A família margarina, o mito da família perfeita [1/4]

Casa confortável, filhos saudáveis, alegres e obedientes, mesa farta, todos sorridentes e prestativos, sentados à mesa um pouco antes de saírem para o trabalho e para a escola. Isto lembra sua família ou um comercial de margarina?

Mas na maioria das famílias a realidade parece ser outra, a correria do dia-a-dia, o stress, a necessidade de sair mais cedo para o trabalho devido as longas distâncias, o trânsito uma loucura, ônibus e metrô lotados, filhos nas creches e escolas em tempo integral, parace mais ser o retrato de nossas famílias do que as famílias de comercial de margarina. Este alto nível de stress só deve ocorrer com famílias que não conhecem a Deus, que não possuem fé absolutamente em nada, correto? ERRADO. Ninguém esta livre dos conflitos familiares, nem mesmo os que professam fé em Deus. Problemas de relacionamento, com filhos e os casais, diferenças de pontos de vistas, formas de criar os filhos, problemas no trabalho. Vida normal, não a ideal.

Você é perfeito? Não, ainda que pense ser, tenha certeza que não é, assim como eu também não sou. Sabendo que não somos perfeitos, temos falhas, por que devemos achar que um ajuntamento de pessoas imperfeitas, chamada família, seria perfeita? O mito da família perfeita  na perspectiva das propagandas de margarina não existe, nem a minha nem a sua! Nem mesmos os de ícones bíblia não foram figuras impecáveis de virtude, nem tiveram famílias perfeitas. A família de José (do Egito), não era a das melhores, irmãos invejosos (Gn.37.4), pai com predileção (Gn.37.3) entre os filhos. Mas talvez você pense, esta não é uma família tão problemática, então vamos para a família de Davi: adúltero e assassino, teve problemas graves na educação dos filhos: incesto, assassinato, luta por poder entre os filhos (2 Samuel 13;14;18), talvez para esta você diga: "credo!!!". Para finalizar, mesmo não sendo as únicas, temos a família de Eli. Os filhos do sacerdote Eli, que também eram sacerdotes não foram lá excelentes filhos nem exemplos a serem seguidos de perfeitção, assim como o próprio Eli não foi lá um grande pai.

“Era, porém, Eli já muito velho e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel e de como se deitavam com as mulheres que serviam à porta da tenda da congregação.” 1 Samuel 2.22

Ao meu ver, tudo começou lá em Gênesis, quando Adão em uma só frase culpou a Deus e a Eva pelo seu ato de desobediência (Gn 3.12). No caso de Adão e Deus, houve o rompimento da comunhão, no caso das relações familiares a transferência de responsabilidade e acusações, protagonizada por Adão apenas deteriora as relações, cria mágoa, rancor e ressentimento.

Mas nem tudo está perdido, pois o fato de não sermos perfeitos não nos condena a infelicidade familiar, e a imperfeição eterna.

Assim como Deus nos aceitou com nossas imperfeições e através do seu amor e misericórdia nos trouxe para próximo de si, nós precisamos aceitar e receber as pessoas que chamamos de família. Não escolhemos a família que nascemos, nem nossos pais e nem nossos filhos, e Ele não faz nada por um acaso como se estivesse jogando dados.


Perdoar infinitamente a debilidade alheia deve ser uma das características do comportamento e da fé cristã, pois não devemos perdoar apenas 7 vezes, nem muito menos 490 vezes, se for capaz de contabilizar, pois os 70 x 7 de Jesus (Mateus 18.22) não se aplica a um número exato, mas a uma intenção do coração. Aceitação mútua, perdão, compreensão são chaves que para alcançar a perfeição tangível, e não uma "perfeição" utópica que causa frustração de não alcançar o padrão imposto pela mídia.


Assim, a família perfeita não é aquela que não tem problemas, ou conflitos de interesse e pontos de vista, mas que vive o amor de Cristo de maneira plena e constante.

"Se vocês perdoam a alguém, eu também perdôo; e aquilo que perdoei, se é que havia alguma coisa para perdoar, perdoei na presença de Cristo, por amor a vocês, a fim de que Satanás não tivesse vantagem sobre nós; pois não ignoramos as suas intenções" 2 Coríntios 2.10-11

Até a próxima!