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"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história." Bill Gates

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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Força, amigo, força

Li Yujun foi preso por atear fogo em um tanque durante as manifestações que
acabaram em massacre na praça da Paz Celestial, em Pequim - 1989
Não se venda.
Não se dobre.
Não recue.
Não se acovarde.
Não se renda.
Não se encolha.
O trauma de ficar diante de um pelotão de fuzilamento, segundos antes da execução ser suspensa, não bastou para que Fiodor Dostoievsky deixasse de ser o aclamado escritor Fiodor Dostoievsky.
A força do império britânico não foi suficiente para que Mahatma Gandhi deixasse de se tornar o Mahatma Gandhi que trouxe tanto a independência da Índia quanto a filosofia do pacifismo como resistência política.
O ódio e a perseguição de John Edgar Hoover não foram suficientes para que Martin Luther King Junior deixasse de conquistar o seu lugar no panteão dos grandes vultos da humanidade como Martin Luther King Junior.
A difamação e a censura da União Soviética – e mais o exílio na Sibéria – não evitaram que Aleksandr Solzhenitsyn ganhasse o Prêmio Nobel de literatura como o Aleksandr Solzhenitsyn em Arquipélago Gulag.
O bloqueio da rede Globo de televisão não ofuscou o brilho poético do Chico Buarque de Holanda e ele continuou a compor para se imortalizar como um dos maiores letristas da música popular brasileira como o Chico Buarque de Holanda.
Os vinte sete anos de cadeia, além de ser chamado de terrorista por Ronald Reagan e Margareth Thatcher, não anularam Nelson Mandela; sequer impediram que ele se tornasse o presidente da África do Sul, e uma das maiores figuras da humanidade como Nelson Mandela.
A sanha odiosa de Sérgio Fernando Paranhos Fleury, que executou friamente vários homens e mulheres honrados, não bastou e a biografia de Carlos Marighella sobreviveu e ele hoje é o Carlos Marighella, poeta e idealista, que sonhou com um mundo mais justo.
Delatores congelam nas esferas mais baixas do inferno.
Covardes saem na urina da história.
Venais escorrem no esgoto da vida.
Lambe-botas se arrastam anos a fio como capachos.

Ivan Bastos é impedido de entrar na CGADB e chama a polícia


Ele foi eleito como tesoureiro da convenção, mas foi desligado da mesma por
um processo disciplinar que foi anulado pela Justiça

O pastor Ivan Pereira Bastos precisou registrar um boletim de ocorrência nesta segunda-feira (24) por ter sido impedido de entrar em sua sala na sede da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), no Rio de Janeiro.

Bastos foi eleito como primeiro tesoureiro da convenção em abril do ano passado, mas por conta de um processo disciplinar ele foi desligado da CGADB junto com os pastores Jônatas Câmara e Samuel Câmara.

Desde a decisão de desligamento os pastores tentam na justiça o direito de reintegração, algumas liminares em favor dos acusados já foram assinadas, mas a Convenção recorre e consegue derrubar as decisões anteriores, impendido que eles voltem a fazer parte do quadro de pastores.

Recentemente o pastor Ivan Bastos conseguiu uma liminar que lhe restituiu o direito de ocupar o cargo conquistado pelos votos do pastores que participaram da Assembleia Geral Ordinária (AGO), mas ao chegar na sede da CGADB pastores impediram que ele entrasse na sala, o que lhe obrigou a chamar a polícia.

“O José Wellington não me permite assumir porque sabe que fui eleito com votos da oposição e tenho compromisso com a transparência. Ao assumir a tesouraria todos sabem que eu vou abrir aquela ‘caixa preta’”, disse ele no vídeo.

Bastos afirma que há fortes indícios de que a convenção esteja desperdiçando dinheiro com passagens aéreas, hotéis de luxo e outros gastos que ele chama de “farra”.

Assista:

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Padre sofre perseguição por negar adoração a Maria


O padre Fábio de Melo já começou a sofrer perseguição pelo seu próprio povo. 

Depois de fazer algumas declarações polêmicas, Fábio de Melo é vitima de uma petição pública, que exige o afastamento do padre do Programa Direção Espiritual, exibido na Tv Canção Nova. 

Depois de vários sites especializados em notícias gospel reproduzirem um vídeo, em que o padre critica a adoração a Maria, alguns católicos passaram a tratá-lo como herege, e passaram a perseguir o padre. Assista o vídeo que motivou a petição:


Veja o fundamento do pedido, apresentado a AVAAZ 

Padre Fábio de Melo nega a natureza divina da Igreja, dizendo que Cristo queria implantar o Reino de Deus na Terra. Isso é Teologia da Libertação já condenada pela Sé Apostólica, com a nuança de que a Igreja foi criação de homens e não de Cristo, Literalmente o padre disse: 

Jesus não queria a Igreja, queria o Reino de Deus, mas a Igreja foi o que conseguimos dar a Ele”. 

Ele também relativiza a presença real de Cristo na Eucaristia, dizendo que: 

O que é a presença real?[ ...] O pão e o vinho somente? Não.” 

