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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

João Paulo Segungo: Símbolo do Cristianismo




Escrito em 30/04/05, por Caio Fábio no facebook


Eu era menino de alminha protestante quando o Papa João XXIII morreu. Era bem menino. Estava em pé ao lado do Casarão da vovó quando os sinos tocaram, e os rádios anunciaram em uníssono o falecimento do pontífice.

Lembro bem que me senti triste, meio saudoso, como se alguém do bem tivesse partido...; isso talvez fruto dos comentários que eu ouvia na casa de minha avó católica acerca da bondade e piedade daquele homem.

Depois veio o Papa Paulo VI, o qual me pegou com muito mais consciência, de modo que ele foi percebido por mim como uma figura meio pedrada.

De súbito, após a sua morte, aparece na sacada do Vaticano um homenzinho com cara de coelhinho, distribuindo sorrisos e afetos, com a cara boa e leve, e que se chamou pelo nome de João Paulo I.

Mas ele morreu trinta dias depois, de modo suspeito e misterioso, e que foi objeto de muitas investigações, conforme relata o bombástico livro “Em Nome de Deus”, publicado já na década de 80.

Então veio o Papa João Paulo II, que chegou atlético e ativo, e que se entregou a muitas missões de natureza política importantes na década de 80, embora fosse muito conservador em outras áreas, especialmente conforme manifesto nas suas ações de esvaziamento dos bispos considerados “progressistas” no mundo todo.

O Padre Marcelo Rossi bem expressa o espírito que o atual Papa deseja incentivar na Igreja Católica: o de uma igreja mais jovem e atlética, mais aeróbica em seus ritos, profundamente rasa, e imensamente conservadora do ponto de vista dos costumes.

Simplificando mesmo eu diria que Leonardo Boff tem o espírito da Era de João XXIII enquanto Marcelo Rossi é o ícone brasileiro da Era João Paulo II.

Pondo nesses termos fica fácil saber o que preferir.

Agora, no entanto, João Paulo II está morrendo. E, com ele, morre uma era. É impossível prever o que acontecerá à Igreja Católica nos próximos 10 anos, visto que ela terá que fazer algumas escolhas a fim de ter o que dizer ao mundo como ele é.

O que me fez escrever estas linhas, todavia, foram as aparições do Papa na televisão. Nos últimos dias a televisão o mostrou tentando falar, sem conseguir; ao contrario, ecoando de sua garganta um ronco de esforço angustiado.

Mas ele não renuncia. Quer morrer Papa.

Às vezes me pergunto o por quê dele não renunciar. Eu, sinceramente, no lugar dele, já teria entregue esse bastão a outro (se é que eu um dia o teria aceito carregar); e estaria dando a mim mesmo o direito de cuidar de minha própria alma em paz, longe da necessidade de representar um papel até o fim.



Meu coração dói quando o vejo ali... sentando... roncando bênçãos... tentando acenar... mostrando semblante de dor... e sendo puxado para trás... até que as cortinas se fechem sobre ele.

Para mim é um retrato simbólico poderoso do que está acontecendo com o Cristianismo, moribundo e rocante..., esforçando-se por falar com o mundo, sem poder e sem saber como.

É uma cena doída e patética.

À semelhança do Papa o Cristianismo está em estado de falência. Falência não financeira ou institucional, mas sim espiritual.

O Cristianismo está longe de ser o lugar onde se poderá encontrar os seres espiritualmente mais sensíveis e aguçados do planeta.

Além disso, espiritualmente, o que ele diz soa como ronco, como esforço angustiado, como morte lenta e ofegante.

Ele provavelmente represente, simbolicamente, o ocaso gradual e angustiado de um era.

A mim isso não preocupa por uma simples razão: eu nunca cri que a mensagem do Evangelho tivesse qualquer coisa a ver com o que o Cristianismo pretendia representar.

Apenas lamento que o Cristianismo não tenha se convertido a Cristo, conforme Gandhi denunciou.

Eu sei, contudo, que o Espírito de Deus está vivo na Terra, e que Ele sopra onde quer... e ninguém sabe para onde Ele vai.

Mas Ele vai... pois Ele é.

Quero apenas seguir.

Caio


/// Que o próximo papa consiga fazer as reformas necessárias, para a igreja, e aproximá-la mais cristianismo de Cristo.

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