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"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história." Bill Gates

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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A vida privada de Jesus

Jesus expulsa os cambistas e os vendedores do templo, em pintura em madeira de Lucas Cranach, o Velho Latinstock
Jesus expulsa os cambistas e os vendedores do templo, em pintura em madeira de Lucas Cranach, o Velho Latinstock
Historiador traça perfil polêmico de camponês nascido fora do casamento que se tornou um revolucionário
Daniela Kresch em O Globo
TEL AVIV – Revolucionário ou conservador? Defensor da guerra ou da paz? Pregador da moral e dos bons costumes ou um profeta do Apocalipse? Há dois mil anos a Humanidade tenta desvendar o mistério de Jesus de Nazaré, que se tornou Jesus Cristo para bilhões de fiéis. A fascinação pelo morador da Galileia levou a numerosas construções e desconstruções do mito. Obcecado pela vida real do homem carismático cujas pregações o levaram à crucificação, o historiador americano Reza Aslan, de 41 anos, dedicou os últimos 20 a escrever “Zelota, a vida e a época de Jesus de Nazaré” (Ed. Zahar), cujo original em inglês já vendeu 320 mil exemplares nos EUA e está na lista de best-seller do “New York Times” desde o lançamento, em julho.
Após se debruçar sobre os Evangelhos, escritos apócrifos e de relatos históricos, Aslan, mestre em Teologia e doutor em Sociologia, chegou à conclusão que permeia seu livro: a de que Jesus de Nazaré é tão ou mais interessante do que Jesus Cristo (o “ungido”). Para ele, o homem que inspirou uma das maiores religiões do planeta é uma figura extraordinária, independentemente da crença sobre sua divindade. O livro lança teses polêmicas, como a que José não teria existido e que Maria teria engravidado sem estar casada.
“Dois mil anos depois, o Cristo da criação de Paulo totalmente subjugou o Jesus da História. A memória do revolucionário que atravessou a Galileia reunindo um exército de discípulos com o objetivo de estabelecer o Reino de Deus na Terra, o pregador excepcional que provocou a autoridade do sacerdócio do Templo em Jerusalém ficou quase totalmente perdida. Isso é uma pena”, escreve o autor.
Em entrevista ao GLOBO por telefone, de Washington, Aslan aprofunda essa visão:
- Quando se fala de Jesus de Nazaré, falamos sobre um camponês pobre, analfabeto, dos confins da Galileia, que, por meio do poder de seu carisma e seus ensinamentos, lançou um movimento para os pobres e os despossuídos, que ameaçou as autoridades da época e levou à sua crucificação como um criminoso – afirma Aslan. – Acreditando ou não que ele foi Deus, você tem que admirar o que fez enquanto ser humano.
Jesus defendia preceitos do judaísmo
Para o autor, é impossível entender o que ele diz sem saber o que acontecia na Judeia e na Galileia sob o jugo romano. Aslan descreve Jesus como “zelota”, um pregador que “zelava” pelos preceitos religiosos do judaísmo do século I, imbuído da missão de proteger sua fé em meio à turbulência da Terra Santa sob ocupação romana.
“Na época, havia um sentimento, especialmente entre os camponeses e os pobres devotos, de que a presente ordem das coisas estava chegando ao fim, de que uma ordem nova e de inspiração divina estava prestes a revelar-se”, escreve Aslan. Como religião e política se misturavam, sua defesa da fé foi encarada como subversiva por Roma, principalmente depois que Jesus provocou alvoroço em Jerusalém, derrubando as mesas dos cambistas e expulsando os vendedores do Templo.
O historiador analisa detalhes sobre o que se sabe a respeito de Jesus. Ele sustenta que os Evangelhos não foram escritos para relatar o que realmente aconteceu, mas sim para propagar uma ideia. Nesse sentido, quando os autores dizem que Jesus nasceu em Belém, o objetivo é mostrar apenas que ele cumpriria os pré-requisitos para ser o Messias. Mas o verdadeiro Jesus, o pobre camponês judeu, nasceu numa pequena aldeia varrida pelos ventos, Nazaré.”
Aslan também discute o nascimento virginal e a ideia de que Jesus nunca se casou. Essas não são teorias novas, mas o autor vai além com ideias ainda mais polêmicas, como a de que Jesus era filho de Maria, mas não de José, uma figura que desaparece rapidamente dos Evangelhos. “O consenso é que José morreu enquanto Jesus era ainda criança. Mas há aqueles que acreditam que José nunca realmente existiu, que ele era uma criação de Mateus e Lucas – os dois únicos evangelistas que o mencionam. Essa ausência levou a uma grande dose de especulação sobre se a história do nascimento virginal foi inventada para mascarar uma verdade desconfortável sobre a paternidade de Jesus, ou seja, que ele nasceu fora do casamento.”
Afirmações como essas transformam “Zelota” num livro polêmico, principalmente por causa de um detalhe da biografia de Reza Aslan: ele é muçulmano nascido no Irã. Sua família, pouco religiosa, emigrou para os EUA em 1979, quando ele tinha apenas 7 anos. Na juventude, o historiador chegou a se converter ao Cristianismo para se sentir mais “americano”.
- Quando eu tinha 15 anos, descobri os Evangelhos. Era uma história incrível do Deus do céu e da Terra descendo em forma de um bebê e morrendo pelos nossos pecados. Foi transformador – conta Aslan. – Foi depois que comecei a estudar que me deparei com a figura histórica de Jesus, não o Cristo. Fiquei ainda mais fascinado.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Católicos e batistas celebram o Natal na cracolândia de SP

