do Corriere della Sera
"Ateísmo anônimo" é a fórmula com a qual se indica o fato desta vez. Mas continua se tratando sempre da mesma coisa, isto é, concretamente, do fato de "viver como se Deus não existisse". E é nisso que o cardeal Angelo Scola continua indicando, praticamente desde a sua posse arquiepiscopal, em Milão, há dois anos, uma das armadilhas mais perversas do mundo ocidental contemporâneo: do qual a realidade ambrosiana – destacou ele nessa segunda-feira – não é exceção.
.Para entender como o problema lhe é caro, basta lembrar o título do livro – Non dimentichiamoci di Dio [Não nos esqueçamos de Deus], Ed. Rizzoli – inteiramente dedicado por ele ao assunto em abril passado. Ele voltou a falar a respeito nessa segunda-feira, apresentando, na Catedral de Milão, a carta que, com outro título significativo, "O campo é o mundo", prospecta aos fiéis da sua diocese os "caminhos a percorrer" em vista do novo ano pastoral.
É um texto longo e fala quase por referências sobre muitas coisas, crise, fome, trabalho, Expo Milano, Europa, raízes cristãs. E repete que, nesse sentido, Milão continua sendo um ponto de referência: "A Igreja ambrosiana ainda pode contar – insiste Scola no fim da missa – com uma realidade popular viva, ainda há um bom número de pessoas que participaram da missa dominical e que dão uma mão verdadeira à edificação de uma vida cristã..." . Mas...
"Mas o cristianismo está se tornando culturalmente uma minoria também na nossa diocese – prossegue o cardeal –, e é aqui que se insinua essa atitude que eu chamei de ateísmo anônimo". Em suma, "o homem cresce harmoniosamente – conclui Scola – quando tem uma relação equilibrada consigo mesmo, com Deus e com os outros": o problema é que, "acima de tudo às gerações dos 25 aos 50 anos, Deus parece não interessar mais".
Falar de "ateísmo" nesses termos "não tem nenhum sentido", segundo o filósofo Massimo Cacciari, ex-reitor da Università Vita-Salute San Raffaele: "Deus não é um objeto de demonstração nem de saber, e eu não me vejo absolutamente no uso da palavra".
Dom Scola disse que viver como se Deus não existisse é uma forma de ateísmo |
.Para entender como o problema lhe é caro, basta lembrar o título do livro – Non dimentichiamoci di Dio [Não nos esqueçamos de Deus], Ed. Rizzoli – inteiramente dedicado por ele ao assunto em abril passado. Ele voltou a falar a respeito nessa segunda-feira, apresentando, na Catedral de Milão, a carta que, com outro título significativo, "O campo é o mundo", prospecta aos fiéis da sua diocese os "caminhos a percorrer" em vista do novo ano pastoral.
É um texto longo e fala quase por referências sobre muitas coisas, crise, fome, trabalho, Expo Milano, Europa, raízes cristãs. E repete que, nesse sentido, Milão continua sendo um ponto de referência: "A Igreja ambrosiana ainda pode contar – insiste Scola no fim da missa – com uma realidade popular viva, ainda há um bom número de pessoas que participaram da missa dominical e que dão uma mão verdadeira à edificação de uma vida cristã..." . Mas...
"Mas o cristianismo está se tornando culturalmente uma minoria também na nossa diocese – prossegue o cardeal –, e é aqui que se insinua essa atitude que eu chamei de ateísmo anônimo". Em suma, "o homem cresce harmoniosamente – conclui Scola – quando tem uma relação equilibrada consigo mesmo, com Deus e com os outros": o problema é que, "acima de tudo às gerações dos 25 aos 50 anos, Deus parece não interessar mais".
Falar de "ateísmo" nesses termos "não tem nenhum sentido", segundo o filósofo Massimo Cacciari, ex-reitor da Università Vita-Salute San Raffaele: "Deus não é um objeto de demonstração nem de saber, e eu não me vejo absolutamente no uso da palavra".
