Google+

"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história." Bill Gates

Compartilhe

terça-feira, 31 de julho de 2012

'Achava impossível mudar', diz ex-travesti que hoje é pastor em MT


publicado originalmente no G1
Pastor diz ajudar quem quer voltar a ser hétero através de associação.
Para Joide Miranda, homossexualidade pode ser desaprendida.
Joide e Édna estão casados há 14 anos e tem Pedro, de um ano e 11 meses. (Foto: Pollyana Araújo/ G1)
Acompanhado da mulher e do filho de 1 ano, o pastor evangélico Joide Miranda, de 47 anos, que até os 26 era travesti, afirma que é possível deixar de ser homossexual. A partir de sua experiência pessoal, ele decidiu ajudar quem quer voltar a ser hétero, por meio da Associação Brasileira de ex-Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABexLGBTTs). “A homossexualidade é um vício que, muitas vezes, vem desde a infância. Achava que era impossível mudar, mas é uma conduta que pode ser desaprendida”, diz o pastor.
O trabalho da associação vai contra a posição do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que orienta profissionais da área a não colaborar com serviços que ofereçam tratamento e cura para homossexualidade e não reforçem preconceitos sociais já existentes em relação ao tema.
Joide retirou silicone dos seios e dos quadris após
a conversão. (Foto: Arquivo pessoal)
Joide Miranda, que aos 14 anos assumiu a homossexualidade e agora se diz “completamente restaurado”, pontua que o trabalho que desenvolve busca a cura e a mudança a partir da espiritualidade e da experiência de vida dele, embora avalie que a psicologia seria importante nesse processo. “Aqueles que querem deixar o estado da homossexualidade dizem que me veêm como referência”, afirma o pastor, que depois da mudança retirou as próteses de silicone dos seios e o silicone industrializado dos quadris.
Ele explica que a entidade, que foi regulamentada em novembro do ano passado, dá suporte emocional a pessoas de vários lugares, inclusive do Japão, Espanha e França. Até hoje, segundo ele, mais de 500 homossexuais o procuraram. O pastor diz que os maiores motivos alegados para querer deixar a homossexualidade são a solidão e a insatisfação. “Fazemos acompanhamento por telefone, mas pretendemos abrir uma casa de apoio, uma espécie de albergue, para podermos auxiliá-los melhor”, conta o pastor, que mora em Cuiabá com a família.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Neopentecostais transformam a religião evangélica em um grande Mc Donald's da fé


O sociólogo Eduardo Guilherme de Moura Paegle afirmou que as igrejas neopentecostais brasileiras se organizaram nos moldes de uma empresa de fast-food, em um processo que ele chama de “McDonaldização” da fé cristã.

Quem entrar em um templo da Igreja Universal, por exemplo, disse, encontrará a mesma estrutura administrativa e os mesmos cultos, com pouquíssimas variações, quer onde esteja, em São Paulo, Lisboa ou alguma capital africana.

“É como pedir um lanche Big Mac”, afirmou Paegle, que é doutorando pela Universidade Federal de Santa Catarina. “Vale tudo, até pregação pelo celular.”

Ele observou que, assim como os restaurantes de comida rápida, os templos da Universal oferecem várias celebrações durante o dia para pegar quem não tem horário disponível nos horários tradicionais de culto. “Se o fiel dispõe de pouco tempo, é possível dar ao menos uma passadinha no Drive-Thru da Oração.”

Paegle foi um dos estudiosos que a Carta Capital ouviu para compor a reportagem publicada nesta semana sobre a “avalanche evangélica” anunciada recentemente pelo IBGE.

A revista dá destaque para a possibilidade de os evangélicos passarem a representar um terço da população em dez anos. Ainda assim dificilmente a maioria da população se tornará evangélica em algum momento, na avaliação do sociólogo inglês Paul Freston, estudioso sobre o Brasil e professor da Universidade de Wilfrid Laurier, no Canadá.

Freston argumentou que o avanço evangélico vai até certo ponto porque o declínio da Igreja Católica tem um limite. “Há um núcleo sólido que não vai desaparecer.”

