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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Ex-técnico que combateu atletas de Cristo diz ter ajudado o futebol

Como treinador, Cassia (dir) dirigiu times como Grêmio, Internacional e Ponte Preta (foto: Marcelo Bertani)
Como treinador, Cassia (dir) dirigiu times como Grêmio, Internacional e Ponte Preta (foto: Marcelo Bertani)
Vanderlei Lima, no UOL
Agradecer a Deus é quase um discurso unânime nas entrevistas pós-jogo dos boleiros na saída de campo. Houve um tempo, porém, em que um grupo de jogadores se destacou por fazer verdadeiras pregações. Eram os atletas de Cristo, centro de polêmicas que dividiam os fãs de futebol. Maior combatente da facção, o ex-técnico Cassiá Carpes relembra hoje da ‘cruzada’ que liderou contra os jogadores e, olhando para trás, acredita ter feito um bem aos clubes.
Zagueiro nos anos 1970 e depois comandante de clubes como Grêmio, Inter e Ponte Preta, Cassiá, que desde a última década vem se dedicado à política, reprovava o que ele hoje chama de “isolamento” dos atletas de Cristo.
“Naquela época, eles não percebiam o sentido de grupo, se recolhiam, se isolavam. Tudo o que era bom vinha deles, o ruim não, então não tinham conceito de grupo”, analisou o atual deputado estadual em entrevista ao UOL Esporte.
“Dizia na época que não existia um time de Cristo, mas sim um coletivo, cada um com a sua religião. Hoje, entendo que ajudei a desmitificar essa questão”, disse Cassiá.
Apesar de ter travado quase uma guerra contra o grupo, o ex-treinador garante não ter problemas com religião. Pelo contrário, diz ser católico e ver um papel importante da religião na sociedade.
“Não tenho nada contra religião. Aliás, se não fosse a religião, o país estava pior, especialmente na questão das drogas. As igrejas têm papel importante. Sou católico não praticante, mas o importante é o caráter, a índole. Às vezes, não precisa ir à igreja para rezar”, argumentou Cassiá, citando o exemplo de um jogador por quem tinha admiração mesmo sendo do grupo.
“Me lembro do Gilson Batata no Rio Branco. Ele era símbolo de garra, raça e era atleta de Cristo. Então, era isso, eu não queria jogador melancólico”, pontuou.
De volta ao futebol
Cassiá abandonou o trabalho de técnico no ano 2000 e, desde então, somou dois mandatos como vereador e outros dois como deputado estadual, todos no Rio Grande do Sul. Agora, porém, diz que pretende deixar a política e retornar ao futebol, mas não no gramado.
“Estou anunciando que não irei mais concorrer na política. O quadro político nacional é de corrupção, hoje é toma lá dá cá”, declarou, avisando que concluirá seu último cargo no ano que vem.
“Penso em voltar a trabalhar como comentarista esportivo. Sou radialista, trabalhei por seis anos na Rádio Pampa. Na época, não tinha como conciliar rádio com a vida pública”.
Se voltar ao futebol, Cassiá pode ter a oportunidade de analisar o desempenho de Neymar, principal estrela do futebol brasileiro e que ele compara a Dener, jovem craque que ele comandou no Grêmio e morreu em um acidente de carro em 1994.
“Em termos de arrancada, o Neymar lembra o Dener. Tinha habilidade, velocidade, mas o Neymar leva vantagem, pois se desloca mais. O Dener tinha uma arrancada frontal”, finalizou como bom comentarista.

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