageiro do lado. Em festas, prefiro o grupo que me dê algum apoio emocional e fico em um canto, sem transitar entre as pessoas.
Meu terapeuta tem um sofá, daqueles que os psicanalistas freudianos gostam de usar. Logo no começo da terapia, pedi para não me deitar. Expliquei para ele que o exercício de falar olho no olho seria bem mais desafiador que deitar sem enfrentar o seu rosto.
Talvez eu faça da escrita um exercício de convidar olhares para perto de mim. Seria meu jeito de entabular amizades, alinhavar contatos. Aprendi com Vinicius de Moraes a admirar quem se deixa conhecer através do texto. Quero estar perto de você, pensador, cidadão do mundo, ávido por justiça, sensível ao apelo do pobre e curioso diante do mistério. Se você se enternece pela beleza, gosta de literatura e não tem medo de chorar, então é meu irmão.

O que a igreja teria a aprender com "Avenida Brasil"?


Por Hermes C. Fernandes, no seu blog

Hoje vai ao ar o último capítulo da novela que tornou-se febre em todo o Brasil. Mesmo quem não assiste, provavelmente já ouviu falar de Carminha, Nina, Tufão, Leleco, Cadinho e outros dos seus marcantes personagens. Não dá pra ficar alheio. Todo mundo comenta. Seja na fila do mercado, no banco, no táxi, no aeroporto, até na igreja, e, principalmente nas redes sociais.

A despeito dos valores distorcidos que são passados através deste folhetim global, temos que examinar a razão de tamanho sucesso. O ministério das Minas e Energia mandou reforçar a produção de eletricidade, temendo que haja um apagão durante ou após a exibição da novela, devido ao pico de luz ocasionado pelos milhões de aparelhos de TV que estarão ligados em seu horário.

Será devido à trama bem costurada do autor? Acredito que não. Qualquer espectador mais atento perceberá vários furos na trama. Será o carisma e a atuação impecável do elenco? Também acho que não, apesar de reconhecer que alguns deles se sobressaíram, principalmente Adriana Esteves no papel de Carminha. Pra se ter uma ideia, foi a primeira que as pessoas se referiam à novela pelo nome de sua protagonista. Ninguém dizia: Vou assistir à Avenida Brasil, e sim: Vou assistir à Carminha.

O fator preponderante responsável pelo sucesso de Avenida Brasil é a sua identificação com a classe C. O autor João Emanuel teve o mérito de captar as diversas nuances da nova classe média brasileira, expressando-as em suas personagens. Houve uma renovação na linguagem, antes destinada à classe B. Quando o Brasil parava para assistir a trama, no fundo, o Brasil parava para assistir a si mesmo. Nada como rir de si mesmo, chorar com os dilemas do cotidiano, enxergar-se nas personagens. O subúrbio deixou de ser o cenário do núcleo pobre na novela, para ser o cenário principal. O que antes era passado de forma caricata, agora tornou-se cult. Em vez da vida imitar a arte, foi a arte que imitou a vida.

O que temos a aprender com isso? Muito! Precisamos diminuir a distância entre o púlpito e os bancos. Pastores precisam deixar sua linguagem abstrata, rebuscada, ou recheada de clichês do nosso evangeliquês, e ir ao encontro do homem comum, e suas próprias expressões idiomáticas. O púlpito precisa deixar de ser a vitrina onde expomos nossa erudição, para ser a plataforma de onde anunciamos as boas novas do Reino, ao passo que denunciamos as mazelas da nossa sociedade.

Nossos sermões precisam fisgá-los desde o primeiro minuto, levando-os a refletir, questionar, arrazoar, para então, acolher, crer e praticar. A cada término de culto, deve ficar aquele gostinho de "quero mais", e os anúncios devem soar como um "a seguir, cenas do próximo capítulo".

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O encontro de Einstein e Deus

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Carlos Ruas, em Um Sábado Qualquer

Na Câmara dos Deputados a liberdade religiosa é só para alguns

imagem: O Diário

O deputado federal Jean Willys (Psol-RJ) denunciou nesta quarta-feira (17), em sua página do facebook, a discriminação religiosa dentro da Câmara dos Deputados. Segundo ele, "apenas a bancada evangélica goza de privilégios de realizar cultos religiosos nos plenários da Câmara". O socialista informou que uma vez por mês, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza uma missa na Casa.
Já os adeptos de outras religiões, no entanto, ficam a ver navios, pois não há autorização para exercerem sua religiosidade.
"A mesa diretora, porém, negou, aos adeptos das religiões de matriz  africana, o direito de realizar um xirê nas dependências da Câmara", disse Willys. "Também não há cerimôniasbudistas, judaicas, zoroastristas etc. nas dependências da Câmara". 
O deputado questiona o Estado laico: "A liberdade de culto aqui é só pra alguns! Sendo o Estado laico (sem paixão religiosa de nenhum tipo), ou se permite todos os cultos ou, melhor, não se permite nenhum!", diz trecho do texto.
Ao final, ele convoca os cidadãos de outros credos a reclamar na Ouvidoria da Casa sobre essa discriminação e contra laicidade.

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