Cinco coisas que preciso fazer antes dos 40 anos


Arte de Van Dongen
originalmente publicado no Blog do Carpinejar
Por um golpe do acaso, reencontrei minha agenda de estudante da 8ª série. Estava dentro da caixa dos troféus e medalhas de futebol, na garagem.
Cometi o erro de abri-la. Não se mexe em arquivos impunemente. Não dá para passar os olhos e deixar por isso mesmo. Somos absorvidos, tragados pela curiosidade da comparação. Os cinco minutinhos destinados ao assunto se transformam em dez horas. Nem notamos o dia migrar para a noite. Interrompemos uma encomenda urgente, apagamos reuniões, desaparecemos para a família, seduzidos pela nossa caligrafia desgovernada e antiga.
O que me espantou é que havia uma cartinha presa com clipe nas costas do volume: Cinco coisas que desejo fazer antes dos 40 anos.
(Em tempo, completo 40 anos em outubro. Não duvido que não tenha programado meu corpo a procurar a agenda perto do aniversário. Foi um alarme posto na memória para soar num prazo de vinte e sete anos.)
Mas por que 40, e não 30? Juntei as pontas e identifiquei que era a idade de meus pais na época.
Eu gargalhei quando li o que esperava de mim em 2012:
1) Saltar de paraquedas.
2) Não casar.
3) Conhecer Tóquio.
4) Aprender francês e italiano.
5) Ser milionário com a indústria de cinema.
Tive 100% de fracasso. Não cumpri nenhuma das alternativas. Assinei o atestado de incompetência perante aquele adolescente disposto a ganhar o mundo.
E me deu orgulho. Fiquei orgulhoso da decepção. Ri emocionado de minha invalidez estratégica, da minha nulidade profética.
Foi um sinal de saúde. Quem cumpre objetivos é neurótico.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Minha vida não é um livro clichê




por Isabela Barbosa*
Há mais ou menos uma semana, eu e minha mãe acabávamos de chegar a Belém. O primeiro lugar que visitamos, foi o Shopping Pátio Belém. Logo ao entrar, fomos a uma das lojas de destaque do shopping, que ocupava quase o piso todo. E de que era o primeiro setor? Adivinhem? Livros. Uma paixão que tenho desde que me aventurei pelo mundo das letras. A loja continha várias e várias estantes lotadas de diferentes títulos, capas e autores. Um verdadeiro céu para aqueles que apreciam as obras literárias dos mais variados tipos.
Minha mãe não hesitou e logo andou até aqueles volumes enormes que tratam de todos os tipos de leis e dizem respeito à sua profissão, a de advogada. Eu, varrendo a livraria com os olhos, a acompanhei.
Entendendo dos temas dos livros que via, mamãe começou a folheá-los. De um por um. TRT, TRJ, STJ… tanto faz. Minha cabeça estava distante dali, mais interessada no que tocava em meus fones de ouvido.
Então mamãe me cutucou. Eu olhei. Ela estava apontando para algumas estantes do outro lado da loja. Não precisei nem perguntar o motivo, a placa que trazia consigo “LIVROS INFANTO-JUVENIL” já era autoexplicativa.
Eu andei até lá, e à medida que me aproximava dos tantos livros da tal categoria, via os nomes dos ‘milhares’ de autores daqueles livros. Milhares, lê-se: dois. Ou melhor, duas. Duas autoras.
Os únicos nomes que se podiam enxergar eram: Meg Cabot e Thalita Rebouças.
Vergonha. Ah, o amargo gosto da vergonha. Foi exatamente isso que eu senti ao ver dois nomes tão ridiculamente mesquinhos representando toda uma faixa etária.

É só lá que Deus fala?


Juliana Dacoregio, capturado no Pavablog

Estou na casa de uns amigos depois de alguns dias difíceis. Tentando colocar a cabeça e outras coisas no lugar. Toca o telefone. Uma pessoa muito querida me convidando para ir ao culto.
 - Oi July, vamos ao culto comigo?
- Não, Cassia, prefiro ficar por aqui hoje. Depois das últimas 48 horas, só agora é que estou conseguindo parar de repassar todos os acontecimentos, só agora estou sentindo um pouco de paz.
- Mas, então, vamos ao culto! Você vai sentir a verdadeira paz.
- Olha amiga, acho melhor não. Sei que posso ouvir palavras que preciso, mas também sei que dependendo da pregação pode acabar dando um nó ainda maior na minha cabeça.
- Mas Ju, tu sabe que tu estás precisando. Deus vai falar contigo hoje lá. É agora mesmo que tu deves ir.
- Cassia… Deus pode falar comigo aqui também.
- Por quê? Você vai abrir a Bíblia? Vai orar?
- Não, não vou. Mas era só assim que Jesus falava com as pessoas? Ele sabe que estou precisando ouvi-lo, que estou precisando Dele. Ele não é poderoso pra usar situações corriqueiras no lugar onde estou para falar comigo ou dar paz ao meu coração?
- Olha, July, cuidado com esse engano.
Diálogo conhecido por qualquer um no meio evangélico, tanto os que estão de um lado quanto de outro. Sempre uma questão problemática. Esse “engano” seria o fato de faltar a um culto e esperar que Deus me toque, não através da Bíblia, mas talvez em um filme que eu assista, um livro que estou lendo, um texto que eu for escrever, ou mesmo brincando com as crianças, estando perto da família… Por que o Nosso Grande Pai não poderia me trazer revelações apenas enquanto olho as crianças brincarem?
Poderia sim, e pode! Foi assim que Ele me trouxe de volta ao Caminho. Quem sou eu pra colocar Deus numa caixinha, onde só quando eu a abrir, Ele poderá me tocar? Deus fala das mais diferentes formas e nos lugares mais inusitados. Ele já me trouxe revelações incríveis em momentos inesperados. Foi assim que acabei me entregando novamente. Foi nessa liberdade que o Espírito Santo possui de pegar banalidades do dia-a-dia e nos fazer sentir Sua presença que, pouco a pouco, aceitei novamente que Deus é real e não apenas uma ideia criada pelo ser humano.