A presença real de Cristo é apenas na Eucaristia, sem embargo à onipresença de Cristo, no entanto, corpo, alma e divindade de Cristo estão presentes apenas na Eucaristia. 

O Código de Direito Canônico condena essa relativização com pena máxima: 

884. Cân. 2. Se alguém disser que no sacrossanto sacramento da Eucaristia fica a substância do pão e do vinho juntamente com o corpo e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo; e negar aquela admirável e singular conversão de toda a substância de pão no corpo, e de toda a substância do vinho no sangue, ficando apenas as espécies de pão e de vinho, que a Igreja com suma propriedade (aptissime) chama de transubstanciação — seja excomungado [cfr. n° 877]. 

Também faz apologia ao Socialismo, como na entrevista ao Instituto Humanitas Unisino: 

A proposta de Jesus é socialista, né? O socialismo tem sido mal interpretado. Bem aplicada, sem os exageros da antiga União Soviética, a proposta socialista só edifica.” 

Ocorre que desde Pio X, passando por Leão XII, PIo XII, Paulo VI, João XXIII, dentre outros, o comunismo e Socialismo sempre foram doutrinas condenadas, de modo que JOão XXIII disse que ao católico não é admitido “nem o socialismo moderado”. 


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Ame alguém que…


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Cyelen Veloso, no Catalogando-me [via Pavablog]
Tenha afinidades com você. Não adianta ele(a) ser a pessoa mais bonita do mundo se vocês tem gostos diferentes, um dia beleza se torna rotineira e a convivência será o principal para manter a união.
Que te olhe nos olhos sempre, seja para elogiar, para discutir, pedir perdão. Olhar nos olhos é uma das formas mais sinceras de conversar.
Que te acalme no fim do dia, depois daquele engarrafamento estressante ou de ouvir horas o chefe mala dizendo que Ra pra ter entregue o relatório.
Alguém que viva com você e não pra você. Prefira alguém que faça junto à alguém que faça tudo por você.
Ame uma pessoa que tenha a iniciativa de tomar decisões e não deixe tudo á sua escolha e que te deixe à vontade para escolher quando você realmente quer algo específico.
Alguém que te incentive a fazer as coisas que sempre quis, mas de alguma forma não se sente motivada(o).
Ame alguém que vibre com suas pequenas conquistas e que te desafie a ser uma pessoa melhor.
Queria alguém que te faça rir, que brinque com o seu cabelo. Alguém espontâneo que goste daquele seu pijama de bolinhas e diga o quanto você fica linda(o) com a cara amassada de sono.
Ame alguém que entenda sua independência e sabe que nem sempre você vai precisar dele(a), mas está disposto a ficar ao seu lado mesmo assim.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

