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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Diretor de banco preside grupo de estudos evangélicos

via swissInfo.ch
Co-fundador de grupos de estudos bíblicos: o banqueiro Christian Rüegger.
Co-fundador de grupos de estudos bíblicos: o banqueiro Christian Rüegger. (swissinfo)

Christian Rüegger é diretor executivo do UBS em Zurique e um homem religioso: ele preside a associação dos evangelistas do UBS em Zurique.

O suíço ressalta que a fé não tem nenhuma influência no seu trabalho.


O sol bate contra o prédio da administração do UBS em Oerlikon, de nobre e discreta tonalidade cinza. Um funcionário da recepção, trajando um terno fino e bem cortado, leva o visitante a uma sala com ar condicionado e lhe oferece água.


O diretor executivo no UBS de Zurique, Christian Rüegger, aparece com seu blazer preto e camiseta cinza sem gravata. Ele não dará nem informações sobre o banco e a atual crise, já informa de antemão. Assim já são descartadas as questões sobre bonificações, salário dos executivos, processos na justiça e outras semelhantes desde o início. O tema da conversa é claramente dominado pela ética de banqueiros cristãos.


"Não penso que o fato de ser evangelista influencie as decisões que tomo no banco. Eu decido segundo fundamentos empresariais. Em primeiro lugar oriento-me segundo os interesses do banco. Meus critérios são de natureza econômica e não sociais ou humanas", explica Christian Rüegger.


As linhas diretrizes do seu trabalho não são concretamente a Bíblia, mas as do banco. "Assumo-me como cristão, mas escolhi o banco como atividade profissional". Ser cristão significa para Rüegger ter um relacionamento pessoal com Deus. Isso não traz automaticamente uma implicação social.



"Seria o falso lugar"



O trabalho diário do funcionário de 59 anos não tem nada a ver com os negócios internacionais do UBS. Como diretor executivo em Zurique, ele toma "decisões relacionadas a empresas ou pessoas privadas com dificuldades para sobreviver financeiramente. Devido a escolha de produtos deficientes ou erros na condução dos negócios da empresa, eles estão passando dificuldades e vêm para buscar injeção de novo capital". A crise financeira agravou ainda mais a situação, mas este tipo de empresa sempre existiu


Ele não tem nenhum problema em trabalhar para um banco sendo evangelista. "Dinheiro para mim é um instrumento de trabalho como a madeira o é para marceneiros, e não mais do que isso. Para mim a caça aos lucros e muito dinheiro não estão em primeiro plano."


Ter lucros é para uma empresa algo de normal e também positivo. "Se trabalhasse para um banco que estivesse atuando em meu setor de uma forma não ética, então estaria no lugar errado."


Christian Rüegger trabalha há quase trinta anos para o UBS em Zurique. "Há trinta anos também sou um evangelista. Não tenho mais nenhum problema em assumir que acredito em Jesus Cristo."


Estudos bíblicos





Rüegger foi um dos fundadores da associação de evangelistas do UBS em 1993. Nessa "associação cristã do UBS" reúnem-se os funcionários convertidos do UBS. Ela organiza cultos religiosos e também grupos de estudos bíblicos.


A reunião dos evangelistas ocorre a cada dia da semana, com exceção de sábado e domingo, dentro do UBS na região de Zurique. O próprio Rüegger lê a bíblia para seus companheiros de fé no "grupo bíblico da quinta-feira."


"Como vejo, o número de membro dos nossos grupos bíblicos não cresceu devido a crise financeira", ressalta o banqueiro. Ao contrário, "através das demissões na empresa, o número de membros chegou a diminuir em alguns grupos."


A motivação de ler em conjunto a Bíblia com colegas de trabalho e não apenas nas igrejas é o sentimento de estar em grupo. "Viver a coletividade é muito importante para cristãos. Crentes como nós procuram o espírito de grupo e a troca de idéias com outros. Isso dá a eles força para saber que o outro é como eu, da mesma fé, estão no mesmo caminho."


Os grupos bíblicos do banco são abertos a todos os interessados, porém os que participam são "em primeiro lugar cristãos que acreditam em Jesus Cristo incondicionalmente e levam a sua vida como evangelistas a sério, orientando-se pelos preceitos bíblicos. Em parte são membros das igrejas normais ou de igrejas independentes como a Comunidade Livre Evangélica, a Chrischona ou as comunidades missionárias", diz, ressaltando que, em grande maioria, os membros vêm das igrejas livres, pois costumam ser mais engajados do que as pessoas das igrejas tradicionais.


Definições





Questionado se a orientação do seu grupo bíblico é evangélico, Rüegger responde: "Eu não gostaria de utilizar a palavra evangélica, pois ela tem uma conotação negativa. Em termos somos, de fato, evangélicos. Mas o engajamento das pessoas pela palavra de Deus e o Evangelho é o que nos qualifica. Este engajamento não significa ser fundamentalista. No fundo não vejo essa posição como falsa". A opinião popular se tornou negativa em relação às expressões "fundamentalista" e "evangelista".


O banqueiro e pai de família prefere não comentar mais nada sobre a visão concreta de mundo dos evangelistas do UBS. Ela só será dada no momento em que o microfone for desligado.


Algumas passagens ditas por ele em um artigo recentemente publicado foram mal interpretadas dentro do banco. Ele também não revela mais concretamente para quem rezam. "Pedimos simplesmente a Deus para que ele dê uma liderança sábia ao UBS."


"Deus ama banqueiros"





Rüegger representa os evangelistas do UBS na associação dos grupos bíblicos de bancos, do qual ele também é o diretor. Ela reúne outros grupos de preces e estudos bíblicos dos vários bancos e serve como ponto de contato. "A cada ano nosso grupo convida um orador proeminente", revela.


"São personalidades do mundo empresarial ou da política e que contam, de forma franca, prática e autêntica, como a sua fé é vivida no seu cotidiano", escreve o site do grupo. Em 2009, o orador agendado é Kurt Bühlmann, chefe do setor de administração de fortunas do UBS para as Américas. Seu tema: "Deus também ama os banqueiros."


Eveline Kobler, swissinfo.ch

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