Ajudar pobres é ‘desvio’ de recurso da igreja, diz site de R.R. Soares



Pesquisa no Google mostra texto que o site deletou
Paulo Roberto Lopes, no blog Paulopes - capturado no Pavablog
Na seção “Missionário Responde”, o site de R.R. Soares afirmou que a igreja não deve ajudar os pobres, porque significaria desvio dos recursos da evangelização. Para a Igreja Internacional da Graça de Deus, é o governo que tem de recorrer os necessitados, porque arrecada imposto para isso.
Esse esclarecimento sumiu do site (ele estava na página www.ongrace.com/NP/rr/lerResposta.php?id=3355), mas até a manhã de hoje (26) aparecia na busca do Google, nos seguintes termos: “O que não concordamos é em desviar os recursos humanos e financeiros destinados à evangelização e à proclamação da Palavra, para atender aos necessitados do mundo. Primeiro que o governo arrecada impostos justamente para fazer isso (e ele não vai pregar o Evangelho para ajudar a igreja).”
Que as igrejas neopentecostais não ajudam os pobres — elas os exploram — é público e notório, mas até agora nenhuma delas tinha admitido isso com tanta franqueza, ao menos por alguns instantes.
A afirmação de que a ajuda aos pobres cabe ao governo mostra como os pastores dessas igrejas se livram de algum eventual sentimento de culpa pela sua omissão.
As igrejas desfrutam de isenção de impostos justamente porque se pressupõe que prestam um serviço de assistência espiritual e material aos pobres, de acordo com os princípios cristãos.
Mas essa isenção — como também se sabe — tem servido tão somente para o enriquecimento desses pastores e a construção de imponentes templos.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Rompendo a redoma da igreja




Por Hermes C. Fernandes, no seu blog

“Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte anunciando a palavra.” Atos 8:4

Um organismo precisa respirar para continuar vivo. A respiração é um movimento de mão dupla. Inspiramos e expiramos. O ar entra por nossas narinas, atravessa nossa traquéia, e enche nossos pulmões, para depois ser devolvido à atmosfera.

Tente manter o ar preso em seus pulmões por alguns segundos. Você vai ficando vermelho, seus olhos começam a lacrimejar, até que você não agüenta mais e solta o ar.

Não é simplesmente do ar que necessitamos, mas da entrada e saída ininterrupta deste ar. Sem ar pra respirar, morremos. E prendendo o mesmo ar dentro de nós, também morremos.

A igreja de Cristo é um organismo vivo que também necessita respirar.

Em Seu discurso de despedida, Jesus garantiu aos Seus discípulos que lhes enviaria o Espírito Santo a fim de fossem capacitados sobrenaturalmente a dar testemunho do Evangelho:

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At.1:8).

A palavra traduzida neste texto por ‘poder’ é dinamus, que dá origem a alguns vocábulos em português, como dinamismodinâmica e até dinamite. Dinamus significa poder em movimento.

O Espírito Santo não apenas capacitaria os discípulos a testemunhar, como também os levaria a lugares e circunstâncias jamais imaginadas por eles, para que cumprissem a sua missão.

O mesmo Espírito que nos atrai a Cristo, nos transforma, também nos envia ao mundo.

Narrando sua experiência de conversão perante o rei Agripa, Paulo diz que Jesus se lhe apareceu, dizendo: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Agora levanta-te e põe-te em pé. Eu te apareci por isto, para te fazer ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda. Eu te livrarei deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio, para lhes abrir os olhos, e das trevas os converter à luz...” (At.26:15b-18a).

Observe que a comissão de Paulo se deu no exato momento de sua conversão.

O dinamus do Espírito exerce na igreja uma força centrípeta e centrífuga. Ele atrai, transforma e imediatamente envia.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Um Deus que sofre

Por Ed René Kivitz, no seu site

O relacionamento entre Deus e a pessoa – raça humana, baseado no paradigma salvação e danação – ir para o céu ou para o inferno, pode ser interpretado pelo menos de duas maneiras. A maneira mais tradicional foi bem caricaturada pelo meu amigo Ricardo Gondim em sua “metáfora da festa”, que apresenta um Deus furioso dizendo à raça humana algo mais ou menos assim: “Vocês estragaram a minha festa, e eu vou estragar a festa de vocês. Sairei atrás de vocês com um chicote em punho, ferindo de morte todos os que se rebelaram contra mim e mostrarei quem tem a autoridade e o poder no mundo. Pouparei alguns poucos para dar ao universo um vislumbre de minha misericórdia, bondade e graça, e não terei piedade do restante da raça, que amargará no inferno, por toda a eternidade, a escolha errada que fez ao abandonar a minha festa”.

