"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história." Bill Gates
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domingo, 8 de junho de 2014
E se a Reforma Protestante não tivesse ocorrido?
Publicado na Super Interessante
Dizem que ele não tinha a intenção. Mas, em 1517, quando o monge alemão Martinho Lutero se revoltou com os rumos do catolicismo e propôs uma reforma na Igreja, acabou mudando o destino do mundo inteiro. Naquela época, reis, príncipes e duques estavam insatisfeitos em prestar obediência ao papa, por isso, aproveitaram o movimento para proclamar sua independência não só religiosa mas também política. Eles viraram protestantes, brigaram com Roma e, de quebra, apossaram-se das terras da Igreja e criaram seus próprios reinos independentes. "Foi assim que o nacionalismo ganhou força, monarquias se desenvolveram e línguas e culturas nacionais puderam finalmente ganhar espaço", conta o teólogo Haroldo Reimer, professor da PUC de Goiás. Sem a Reforma, no entanto, a Igreja Católica continuaria a mandar na Europa, contando com o apoio do seu braço forte, o Sacro Império Romano-Germânico, da família alemã dos Habsburgos. "A Alemanha, na figura do império e com a bandeira católica, teria conseguido se expandir cada vez mais, unificando os reinos europeus no século 16, e se tornaria a maior potência mundial", conta o historiador Wilson Maske, professor da PUC do Paraná. O lado bom: não teria havido a 1ª Guerra, o nazismo nem a 2ª Guerra. "Esses conflitos foram deflagrados pelo atraso da unificação alemã e pela sua frustração por não ser uma grande potência", explica Wilson. O lado ruim: alguns países nem sequer existiriam - como os EUA. O Holocausto não teria acontecido, mas judeus sumiriam: seriam convertidos à força pela Inquisição. E o destino do Brasil não seria muito diferente - com exceção da nossa diversidade religiosa. Em vez de vários credos, haveria apenas o catolicismo.
Viaje com Deus
TREVAS, RELOADED
Sem a Reforma, ideais iluministas de liberdade e igualdade seriam sufocados pelo medo e pela opressão da Igreja. Assim a Revolução Francesa teria que esperar, e Igreja e Estado absolutista continuariam de braços dados por mais tempo. Já a Inglaterra católica não teria se desenvolvido economicamente nem estendido seus domínios pelo mundo. Quem ganharia seria o Sacro Império Romano-Germânico e sua aliada Espanha da Inquisição.
SÓ O PAPA SALVA
Qualquer pessoa, segundo os protestantes, pode alcançar a salvação por conta própria, sem intermediários. Se não tivesse ocorrido a Reforma, essa ideia não existiria e continuaria prosperando o comércio de indulgências - taxas cobradas pela Igreja em troca do perdão dos pecados. E Roma lucraria rios de ouro com a peregrinação de fiéis em busca das bênçãos divinas.
MAIS VIRGENS
A história dos EUA é a de protestantes em busca de liberdade religosa. Sem eles, a América do Norte se dividiria entre colônias francesas, no Canadá e interior dos EUA, e espanholas, na costa leste (a Nova Espanha) e na faixa do Texas à Califórnia (parte do México). E, como em outros países católicos, nativos encontrariam na Nova Espanha uma imagem da Virgem Maria, que viraria padroeira do país.
BENTO 15 E A ÚLTIMA CRUZADA
Com a decadência do Império Otomano no início do século 20, o Sacro Império Romano-Germânico (que, sem as Guerras Napoleônicas, não teria se dissolvido) poderia ressuscitar as Cruzadas e tomar a Terra Santa. Mas a região não viveria em paz, com palestinos tentando retomar sua terra.
SÍ, ¿CÓMO NO?
Esqueça o inglês e o alemão - eles só se desenvolveram depois que a Reforma abriu caminho para o nacionalismo. Sem elas, línguas neo-latinas predominariam - e, aliada ao Sacro Império Romano-Germânico, a Espanha expandiria seus domínios e sua língua pelo mundo.
LUCRO? DEUS ME LIVRE!
A ideia do trabalho metódico e do acúmulo de recursos veio com o protestantismo, cuja ética acelerou o capitalismo moderno. Sem a Reforma, provavelmente a economia se desenvolveria a passos lentos, e a Revolução Industrial teria que esperar. Poderíamos até ter resquícios de antigas formas de comércio, como o escambo. O catolicismo também manteria a aura de santidade na pobreza.
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