11 dicas para ler notícias sem enlouquecer


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As informações em tempo real estão acabando com a nossa sanidade. Um novo livro traz conselhos para quem quer recuperá-la
Danilo Venticinque, na revista Época [via Livros e Pessoas]
Os leitores estão enlouquecendo. Faça uma visita às caixas de comentários de qualquer grande portal e você verá o quanto são raras as demonstrações de bom senso. O caps lock parece ser a tecla da moda. Há xingamentos para todos: o autor da reportagem, os entrevistados, os outros comentaristas e as famílias de todos os envolvidos. Teorias da conspiração abundam. Um acidente de carro na Grã-Bretanha ou a alta no preço dos sanduíches no Rio de Janeiro podem ser culpa da Dilma, do PSDB, da imprensa, do imperialismo americano ou de todos eles juntos, dependendo de quem for o leitor.
Antes que alguém se aventure a buscar uma explicação na política nacional, convém lembrar que esse fenômeno se repete no mundo inteiro. Mudam os nomes dos partidos, os políticos execrados e o idioma dos palavrões. A atitude continua igual. O lado bom é que, salvo algumas infelizes exceções, ainda não estamos discutindo aos berros no meio da rua e pulando no pescoço alheio. Reservamos esse comportamento para as caixas de comentários de notícias. Porque são elas as responsáveis por nossa loucura.
Começamos a consumir informações em tempo real há algumas décadas, mas raramente paramos para pensar se isso é saudável. Já escrevi aqui sobre as vantagens de largar as notícias de vez em quando e reservar tempo para leituras mais nutritivas – reportagens mais longas, ensaios e, sobretudo, livros. Abandonar as notícias permanentemente não é uma opção, ao menos para a maioria de nós. Manter-se desinformado por algumas horas pode ser um prazer, mas a desinformação por um período prolongado logo se transforma em ignorância.
Se as notícias são necessárias, precisamos encontrar uma forma saudável de consumi-las. O livro recém-lançado The news: A user’s manual (Notícias: Um manual do usuário), do filósofo suíço Alain de Botton, traz sugestões para os leitores que querem aproveitar o que as notícias têm de bom sem cair em suas armadilhas. Reuni 11 das principais dicas do autor nos itens a seguir.
1. Tenha um motivo para ler
Com muita frequência, clicamos em notícias nas redes sociais ou nas páginas de grandes portais simplesmente porque não estamos fazendo nada. “As notícias não vêm com manual de instruções porque lê-las é teoricamente uma das atividades mais fáceis e óbvias do mundo, como piscar os olhos e respirar”, afirma Botton. Quando ler notícias se transforma num passatempo, porém, deixamos de pensar sobre as informações que recebemos e aproveitamos muito pouco do que lemos. Antes de ler uma notícia, faça duas perguntas simples para você mesmo: o que você quer saber e por quê? Essas duas respostas tornarão sua leitura muito mais proveitosa.
2. Enfrente seu tédio
“Caetano Veloso estaciona no Leblon” é uma informação que absorvemos instantaneamente. “ONU acusa Coreia do Norte de crimes contra a humanidade” exige algum esforço. As notícias mais relevantes são, na maioria das vezes, as mais monótonas. A culpa nem sempre é do repórter. Alguns assuntos são naturalmente mais áridos do que os outros. Cabe ao leitor perseverar. Se você só der atenção às reportagens fáceis de ler, continuará desinformado mesmo depois de horas dedicadas às notícias.
3. Tente aprender algo
Se você somar todo o tempo que gasta lendo notícias ao longo de um ano, perceberá que essa atividade toma semanas ou até meses inteiros. O que ganhamos em troca do tempo investido? A resposta depende muito do tipo de notícia que lemos e da maneira como encaramos essa leitura. Um mês dedicado a acessar centenas de notícias de política diariamente para ofender candidatos nos comentários é um mês desperdiçado. O mesmo tempo pode ser muito bem aproveitado se lermos reportagens mais aprofundadas sobre os problemas e conquistas do país, entendermos o ponto de vista de cada candidato e nos tornarmos eleitores (e cidadãos) melhores. Depois de ler uma notícia, pergunte-se se aprendeu algo com ela. Se a resposta for “não” na maioria das vezes, é um sinal de que você está lendo as notícias erradas ou dando pouca atenção a elas.
4. Seja seu próprio editor
Diariamente, editores enfrentam a tarefa de escolher quais são os fatos mais importantes para os leitores. A tarefa é difícil e a margem de erro é enorme. O que importa para um leitor pode ser absolutamente irrelevante para outro. Há notícias que todos devem ler, mas a maioria dos nossos interesses é pessoal. Talvez a informação mais importante do dia para você não esteja na manchete, mas sim no pé da página, ou até mesmo em outro site. Busque-a. Você é o único responsável por encontrar o conteúdo que você quer ler.
5. Acompanhe as grandes histórias
Muitas das notícias que lemos são apenas pequenas partes de narrativas muito maiores, que só serão compiladas por historiadores daqui a alguns anos. Notícias como “Batistas abrem espaço para que mulheres sejam pastoras” ou “Lupi voltou a negociar com Eduardo Campos” tornam-se muito mais interessantes quando as enxergamos como peças num quebra-cabeça, e não como fatos que se encerram em si. Acompanhar as notícias diariamente é como ler, ao mesmo tempo, dezenas de livros que ainda estão sendo escritos. Quem se dá conta disso consegue aproveitá-las muito mais.
6. Pense como um estatístico
Diariamente, centenas de milhões de fatos triviais acontecem sem registro nos jornais, revistas ou sites noticiosos. O noticiário privilegia, por princípio, acontecimentos incomuns. Uma desvantagem disso é que, se formarmos nossa visão de mundo com base no jornalismo, teremos a impressão de que fatos atípicos são muito mais frequentes do que parecem. A maioria dos aviões não cai. A maioria dos motoristas não se envolve em acidentes graves. A maioria das pessoas que caminham na rua à noite não é assaltada. Há motivos para termos cuidado, mas o mundo não é tão perigoso quanto os jornais nos dizem.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Santificação, amor e justiça


Por Hermes C. Fernandes, no  Cristianismo Subversivo

Qual deveria ser a motivação correta para a busca da santificação? Para muitos, tem sido o medo; medo do inferno, do diabo, de perder a salvação, e por aí vai. Outros julgam acumular méritos diante de Deus. Para estes, a santificação é uma moeda de troca. Se me santifico, posso cobrar de Deus o que quiser.  Isto está mais parasantiforçação. Santificar-se sobre tais bases equivale a construir sobre a areia movediça. A qualquer momento, tudo desaba.

A única motivação válida e aceita por Deus é o amor. Não nos santificamos por nós mesmos, visando algum benefício próprio, mas pelos outros.

Em Sua oração sacerdotal, Jesus rogou:

“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por eles me santificoa mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.” João 17:17-19

O mais santo dentre os homens, mesmo sendo Deus encarnado, precisou santificar-se. Não por Si mesmo, mas visando o bem dos que Lhes foram confiados pelo Pai. Devemos, portanto, seguir os Seus passos e buscar a santificação que visa o bem comum. Paulo expressa seu desejo de que o Senhor nos aumentasse, e nos fizesse“crescer em amor uns para com os outros, e para com todos”, para que assim, nos tornássemos “irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai” (1 Ts.3:12-13). Nosso amor não deve ser direcionado exclusivamente ao grupo a que pertencemos. Pelo contrário, deve ser inclusivo. Ninguém deve ficar de fora de seu alcance. Somente assim alcançaremos o padrão de santidade esperado.