Essa descrição tradicional, que chamo de “paradigma moral”, compreende o pecado como um ato de desobediência que desperta a ira de Deus. Mas há outra maneira de perceber a relação entre Deus e a pessoa humana, que chamo “paradigma ontológico”. A metáfora do corpo pode ajudar. Imagine que Deus e a raça humana são uma unidade em que Cristo é o/a cabeça e a raça humana é o corpo. Imagine também que cada membro do corpo tem um cérebro, e que, portanto, a harmonia do corpo depende do alinhamento de todos os pequenos cérebros (dos membros) com o grande cérebro (do/da cabeça). Caso o cérebro do braço direito se rebele e comece a esbofetear o rosto, isso seria uma rebelião moral. Mas se o cérebro do braço direito reivindicasse ser amputado do corpo para viver de maneira autônoma, isso seria uma rebelião ontológica: uma pretensão de viver como ser auto suficiente, à parte do corpo, rompendo a unidade original do corpo e gerando, então, dois seres. O grande cérebro diria ao braço: “Você não conseguirá sobreviver, você não tem vida em si mesmo, sua vida depende de estar no corpo”. Mas o braço insistente, se amputaria do corpo e ao debater-se no chão, com energia residual, imaginaria ainda estar vivo, mesmo separado do corpo. Até que morresse. Nessa metáfora (quase grotesca, desculpe), Deus não estaria ocupado em punir, destruir ou condenar o braço rebelde, mas faria todo o possível para reimplantar o braço no corpo.

Sofrimento



Por Ed René Kivitz, no seu site

O sofrimento pode ser o caminho através do qual chegamos às nossas verdades. A estrada pela qual chegamos à maturidade atravessa, necessariamente, a escuridão e a solidão. A escuridão, porque sofrer implica perder as referências, desdenhar das explicações, questionar os clichês e aventurar perguntas. A escuridão é o momento quando não caminhamos porque vemos, mas porque intuímos, recordamos e temos fé. Intuímos o rumo certo pelo tanto que já caminhamos, recordamos as experiências aprendidas em momentos semelhantes no passado e andamos por fé, que supera as trevas, prescinde de explicações e transcende as certezas.

A solidão é imprescindível na trilha do sofrimento. A dor pode ser compartilhada, mas jamais transferida. Pode ser percebida, mas não capturada. Pode até ser escondida, mas nunca suprimida. Quem sofre, sofre sempre em solidão. Não necessariamente porque lhe falta boa e providencial companhia, mas porque todo sofrimento pessoal, em sua dimensão mais profunda e essencial, é intransferível. O sofrimento tem sua realidade particular, e não pode ser diferente: cada um sofre por uma razão, é vitimado em áreas distintas, por motivos diversos e com respostas as mais variadas, num dégradé de resiliência que vai da meninice do chororô ao heroísmo quase estóico, incluído entre os tons das cores a grandeza da fé, resignada e esperançosa, e por isso engajada e mobilizadora.

O sofrimento desperta para o ético e o estético. Convoca virtudes adormecidas a que subam ao palco: coragem, perseverança, paciência, honradez, respeito à vida. Possibilita o lapidar do caráter, apara arestas, harmoniza as formas, faz irromper a beleza escondida na frieza do coração. O sofrimento quebranta orgulhosos, vaidosos e prepotentes, faz desmoronar intransigentes, legalistas e moralistas. Como o martelo do escultor, retira os excessos da pedra e dá à luz o belo, o sublime, o deslumbrante.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Protestantismo à brasileira


publicado originalmente em Carta Capital
Os evangélicos continuam em forte ascensão no Brasil. Apenas na última década, mais de 16 milhões brasileiros se converteram às mais variadas denominações protestantes. De acordo com dados do Censo de 2010, divulgados recentemente pelo IBGE, os evangélicos somam 42,3 milhões de fiéis, ou 22,2% da população. Trata-se da religião que mais cresce no País, a custa de um constante declínio católico. Os seguidores da Igreja de Roma passaram de 73,6% em 2000 para 64,6% em 2010.
Artigos a venda em loja evangélica. Foto: Pedro Presotto
Se mantida a tendência, os evangélicos podem chegar a um terço da população em dez anos. Não é bem o que os pastores mais otimistas previam, mas ainda assim é um grande feito. Há três anos, o Serviço de Evangelização para a América Latina, organização protestante de estudos teológicos conhecida pela sigla Sepal, estimou que a metade dos brasileiros seria evangélica até 2020. Mas o crescimento protestante parece ter atingido o seu ápice nos anos 1990, quando o número de fiéis aumentou 71%. Na década seguinte, a expansão diminuiu o ritmo e ficou em 41%.
O boom evangélico estaria próximo do fim? “Não dá para tratar uma expansão tão acentuada como algo banal ou como a expressão de um enfraquecimento deste segmento religioso”, afirma a socióloga Christina Vital, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião (Iser).  “Seria um grande equivoco dizer isso, já que se trata de um crescimento de mais de 40%!”. Em entrevista a CartaCapital, a especialista avalia o fenômeno da explosão numérica dos fiéis e as suas consequências para a sociedade.
  