Católicos e Batista celebram o Natal na "Cracolândia", centro de São Paulo, onde viciados em crack montaram barracos Michel Filho / Agência O Globo
Católicos e Batista celebram o Natal na “Cracolândia”, centro de São Paulo, onde viciados em crack montaram barracos Michel Filho / Agência O Globo
Tatiana Farah em O Globo
SÃO PAULO – Católicos e batistas se uniram nesta quarta-feira para celebrar o Natal com os moradores de rua e dependentes químicos da chamada cracolândia, no centro de São Paulo. Os católicos fizeram um auto de Natal, representando o presépio do nascimento de Jesus, e os batistas apresentam um coral do qual fazem parte ex-moradores de rua atendidos pela igreja Cristolândia. O padre Julio Lancelotti celebrou uma cerimônia ecumênica e os religiosos distribuíram lanches, suco e panetone aos moradores locais.
Nos últimos meses, a ocupação da cracolândia tem crescido e avançado sobre as calçadas, com barracas e tendas habitadas geralmente por usuários de drogas. O padre criticou as medidas adotadas por todas as esferas de governo. Para ele, polícia e ações sociais e de saúde tentam lidar com o problema “em pedaços”.
— Não há solução mágica e imediatista. Assim como as pessoas não vivem em pedaços, não podem ser tratadas em pedaços, com uma ou outra ação. O Brasil tem que combater com clareza e firmeza o narcotráfico e não as pessoas que são vítimas dele – reclamou o padre Julio.
O padre disse temer por uma futura ação da prefeitura para a retirada dos moradores que passaram a ocupar as calçadas com as barracas.
— Nosso medo é que as pessoas sejam desalojadas sem nenhuma política (de realocação).
O auto foi organizado pelo padre João Pedro Carraro, coordenador da Missão Belém, que atua com os moradores de rua da cracolândia. De acordo com o padre, a missão, que existe há oito anos no bairro, atendeu em 2013 quatro mil pessoas.
— São 15 a 20 pessoas por dia que vão para as nossas casas. Eu posso dizer que 70% se salvou, conseguiu sair da rua — disse o padre João Pedro.
Já os coordenadores da Cristolândia afirmaram que já passaram por atendimento, em todo o estado, de 10 mil a 20 mil pessoas.

Súplica de uma vida alquebrada


Não fustigue as feridas que ainda supuram dentro de mim. Se você não se importa com os traumas que padeci na infância, não tripudie a mulher [homem] que me tornei. Tenha cuidado com os nervos expostos. Sou nevrálgica. Se lágrimas escapam de meus olhos cansados, não tente julgá-las. Se insistem, nascem das injustiças e repreensões que penei.
Por favor, não pise se você me vir caída. Não escarneça de mim na derrota. Não basta? Gente abatida não merece mais inclemência. Preciso de misericórdia. Por me sentir assim, fragilizada, qualquer lâmina pesa feito espada sobre o meu pescoço. Careço de um olhar calmo. Necessito de compaixão. Como firmar joelhos desconjuntados? Como levantar braços cansados? Me dê a sua mão. Não transforme o meu medo em pânico.
Eu imploro: não me exile. Ostracismo não regenera ninguém. Para que servem fósforo riscado, jarra trincada e pente quebrado? Acolha-me como órfã. Transforme o seu colo em maca, as suas mãos em atracadouro e os seus ombros em arrimo. Não me recrimine por ter ambicionado o inacessível norte. Seja samaritano. Encare a minha sorte como a do viajante saqueado que agoniza na beira da estrada.
Não tente me encurralar em crise de aceitação. Já sofro por perceber que ninguém se lembrou de colocar prato para mim na mesa. Como é duro notar que meu nome constou entre os inconvenientes. Não ajude os que me descartam. Não nasci para ser estorvo. Ando alquebrada. Sou constrangida por risos sarcásticos e pilhéria. Todas as pessoas desejam ser queridas e desejadas. Eu também.
Espero, realmente espero, que aprendamos a rir e chorar juntos. O que poderia ser mais importante do que a grandeza de nos respeitarmos?
Vamos bordar a nossa história no caminho da paz?
Soli Deo Gloria

Cientista descobre que o amor o impediu de ser um psicopata

James Fallon (foto: Daniel Anderson)

Título original: Pesquisador se descobre psicopata ao analisar o próprio cérebro

Mônica Vasconcelos, BBC Brasil [via Cristianismo subversivo]

Neurocientista americano descobriu que tinha "cérebro de psicopata" ao estudar criminosos

Um neurocientista americano que fazia estudos com criminosos violentos descobriu, por acaso, que ele próprio tinha "cérebro de psicopata".

Casado e pai de três filhos, James Fallon, professor de psiquiatria e comportamento humano da University of California, Irvine (UCI), disse à BBC Brasil que a descoberta fez com que ele reavaliasse seus conceitos a respeito de quem era. E transformou suas convicções enquanto cientista.

A experiência de Fallon, descrita no livro The Psychopath Inside, teve grande repercussão na internet.

Comentando o caso, um neurologista ouvido pela BBC disse que estamos interpretando os conhecimentos gerados pela genética de maneira "perigosa".

"Os profissionais estão atribuindo importância excessiva para a carga genética de uma pessoa, como se isso, por si só, fosse capaz de determinar o futuro de um ser humano", disse Eduardo Mutarelli, professor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Para ele, a experiência de Fallon ajuda a reequilibrar o debate que contrapõe a influência da herança genética à do meio (nesse caso em particular, a influência civilizadora da família e da sociedade sobre o indivíduo).

Revelação Perturbadora


A descoberta de Fallon aconteceu em 2005, quando ele analisava tomografias de cérebros de assassinos em série na universidade. Ele queria ver se encontrava alguma relação entre os padrões anatômicos dos cérebros desses pacientes e seu comportamento.

Fallon explicou que, para ter uma base de comparação, tinha colocado na pilha tomografias de membros de sua própria família – a ideia era usá-los como modelos de cérebros "normais".

Ao chegar ao fim da pilha, onde estavam os exames de sua família, o cientista viu uma tomografia que mostrava um padrão claro de patologia. "O exame mostrava baixa atividade em certas áreas dos lobos frontal e temporal que estão associadas à empatia, moralidade e ao auto-controle".

Fallon contou que, no começo, pensou que fosse um engano. Mas feitas as checagens, o neurocientista, que estudava psicopatas há mais de duas décadas, viu-se às voltas com uma realidade um tanto quanto incômoda: o cérebro representado naquele exame era seu.

"As mesmas áreas do cérebro estavam completamente apagadas, como nos piores casos que eu tinha visto", disse Fallon.

Para se certificar, Fallon fez mais algunas investigações.

Exames do seu DNA confirmaram que ele tinha genes alelos associados à ausência de empatia e comportamento agressivo e violento.

Fallon também se submeteu a um teste usado por muitos pesquisadores e psicólogos para avaliar tendências antisociais e psicopáticas, a Robert Hare Checklist.

"Psicopatas alcançam acima de 30 pontos no teste de Robert Hare", disse Fallon. "A pontuação máxima é 40. Eu alcanço 18, 20 ou 22. Tenho vários traços em comum com psicopatas, só não sou criminoso. Nunca matei nem estuprei ninguém e prefiro vencer uma discussão com argumentos do que com força física", diz.

