publicado iOnline
Em 2010 existiam 2,18 mil milhões de cristãos no mundo, cerca de um 
terço da população mundial. O número não é novo para os estudiosos, já 
que há cem anos a percentagem de fiéis do cristianismo em todo o mundo 
era quase a mesma. A novidade, avançada esta semana num estudo global do
 Pew Research Center, é que hoje, ao contrário de em 1910, os cristãos 
deixaram de estar maioritariamente concentrados na Europa. “O 
cristianismo hoje – ao contrário de há um século – é verdadeiramente uma
 fé global”, lê-se no relatório “Cristianismo Global” do Fórum para a 
Religião e Vida Pública do think tank norte-americano.
A Europa, em tempos o continente cristão por excelência, não tem hoje nenhum país no top 3 dos países com mais cristãos entre as suas populações, pódio que é ocupado pelos Estados Unidos, pelo Brasil e pelo México, por esta ordem. Das três grandes correntes cristãs, os católicos representam 50% do total de cristãos, seguidos dos protestantes (36,7%) e dos ortodoxos (11,9%).
“A baliza do século xx 
foi a grande escolarização, que aparentemente terá levado o mundo a 
tornar-se menos religioso. Pelo contrário, o crescimento [do 
cristianismo] tem sido brutal em alguns países de África, como na 
América Latina e na Ásia. Na Europa é que não cresce”, reagiu ao i Tiago de Oliveira Cavaco, pastor evangélico baptista em S. Domingos de Benfica.
E porque não na Europa?, perguntamos ao – para os efeitos deste artigo –
 representante da corrente protestante em Portugal. “Porque parece haver
 um certo alheamento religioso europeu. Dou--lhe um exemplo: em 2006 
comemoraram-se os cem anos do movimento pentecostal, mas em Portugal, 
por exemplo, mal foi falado. E muito à conta [deste movimento] é que o 
cristianismo tem crescido no mundo. O protestantismo é muito diverso e 
em Portugal é desconhecido, e depois mete-se tudo no mesmo saco, com as 
Igrejas Universais do Reino de Deus, de Maná...”
Porque falamos de religião, é preciso deixar margem à subjectividade. 
Mas tanto o pastor baptista como o padre Manuel Morujão, porta-voz da 
Conferência Episcopal da Igreja Católica Portuguesa, concordam que os 
dados do Pew Center têm uma base óbvia. “A sociedade vai mudando nos 
vários quadrantes do mundo. É natural que também mude a adesão ou a 
falta dela à vida cristã ou religiosa. A história não é rectilínea e a 
uma baixa [de fé], neste caso na Europa, corresponde uma subida, por 
exemplo em África”, explica ao i Morujão.
Na realidade, África só aparece no top 10 do relatório com um país em 
sexto lugar, a Nigéria – em que 50,8% da população é cristã, o que 
representa 3,7% dos cristãos do mundo. Em maior destaque surge a 
República Democrática do Congo, em oitavo lugar, com a percentagem mais 
elevada de cristãos (95,7%) em relação ao total dos naturais.
“O cristianismo não é feito de anjos que vivem num ambiente 
climatizado”, explica o padre Morujão entre risos. “Existe uma 
interactividade da sociedade com as religiões que está em constante 
mudança.” O pastor Tiago Cavaco acrescenta: “Quando olhamos para a 
história, reparamos que há sempre um casamento de circunstância entre 
sociedade e religião em alturas de crise, em que aquilo que as pessoas 
davam por adquirido se perde, nestas ocasiões que representam 
oportunidades, mesmo em comunidades religiosas pequenas. A crise é uma 
altura decisiva.” Outro ponto em que padre e pastor concordam, 
sustentado por estudos recentes. Nos últimos cinco anos, o número de 
portugueses que abandonaram vidas laicas para seguirem a sua fé 
religiosa aumentou (talvez impulsionados pelo timing da crise financeira
 internacional).
No relatório do Pew Center, contudo, Portugal surge apenas em mapas 
representativos da distribuição específica do cristianismo no mundo, 
ainda que os números que lhe são atribuídos continuem a ser estrondosos 
do ponto de vista nacional. De acordo com o estudo, 94,7% dos 
portugueses são cristãos (0,4% da população cristã mundial); mesmo sem 
lugar nos pódios, é percentagem com relevância numa sociedade dita 
laica.
/// Maranatas!!!! \o/

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