CartaCapital: O boom evangélico está próximo do fim?Christina Vital: Parte das análises sobre os dados de religião do Censo 2010 nos conduzem para uma conclusão: o crescimento evangélico atingiu o seu auge. Estas análises privilegiam a perspectiva do “copo vazio”. Logo, acentuariam a desaceleração do crescimento evangélico em detrimento de buscarem entender o que significa um crescimento de mais de 40% de um segmento religioso. Entendo que as análises do tipo “copo vazio” estão referidas a expectativas vindas do próprio campo evangélico e também anunciadas por estudiosos da religião no Brasil que anunciavam um crescimento mais expressivo.
CC: O que explica o boom dos anos 1990?
O aumento de décadas passadas estava referido a um contexto de mudanças na sociedade ao longo da década de 1980 e que se refletiria no Censo de 1990: êxodo rural (os evangélicos são mais presentes no meio urbano) e a forte rede de solidariedade que os evangélicos oferecem para estes que estão, muitas vezes, longe da família. Também o crescimento dos evangélicos no espaço público seja através da política, seja através da presença na mídia televisiva, além da nova perspectiva cristã que o surgimento dos neopentecostais ofereceu para os que já estavam acostumados com a mensagem bíblica nas igrejas evangélicas históricas, nas pentecostais mais tradicionais ou mesmo no catolicismo.

domingo, 22 de julho de 2012

Perdi a fé




Outro dia estava no balcão de frios na padaria em que sempre compro pão, que por sinal seus donos são católicos bem devotos, estava com a TV sintonizada em um canal que apresentava um sermão de um padre que, confessso, só me toquei quando o rapaz que me atendia disse: "Deus tá nem aí para nós". No momento fiquei sem reação, talvez se estivesse em meu lugar uma cristão com mais fé que eu, mais amor que eu, mais ousado que eu tivesse estendido um dedo de prosa para saber o que havia levado aquele jovem a perder sua fé. Mas como foi eu que estava lá, escrevo.

Sua exclamação: "Deus não está nem aí para nós" é fruto de alguém que já esperou em Deus e se frustrou, não sei o que o frustrou, qual era sua esperança ou sua queixa para com Deus. Mas quem não tem queixas para com Deus? Esta não é uma expressão de quem nunca teve fé, mas é uma expressão de quem a teve e a perdeu.

Mas como alguém pode esperar em Deus e se frustrar?

Podemos nós frustrar com Deus, assim como nós frustrados com as pessoas, esperamos coisas que não recebemos. Podemos não  ter o amor desejado, o carinho que necessitamos, ou o respeito que acreditamos merecer. Por que Deus não daria coisas que esperamos, por mais justas que e adequadas elas nos pareçam ser?

Em vários momentos na vida questionei a Deus os porquês, os porquê não.... Na maioria das vezes obtive o silêncio como resposta, não por que Deus não quisesse responder, mas porque já tinha a resposta e não queria aceitá-la.

Buscamos em nossas orações, mudanças exteriores, queremos sempre que alguém ou alguma coisa mude. Somos egoístas, nossa oração pelo outro normalmente visa aliviar uma tenção sobre nós. Raramente oramos para que o alvo desta mudança sejamos nós mesmos... Quem nunca lutou contra Deus, assim como Jacó lutou contra o Anjo do Senhor para obter sua bênção?

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Promoção "Entre Lençois: uma visão bem-humorada da intimidade sexual no casamento

O Bússola Cristã, em parceria com o Pavablog e a Editora Mundo Cristão, vai sortear um exemplar do livro "Entre Lençóis", lançamento da Mundo Cristão.











Sinopse:
O sexo não é tudo em um casamento, mas não dá para negar que sem ele não há unidade entre o casal. Diversas coisas podem tomar o espaço de uma sexualidade saudável e isso acaba por afastar marido e esposa, minando outras áreas da relação. 

Você deve saber que o sexo é muito bom, mas isso não significa necessariamente que você está satisfeito(a) nesta área. E é justamente esta realidade que Kevin Leman vai ajudar você e seu cônjuge a transformar! 