Charme Perigoso
Imagem de exame do cérebro de Fallon em comparação a um exame de controle

Análise mostrou que cérebro de Fallon tinha traços em comum com psicopatas

Fallon contou que quando compartilhou suas descobertas com a família e com amigos, eles não se surpreenderam. Gradualmente, o neurologista começou a se ver do ponto de vista das pessoas que o conheciam bem.

"Tive várias conversas reveladoras com minha mãe. Ela me disse que sempre percebeu um lado sombrio em mim e tomava cuidado especial para neutralizar essas tendências e incentivar outras, mais positivas", conta.

Nessas conversas, a mãe também contou ao filho que vários antepassados dele pelo lado paterno tinham sido criminosos temidos. Entre eles, Lizzie Borden, acusada de matar o pai e a madrasta em 1892.

Para a esposa, era como se existissem dois James Fallon convivendo num único homem.

"Sou casada com duas pessoas, uma é inteligente, engraçada e afetuosa. A outra é um sujeito perverso, de quem eu não gosto", disse a mulher do neurologista em uma entrevista para a TV.

"Tenho muito jeito para lidar com estranhos, faço muita caridade. Mas sou uma decepção como marido. Posso ver um bebê que não conheço e ficar com os olhos cheios de lágrimas, mas não sinto uma conexão emocional profunda com minha própria família", diz.

Fallon descreveu alguns dos traços típicos de um psicopata: "Psicopatas possuem um narcisismo agressivo, charme, desenvoltura aliada a superficialidade, senso de superioridade, tendência a manipular, são emocionalmente rasos, não sentem culpa, remorso ou vergonha".

"Podem ser magnânimos e generosos, mas são emocionalmente frios", afirma.

Mandela e a história como ela foi


MARCELO DE, PAIVA ABREU - O Estado de S.Paulo

Com Nelson Mandela enterrado, é necessário que se avalie a trivialização que marcou a sua agonia e morte. Passado meio século desde o julgamento de Rivonia, que resultou na sua prisão por 27 anos, impressionou o juízo quase unânime de que o mundo perdia um dos seus grandes líderes políticos.

Nem sempre foi assim. Nos anos que se seguiram ao julgamento, a avaliação sobre Nelson Mandela no Ocidente era de que se tratava de um terrorista, aliado aos comunistas, talvez ele mesmo membro do partido, justamente condenado à prisão perpétua. A complacência com o apartheid nos EUA e no Reino Unido era grotesca. Só lentamente ganhou espaço a condenação do apartheid e, em última instância, do regime político que assegurava o controle da minoria branca.

O regime do apartheid estava enraizado na política britânica desde o começo do século passado, quando foi sancionado o controle político dos afrikaners. A União Sul-africana, criada em 1910, herdou a legislação racista das regiões controladas pelos afrikaners e, em seguida, restringiu ainda mais a propriedade da terra por africanos e aumentou a tributação. Era essencial dispor de mão de obra nativa para a agricultura e a mineração. Tudo isso culminou, em 1948, na cristalização do apartheid. A revolta da população não branca ganhou força gradativamente, sempre marcada por violenta repressão governamental, que culminou no massacre de Sharpeville, em 1960. A violência racial de Estado perdurou até o começo dos anos 90.

A opção do Congresso Nacional Africano (CNA) pela luta armada no início da década de 1960 deve ser entendida nesse contexto. Não havia indícios de que a via exclusivamente política pudesse prosperar. O apoio internacional ao CNA não veio de Washington, mas de Moscou. O partido político que apoiou o CNA foi o Partido Comunista da África do Sul. Os EUA e o Reino Unido foram relutantes quanto à imposição de sanções à África do Sul do apartheid e fechavam os olhos à agressividade da África do Sul, como por exemplo na Namíbia. Ainda em 1974, a estratégia dos EUA no sul da África reforçava a influência de Pretória, apoiando a tentativa de intervenção de tropas sul-africanas em Angola para impedir a vitória do MPLA, de orientação marxista. Só foi detida pela intervenção de tropas cubanas. A constatação pode incomodar, mas, com todos os seus problemas, o retrospecto cubano na região é melhor do que o dos EUA. E não é que o arrependimento dos EUA tenha vindo logo. Como lembrou Dorrit Harazim, em seu bom artigo no jornal O Globo de 15/12, foi George W. Bush que, em 2008, afinal retirou o nome de Mandela da lista de terroristas da Homeland Security.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

És tu a promessa?

"Por teus olhos acesos de inocência
Me vou guiando agora,
que anoitece.
Rei Mago que procura e desconhece

O caminho.
Sigo aquele que adivinho
Anunciando
Nessa luz adivinhada,
Infância humana madrugada.

Presépio é qualquer berço
Onde a nudez do mundo tem calor
E o amor
Recomeça.
Leva-me, pois, depressa,
Através do deserto desta vida,
À Belém prometida...
Ou és tu a promessa?"

~Miguel Torga

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Como escapar de discussões com a família durante o Natal

Publicado no Ovelhas Voadoras [via Pavablog]
Essa data que não significa nada pra você além de pessoas indo pra sua casa comer tudo (ou ir pra casa de alguém comer tudo) está se aproximando, e você já sabe muito bem os clichês dessas reuniões em família, um querendo mostrar pro outro como a vida dele é boa. Pra você escapar dessas coisas imbecis, confira esse manual super prático. De nada.
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O que a bola de neve quer esconder

Rodrigo Cardoso, na IstoÉ
A Igreja Bola de Neve Church se inseriu no mercado das igrejas evangélicas brasileiras sob a aura de uma instituição religiosa amparada por uma embalagem contemporânea e liberal. É assim desde 1999, quando o surfista Rinaldo Luiz de Seixas, 41 anos, o apóstolo Rina, transformou em púlpito a prancha de surfe e abriu as portas de suas unidades, que hoje somam cerca de 200 e têm 60 mil fiéis. Mas, desde o mês passado, com o lançamento de “A Grande Onda Vai te Pegar – Marketing, Espetáculo e Ciberspaço na Bola de Neve Church” (Fonte Editorial), livro que investiga essa igreja composta majoritariamente por jovens de classe média e alta, em sua maioria internautas e fãs de gêneros musicais como reggae, rock, rap e hip-hop, ganhou evidência a filosofia de conduta conservadora com que a denominação tenta controlar o cotidiano de seus fiéis. Os pastores interferem nas escolhas dos parceiros amorosos e chegam a sugerir uma cartilha ‘informal’ sobre posições sexuais permitidas.
Igreja evangélica da prancha de surfe, frequentada basicamente por jovens, tenta censurar livro que revela o conservadorismo por trás do discurso aparentemente liberal de suas lideranças
bol1Na Bola de Neve do apóstolo Rina, (abaixo) há, segundo o historiador Maranhão Filho (acima), indicações aos fiéis sobre as posições sexuais mais e menos aceitas
bol2