Se a motivação para a santificação deve ser o amor, o resultado dela deve ser ajustiça. Não custa lembrar que justiça é dar a cada um o que lhe é de direito. Quando reconhecemos o lugar do outro, sem cobiçá-lo ou invejá-lo, mas estimulando-o a ocupá-lo plenamente, estamos pavimentando o caminho para a prática da justiça do reino de Deus. Na mesma epístola em que Paulo fala sobre crescer em amor para com todos, ele também diz:

“Vede que ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, uns para com os outros, e para com todos (...) Abstende-vos de toda espécie de mal. E o próprio Deus de paz vos santifique completamente.”  1 Tessalonicenses 5:15, 23a

Como amar sem se dispor a beneficiar a quem se ama? Como amar sem ser justo? Sem seguir o bem, uns para com os outros e para com todos? Tornamo-nos irrepreensíveis em santidade quando amamos indistintamente. Mas, somos santificados completamente quando promovemos a justiça indistintamente. Amar sem praticar a justiça é como encher o tanque do carro para deixá-lo na garagem. 

Não basta ter disposição para fazer o bem. Há que se ter disponibilidade para tal. Os membros de nosso corpo, antes oferecidos como instrumentos de iniquidade (injustiça), apresentados “à maldade para maldade”, agora devem ser apresentados para “servirem à justiça para santificação” (Rm.6:19). Tiramos nossas ferramentas do almoxarifado da iniquidade para disponibilizá-las no balcão da justiça. 

Servir à justiça é levantar as mãos cansadas, os joelhos vacilantes, e fazer veredas direitas para os pés, “para que o é manco não se desvie, antes seja curado”. E assim, seguimos “a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb.12:12-14). 

Somos facilitadores. Em vez de dificultar o acesso, preferimos facilitar. Somos chamados a ser pacificadores, não agitadores. Buscamos e promovemos a paz. Todavia, a paz só é possível se precedida pela justiça. E a justiça só se estabelece quando precedida pelo amor. De trás para frente: o amor produz a justiça, e justiça produz a paz, e ambos pavimentam o caminho da santificação. 

O mundo é um terreno acidentado, cheio de montanhas e vales, altos e baixos. O plano de Deus é aplainar, endireitar e nivelar este terreno. Quando finalmente a justiça for estabelecida, não haverá mais ricos e pobres, grandes  e pequenos, dominantes e dominados; logo, não haverá luta de classes, nem injustiça social. Como profetizou Isaías: "Todo vale será exaltado, e todo o monte e todo outeiro será abatido, e o que é torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará. E a glória do Senhor se manifestará, e toda a humanidade a verá, pois a boca do Senhor o disse" (Is.40:4-5). Era com isso em mente que Jesus disse que sem a paz que é resultado da justiça e a santificação resultante do amor, ninguém verá o Senhor. O terreno precisa ser nivelado para que todos O vejam. Não se trata aqui daquela visão que teremos d'Ele no último dia, mas de discerni-lO no dia-a-dia, de enxergá-lO principalmente no outro, tanto no semelhante quanto no diferente, tanto no próximo quanto no distante. Para isso, temos que aplainar o caminho, remover as pedras, facilitar o acesso. "Passai, passai pelas portas; preparai o caminho ao povo; aplanai, aplanai a estrada, limpai-a das pedras" (Is.62:10). Como diz a  canção de Roberto Carlos cantada pelos Titãs:"Toda pedra do caminho você pode retirar. Numa flor que tem espinhos, você se arranhar. Se o bem e o mal existem, você pode escolher. É preciso saber viver."

Cumprir-se-á, então, o que fora profetizado por Isaías:

“E ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão.”
Isaías 35:8

O imundo é o que insiste em atribuir profanidade à vida. É aquele cuja consciência não foi devidamente purificada. Afinal, “tudo é puro para os que são puros, mas para os corrompidos e incrédulos nada é puro; antes tanto a sua mente como a sua consciência estão contaminadas” (Tt.1:15). O imundo não consegue discernir a santidade intrínseca da vida do outro. Ele a profana, a banaliza. Por isso, não consegue tratá-lo com justiça. A vida do outro nada vale. Portanto, que direito ele teria?

Uma vez mais, Paulo nos admoesta:

“Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus. Recebei-nos em vossos corações; a ninguém fizemos injustiça, a ninguém corrompemos, a ninguém exploramos.”  2 Coríntios 7:1-2

Da mesma maneira como devemos santificar a Cristo como Senhor em nossos corações, também devemos receber qualquer ser humano em nossos corações, garantindo-lhe cadeira cativa. Aos olhos de quem ama, todos são santos. Por isso é inadmissível que se faça injustiça a qualquer ser humano, ou que procuremos corrompê-lo ou explorá-lo visando nosso proveito próprio.

