A grande concentração de fiéis do Corão na Grã-Bretanha se deve, principalmente, ao longo histórico de imigração de países como Bangladesh e Paquistão, além de algumas nações africanas. Os paquistaneses, em especial, formam o segundo maior grupo de minoria étnica da Inglaterra, atrás apenas dos indianos.
Os paquistaneses serviram à Inglaterra durante as guerras mundiais e muitos deles por lá ficaram quando os tempos de paz voltaram. Após a separação da Índia, o Paquistão foi incluído na Comunidade Britânica de Nações, o que incentivou o contínuo êxodo de paquistaneses em direção à Inglaterra, visto que eles gozavam de alguns direitos básicos na terra da rainha, que estava cheia de oportunidades no pós-guerra.
A constante migração trouxe médicos, professores e cientistas, mas também muitos trabalhadores sem escolaridade para fazerem o trabalho de chão-de-fábrica numa Inglaterra que estava se reconstruindo. Muitos destes imigrantes que ficaram na Inglaterra se casaram com inglesas, visto que não havia muitas mulheres sul-asiáticas na região.
Por volta de 1970, quando houve uma desindustrialização da Inglaterra, muitos destes paquistaneses perderam seus empregos, formando uma massa de baixa renda que perdura até os dias de hoje. Segundo o Censo inglês de 2001, mais de 55% dos paquistaneses na Inglaterra estavam em condição de miséria, perdendo apenas para os bengalis, cujo índice de pobreza ultrapassa os 65%.
Consigo estes imigrantes trouxeram sua cultura e sua religião. Os paquistaneses representam mais de 42% dos muçulmanos na Inglaterra, seguidos pelos bengalis (16%) e indianos (8%). Entre outros grupos étnicos,o Reino Unido tem, hoje, uma das maiores comunidades islâmicas do Ocidente, formada por 2,8 milhões de pessoas, ou 4% do total da população local.
Fato é que a Europa se enche de muçulmanos. Isto não deveria ser preocupante. Culturas são fusões de povos, tradições e raças desde o crepúsculo da humanidade. Mas os muçulmanos começam a reivindicar que o ocidente se dobre às suas crenças e leis religiosas. E o resultado disso tem sido uma crescente islamofobia e choques entre as diferentes culturas.
Para citar exemplos disso, recentemente cerca de 57% do povo suíço decidiu pela proibição de minaretes na Suíça. Na França foi proibido o uso do véu islâmico, parcial ou total. Partidos ultranacionalistas ou radicalmente conservadores conquistam cada vez mais espaço nos governos pela Europa. Ao seu jeito, europeus lutam para manter suas tradições, seus avanços enquanto civilização, suas conquistas sociais e políticas. Isso talvez possa parecer um povo nadando contra a correnteza inexorável de um mundo cada vez mais miscigenado, mas vejo aqui uma tentativa louvável em impedir retrocessos que denominações mais radicais do oriente estão tentando impor no resto do mundo.
Recentemente, fui surpreendido com a notícia de que a polícia britânica está investigando a ação de uma tal “Patrulha Islâmica”. Vídeos postados na internet mostram, entre outras coisas, uma reprimenda por parte de alguns muçulmanos próximos a uma mesquita a uma mulher que usava uma saia curta, a abordagem a um homem que levava uma lata de cerveja na mão e agressões verbais homofóbicas contra um homem, chamado de “bicha” pelo grupo de vigilantes.
Também na Inglaterra, Emma Mitchell foi impedida de amamentar seu filho numa repartição pública para não “ofender os islâmicos”. Um ato de amor, profundamente natural e belo agora virou obscenidade aos olhos dos castos e puros muçulmanos ingleses.
Ainda na Inglaterra, três muçulmanos foram condenados por incitar o ódio aos homossexuais. Essa condenação é a primeira depois de aprovada uma lei anti-homofobia que entrou em vigor em 2010. Eles foram acusados de distribuir um folheto que pregava a pena de morte aos gays. Ihjaz Ali, Kabir Ahmed e Razwan Javed distribuíram o material em caixas de correio da cidade de Derby. Os folhetos tinham a imagem de um boneco enforcado e também orações islâmicas. Traziam ainda uma explicação de que a palavra gay era uma sigla para God Abhor You (Deus abomina você).
Anjem Choudary, um muçulmano que vive à custa dos benefícios de mais de £25.000 anuais pagos pelo governo britânico, resume bem em seu discurso o objetivo desta facção mais radical do islã na Europa: “Vamos ter filhos, muitos filhos! Vamos tomar o país de dentro para fora, vamos declarar a Jihad e implantar a Lei Sharia [aquela que permite apedrejar adúlteras até a morte].” Choudary já pediu para que o papa fosse executada e considera os terroristas de 11 de Setembro verdadeiros mártires. Ter a liberdade para dizer o que ele diz e ainda ser custeado pelo país que ele tanto odeia é uma prática impensável em uma teocracia.
Relatórios da inteligência inglesa apontam constantemente para o grande número de células extremistas operando no país. O MI5, serviço de segurança britânico, afirma ter conseguido interromper dezenas de ataques terroristas nos últimos anos planejados por muçulmanos extremistas que nasceram no Reino Unido ou imigraram para o país.
Apesar do fato de um em cada cinco muçulmanos britânicos ter algum tipo de simpatia pela motivação dos homens-bomba que realizaram os ataques de 2005 e deixaram 56 pessoas mortas, além de mais de 700 feridos, a maioria ainda é moderada e apoia um mundo pacífico com uma convivência harmoniosa.
O próprio clichê ocidental segundo o qual a maioria dos terroristas é seguidora do Islã se dissolve emdados oficiais europeus: das 2.056 prisões ligadas a atos terroristas entre 2006 e 2010 no continente, 85% envolviam movimentos separatistas e apenas 0,3% estavam relacionadas a radicais islâmicos, de acordo com o relatório da Europol sobre o terrorismo no Velho Continente. Os atos de extremistas de direita, por exemplo, são mais numerosos (0,4%) do que os de islâmicos radicais.
Ainda veremos mais capítulos nesta mudança lenta, porém progressiva, que ocorre na Europa com a chegada e o aumento das famílias muçulmanas espalhadas pelo continente. Resta torcer para que, no final, vença a lei do bom senso, da boa vizinhança e liberdade. No fundo, todos querem apenas viver suas vidas em paz e serem felizes. Vamos torcer para que até os radicais entendam isso e que o mundo possa ser um lugar cada vez melhor.
Fonte: Uma Visão do Mundo
Autor: Eduardo Patriota Gusmão Soares