O historiador que assina a obra, Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Filho, foi membro da Bola de Neve entre 2005 e 2006, chegou a ser aprovado no curso de líderes de células, mas, por desentendimento com um diácono, não assumiu a função. Desde 2009, ele publica trabalhos sobre a denominação religiosa e até hoje é abastecido com informações por pessoas da igreja. Para ele, o apego a uma leitura descontextualizada da Bíblia e o moralismo em relação a questões sexuais e de gênero são os principais aspectos que evidenciam o tradicionalismo da Bola de Neve. “Para namorar um rapaz – e só pode ser um rapaz –, uma moça tem de ter a concordância do líder de célula, pastor ou apóstolo”, diz Maranhão Filho, que fala, ainda, da existência de uma espécie de guia de conduta não escrito sobre as posições sexuais permitidas. “Neuza Itioka, uma palestrante externa do ministério Ágape e Reconciliação, foi à Bola ministrar um curso de cura e libertação e pregou: ‘A boca serve para comer, mas não para fazer sexo’.”
Especialista em marketing e comunicação social, Maranhão Filho expõe ainda uma estratégia da Bola de Neve conhecida apenas no meio religioso. Em Florianópolis, Santa Catarina, onde ele passou a ter contato com a denominação, líderes da igreja relataram a ele que há um grande esforço para que a evangelização foque com mais empenho na classe universitária. “Querem formar crianças, adolescentes e universitários cristãos”, diz. “O objetivo é mudar para perto das universidades para ter gente deles dentro da academia e falar da igreja dentro e fora da instituição. É proselitismo forte”, afirma o autor, cuja obra é resultado de oito anos de pesquisa, fruto de uma dissertação de mestrado defendida na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESCC) em 2010.
A dissertação deu origem ao livro e, com isso, veio à tona outro componente conservador da denominação evangélica: a censura religiosa. A Bola de Neve tentou barrar, na Justiça, a publicação da obra. Sem sucesso na esfera legal – a ação e um agravo de instrumento foram indeferidos por um juiz e um desembargador de São Paulo –, a Bola de Neve enviou à Universidade de São Paulo (USP), onde ocorreu o lançamento do livro no dia 30 de outubro, um advogado que, acompanhado de dois rapazes, disse, segundo o autor: “Se você lançar, publicar ou divulgar o livro, vai ter problemas.” A tentativa de censura prévia chocou a comunidade acadêmica. “No mês passado, durante a 17ª Jornada de Estudos da Religião da Associação dos Cientistas Sociais da Religião do Mercosul, foi discutido o risco de um grupo religioso barrar pesquisas acadêmicas e científicas”, afirma o professor de pós-graduação em ciências da religião da Universidade Metodista de São Paulo, Leonildo Silveira Campos. Referência internacional em pesquisas sobre relações entre religiões, marketing e mídia, Campos resume o sentimento com essa manobra da Bola de Neve Church. “Há um medo por parte dos cientistas da religião de que a moda (da censura religiosa) pegue.”

Um professor de física querendo provas da existência de Deus

imagem: Internet

Willian Douglas, no seu blog

Um amigo meu, professor de física a quem admiro muito, era cético em relação a Deus. Ele conta:
"Não havia nada nem ninguém, naquela época, que me fizesse crer nas ações de Deus em nossas vidas. Acreditava que avançávamos às cegas e por meio de tentativa e erro. Deus estava muito ocupado com seus projetos pessoais e jamais um ser insignificante como eu de mente inquieta, alma precária, e atrelado ao reino patético da futilidade, teria privilégios em formar laços de afeto com o nosso Pai Celestial. Entre servo e Senhor não há diálogo, pensava. Com uma pontinha de arrogância imaginava-me semelhante a Fernando Pessoa: 'Se Deus quer mesmo me conhecer que se me apresente'. E de mais a mais, eu estava muito ocupado com os negócios e com a vida, só mesmo um milagre para provocar uma mudança de ideia e de comportamento."
A história de meu amigo é longa, não vou contá-la toda, contarei só um pedacinho. Achei o máximo, pois a história é contada por um professor de Física, homem de ciência. Certa feita ele, católico só por tradição, foi à igreja durante um louvor na Festa da Misericórdia, em uma tarde de domingo.  Vejam o que ele conta:
“O início da cerimônia se deu em torno das 15 horas e o término estava previsto para as 19 horas. Em torno das 15h30min, o padre da minha paróquia desceu do altar, com o ostensório envolvido em sua batina, dizendo que Jesus estava ali. Olhei para a cena e disse: Jesus, se o senhor estiver aqui mesmo me dê um sinal! Em seguida, coloquei a mão no ostensório justamente sobre o vidro que cobre a hóstia. Imediatamente veio um calor do metal para a minha mão, semelhante à imersão do braço em um balde com água morna, algo em torno de 80° C. O calor fluiu lentamente pela mão, subiu pelo braço e foi parar no peito. Fiquei terrivelmente incomodado com aquela sensação. Ele sapecava. Não sabia o que estava acontecendo. Comecei a chorar de forma descontrolada e compulsiva até o final da celebração. Por fim, subi no altar e falei sobre o acontecido. As pessoas ficaram boquiabertas. Não poderia deixar de compartilhar aquele momento de graça com o restante da assembleia.
O fato de o calor fluir espontaneamente do ostensório (um corpo em torno de 25°C) para o meu braço (aproximadamente 36°C) é fisicamente impossível, pois de acordo com as leis da termodinâmica, o calor flui espontaneamente do corpo quente para o corpo frio; e não de um corpo frio para um corpo quente. Isso pode acontecer se o ostensório estivesse ligado numa fonte externa de energia. É o que acontece nos refrigeradores das nossas casas. Diante desse enigma, só existem duas atitudes: uma nos conduz ao absurdo, a outra, ao mistério. Como nada estava ligado a nada e o fluxo de calor aconteceu, é porque a fonte externa de energia era ELE. Enfim, tive a prova definitiva e científica de Sua presença. E minha forma de ver e de viver a vida alterou radicalmente.
Havia distorções graves entre as minhas crenças e a ciência. O milagre força os limites de nossa credulidade. A fé em Deus exige a morte da teimosia. Acreditar em Deus, para mim, acenou uma perspectiva satisfatória, consistente e enriquecedora. Seria a coisa mais patética se eu me comportasse diferente, pois é inconcebível a um homem depois de ter recebido essa graça e essa misericórdia, não agir de acordo.
Quando revelei tudo isso ao padre, ele disse:
"Meu filho, você está tão perto de Deus quanto escolhe estar.”