Ninguém deve ser reputado por banal, profano, comum, impuro. Como disse Jesus a Pedro: “Não chame impuro ao que Deus purificou” (At.10:15). Os europeus se acharam no direito de explorar os índios porque não conseguiam enxergar a sacralidade de suas vidas. O mesmo se deu com os negros feitos escravos. E com as mulheres ao longo de séculos. Elas nem sequer eram contadas nos censos. Visando corrigir isso, Pedro orienta aos maridos a tratarem suas respectivas esposas com honra, reconhecendo sua fragilidade, e vendo-as como co-herdeiras do dom da graça e da vida. Como se não bastasse, o apóstolo ameaça aos trogloditas de que suas orações não serão ouvidas, caso se neguem a atribuir à mulher o seu devido valor (1 Pe. 3:7). Leis como a “Maria da Penha” é uma tentativa de se resgatar o valor e a sacralidade da mulher. Documentos como o Estatuto da Criança e do Adolescente visam resgatar a sacralidade original da vida infantil. O trabalho infantil profana a mais bela das idades.

Quem percebe a santidade inerente da vida, recusa-se a usar quem quer que seja visando seus interesses. Usar alguém é coisificá-lo, vendo-o como um objeto que mais tarde poderá ser descartado. Quem assim age, atenta contra a sacralidade da vida, banalizando-a, profanando-a, aviltando-a.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O dilema de recuar ou prosseguir


Ricardo Gondim
Já me converti algumas vezes em minha peregrinação cristã. Fui católico nominal e me torneipresbiteriano-reformado-calvinista.  Depois, migrei para o pentecostalismo e ganhei o título deassembleiano-clássico. No calor da minha pentecostalização, saltei de uma relação despretensiosa com os milagres para uma prática sedenta por intervenções sobrenaturais. Fascinado com o mistério tremendo, saí das orações formais e litúrgicas para agonizar de joelhos. Eu implorava para que Deus resolvesse de maneira sobrenatural os problemas agudos da vida, meus e dos que me rodeavam.
Na maturidade, outras mudanças aconteceram com fases distintas. Abandonei projetos grandiosos - billygrahaminianos - de impactar o mundo. Me descolei das ideias essencialistas sobre a igreja verdadeira – essa comunidade só existe na concepção de certos teólogos quando se referem ao corpo místico de Cristo. Me desiludi com as afirmações absolutas da teologia sistemática. Já não tenho paciência para ler, dialogar ou debater com quem pretende catalogar exaustivamente o que se deve conhecer sobre Deus e sobre o mundo vindouro. Me desencantei com a espiritualidade que engrena a vida numa lógica de causa e efeito. Fujo dos apologetas beligerantes como a gazela, do tigre. Não tolero fiscais da reta doutrina.
Alguns amigos, inquietos com a minha nova trajetória, questionam se não há retorno. Eles indagam se estou mesmo decidido a permanecer no processo de repensar a fé. Devido as marretadas que já levei, os companheiros que perdi e as censuras que sofri, confesso: fui tentado, sim, a reconsiderar o que escrevo e falo. Por vezes pensei se valia a pena. Nenhum exílio é agradável. Mas, como voltar atrás? Como retroceder se os novos conteúdos me encantam? Melhor viver o desterro que dormir com a sensação de ter cedido em um retrocesso covarde. Tudo o que me entusiasma pede para ser aprofundado, alongado e problematizado – jamais esvaziado.
Se recuasse, eu precisaria negar a mais linda revelação do evangelho: o esvaziamento de Deus na encarnação. Jamais poderia pregar que amor é o atributo distintivo do Deus revelado em Cristo, e não a onipotência.
Se recuasse, eu precisaria voltar a pregar que as narrativas bíblicas de milagre são jornalísticas e que tais maravilhas só servem para convencer os incrédulos de que Deus é poderoso. Eu perderia a grandeza da verdade mítica contida nos relatos. Voltaria à sofreguidão de tentar emular prodígios. Deixaria de lado a sutileza da revelação nas entrelinhas de tudo o que é contado com hipérbole.
Se recuasse, eu precisaria insistir que a condição sub-humana das crianças que sobrevivem com as sobras dos lixões faz parte de um plano traçado por Deus antes da criação do mundo. Não consigo me imaginar falando: Deus decidiu que esses meninos e meninas viveriam assim. Os porquês dele ter traçado a sorte dessas crianças – a providência – só conheceremos na eternidade.
Se recuasse, eu precisaria pregar que Deus controla tudo. Acreditar que ele está no controle, significa para mim aceitar que Deus micro-gerencia os atos do estuprador que matou a adolescente, os fornos de Auschwitz, as machadadas que dizimaram Ruanda e a estupidez de Pol Pot no Camboja.
Se recuasse, eu precisaria escrever revistas de escola dominical para provar que as crianças são perversas e mentirosas por natureza. Eu teria que conviver com uma teologia que as trata como víboras em gestação. Eu teria que voltar a desenvolver cruzadas pela salvação das crianças. Elas teriam de se arrepender o quanto antes para não terminarem prematuramente no inferno.
Se recuasse, eu precisaria ensinar que sem o credo confessional dos evangélicos, bilhões arderão no lago de enxofre. Eu teria que afirmar que Deus se sentirá feliz e vingado ao ouvir o choro e o ranger de dentes dos condenados por toda a eternidade.

