“E no 4,5 bilionésimo ano o homem disse:que haja deus”
Justin Thomas
“Se 5 bilhões de pessoas acreditam em uma coisa estúpida, essa coisa continua sendo estúpida.”
Anatole France
“Governar acorrentando a mente através do medo da punição é tão baixo quanto usar a força”
Hipácia
“Afirmar que “deus fez isso” não é nada mais do que uma admissão de ignorância vestida enganadoramente como uma explicação”
Peter Atkings
“A bíblia prova a existência de deus tanto quanto o gibi a do super homem”
(desconheço o autor)
“Não sou ovelha para ter pastor nem escravo para ter senhor”
(desconheço o autor)
“Deus, um delírio” é um livro do emérito cientista Richard Dawkins que em muito me ajudou a compreender o que eu, como tantas pessoas, já desconfiavam: a inexistência de qualquer espécie de deus, não importando as características a ele atribuídas. Deus finalmente foi recolocado em seu lugar de origem, a saber, rente às fadas, aos espíritos, aos fantasmas, aos papais-noeis e similares.
Como a grande maioria das pessoas, eu herdei a tradição de se acreditar na existência de um deus. Sem ousar contestar, sem ousar fazer perguntas, como se fosse mesmo uma ditadura, onde não se pode apontar o dedo para o ditador sem que sua vida corra perigo. Já não bastando essa ignorância dos conhecidos, ainda havia aquele apavorante mito do inferno… Quantos sabem que essa besteira sequer foi concebida por cristãos? Antes de existir o primeiro seguidor de Jesus na Terra, povos tão ou mais inteligentes, criativos, já haviam elaborado esse local para onde as almas iriam passar a eternidade, em sofrimento, é claro. Eu como boa católica, de família católica praticante, fui batizada, freqüentei aulas de preparação, fiz a primeira eucaristia, ia a todas as missas ou cultos dominicais, estava na primeira fila, aliás… Com todo meu coração fazia meus louvores a deus, com todo aquele fervor que você, leitor, também faz, afinal, deus estava me ouvindo, onisciente, estava em todos os lugares, e eu obedecia e temia…
Qual foi o primeiro livro que eu li na vida? “Cânticos e Louvor”, e o segundo? A Bíblia, tida pelos cristãos como “sagrada”. Do jeito que os padres em geral adoram, eu tomei minha leitura: novamente sem contestação, sem perguntas, como uma boa cordeira. Ali então topei com os milagres, com aqueles feitos do homem Jesus transpirando a uma bondade que de tão impressionantes beirava a fábula, mas ainda assim, claro, eu não ousava questionar, e me encantava. Eu segui esse caminho até minha adolescência, e ao contrário do que se pode imaginar, eu não me rebelei, na verdade eu decidi seguir o caminho religioso! Fiz minha crisma e fui para um internato em colégio católico para que pudesse assim me dedicar exclusivamente a deus.
Ali, em local simbolicamente sagrado, onde minha fé deveria se fanatizar ainda mais, entretanto, as coisas mudaram de rumo. Eis que as “servas do Senhor” não eram mais do que humanas… e com isso quero dizer, malgrado a humanidade, que eram pessoas de certa forma más, mesquinhas, de mente obtusa, com um prazer mórbido por humilhar… e em nome de deus.
O que pensei? Que deus nada tinha a ver com isso! Se a humanidade, ou melhor, os que se dizem religiosos, são pessoas ruins… o que “Ele” teria a ver? Hoje percebo que eu mais estava querendo manter uma ilusão protegida do que encarar a realidade. A Bíblia é um livro repleto de contradições. A Bíblia é um conjunto de livros que ao longo dos séculos foram tão alterados, mas tão alterados, que qualquer pesquisa mais séria já a desmente como palavra direta de um deus. E quando se é são, quando se cria coragem, percebemos que há muita, mas muita coisa errada nesse livro…
O próximo efeito que a reflexão causa em quem passa a vida apenas crendo é o temor. Eu comecei a me achar uma pessoa terrível e tive de lutar comigo mesma para realmente me libertar. Não há segredo: tive de pesquisar, tive de contatar pessoas que não eram de nenhuma religião para poder ter uma boa conversa, tive de criar uma coragem, uma disposição, enorme para mim.
Não foi uma questão de seleção do que eu quero que seja verdade “para mim”, eu não quis e nem quero inventar uma nova religião que me agrade. Como nós vemos e ouvimos tão frequentemente: “A religião que mais me agrada é…”. Não. Eu compreendi que no fim das contas o ateísmo, explicado tão bem pelo Richard Dawkins em seu livro, era uma evidência, e não um “tiro no escuro”. A religião que um dia me deixou amarga, aquela religião que nos adoece desde criança, ela é muito mais perigosa do que qualquer pessoa comum pode supor… ou está disposta a confirmar. Mas o que é exatamente o ateísmo? É algo novo? É uma posição filosófica recente? É algo inventado por cientistas atuais? O assunto é muito mais vasto do que se pode imaginar.
Fonte: Guia São Luiz
// E você o que acha?
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