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Bandido e rei de mãos dadas

imagem: Internet
Já estava escuro quando o assassino no corredor da morte ouviu vozes. Era uma zombaria. Soldados falavam alto. Pancadas e socos surdos vinham seguidos de provocação. Faça um milagre. Prove que é o Messias. Não está escrito que os anjos estariam ao seu dispor? Vamos ver, então. Mostre que seus exércitos são mais poderosos do que uma centúria”. Pontapés se sucederam. O barulho aumentou. Ensurdecedor. Além da condenação, sua última noite foi em claro.
Mal o dia iluminou as colinas que rodeiam a cidade, o sentenciado bebeu dois dedos d’água. Não demorou e quatro soldados o arrastaram pelos corredores da masmorra. Submetido a sopapos violentos, chegou ao lugar onde seria torturado. Lá, dois outros o esperavam já esmagados pelo meticuloso processo de espancamento que precedia a morte. O bandido supôs que o menos musculoso era o castigado da véspera.
Depois de receber as trinta e nove chicotadas no poste, ele se uniria aos outros. Cumpriria a sina de morrer pendurado numa cruz. A agonia era conhecida. Os estertores da crucificação aterrorizavam o mundo antigo. Agonizaria por dias. Cachorros lamberiam seus pés ensanguentados. Corvos comeriam seus olhos. Incharia. Federia.
Primeiro, obrigavam os condenados a caminhar até o Monte da Caveira, o lugar das execuções. O rito macabro começava com os trôpegos sendo exibidos pelas vielas de Jerusalém – mais tarde conhecidas como Via Dolorosa. Cada um carregava a sua própria trave, o vergão onde seria pendurado. Duzentos metros antes de cruzarem o portão da cidade, um dos ladrões perguntou ao castigado da madrugada. - Quem é você? O outro arfou. Mal conseguiu dizer o nome: - Jesus. A fatiga era extrema. Dois segundos depois, Jesus tomou ar e emendou: - Sou Jesus, de Nazaré.
Fora da cidade, o caminho complicou. A estrada, pavimentada com pedregulhos afiados, cortava os pés. Jesus não suportou e caiu. Ele parecia sem condições de seguir adiante. Os soldados se revezaram nos açoites. Depois de varejarem as costas do Nazareno, a marcha prosseguiu lentamente. Os soldados pareciam nervosos. Queriam encurtar a liturgia sinistra. Uma festa dos judeus se avizinhava e eles, romanos, poderiam descansar no feriado. Crucificar dava trabalho. Ninguém queria estragar o fim de semana.
O outro ladrão, o mais raivoso e obstinado, notou os soldados constrangendo um peregrino de Cirene. Eles colocaram o viajante debaixo da trave de Jesus, obrigando-o a carregar o lenho por ele. O centurião achou necessário fazer aquilo já que ele se mostrava visivelmente abatido, perigando morrer ali mesmo, no meio da rua.
Com a ajuda do estrangeiro, a procissão chegou ao monturo de lixo. Oito verdugos esperavam sentados em grandes rochas. Era homens rudes e se mostravam bem nervosos. Repetiam entre eles que nunca tinham visto condenados demorarem tanto. Rápidos com as marteladas, fixaram os pulsos dos três. Ressoou o barulho das estacas quando despencaram nos buracos recém cavados. Com cordas, levantaram os homens pregados nas traves. Os corpos pesavam. As mãos se esgarçaram rapidamente. Os dois ladrões falavam. Um, revoltado, parecia dizer palavrões. Apenas Jesus permanecia calado. Não restava mais nenhuma esperança. O fim estava selado.
A cena ganhou peculiaridades grotescas. Inclemente. O cheiro podre do lixo se misturava ao cenário e algumas pessoas, que assistiam, vomitaram. Os três corpos tremiam com espasmos involuntários. Sangue vazou das incontáveis feridas abertas por chicotes, tapas e chutes. Cordas amarradas aos pulsos deixaram a ponta dos dedos roxos. Os olhos dos três se embaçaram – mal se moviam nas órbitas semi cerradas pelo inchaço.
Uma pequena multidão gritava sem parar. Mas ninguém entendia direito o que a turba dizia. Choro, raiva e consternação, típicos do frenesi irracional, aumentavam a sensação de que aquele dia se tornaria exemplo mais exuberante da bestialidade humana.
Soube-se depois que um dos apenados se chamava Dimas; preso em flagrante, um assassino confesso.
A algazarra entre o povo fazia com que a sentença parecesse um linchamento. Alguns chegaram a apostar em quem morreria primeiro. Outros aproveitavam para repetir: César é rei benevolente. Outros reclamavam: A glória de Israel está em mãos estrangeiras. Na confusão, Dimas conseguiu fazer um último pedido: - Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino.
Passados séculos, a pergunta não perde força, não perde significado: O que Dimas viu para acreditar que Jesus era rei? Como ele conseguiu enxergar em um bagaço humano, traços de um imperador? Quando entrares em teu reino? Os monarcas se estabelecem devido ao poder, e neles reside a autoridade de comandar. O Nazareno estava reduzido a um caco. Como assim, No teu reino? Caso fosse rei de verdade, por que se tornou refém de uma soldadesca ordinária? O homicida delirava? Por que considerou o moribundo líder de algum reino?