Miss venezuelana morre após ser baleada na cabeça durante protesto

  • Génesis Carmona é levada de moto a um hospital após ter sido
    baleada na cabeça
    publicado no UOL Notícias

    A Miss Turismo Carabobo 2013, Génesis Carmona, 23, morreu nesta quarta-feira (19) um dia após ter sido baleada na cabeça durante um protesto de estudantes em Valencia, na Venezuela, contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro. Ela é a quarta vítima da onda de protestos contra o governo chavista.

    Segundo a página da jovem no Facebook, Carmona morreu ao meio-dia (hora local, 13h30 no horário de Brasília).

    A miss foi internada em um hospital com um quadro de edema cerebral. A bala não pode ser retirada de seu crânio. Ela chegou a ser operada, mas não resistiu aos ferimentos.
  • Génesis Carmona, 23, era estudante de marketing e venceu o
    Miss Turismo Carabobo 2013

    Carmona, que era estudante de marketing na Universidad Tecnológica del Centro (Unitec), foi levada ao hospital em uma moto. Imagens da miss entubada e de uma suposta radiografia de seu crânio ainda com a bala alojada estão circulando nas redes sociais.

Lavagem de roupa suja


megafone
Publicado por Piero Barbacovi [via Pavablog]
Dizem para eu me calar quando falo que Deus é frágil. Sim, no amor, ele é. E isso não o diminui, pelo contrário, apenas descreve sua grandeza: o poder mais maravilhoso do universo não usa da coerção para nos atrair. Não precisamos de mais do mesmo. Devemos ter coragem de enfrentar o mundo real, que não conta com grandes intromissões. Precisamos de amor, não de milagres.
Dizem para eu me calar quando afirmo que Cristo não veio nos salvar apenas para o post mortem. Essa visão empobrece a mensagem do Mestre e joga para o depois do fim o processo que deveria salvar as pessoas ainda dentro da história. Ricardo Gondim já falava:
“A alvissareira mensagem do evangelho anuncia que não basta salvar os indivíduos de si mesmos, eles precisam ser salvos para o próximo; não basta salvar os indivíduos do diabo, eles precisam ser salvos para não demonizar as relações sociais; não basta salvar os indivíduos do mundo, eles precisam ser salvos para voltar ao mundo e salgá-lo”.
Dizem para eu me calar quando falo que o determinismo diante da vida não faz sentido. Se fizesse, seus apoiadores levariam suas crenças até as últimas consequências. Porém, quando se trata de terrorismo, estupros, desgraças, favelas, diante da incongruência de seus raciocínios,  o que se vê são abacaxis de responsabilidade sendo jogados para cima de Deus, que, para financiar a história, orquestra horrores como etapas necessárias para cumprir uma vontade soberana. Um deus permissivo, cínico, cruel e maquiavélico não merece ser adorado.
Dizem para eu me calar quando falo que pressupostos doutrinários tidos como verdades absolutas, e sem reflexão crítica, devem ser repensados. Nossos religiosos escolheram compreender Deus a partir da onipotência. Se tivessem prestado mais atenção ao que a revelação do amor indica, com certeza teríamos menos pessoas destrocadas pela fé. Caso assim seja, estou com Marx: “a religião é o ópio do povo”, uma vez que incentiva a inoperância e a indiferença do homem diante da vida, dos seus problemas e de suas injustiças. Usando o fatalismo como bengala, instiga à acomodação.
Dizem para eu me calar quando digo que alguns religiosos são antiéticos, egoístas e exploradores, que só pensam no sucesso de suas empresas (igrejas), mercadejando milagres. Cético, não acredito mais em depoimentos de curas veiculados pela TV. Se fossem assim, tão cheios do Espírito Santo, estariam nos corredores superlotados dos hospitais, ajudando nosso Governo na sua patética tarefa de cuidar da saúde.
Não vou me calar, pois sei do poder transformador que cada um tem dentro de si e porque sempre fui adepto ao trabalho de formiguinha: se cada um faz sua parte, as coisas dão certo. Podem me chamar de ingênuo, mas vou continuar protestando por menores salários de deputados, por melhor aplicação dos impostos em saúde e segurança, por ciclovias, melhores transportes públicos e maior acessibilidade, e, em qualquer circunstância, pela educação (sem ela, todas as outras coisas perdem sentido).