Com todo seu bom-humor e experiência no aconselhamento de casais, Kevin Leman traz nesta obra uma visão muito aberta e direta sobre a intimidade no casamento. 

Ele mostra porque vale a pena investir em uma boa vida sexual e aponta como fazer isso acontecer de forma natural, divertida e que satisfaça marido e esposa. 

É um livro para ser lido pelo casal em conjunto e entre os lençóis. Aproveite!


Como participar:

1- Deixe um comentário neste post publicando no Facebook;
2- Participe do sorteio na página do Bússola Cristã no Facebook.
3- Curtir a nossa Página no Facebook

Data do Sorteio:
01/08/2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Bíblia fica intacta depois de incêndio em residência em Caruaru



Publicado originalmente no Mais AB
Um incêndio, em uma casa no bairro Maurício de Nassau, em Caruaru, causou muito susto hoje pela manhã. Segundo o Corpo de Bombeiros, uma vela foi a causa do acidente. Ninguém se feriu. O curioso é que, diante de tudo de tudo que o fogo destruiu, uma bíblia ficou intacta.
A primeira medida do Corpo Bombeiros foi evacuar o local. Os moradores da casa são quatro adultos e duas crianças. Enquanto isso, os vizinhos se preocupavam com a possibilidade de alastramento do incêndio.
Ainda pela manhã, o incêndio foi controlado e, no interior da casa, a fuligem do fogo marcou as paredes e o teto. A área de serviço que fica ao lado da cozinha foi destruída.
Entre os vários objetos, a família guardava num quarto dos fundos roupas e livros. Tudo reduzido a cinzas.
Por recomendação da Defesa Civil, os moradores terão que demolir e reconstruir as paredes.
dica do Jénerson Alves
capturado no Pavablog

Perdas e danos

por , em Café com Deus

Todos desejamos. Desejamos coisas boas. Desejamos saúde. Desejamos bens materiais (para nosso conforto físico ou emocional), uma vida tranquila, bênçãos, um casamento que seja alegre e satisfatório. Um futuro de paz!

Faz parte da natureza humana querer o bem e buscá-lo para si e para os seus. Os mais altruístas o buscam para todos.
Deus se alegra em nos conceder o bem que desejamos! De fato, Ele nos concede o bem nesta terra.
Mas se desejamos é porque não temos, posto que o que temos não é mais desejado, mas realizado. Todo desejo é filho da falta.
Nunca deixamos de desejar, o que significa que sempre estamos sentindo falta. Aos que tudo tem, têm ainda este sentimento, sentem falta de algo que não sabem o que é, assim, vivem uma angústia existencial, pois desejam o indefinível – sentimento miserável.
Desejar é bom. Alcançar a realização do sonho ou objeto do desejo é ótimo. Como é gostoso segurar nos braços ou na alma o fruto do desejo, já realizado. A primeira experiência humana é o peito materno. A falta de alimento gera fome, o peito sacia. Não é difícil aprender a receber. Desde cedo recebemos e a infância é recheada de desejos realizados: alimento, colo, sono… Ao mais afortunados adicionemos: brinquedos, passeios, festinhas…
 Entretanto, apesar de estarmos prontos para recebermos realizações de sonhos, desejos e necessidades, nem sempre estamos prontos para perdê-los. Sim dito foi que Deus nos concede o bem nesta terra, mas aqui, tudo é passageiro.
 A perda não está em nossa programação genética. Nem sempre aprendemos a perder, contudo, a perda é parte tão integral da vida quanto o ganho.
Ganhamos o Éden mas o perdemos depois.
 Todos perderemos durante a nossa vida:

Operação “Deus Tá Vendo” prende cinco pastores evangélicos


Publicado originalmente no Terra
A Delegacia de Polícia de Veranópolis, no Rio Grande do Sul, deflagrou na quarta-feira a Operação Deus Tá Vendo, em três Estados. De acordo com informações da Polícia Civil do RS, a ação prendeu cinco pastores evangélicos ligados a Assembleia de Deus em Itajaí (SC), Ponta Grossa (PR) e São Gonçalo (RJ), por fraude em venda de veículos.
Segundo o delegado Alvaro Luiz Pacheco Becker, da 2ª DP de Bento Gonçalves (RS), os presos atuavam em associação criminosa, vendendo os veículos por preços abaixo do valor de mercado. Eles alegavam que a Igreja havia recebido os automóveis por meio de uma doação da Receita Federal, por isso poderiam vendê-los por preços menores.O valor aproximado do golpe gira em torno de R$ 1,2 milhão, tendo mais de 40 vítimas só na cidade de Veranópolis.
dica do Thiago Paiva, João Marcos e Paulo Langwinski
imagem: Canto do Jo
capturado no Pavablog