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Mistério: uma em cada 200 americanas diz ter engravidado ainda virgem


publicado no Terra
Uma jovem americana em cada 200 declara ter ficado grávida apesar de ainda ser virgem, segundo um estudo publicado nesta terça-feira no British Medical Journal (BMJ).
De um total de 7.870 mulheres que participaram de um estudo em nível nacional de longa duração (1995-2009) e confidencial, 45 delas, ou seja, 0,5%, afirmam ter concebido sem o menor contato sexual com penetração vaginal.
Nenhuma delas declarou ter recorrido a algum tipo de assistência médica para a procriação (inseminação artificial ou fecundação 'in vitro').
Também encontramos alguns pais 'virgens', algo que é ainda mais difícil de compreender
Amy HerringLíder da pesquisa
Quase um terço destas mulheres que afirmam ter ficado grávidas antes de sua estreia sexual fizeram voto de castidade antes do casamento (31%), algo muito comum entre os cristãos conservadores.
Os resultados se apoiam nas respostas a uma série de perguntas sobre o histórico de sua gravidez e o início de suas relações sexuais, embora as mulheres não tenham sido perguntadas diretamente se eram virgens no momento em que ficaram grávidas.
Apesar de todas as precauções tomadas pelos pesquisadores, não se descarta uma possível falta de compreensão das perguntas em alguns casos, admitem os autores do estudo.
Por sua vez, "há algumas semanas tentamos verificar se este fenômeno se limita apenas às mulheres", indicou Amy Herring (docente da Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill, Estados Unidos), líder deste trabalho.

Notas biográficas sobre espiritualidade

imagem: Internet
No início de 1990, fui incluído na organização da Aliança Evangélica Brasileira (AEVB). As reuniões aconteceram em Teresópolis. O encontro objetivava esboçar o perfil da instituição que representaria um segmento dos evangélicos. Confesso não lembrar nada do planejamento. Apenas os momentos de oração me marcaram. As devocionais lideradas pelo Osmar Ludovico ficaram comigo. Nos três dias do encontro, por cerca de uma hora, Osmar nos falou e conduziu em exercícios de oração contemplativa. Também nos dedicamos à Lectio Divina – uma leitura meditativa da Bíblia. A reunião administrativa minguou aos meus olhos. Os bons momentos em meditação permaneceram.
Enquanto orávamos, aconteceu um quebrantamento. Compungidos, descemos de quaisquer escadas ou patamares que cargos eclesiásticos nos tinham colocado. Pretensões se esvaziaram nos corações. Um peso sagrado tomou conta do ambiente. Fui às lágrimas. Não restou nenhuma dúvida, Deus nos visitava. Seu Espírito nos comovia. Como eu vinha de uma tradição pentecostal, fiquei sem chão. Eu não tinha a menor ideia de que existissem exercícios espirituais como aqueles.
A prática de orar em silêncio, de aquietar a alma para meditar, me deixou boquiaberto. Eu estava viciado em preces barulhentas. Acreditava que Deus gosta de decibeis. Devo confessar: eu vinha insuflando auditórios a um frenesi religioso; com a clara intenção de produzir êxtase. Eu me valia das técnicas que outros pastores usavam para mostrar, categoricamente, como eu era capaz de fazerDeus operar.
O Osmar Ludovico me tomou pela mão e, delicadamente, ajudou a sair dessa mentira. Com ele atravessava um novo e fascinante portal. Não mais subi escada. Aprendi tão somente a difícil arte do esvaziamento – a kenosis. O Osmar, dono de uma voz suave, pronuncia o nome de Deus com extrema reverência. E naquela reunião institucional, sem perceber direito, deixei-me conduzir por essa delicadeza a um novo tempo.
Desci a cidade montanhosa e passei a ansiar por uma espiritualidade marcada pelo afeto. Abandonei o esforço de transformar as minhas orações em técnica. Acordei para o absurdo da teologia que pretende colocar Deus em movimento. Destruí o balcão que edificara com a intenção de oferecê-lo aos caprichos humanos.
Reaprendi a orar. Hoje desejo inspirar Deus como ausência, como saudade. Assim como Rubem Alves, construo altares à beira de um abismo escuro e silencioso. E os construo com poesia e música. Repito o Salmo: Aquiete-se e preste atenção… [46.10]. Deus não mais é objeto, coisificado ou personificado, do meu pensamento. Eu o degusto: Provai e vede que Deus é gostoso. Ele é ausência, mas permeia tudo. O mundo está cheio da sua glória. Nada espero dele como intervencionista onipotente. Dele, aguardo a percepção do belo, a intuição do justo, a sensibilidade do frágil. Sem muito barulho, minha prece ambiciona colocar a alma em estado de quietude – numa quietude muito semelhante à do sumo sacerdote quando entrava no Santo dos Santos. Infelizmente, cultos e missas se tornaram espaços de agitação. O ritmo alucinante das músicas e danças nas nova liturgias não seriam fugas? Alvoroço evita o confronto com a interioridade. Quanto mais distantes de nós mesmos mais distantes de Deus. O profundo significado do ensino de Jesus sobre orar com o quarto fechado, em secreto, agora tem sentido.
Parei de orar por intervenções emergenciais. Não quero mais nada de Deus para mim. Minha oração não invoca a presença de um super-abade displicente. Não vejo sentido em implorar ao Deus que se revelou como amor que se importe com um mundo em agonia. Algumas orações o agridem, tenho certeza. Tais preces só tentam mostrar a benevolência acima da perfeição de quem ora. Várias intercessões, que se ouvem de lábios piedosos, só escancaram a soberba que a religião produz. Parece até que o Deus lá-de-cima ou lá-de-fora não vinha dando a mínima. E que os grotões miseráveis do mundo seriam resolvidos, caso ele fosse convencido a agir com compaixão.
O mundo sofre. Crianças gemem e morrem. Diante dos horrores da história, abandonei a pretensão de ser abençoado. Qualquer prece, com um mínimo de senso ético, deve considerar os mais sofredores. Quem se atreveria a furar a fila da bênção onde esperam africanos exilados e haitianos sem-teto? Um Deus que dispensa bênçãos, prioritariamente, sobre quem tem olhos azuis não merece a atenção de ninguém. Repetir que ele é uma divindade irada, sempre pronta a castigar, não mete medo, apenas aversão. Se existe um Deus que na hora de distribuir maldições começa pelos mais miseráveis, ele deve ser tratado como um demônio. Não desejo continuar com uma fé que espera milagre de um Deus tribal. A divindade que fazia chover apenas no quintal dos seus queridos, não faz sentido para mim. A noção primitiva de um Deus que afugenta gafanhotos quando vê obediência e que destrói plantação e causa fome diante do erro, não me seduz. Benção e maldição retributivas não condizem com o amor gratuito de Deus em Jesus. Deus jamais se valeria do papel do bedel indignado que abandona bilhões à míngua.
Desde aquela iniciação com o Osmar Ludovico, reaprendi a ler a Bíblia. Já não me valho das ferramentas frias da exegese para entender o texto. Por anos, eu me contentei com a gramática teológica; pavimentava a estrada da fé em cima do cascalho da argumentação. Mudei. Passei a meditar nas Escrituras com o coração. Desisti da pretensão de usar a Bíblia para chegar à verdade última, conclusiva, absoluta. Dissecar textos para produzir certeza doutrinária gera empáfia. Minha nova lente de leitura foi o amor. Dei um passo além da fria dogmática e percebi o recado de Deus nas entrelinhas. Sem o rigor da razão – elas me serviam de venda – não só pude me sentir acolhido, querido, apreciado, mas notar o quanto homens e mulheres, sem distinção religiosa, são dignos e amados. Análises sintáticas nunca desabrocham a poesia do Espírito. A letra mata e o Espírito vivifica. Depois de ver a Bíblia assim, convivo com o anelo de perceber o imperceptível e de alcançar o que os olhos naturais não captam. Só consigo imaginar Deus como presença instigadora do bem, entranhado no anseio de justiça e pedra angular do amor.