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O papa Francisco volta a provocar os católicos

papaFRANCISCO

Publicado por Juan Arias, no El País
O papa Francisco, ao contrário de seus antecessores que mediam e pesavam as palavras, gosta de provocar. E não o faz através de pesadas encíclicas ou documentos pontifícios. Provoca os católicos nas ruas e praças, como há dois mil anos o fazia o profeta inconformista de Nazaré.
Sua última provocação ocorreu na quarta-feira passada conversando com os fiéis em Roma. Disse-lhes, como a coisa mais normal do mundo, que ao cristão que “não se considere um pecador” é melhor que “não vá à missa”.
Mais ainda, segundo Francisco, os que vão à missa para aparentar que “são melhores que os outros”, melhor que fiquem em casa. Não há espaço para eles na igreja.
Advertiu também, com humor, os fiéis para que quando forem à missa não façam “fofocas”, comentando, por exemplo, como está vestida a fulana de tal. Talvez se referisse às cerimônias de casamento. Francisco, quando era cardeal arcebispo de Buenos Aires, ironizava ao comentar que muitos católicos assistem a esse tipo de cerimônia sem se importar com a missa, e mais “como está vestida a noiva e as suas convidadas”.
O novo papa latino-americano está ressuscitando a Igreja do entendimento e da misericórdia após séculos de inquisição. Está pulando centenas de anos de teologia e doutrina patrística para levar a Igreja às suas origens, quando ainda não existiam tribunais de inquisição e quando no centro de tudo estava a teologia do perdão, e não a do castigo.
Até a chegada de Francisco, os pontífices mediam cada palavra e até suas encíclicas tinham que passar pela censura da Congregação para a Doutrina da Fé e do jornal oficial do Vaticano, L´Osservatore Romano.Não eram livres para dizer o que sentiam com espontaneidade.
Lembro de só um papa, João XXIII -pelo que dizem parecido com Francisco- que, quando visitava algum bairro pobre na periferia de Roma, ao falar improvisando, dizia com humor aos jornalistas que o acompanhavam: “Melhor que tomem nota, porque é possível que amanhã o que eu estou dizendo não saia publicado no L´OsservatoreRomano”. E era verdade -o censuravam.
Francisco surge quebrando velhos tabus. Não se sente de mãos atadas quando fala, nem se preocupa excessivamente com a possibilidade de suas palavras poderem ou não deixar de cabelo em pé certos teólogos conservadores.
Sente-se seguro porque ele fez um link com a Igreja primitiva, e mais ainda, com os textos bíblicos, antes de que fossem domesticados pelas diversas teologias ao longo dos séculos. A afirmação de que se um cristão não se sente pecador é melhor que não vá à missa não deixará de soar quase como uma heresia a muitos católicos conformistas.
No entanto, essa volta à ideia de uma Igreja não triunfante, não de justos e santos senão de pecadores, não de eleitos senão dos que buscam a piedade e a misericórdia, Francisco está resgatando dos evangelhos, dos ensinamentos diretos do profeta judeu.
Três passagens dos evangelhos de Lucas e João dariam plena razão à última provocação de Francisco. A primeira é quando é acusado pelos fariseus de ter ido com seus apóstolos comer na casa de um publicano, uma categoria considerada como de “pecadores”. Jesus aproveita a crítica feita pelos que se acham bons e diz: “Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento“, e acrescenta: “Os sãos não precisam de médico, mas sim os enfermos”. (Lucas 5, 27-32)

Carlos Alberto Bezerra Jr: “Não me alinho a bancadas evangélicas”

