Não, não vou falar do filme NOÉ. Afinal, já tem muita gente falando e dando opinião a respeito dele. Mas confesso que vou pegar a "onda" (desculpe o trocadilho atroz) e repostar um texto que traduzi, que ronda a Internet ,e tropicalizei-o às condições peculiares de nossa terrinha...
Um amigo meu, sobrevivente da grande cheia recifense de 1975, teve um pesadelo. Ele testemunhava o que ocorria com Noé, só que o patriarca morava no Brasil, nos nossos dias:
-----------------------------------------
Solano Portela, no O Tempora! O Mores!
-----------------------------------------
Solano Portela, no O Tempora! O Mores!
Noé nunca tinha visto chuva em sua vida e fica espantado quando ouve uma voz retumbante dizendo: “Em um ano eu farei chover sobre toda a terra. Ela será coberta com água até que tudo esteja destruído, começando aí no Brasil, mas quero que você salve os justos e dois espécimes de cada animal. Assim, estou lhe comandando a construir uma ARCA”!
No meio de um relâmpago, num piscar de olhos, caem às mãos de Noé os desenhos e todas as especificações da Arca a ser construída.
Tremendo de pavor, Noé pega o projeto e concorda com a construção da Arca. “Lembre-se”, diz a voz, “Você tem que terminar a Arca e ter tudo e todos a bordo dentro de um ano”.
Passa-se exatamente um ano, no sonho, e uma tormenta monumental cobre toda a terra. Os mares estão agitados e tumultuados, mas Noé está sentado no terreno de sua casa, chorando!
“Noé”, ressoa novamente a voz, “onde está a ARCA”?
“Perdoe-me”, clama Noé. “Fiz o que eu pude, mas os problemas foram terríveis”!
“Primeiro, eu tive de obter uma licença de construção e o projeto da Arca não se enquadrava no código naval, nem estava assinado por um engenheiro credenciado na Marinha. Tive que contratar uma firma especializada para redesenhar tudo”!
“Depois, fiquei sabendo que o Distrito Naval havia feito um convênio de segurança e entrei numa questão judicial com o CONTRU, pois insistiam que a Arca precisava de uma sistema de ‘sprinklers’ contra incêndios e, além disso, a Capitania dos Portos exigia uma enormidade de coletes-salva-vidas”.
“Ai o meu vizinho ligou para o ‘Psiu’ dizendo que eu estava fazendo muito barulho e depois para a prefeitura, alegando que a construção da Arca no quintal da frente, violava o zoneamento da Capital. Tive que estar presente a cinco audiências na comissão de planejamento municipal até conseguir um certificado de exceção, para dar andamento ao projeto”.
No meio de um relâmpago, num piscar de olhos, caem às mãos de Noé os desenhos e todas as especificações da Arca a ser construída.
Tremendo de pavor, Noé pega o projeto e concorda com a construção da Arca. “Lembre-se”, diz a voz, “Você tem que terminar a Arca e ter tudo e todos a bordo dentro de um ano”.
Passa-se exatamente um ano, no sonho, e uma tormenta monumental cobre toda a terra. Os mares estão agitados e tumultuados, mas Noé está sentado no terreno de sua casa, chorando!
“Noé”, ressoa novamente a voz, “onde está a ARCA”?
“Perdoe-me”, clama Noé. “Fiz o que eu pude, mas os problemas foram terríveis”!
“Primeiro, eu tive de obter uma licença de construção e o projeto da Arca não se enquadrava no código naval, nem estava assinado por um engenheiro credenciado na Marinha. Tive que contratar uma firma especializada para redesenhar tudo”!
“Depois, fiquei sabendo que o Distrito Naval havia feito um convênio de segurança e entrei numa questão judicial com o CONTRU, pois insistiam que a Arca precisava de uma sistema de ‘sprinklers’ contra incêndios e, além disso, a Capitania dos Portos exigia uma enormidade de coletes-salva-vidas”.
“Ai o meu vizinho ligou para o ‘Psiu’ dizendo que eu estava fazendo muito barulho e depois para a prefeitura, alegando que a construção da Arca no quintal da frente, violava o zoneamento da Capital. Tive que estar presente a cinco audiências na comissão de planejamento municipal até conseguir um certificado de exceção, para dar andamento ao projeto”.