Juiz quebra sigilo bancário e fiscal de pastor das BMWs

Casal Maria Lúcia e Paulo Sérgio abraça o presidente da Assembleia de Deus,
Lucas Martins

Allan de Abreu, no Diário Web [via Pavablog]
Justiça determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do pastor Paulo Sérgio Dutra de Moraes, ex-presidente da Assembleia de Deus em Catanduva, e de outros cinco membros da igreja, incluindo a mulher dele, Maria Lúcia Machado de Moraes, e o atual presidente, Lucas Martins.
O grupo é investigado em inquérito do 2º Distrito Policial do município pelos crimes de apropriação indébita, sonegação fiscal, estelionato e enriquecimento ilícito. O delegado que comanda o inquérito, Pedro Luís de Senzi Carvalho, havia pedido a quebra dos sigilos em novembro, mas o juiz Alceu Corrêa Júnior determinou que o delegado especificasse o período em que desejava analisar as movimentações financeiras dos investigados.
No caso de Paulo Sérgio e da mulher, o período será de 15 anos, desde que ele assumiu a igreja no lugar do pai, morto em 1999. Na época, segundo pastores da Assembleia, ele tinha um veículo Fiat 147 e morava no Gabriel Hernanes, periferia da cidade. Desde então, o pastor se tornou colecionador de BMWs – do ano passado até agora, teve cinco, todas de luxo, quatro delas zero quilômetro. É dono ainda de dois imóveis em bairros nobres de Catanduva, incluindo uma mansão que ocupa cinco terrenos, avaliada em R$ 1,5 milhão.
A suspeita é de que o patrimônio milionário tenha origem em desvios do dízimo da Assembleia, a maior igreja evangélica da cidade, com 6 mil fiéis espalhados em 38 templos, e arrecadação mensal estimada em R$ 300 mil mensais. Além disso, três cheques entregues como dízimo à igreja de 2012 para cá foram depositados diretamente nas contas de dois pastores, entre eles o atual presidente Lucas, sem passar pela conta bancária da entidade.
Outros seis cheques foram depositados em lojas de eletrodomésticos, pneus e um supermercado da cidade, conforme o Diário revelou com exclusividade em novembro. Procurados, os advogados do casal, Jean Carlo Abreu de Oliveira, e de Lucas, Gustavo Pedroni Carminati, disseram ontem que não tiveram acesso à decisão do juiz, e por isso não poderiam comentar o assunto.
Paulo Sérgio (na foto) sai da sua mansão de BMW
Pobreza
Em agosto deste ano, Paulo Sérgio renunciou à presidência da Assembleia, e sua mulher assumiu o posto. No mês seguinte, Maria Lúcia deu lugar a Lucas, então segundo tesoureiro da igreja e homem de confiança de Paulo Sérgio.

Alá 3 x 1 Deus

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Carlos Ruas, em Um Sábado Qualquer

Em última sessão como presidente, Feliciano se despede da Comissão de Direitos Humanos

29jun2013---marco-feliciano-participa-da-marcha-para-jesus-em-sao-paulo-1374151557507_956x500Ex-presidente de Comissão da Câmara afirmou que pensa em se candidatar para o cargo de senador nas eleições de 2014
Publicado no Correio da Bahia [via Pavablog]
O presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara, Marco Feliciano (PSC), falou em tom de despedida na última sessão do ano nesta quarta-feira (18). O deputado acha que não será colocado novamente no cargo em 2014 e acredita que o posto será ocupado por alguém do PT.
“Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Espero que o PT dê mais valor agora à essa comissão, que eles abandonaram”, afirmou Feliciano. De acordo com informações do jornal O Globo, ele pensa agora em se candidatar para o cargo de senador nas eleições de 2014.
“Não sendo arrogante, sei que estou muito bem avaliado. O caminho natural seria buscar a reeleição. Não descarto o Senado, mas desde que meu concorrente seja apenas o Suplicy. Ele carrega um nome, ou a mulher dele, que os evangélicos não gostam”, afirmou o ex-presidente da CDH.
Apesar dos protestos de manifestantes que chegaram a ocupar as primeiras sessões da Comissão presididas por ele, Feliciano fez uma avaliação positiva do seu mandato, segundo o jornal O Globo.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

