Por Jofre Garcia, no Púlpito Cristão
Perdoem-me!
Não sou evangélico fundamentalista, bitolado e fanático, personagem tão comum em nosso tempo. Alguns cheiram Bíblias, outros são especialistas no toque do shofar, tem ainda, os que chamam de “trouxas” a quem crê, ama e recusa barganhar a fé cristã. Ah! Não podemos esquecer os que vendem unção, os que uivam, engatinham, mergulham-se em óleo e metem medo pela bizarrice com que demonstram seu extravagante “evangelho”.
Desculpem-me!
Não sou protestante puritano, hiper-calvinista, não pertenço em essência a nenhum dos rotulantes “ismos” tão presentes em nossa história-igreja. Alguns estratificam a fé, outros na ânsia da racionalização da fé, deserdam-nos do seu dulçor e como estranhos iluministas, diabolizam a mais natural emoção que se dá do encontro do perdido com o Salvador que nos torna filhos. Não podemos esquecer-nos dos que materializam mecanicamente o Caminho e são tão eficientes em defenderem conjuntos doutrinários sistematizados que idolatram os heróis e esquecem da misericórdia, amor e perdão.
Perdoem-me!
Não sou evangélico imbecilizado que vaga servil, correndo atrás dos seus líderes carismáticos, reproduzindo grunhidos e imitando as gesticulações patéticas como quem segue os tripulantes de um trio elétrico.
Desculpam-me!
Não sou crente medíocre, fascinado com a espiritualidade plástica, impactado pelos milagres fabricados e os testemunhos produzidos pela indústria da fé (crendice). Tolo a ponto de sujeitar-se a tirania apossada do púlpito, o qual anda reluzindo o ouro e prata de suas conquistas.
Vão às favas!
Os pseudos vencedores que vendem o Evangelho, que fazem de sua mensagem um misticismo doentio, uma ferramenta de captação de recursos financeiros livres de impostos e preparados para uso ardiloso e vil.
Apartai-vos de mim!
Os que arregimentam exércitos de seguidores marionetados, incapazes de uma reflexão aguda e de conduzir sua fé na estrada segura da Palavra, a qual é fundamentada na inspiração divina e ilumina nosso caminho.
Arreda!
Bandidos de Bíblias em punho como arma de manipulação e domínio. Negociantes incansáveis e insaciáveis pelos privilégios mundanos, sustentados pelo suor e sangue dos incautos peregrinos que de “igreja” em “igreja” buscam na penitência do dízimo o alívio para suas almas.
Ouço musica ao longe…
Ela me acalma e tem a capacidade de me conduzir ao sonho de dias melhores. Não! Não é a utopia platônica de um mundo sempre lá, no eterno: o “outro”. Mas, uma luta constante a partir de mim e de cada um que crê, (e não são tão poucos assim) não deixando esmorecer a fé naquEle que é o seu Autor e Consumador.
Ouço música ao longe…
O Evangelho é música.
Música com cheiro, tom, textura e sabor de vida nova. Regenerada! Vida pra ser vivida, sorvida, deglutida e transformada em frutos que permaneçam. Frutos da salvação. Frutos que não pesam, não aprisionam, não machuca o indefeso crente.
O Evangelho é música feita para crer, pensar, viver.
“O evangelho é que desvenda os nossos olhos
E desamarra todo nó que já se fez
Porém, ninguém será liberto, sem que clame
Arrependido aos pés de Cristo, o Rei dos reis” (Grupo Logos)
E desamarra todo nó que já se fez
Porém, ninguém será liberto, sem que clame
Arrependido aos pés de Cristo, o Rei dos reis” (Grupo Logos)
N’Ele, que dá ritmo santo a nossa vida.
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Jofre Garcia é teólogo, radialista e bloga lá no Auxílio do Alto.