"Quando a ARCA estava com a estrutura pronta, passou um protesto pela frente da minha rua e os Black Blocs tocaram fogo nela, enquanto a polícia olhava de longe, 'protegendo' os manifestantes. Sem chuva, tive um trabalho enorme para apagar o fogo".
“Tive problemas na compra de madeira para construir a Arca em função da proibição de corte de árvores, para proteção do mico-leão na Mata Atlântica. Finalmente, consegui convencer a Secretaria Estadual de Proteção à Fauna e Flora que eu precisava da madeira EXATAMENTE para salvar o mico-leão, mas a Polícia Florestal não me deixou pegar um casal de micos-leão. Sem mico-leão, não havia o que salvar”.
“Os marceneiros que eu havia contratado foram visitados pelo carro de som do Sindicato dos Trabalhadores em Madeira que convenceu-os a procurar a proteção do Sindicato. Na semana seguinte, fizeram uma greve, querendo intervalos para lanche de 2 em 2 horas e recusando-se a trabalhar horas extras. Tive de negociar até com a CUT e agora, em vez dos 8 carpinteiros que contratei quando comecei, tenho 16, que trabalham 5 horas a menos por semana do que os 8 que eu tinha, no início. E ainda não tenho os micos-leão”.
“Quando comecei a juntar os outros casais de animais, fui interpelado judicialmente pela Associação de Proteção aos Animais. Eles argumentavam que eu estava levando somente dois de cada espécie, o que provocaria solidão indevida – caso um dos parceiros rejeitasse o outro, além de confinamento desumano, pelo período em que permaneceriam na Arca”.
“Assim que consegui descaracterizar a legitimidade desse processo, o Ministério do Meio Ambiente, lá de Brasília, me intimou dizendo que eu não poderia completar a construção da Arca, sem dar entrada em um Estudo de Impacto Ambiental do Dilúvio que eu estou anunciando. Disseram que nem o Rodoanel de São Paulo, que vai beneficiar 18 milhões de pessoas eles aprovam, quanto mais uma arca que vai servir a uma família e uma porção de animais. Apesar da minha insistência, eles não consideraram com seriedade meus argumentos de que eles não teriam jurisdição sobre a conduta do Criador. Pensaram até que eu estava falando do Presidente da República”.
“Em paralelo, o Ministério do Exército ficou sabendo dos planos de construção da Arca. As pessoas lá acharam que a questão do dilúvio era prejudicial à segurança nacional e me pediram um desenho detalhado da proposta do dilúvio. Eu enviei para eles um globo terrestre, que eu tinha lá em casa, mas ficaram ofendidos, achando que eu estava ‘tirando sarro’ deles e ameaçam mandar uns Brucutus, aqui para frente de minha casa, para impedir o andamento do projeto”.
“Atualmente estou empenhado em resolver um problema com a Comissão de Direitos Humanos, da Câmara dos Deputados. Eles me acusam de discriminação e exigem que, dentro da arca, eu tenha um número idêntico de pessoas que sejam descrentes e neguem a Deus. A militância GAY está exigindo a inclusão de um casal representante (do mesmo sexo...), na arca, além de protestarem a seleção de apenas um animal de cada sexo, querem que eu inclua um terceiro, em cada casal”.
“A Receita Federal quebrou o meu sigilo bancário e telefônico e abriu um processo para confiscar todos os meus bens, pois está convencida que estou construindo a Arca para fugir do país e investiga se paguei o IPI, PIS, COFINS e a Contribuição Social sobre o lucro presumido, com os ingressos da Arca”.
“A Secretaria da Fazenda solicita o pagamento de ICMS, pois classificou a Arca como ‘veículo de recreação e entretenimento’, enquanto que o município quer cobrar ISS utilizando exatamente o mesmo raciocínio”.
“Finalmente, fui processado pela Associação de Liberdades Civis por um País LAICO, para que o trabalho na Arca fosse paralisado. A alegação deles é que o Dilúvio que estou anunciando é um evento religioso e que é inconstitucional, considerando a abrangência proposta do evento”.
“Não creio que possa terminar a Arca antes de uns 5 ou 6 anos”, choramingou Noé.