O problema, no entanto, existe, na sua opinião, e é "o velho discurso da vida ou das vidas que não sentem a necessidade de se confrontar com as coisas últimas, de uma sociedade que não se faz mais perguntas sobre o sentido profundo da existência: e isso, sim, é um problema. Mas diz respeito a todos, crentes ou não".
Para o escritor católico Luca Doninelli, "não é uma questão só de hoje, penso no rico do Evangelho que respeitava os mandamentos, mas 'não era feliz'... Mas eu não acredito que a questão do sentido por parte das pessoas tenha se apagado. É que é preciso insistir e propor respostas mais profundas".
Por outro lado, há Giulio Giorello, filósofo da ciência que sobre o bom uso do ateísmo centrou todo um livro [Senza Dio. Del buon uso dell'ateismo, Ed. Longanesi]: "Eu acho que uma sociedade madura – diz – pode viver muito bem sem Deus. O verdadeiro risco atual é o contrário, a meu ver, isto é, os fundamentalismos. De todos os tipos: ideológicos, religiosos e até ateístas. Eu diria que, ao contrário, ainda há pouca laicidade verdadeira e serena: é possível que, para encher as praças de pessoas contrárias à guerra, houvesse a necessidade do apelo de Bergoglio?".
Desconforto igual e contrário ao do outro filósofo Giovanni Reale: "Infelizmente, eu vejo a indiferença desenfreada entre os meus alunos. 'Pseudoproblemas com os quais não queria encher a cabeça', me disse um deles. A teorização da indiferença: o último estágio".
Para o rabino Giuseppe Laras, histórico ponto de referência da comunidade judaica milanesa e italiana, também "na tradição bíblica o fazer e o ser estão inextricavelmente interligados" e "pensar que se pode prescindir da dimensão vertical, desprezando-a ou ignorando-a é a premissa para enfraquecer o impulso ético, o bem-agir". E conclui: "O problema existe em muitos níveis. Se o esforço de ir além do contingente fosse mais difundido e compartilhado, o mundo seria melhor do que é".
Para o escritor católico Luca Doninelli, "não é uma questão só de hoje, penso no rico do Evangelho que respeitava os mandamentos, mas 'não era feliz'... Mas eu não acredito que a questão do sentido por parte das pessoas tenha se apagado. É que é preciso insistir e propor respostas mais profundas".
Por outro lado, há Giulio Giorello, filósofo da ciência que sobre o bom uso do ateísmo centrou todo um livro [Senza Dio. Del buon uso dell'ateismo, Ed. Longanesi]: "Eu acho que uma sociedade madura – diz – pode viver muito bem sem Deus. O verdadeiro risco atual é o contrário, a meu ver, isto é, os fundamentalismos. De todos os tipos: ideológicos, religiosos e até ateístas. Eu diria que, ao contrário, ainda há pouca laicidade verdadeira e serena: é possível que, para encher as praças de pessoas contrárias à guerra, houvesse a necessidade do apelo de Bergoglio?".
Desconforto igual e contrário ao do outro filósofo Giovanni Reale: "Infelizmente, eu vejo a indiferença desenfreada entre os meus alunos. 'Pseudoproblemas com os quais não queria encher a cabeça', me disse um deles. A teorização da indiferença: o último estágio".
Para o rabino Giuseppe Laras, histórico ponto de referência da comunidade judaica milanesa e italiana, também "na tradição bíblica o fazer e o ser estão inextricavelmente interligados" e "pensar que se pode prescindir da dimensão vertical, desprezando-a ou ignorando-a é a premissa para enfraquecer o impulso ético, o bem-agir". E conclui: "O problema existe em muitos níveis. Se o esforço de ir além do contingente fosse mais difundido e compartilhado, o mundo seria melhor do que é".
Com tradução de Moisés Sbardelotto para IHU On-line.
fonte: Paulopes
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