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terça-feira, 11 de março de 2014

“Mostramos Jesus de calça jeans e não de fraldas”, diz diretor de ópera rock

Em meio às criticas de religiosos, "Jesus Cristo Superstar" estreia nestas sexta-feira (14), no Teatro Tomie Ohtake (foto: Divulgação)Em meio às criticas de religiosos, “Jesus Cristo Superstar” estreia nestas sexta-feira (14), no Teatro Tomie Ohtake (foto: Divulgação)
Publicado no UOL
A versão brasileira do espetáculo “Jesus Cristo Superstar” estreia no próximo dia 14 de março em meio a polêmicas com religiosos, quarenta e três anos após o lançamento da obra original nos EUA com letras de Tim Rice e música de Andrew Lloyd.
A Associação Devotos de Fátima recentemente publicou em seu site oficial uma petição endereçada à Ministra da Cultura Marta Suplicy para impedir a estreia do espetáculo no Teatro Tomie Ohtake, sob a alegação de que “não se pode promover com o dinheiro dos contribuintes atentados contra a fé dos brasileiros sob pretexto de promover a cultura”. A petição já conta com mais de 32 mil assinaturas e busca chegar ao número de 50 mil. Com produção da gigante do entretenimento nacional T4F, “Jesus Cristo Superstar” teve captação de recursos via Lei Rouanet.
Com Igor Rickli no papel do protagonista, Negra Li como Maria Madalena e Alírio Netto como Judas Iscariotes, a clássica peça de ópera-rock aborda a última semana de vida de Jesus Cristo na Terra – da chegada a Jerusalém ao momento de sua crucificação. “É uma obra com aspecto transgressor e jovem, e a expressão de rebeldia é universal e atemporal”, disse o diretor Jorge Takla, durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda (10).
Takla ainda afirmou não se chocar com as críticas. “O Brasil é um Estado laico. Eu, por exemplo, sou católico praticante e uma peça como esta não abala a minha fé. Por ser uma obra de arte, é natural que ela gere polêmica. As pessoas podem se incomodar e achar o que quiserem. Mas vamos continuar trabalhando”, argumentou.
Quando questionado se a foto de divulgação do espetáculo não mostra Jesus de uma forma mais sexual - com Rickli usando apenas a coroa de espinhos e uma calça jeans -, o diretor rebateu. “Nós respeitamos a imagem que nos foi passada pela própria Igreja. É Jesus sem camisa. E na original ele ainda usa uma fraldinha e nós colocamos uma calça jeans”, disse, referindo-se ao pano utilizado para cobrir a região do quadril de Jesus durante sua crucificação.
“Senti abordagens diferentes. Tem pessoas que gostam e existem as que não gostam”, comentou Rickli. “Isso de estar sem camisa é tabu. Cada um tem a sua versão para Jesus e nesse trabalho foquei nesse personagem que transmite amor às pessoas. Sempre fui muito espiritual, então a pesquisa não foi difícil, mas precisei reforçar os estudos de canto. O teatro musical permite que o artista consiga expandir seu trabalho”
De acordo com o diretor, a ideia era criar um espetáculo mais autoral, já que ”Jesus Cristo Superstar” nasceu em meio à contracultura e ao movimento hippie dos anos 60 e 70. “Buscamos abordar a peça de forma mais clean, elegante e mais atual. A versão de Vinicius de Moraes que estreou no Brasil em 1972 ainda trazia a estética hippie em peso. Nós quisemos mudar isso. Nos figurinos, trouxemos itens contemporâneos, como o jeans e os coturnos, e na parte de cima dos vestuários os elementos bíblicos”, explicou Takla.
Em termos de sonoridade, a diretora musical Vânia Pajares destaca que manteve as mesmas estruturas das canções originais, mas com abordagem acentuadamente rock’n'roll. “Muita coisa aconteceu na música nos últimos 40 anos, então trabalhamos com tudo isso. Tem muita farofa dos anos 80 também (risos)”, afirmou.
Negra Li, já conhecida do público como cantora, assume o posto de Maria Madalena e comenta as semelhanças do papel com os tempos de rapper integrante do grupo RZO. “Voltei à fase da minha vida em 1996, com a postura de mulher forte no rap porque essas mulheres que seguem Jesus são guerreiras, estão com ele por uma causa”, afirmou.
(foto: Divulgação)
(foto: Divulgação)

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