“Tive problemas na compra de madeira para construir a Arca em função da proibição de corte de árvores, para proteção do mico-leão na Mata Atlântica. Finalmente, consegui convencer a Secretaria Estadual de Proteção à Fauna e Flora que eu precisava da madeira EXATAMENTE para salvar o mico-leão, mas a Polícia Florestal não me deixou pegar um casal de micos-leão. Sem mico-leão, não havia o que salvar”.
“Os marceneiros que eu havia contratado foram visitados pelo carro de som do Sindicato dos Trabalhadores em Madeira que convenceu-os a procurar a proteção do Sindicato. Na semana seguinte, fizeram uma greve, querendo intervalos para lanche de 2 em 2 horas e recusando-se a trabalhar horas extras. Tive de negociar até com a CUT e agora, em vez dos 8 carpinteiros que contratei quando comecei, tenho 16, que trabalham 5 horas a menos por semana do que os 8 que eu tinha, no início. E ainda não tenho os micos-leão”.
“Quando comecei a juntar os outros casais de animais, fui interpelado judicialmente pela Associação de Proteção aos Animais. Eles argumentavam que eu estava levando somente dois de cada espécie, o que provocaria solidão indevida – caso um dos parceiros rejeitasse o outro, além de confinamento desumano, pelo período em que permaneceriam na Arca”.
“Assim que consegui descaracterizar a legitimidade desse processo, o Ministério do Meio Ambiente, lá de Brasília, me intimou dizendo que eu não poderia completar a construção da Arca, sem dar entrada em um Estudo de Impacto Ambiental do Dilúvio que eu estou anunciando. Disseram que nem o Rodoanel de São Paulo, que vai beneficiar 18 milhões de pessoas eles aprovam, quanto mais uma arca que vai servir a uma família e uma porção de animais. Apesar da minha insistência, eles não consideraram com seriedade meus argumentos de que eles não teriam jurisdição sobre a conduta do Criador. Pensaram até que eu estava falando do Presidente da República”.
“Em paralelo, o Ministério do Exército ficou sabendo dos planos de construção da Arca. As pessoas lá acharam que a questão do dilúvio era prejudicial à segurança nacional e me pediram um desenho detalhado da proposta do dilúvio. Eu enviei para eles um globo terrestre, que eu tinha lá em casa, mas ficaram ofendidos, achando que eu estava ‘tirando sarro’ deles e ameaçam mandar uns Brucutus, aqui para frente de minha casa, para impedir o andamento do projeto”.
“Atualmente estou empenhado em resolver um problema com a Comissão de Direitos Humanos, da Câmara dos Deputados. Eles me acusam de discriminação e exigem que, dentro da arca, eu tenha um número idêntico de pessoas que sejam descrentes e neguem a Deus. A militância GAY está exigindo a inclusão de um casal representante (do mesmo sexo...), na arca, além de protestarem a seleção de apenas um animal de cada sexo, querem que eu inclua um terceiro, em cada casal”.
“A Receita Federal quebrou o meu sigilo bancário e telefônico e abriu um processo para confiscar todos os meus bens, pois está convencida que estou construindo a Arca para fugir do país e investiga se paguei o IPI, PIS, COFINS e a Contribuição Social sobre o lucro presumido, com os ingressos da Arca”.
“A Secretaria da Fazenda solicita o pagamento de ICMS, pois classificou a Arca como ‘veículo de recreação e entretenimento’, enquanto que o município quer cobrar ISS utilizando exatamente o mesmo raciocínio”.
“Finalmente, fui processado pela Associação de Liberdades Civis por um País LAICO, para que o trabalho na Arca fosse paralisado. A alegação deles é que o Dilúvio que estou anunciando é um evento religioso e que é inconstitucional, considerando a abrangência proposta do evento”.
“Não creio que possa terminar a Arca antes de uns 5 ou 6 anos”, choramingou Noé.
Noé olhou para o céu e viu a tempestade clareando. O mar começou a se acalmar. Um arco-íris formou-se de ponta a ponta. Noé levantou-se, esperançoso: “Isso quer dizer que a terra não vai mais ser destruída?” “Não”, exclamou a voz, “Os governantes já fizeram isso, completamente”!
Meu amigo acordou, suando...
Nenhum comentário:
Postar um comentário