Por Hermes C. Fernandes, no seu blog
Eu estava apresentando um programa de rádio em uma das emissoras mais populares do Rio de Janeiro. Recebíamos telefonemas no ar, e respondíamos a dúvidas apresentadas pelos ouvintes, oferecendo-lhes conselhos, e, por fim, orávamos pela situação apresentada.
Faço programas de rádio há cerca de 30 anos. Apesar da larga experiência com rádio, nunca havia me deparado com uma situação semelhante àquela que me foi apresentada por uma jovem.
Com a voz trêmula, ela contou que estava diante da janela do seu apartamento em Copacabana, disposta a atirar-se. Sobre mim pesava a responsabilidade de dissuadi-la a cometer suicídio. E o pior que tudo isso acontecia enquanto o programa era transmitido. Milhares de ouvintes ficaram em suspense.
Como evitar aquela tragédia? E se ela pulasse? E se fôssemos responsabilizados por isso?
De repente, deixei de lado tais questões, e senti um enorme amor por aquela vida. Como amar e não colocar-se a favor de quem se ama? Como amá-la sem tentar evitar que ela atentasse contra a própria vida?
Tentei acalmá-la, mas ela soluçava muito, e dizia estar decidida a cometer a loucura.
Depois de acalmar-se um pouco, contou-nos que ela era garota de programa e atriz de filmes pornôs. Disse que ganhava muito dinheiro com isso, pois só fazia programas com executivos e empresários, e que havia viajado pela Europa fazendo filmes. Por um descuido, engravidou-se de um dos seus clientes, mas não tinha a menor idéia de quem era.
Se não pulasse daquela janela, ela teria que tirar a criança. De duas, uma: suicídio ou aborto.
Comecei a falar-lhe de Jesus e de Seu amor. Ela começou a chorar ainda mais, e disse: - As igrejas não me querem. Eu já tentei ir, mas quando chego, todos olham para mim com discriminação e preconceito. Eu já fui crente! Nascida e criada na igreja. Quando cresci, larguei tudo para experimentar os prazeres do mundo. Minha igreja era muito rígida, e eu não suportei o peso das doutrinas. Hoje, toda a minha família tem vergonha de mim. Com o que ganho, ajudo a todos na minha família, principalmente a minha mãe. Mesmo assim, eles não me aceitam.
Percebi que sua situação era mais grave do que imaginava.
De fato, as igrejas não estão preparadas para receber pessoas egressas desse tipo de vida. Prostitutas, gays, drogados, são vítimas de olhares preconceituosos daqueles que se dizem representantes de Deus na Terra.
Como acolher alguém como aquela ouvinte desesperada?
Mesmo lamentando a postura discriminatória de algumas igrejas, insisti em falar-lhe do amor de Deus, que a aceitava, apesar de tudo. Falei-lhe do quão preciosa era sua vida aos olhos de Deus, bem como a vida que ela carregava em seu ventre.
Perguntei se ela estaria disposta a render-se ao amor de Deus naquele momento, e recomeçar uma nova vida. Ela me respondeu: - Eu quero largar isso, mas o problema é que tenho contratos firmados para fazer mais alguns filmes. Se cancelá-los, terei que pagar uma multa milionária.
Tive que mostrar a ela que o valor de sua vida excedia em muito o valor de qualquer multa contratual. E que não lhe adiantava ganhar tanto dinheiro e perder a vida.
Finalmente, ela se rendeu, caiu de joelhos de fronte àquela janela de onde ela pularia, e entregou sua vida nas mãos amorosas de Deus.
Que a igreja cristã tome Cristo como referência, lembrando-se que Ele se fazia acompanhar por quem era considerado a pária da sociedade, meretrizes e publicanos, sem jamais Se preocupar com a opinião dos religiosos puritanos.
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Pesquisa realizada com 854 pessoas envolvidas com prostituição (782 mulheres adultas e adolescentes, 44 transexuais e 28 homens) na África do Sul, na Alemanha, no Canadá, na Colômbia, nos Estados Unidos, no México, na Tailândia, na Turquia e em Zâmbia, mostrou um quadro desalentador:
• 89% gostariam de sair do ramo, mas não possuiriam outro meio de sobrevivência;
• entre 65% e 95% tinham sido violentadas sexualmente quando eram crianças;
• entre 70% e 95% eram fisicamente agredidas;
• entre 60% e 75% eram estupradas;
• 88% passaram por algum tipo de agressão verbal ou constrangimento social;
• 68% apresentavam sintomas de estresse pós-traumático em graus semelhantes aos de veteranos de guerra e torturados.
• 89% gostariam de sair do ramo, mas não possuiriam outro meio de sobrevivência;
• entre 65% e 95% tinham sido violentadas sexualmente quando eram crianças;
• entre 70% e 95% eram fisicamente agredidas;
• entre 60% e 75% eram estupradas;
• 88% passaram por algum tipo de agressão verbal ou constrangimento social;
• 68% apresentavam sintomas de estresse pós-traumático em graus semelhantes aos de veteranos de guerra e torturados.