'Nelson Mandela implantou a cultura da morte', diz Marco Feliciano

Ao iG, deputado critica líder sul-africano por aprovação de lei que autoriza aborto, revela sonhar com Senado e afirma que em hipótese alguma apoiará reeleição de Dilma
img2Marcel Frota e Nivaldo Souza, no iG
O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) polemiza ao falar sobre o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, morto no último dia 5 de dezembro. Apesar de homenagear Mandela com um minuto de silêncio durante a última sessão da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, Feliciano dispara contra o líder negro por causa da aprovação de lei de aborto na África do Sul.
“Quem mata uma criança, para mim, não é meu amigo. Então Mandela implantou a cultura que chamamos de cultura da morte dentro da África do Sul”, diz Feliciano, em entrevista aoiG. “E até hoje os índices de aborto na África do Sul são dos maiores do mundo. Então, nesse quesito, Mandela não foi feliz”, criticou o deputado. Em 1996, a legalização do aborto foi tomada por Mandela com base no alto índice de violência sexual contra a mulher. Segundo autoridades sul-africanas, cerca de 60 mil estupros são denunciados todos os anos no país.
Apesar da crítica, Feliciano elogia a atuação de Mandela na questão da igualdade racial e promete uma homenagem ao líder da luta contra a segregação racial do apartheid. O deputado é relator do projeto de lei que pode destinar 20% das vagas em concursos público para negros. Ele antecipa que dará parecer favorável às cotas. “Meu voto vai ser uma homenagem a Mandela”, indica.
O parlamentar avalia que deixou de ser um político somente identificado com a corrente evangélica para ocupar um espaço vago na preferência de eleitores conservadores, independentemente da orientação religiosa. “Talvez eu revelei ao país uma espécie de político que parece que está em extinção: o político com posicionamento”, afirma, ressaltando acreditar ser hoje no cenário político “uma pessoa firme que suporta pressão”.
Isso alimenta o sonho de Feliciano em disputar uma vaga no Senado por São Paulo em 2014. O pastor diz que a decisão não depende apenas dele. É preciso avaliar a postulação ensaiada também por Eduardo Suplicy (PT), Gilberto Kassab (PSD), José Serra (PSDB). Em um cenário apenas com ele e Suplicy, o deputado diz que haveria uma “luta bonita”. “Se fosse só ele (o candidato no estado), entraria na disputa sem medo nenhum. Seria uma luta bonita, porque o sobrenome Suplicy está atrelado a tudo o que contraria a nós (evangélicos)”, diz.
Feliciano compara a briga com Suplicy às históricas lutas entre os ex-boxeadores Mike Tyson e Evander Holyfield, em meados dos anos 1990. “Seria a luta do século (pelo Senado)”, diz, avaliando que uma candidatura a senador pode enfrentar dificuldades na hora de encontrar um candidato ao governo paulista disposto a tê-lo em seu palanque. “Não sei qual governador seria capaz de comprar essa briga”.
Cabo eleitoral
O presidente da Comissão de Direitos Humanos será cabo eleitoral do candidato do PSC à Presidência da República. Ele diz que já gostou de Eduardo Campos (PSB-PE), mas teve de desistir do presidenciável pernambucano depois de ler declarações dele sobre cobrança de impostos das igrejas. “Tinha simpatia (por Campos), já estive com ele”, conta. “Mas para que ferir um povo que tem peso de voto?”, questiona, emendando que Campos “é mal assessorado”.
Críticas mais duras são dirigidas a ex-senadora Marina Silva (PSB-AC), que Feliciano considera que poderia ter sido sua “mentora” política por também ser evangélica. Ele se diz desencantado com Marina depois de declarações nas quais ela sinalizou ser favorável à união civil (material) entre pessoas do mesmo sexo e contrária ao casamento homossexual, o que implicaria em reconhecimento religioso. “Por que negar sua fé? Só para inglês ver?”, critica Feliciano. “O meu problema com o casamento gay não é um papel, um documento. É o que o documento vai dar a eles (homossexuais), como a adoção. A Marina sabendo do nosso posicionamento se não se posicionou”.
O tom sobe mais quando questionado sobre apoiar a presidente Dilma Rousseff, a quem acusa de não cumprir um acordo com correntes religiosas em relação à não aprovar leis favoráveis ao aborto. Em julho, Dilma sancionou lei estabelecendo direitos a mulheres vítimas de estupro – entre eles: oferta da pílula de emergência conhecidas como ‘pílula do dia seguinte’, que pode evitar a gravidez em até 72 horas após o ato sexual. “Quando a presidente assinou um documento dizendo que no mandato dela o aborto não seria votado, eu acreditei”, diz.
Em 2010, a então candidata Dilma divulgou carta afirmando que não tomaria “a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no país”. A mudança foi decisiva para não apoiar a reeleição de Dilma. “Eu não posso caminhar ao lado dela”, afirma Feliciano.
Direitos Humanos
Feliciano fez um apanhado de sua atuação à frente da Comissão de Direitos Humanos e disse que o projeto de decreto legislativo 234/2011, conhecido como “projeto da cura gay”, pode voltar à pauta da comissão em 2014. A proposta tenta suspender resolução do Conselho Federal de Psicologia que proíbe o tratamento da homossexualidade como doença. Feliciano diz que o texto pode ser colocado em votação pelo próximo presidente da comissão – o pastor deixará o cargo em fevereiro, quando o Congresso voltar do recesso. “O projeto não morreu, ele foi retirado de pauta. O autor do projeto, deputado João Campos (PSDB-GO), pode voltar (a colocá-lo em discussão) a qualquer momento no próximo pleito”, diz.
O deputado avalia que houve excessos na discussão do projeto que, segundo ele, suspendia uma “resolução criminosa” do Conselho de Psicologia. “A maldita cura gay, que de cura não tem nada, é um projeto que sustava uma resolução que para mim é criminosa”, afirma. “Conheço pessoas que querem ajuda. A homossexualidade não é um assunto esgotado, não é científico, não existe um gene gay”, diz.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O Segredo

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Carlos Ruas, em Um Sábado Qualquer

“Festival Promessas” faz audiência da Globo cair; Programa perde 60%

promesGabriel Vaquer, no Na Telinha
O “Festival Promessas”, show evangélico promovido pela Globo desde 2011, não chamou a atenção do público na tarde deste domingo (15).
A atração, que foi gravada no último dia 30 de novembro, em Brasília, teve como atrações Aline Barros, Jonas Vilar, Bruna Karla, Thalles e bandas Oficina G3 e Diante do Trono.
Porém, mesmo com músicos consagrados e conhecidos no cenário gospel, a programa não chamou a atenção em números do Ibope. Segundo dados prévios, o show marcou 8,3 pontos de média, contra 7,5 do SBT, que apresentava “Eliana” e 4,9 da Record, que mostrou a parte final do “Domingo da Gente” e o começo do “O Melhor do Brasil”, de Rodrigo Faro.
Se comparando a versões anteriores, o “Festival Promessas” teve desempenho bem abaixo. O Ibope de sua primeira exibição, em 2011, foi de 15 pontos e de sua segunda, em 2012, foi de 13 pontos. Ou seja, os números conquistados representam uma queda de 60% em relação à 2011 e de 40% em relação à 2012.
Os números podem sofrer alterações no consolidado e refletem a preferência de um seleto grupo de telespectadores na Grande São Paulo.

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