terça-feira, 10 de julho de 2012

A idiota de Deus

capturado no Pavablog,
Luiz Felipe Pondé, na Folha de S.Paulo


Meus leitores sabem o quanto abomino aeroportos. Criei mesmo a expressão “churrasco na laje” para descrever essa sensação de que somos atropelados por uma mistura de música brega e pessoas mal-educadas.
Não se trata de preconceito (no sentido banal que a palavra ganhou depois de virar chiclete com banana na boca de todo mundo) porque não acho que as pessoas não sabem se comportar nos aeroportos porque são de classe social ou cor específicas. Trata-se apenas de falta de educação.
Voltando de um compromisso profissional fora de São Paulo, me encontrei num aeroporto de uma cidade em que as pessoas ainda têm o hábito de ir aos domingos assistir avião subir e descer. O aeroporto em questão tem mesmo um espaço dedicado a “vista panorâmica” da pista de pouso e decolagem. Que horror.
Só pessoas loucas viajam por vontade própria. As normais o fazem por obrigação. Penso mesmo que em alguns anos aeroportos serão os piores lugares para você ser visto, assim como ser visto algemado numa delegacia de polícia. Uma vergonha.
Proponho que as autoridades (vamos “evoluir” nesta direção) proíbam todos, salvo os passageiros, de entrarem no aeroporto. O mesmo tipo de atitude solene e silenciosa dos hospitais deveria ser cobrada nos aeroportos.
Estava eu, então, estoicamente suportando os berros das crianças que lá estavam vendo os aviões, com seus pais que nunca entendem que berros de crianças são apenas berros de crianças e não manifestações sagradas de seus pequenos deuses.
Em meio a isso, bárbaros batendo fotos de si mesmos na frente dos portões de embarque com suas dez malas e funcionárias das empresas aéreas descabeladas justificando o injustificável overbooking.
De repente paro em frente a um balcão desses cafés, sem saber exatamente o que fazer, já que teria que esperar naquele pequeno pedaço de inferno por duas horas. Então, uma jovem garçonete sorriu pra mim. Com seu uniforme amassado, seu rosto cansado, seu corpo pequeno, ela parecia um anjo caído do céu no corpo de uma pequena e pobre princesa africana.
O mundo parou. Seu sorriso e sua generosidade suspenderam o mecanismo infernal do lugar.
Ela me pergunta o que eu quero. Não respondo porque não sabia se queria alguma coisa. Ela então me puxa pela mão e me mostra uma mesa vazia, sem cadeiras, num canto minimamente longe do inferno. Põe-se a limpar a mesa, busca uma cadeira e me dá um cardápio na mão. Volta alguns segundos depois e anota meu pedido.

A soma de todos os medos


Temos medos, e os adquirimos com o tempo, com o passar dos dias, dos meses, e dos anos, não nascemos com eles. Não sabemos ao certo de onde eles surgem, se veem das histórias que ouvimos, dos tombos que levamos, das frustrações que vivemos, das ameças que o desconhecido impõe sobre a nossa vida. Temos medo de não agradarmos, de não sermos aceitos, de falharmos como pais, como filhos, maridos, mulheres, profissionais, como cristãos... Seja lá de onde venham, estão presentes.

O medo não deixa de ser um instinto de preservação, de proteção, de fuga...

O medo pode nos dominar, nos paralisar, ou fazer nos jogar...

Quem disser que nunca sentiu medo na vida que atire a primeira pedra.

Minha filha caçula começou a perder seus primeiro dentinhos, e o medo da dor a deixou acuada, paralisada.  Já havia passado por isso com a mais velha, você pode conferir aqui.  Hoje já não era o primeiro, mas o segundo, o medo foi regado pelas lágrimas causadas pela dor do não vivido. Lembra do primeiro filha? Nem doeu! Acredite este será da mesma forma.

Amoleço ao ouvir: Pai sou medrosa!!!. Não filha, você não é medrosa. Medo, todos sentem, lembra nas férias quando fomos de barco para a ilha? Eu tive medo... Mas você foi!!! Enfrentou seu medo, e os medrosos não enfrentam seus medos.

Precisava reverter seu medo em coragem.

A mais velha, com dois longos anos de experiência à sua frente, a incentivava dizendo: Coragem irmã, aperte minha mão!!! Vejam só.



"No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor expulsa o medo"
1 João 4.18a


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Por que não vão defender as crianças com fome?


