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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Chá do Santo Daime ativa áreas da visão e da memória, aponta estudo

publicado originalmente no G1


Cientistas apresentam no interior de SP efeitos da ayahuasca no cérebro. Bebida alucinógena é usada em rituais religiosos em quase 40 países.



Os efeitos sobre o cérebro causados pela substância alucinógena ayahuasca, mais conhecida como "chá do Santo Daime", viraram tema de uma apresentação científica neste sábado (25) em Águas de Lindoia, no interior de São Paulo. Quatro pesquisadores apresentam seus estudos sobre a bebida na 27ª Reunião Anual das Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe), que ocorre na cidade desde quarta (22).

Um dos estudos, conduzido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em Ribeirão Preto, analisou a atividade cerebral de cinco homens e cinco mulheres, entre 24 e 48 anos, antes e após 40 minutos da ingestão do chá. Cada voluntário passou por dois exames de ressonância magnética.

Cerimônia do Santo Daime no Peru 
(Foto: Jaime Razuri/AFP/Arquivo)

Segundo o professor adjunto do Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Tiago Sanchez, que participou da pesquisa entre 2007 e 2011, a bebida ativa uma região do cérebro relacionada à memória e outra ligada à visão -- mesmo se a pessoa estiver com os olhos fechados.

Isso poderia explicar, por exemplo, as visões ou imagens de caráter espiritual que os praticantes do ritual relatam.

"Ainda não se sabe, porém, se as áreas da visão natural participam da imaginação e da criação de imagens mentais", afirma Sanchez.

De acordo com ele, estudos anteriores já mostraram que a ayahuasca atua nas mesmas conexões da serotonina, neurotransmissor ligado às sensações de prazer e bem-estar.


Substâncias contidas no chá

Planta usada para fazer o chá do santo daime (Foto: Rodrigo Buendía/AFP/Arquivo)Outro palestrante presente no debate sobre os efeitos do chá do Santo Daime no corpo é o neurocientista e pesquisador da Unifesp Eduardo Schenberg, que pretende iniciar uma pesquisa sobre o tema até o fim do ano, com 18 voluntários.

Schenberg deve analisar as variações nos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, após a ingestão da ayahuasca. Além disso, quer observar como o organismo humano metaboliza – ou seja, aproveita – as substâncias contidas no chá.

Para isso, será feita uma eletroencefalografia – exame que põe eletrodos no couro cabeludo e analisa as correntes elétricas do cérebro – após cada participante ingerir uma cápsula do chá desidratado ou de placebo, que não tem efeitos químicos sobre o corpo.

"A bebida tem uma farmacologia bem complexa, que inclui pelo menos quatro substâncias importantes. Três delas atuam no sistema de transmissão da serotonina e a quarta, chamada de dimetiltriptamina ou DMT, causa uma ativação da atividade cerebral que induz a visões de caráter realista", explica Schenberg.

Segundo Schenberg, a bebida já foi "exportada" pelo Brasil para 38 países, onde funcionam unidades das igrejas do Santo Daime, da União do Vegetal e da Barquinha.

O pesquisador ainda procura voluntários para o estudo, e os interessados podem entrar em contato com o Departamento de Psiquiatria da Unifesp. É preciso ter mais de 21 anos, já estar iniciado nesse ritual, não usar drogas, antidepressivos nem ter doenças psiquiátricas ou neurológicas.

Além dos dois trabalhos, apresentam-se na Fesbe, neste sábado, os pesquisadores Luis Eduardo Luna e Suely Mizumoto, que falam, respectivamente, sobre antropologia e história da ayahuasca e sobre escalas para avaliar as imagens mentais geradas por ela.


/// todo mundo tomando o chazinho para ter o dom de visão =)

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