O texto abaixo foi escrito em 13/04/2005, por Francisco José Papi, e circula pela internet desde então. O primeiro parágrafo dá a impressão de que foi escrito no Orkut ou num fórum em sua época, em resposta a um post imediatamente anterior.
mas foi extraído daqui

Esta é uma foto de um grupo que faz: O Novo Jeito
Questão interessante. Vamos ver se essa eu consigo responder de modo tão didático quanto a anterior.
Primeiro: com esse fraseado você admite que existem dois tipos de pessoas no mundo, as Pessoas Que Ajudam e as Pessoas Que Não Ajudam.
Além disso, admite também que você faz parte das Pessoas Que Não Ajudam; afinal, do contrário, você diria algo do tipo “Por que não me ajudam a defender as crianças com fome?”, ou “Venham defender comigo as crianças com fome!”, ou “Não, obrigada, vou defender as crianças com fome”.
Então você se coloca claramente através de sua escolha de palavras como uma Pessoa Que Não Ajuda.
Ora, é curioso que você, Pessoa Que Não Ajuda, não faça nenhum esforço para ajudar, mas sim para tentar dirigir as ações das Pessoas Que Ajudam para onde você quer que elas vão.
É bastante interessante; se eu fosse até sua casa organizar sua vida financeira sob a alegação de que eu sei muito mais sobre administração familiar eu estaria interferindo, mas você se sente no direito de interferir nas ações que uma pessoa resolve tomar para aliviar os problemas que ela encontra ao seu redor.
Você é uma Pessoa Que Não Ajuda, mas ainda assim quer decidir quem merece ajuda das pessoas Que Ajudam.
O nome disso é “prepotência”.
Segundo: Pessoas Que Ajudam nunca vão ajudar as “crianças com fome”.
Nem tampouco os “velhos”, os “doentes” ou os “despossuídos”.
E sabe por que? Porque “crianças com fome” ou “velhos” ou qualquer outro destes é abstrato demais.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Censo 2010: 8% dos brasileiros se declaram sem religião


publicado originalmente no iG

Em 2000 eram quase 12,5 milhões de brasileiros que diziam não seguir nenhuma religião. Em 2010, esse número passou para 15 milhões


Com população menor apenas que os católicos e evangélicos, os brasileiros que se declararam sem religião chegaram a 8%, segundo dados do Censo 2010, divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2000 eram quase 12,5 milhões (7,3%) de brasileiros que diziam não seguir nenhuma religião. Em 2010, esse número passou para 15 milhões (8,0%).
AE
Quinze milhões de pessoas disseram não seguir nenhuma religião no País
Como característica, os brasileiros que diziam não seguir nenhuma religião tem o segundo pior nível de instrução. Os católicos (6,8%), os sem religião (6,7%) e evangélicos pentecostais (6,2%) são os grupos com maiores contingentes de pessoas de 15 anos ou mais de idade sem instrução. Em relação ao ensino fundamental incompleto são também esses três grupos de religião que apresentam as maiores proporções (39,8%, 39,2% e 42,3%, respectivamente).
Quem disse não seguir nenhuma religião também são segundo pior grupo quando se analisa rendimentos. Quando se analisa os grupos religiosos por pessoas concentrados na faixa até 1 salário mínimo de rendimento, os que se declaram sem religião (59,2%) só não estão pior que os evangélicos pentecostais (63,7%). No grupo dos sem religião, a declaração de cor mais encontrada foi parda (47,1%).

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Renovação Carismática fracassa na reação à expansão pentecostal


Fonte: Paulopes 
Editora: Rayssa Gon
O Censo confirma as tendências de mudança radical da demografia religiosa nas últimas décadas: queda da hegemonia católica, avanço vertiginoso dos evangélicos e diversificação religiosa.
Liderada pela Renovação Carismática e apoiada na criação de redes de TV e no evangelismo midiático, a reação católica à expansão pentecostal fracassou.
O inchaço da categoria “evangélica não determinada” reduziu artificialmente o crescimento pentecostal. Mostra limitações do Censo, mas também pode estar sinalizando a expansão da privatização religiosa nesse grupo, situação em que o crente mantém a identidade religiosa e a crença, mas opta por fazê-lo fora de instituições.

Tal privatização resultaria da massiva difusão do individualismo, da crescente busca de autonomia em relação aos poderes eclesiásticos, à imposição de moralidades tradicionalistas, aos elevados custos do compromisso religioso. Ela pode ter ocorrido, em especial, entre indivíduos dos grupos mais beneficiados pelo crescimento da renda e das oportunidades no mercado de trabalho e no ensino superior.
O Censo também reitera o crescimento do pentecostalismo na base da pirâmide social: 64% dos pentecostais ganham até um salário mínimo, 28% recebem entre um e três salários, 42% têm ensino fundamental incompleto. Avança nos segmentos mais vulneráveis da população, nas periferias urbanas e regiões mais violentas, nas fronteiras agrícolas do Norte e do Centro-Oeste, onde a presença católica é rarefeita.
Causa surpresa o declínio, em números absolutos, de Congregação Cristã no Brasil e Universal do Reino de Deus. Elas perderam, respectivamente, 200 mil e 228 mil adeptos. Até então, só uma grande evangélica, a Luterana, havia declinado, o que se explica por ser uma denominação de tradição étnica pouco dedicada ao proselitismo.

Compartilhe no Facebook

Related Posts with Thumbnails