cabjrCarlos Fernandes, na Cristianismo Hoje
Em setembro, um deputado brasileiro foi destaque na Organização das Nações Unidas, e por um motivo que nada tem a ver com corrupção ou envolvimento em irregularidades – tipo de atitudes normalmente associadas aos políticos no Brasil. O deputado estadual Carlos Alberto Bezerra Jr, do PSDB paulista, falou na reunião do Alto Comissariado dos Diretos Humanos da ONU, realizada em Genebra (Suíça), sobre um projeto de sua autoria que está dando o que falar. Aprovado na forma da Lei nº 14.946, o instrumento prevê a cassação do registro no Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS, de toda empresa que se utilizar, ainda que indiretamente, de mão de obra submetida a regimes de trabalho que se assemelhem à escravidão. Na prática, a lei inviabiliza o funcionamento de grupos empresariais que praticam a exploração ilegal de trabalhadores. Embora a escravidão tenha sido oficialmente abolida no país há 125 anos, há muitas pessoas escravizadas ou semi-escravizadas no país, e não apenas nas longínquas zonas rurais. Só em São Paulo, o mais rico e desenvolvido Estado do país, 40 mil trabalhadores nessa condição foram resgatados na última década – tanto brasileiros como imigrantes ilegais oriundos de nações sul-americanas.
Vereador por dois mandatos na capital paulista, Bezerra foi para a Assembleia Legislativa de São Paulo em 2011. Relativamente curta, a carreira política tem se consolidado com ações a favor da saúde e dos direitos humanos, com uma boa avaliação de seus mandatos. Médico e pastor da Comunidade da Graça, em São Paulo, Bezerra sabe, no entanto, que a imagem do político, inclusive o evangélico, está desgastada no país. “Minha fé não é meu palanque; por isso, as diversas matérias que deram destaque à nova lei não entram nesse assunto”, diz. Dizendo que nunca se alinhou às chamadas bancadas evangélicas – “Esses grupos nunca se notabilizaram por suas boas práticas ou significativas contribuições para o país”, explica –,o deputado argumenta que falta à Igreja uma atuação cristã e política que seja profética e transformadora. “É por isso que a agenda gay acaba pautando a agenda evangélica no país.”
CRISTIANISMO HOJE – Cerca de 40 mil trabalhadores foram resgatados de condições de escravidão ou semi-escravidão nos últimos dez anos, só no Estado de São Paulo. Qual é o real tamanho do problema, em escala nacional?
CARLOS ALBERTO BEZERRA JR – O problema é gravíssimo. Trabalho escravo não é coisa do passado. Existe, acontece e está perto de cada um de nós. No mundo todo, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que haja cerca de 27 milhões de escravos – e não apenas nas áreas rurais. Esse problema acontece também, e muito, nas zonas urbanas. No Estado de São Paulo, o trabalho escravo concentra-se especialmente nos setores da construção civil e da indústria têxtil. Hoje, a capital do Estado mais rico do país abriga mais de 10 mil oficinas de costura clandestinas, repletas de trabalhadores em condições de escravidão.
Quando o senhor começou a se envolver com isso?
Comecei a lutar contra essa violência absurda na metade de 2011, quando estouraram as denúncias sobre escravidão na produção das roupas da grife Zara. Não tinha ideia de que aquele caso era uma gota num oceano de crimes dessa natureza. De lá pra cá, foram inúmeras batalhas, com novas denúncias contra grandes empresas e diversos novos casos de escravidão contemporânea. Passei a convocar os principais envolvidos em casos do tipo para dar explicações na Comissão Estadual de Direitos Humanos, da qual sou vice-presidente. Das longas sessões – das quais saíamos quase sempre mais revoltados do que havíamos entrado –, surgiu a ideia de criar um projeto de lei que invertesse a engrenagem que move o trabalho escravo de hoje. A lógica da proposta que nasceu dessa experiência é cortante: se o trabalho escravo não tem outro objetivo que não o lucro, então, para combatê-lo é preciso gerar prejuízo a quem o pratica.
Mexer com esses grupos não o assusta?

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A humildade de Deus


humildade
Ed René Kivitz
Ontem contei a história de José do Egito. As palavras de José, “vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus transformou o mal em bem”, implicam a necessária reflexão a respeito da soberania de Deus e a responsabilidade moral humana.
Ao final da celebração, recebi uma jovem que com lágrimas nos olhos me interpelou: “Então não é verdade, pastor, que por trás das coisas ruins que me aconteceram havia um propósito de Deus? Não foi Deus quem fez com que acontecessem? Não foi Deus quem me enviou o mal para me ensinar alguma coisa ou me guiar na direção certa? Foi isso o que me ensinaram a vida toda”. Abracei aquela moça e orei para que uma outra compreensão espiritual ganhasse seu coração e outro rosto de Deus, o Pai amoroso, lhe trouxesse paz e esperança.
Há pelo menos duas maneiras de compreender a soberania de Deus. Alguns acreditam que Deus é soberano porque controla todos e cada um dos detalhes de tudo o que acontece. Mesmo as coisas ruins que acontecem porque se encaixam num plano perfeito de Deus, que tem um propósito para que elas aconteçam.
Foi por causa dessa compreensão que ouvi certa vez uma senhora piedosa tentando me confortar pela perda do meu pai, falecido aos 26 anos de idade, deixando minha mãe com duas crianças no colo, eu com pouco mais de dois anos, e minha irmã, com apenas 6 meses. Após ouvir um dos meus sermões, aquela senhora me disse: “Agora entendo porque Deus levou seu pai. Ele queria fazer de você o homem que você se tornou”.
Passados muitos anos desse episódio, consegui elaborar o que diria àquela senhora. Primeiro, que Deus não precisava matar meu pai para me fazer um homem de bem. Segundo, que não estou com essa bola toda, para que Deus saia por aí matando pessoas por minha causa. Terceiro, que não há necessidade de que ninguém sacrifique sua vida por mim ou qualquer outro ser humano, pois a morte de Jesus Cristo foi suficiente e definitiva. Qualquer outra morte necessária para que um propósito de Deus se cumpra transforma o morto em co-redentor. Mas é muito difícil enfiar teologia numa conversa pastoral, isso é arte que poucos dominam.
Essa compreensão da soberania de Deus, que o faz responsável por todos e cada um dos detalhes de tudo o que acontece, também está presente nas afirmações de Rick Warren, em seu livro Uma vida com propósitos. Diz o pastor Warren que “Deus determinou cada pequeno detalhe do seu corpo. Ele deliberadamente escolheu sua raça, a cor de sua pele, seu cabelo e todas as outras características. Ele fez seu corpo sob medida, exatamente do jeito que queria (…) ele também decidiu o momento de seu nascimento e seu tempo de vida (…) escolhendo o momento exato de seu nascimento e de sua morte (…) Deus também programou onde você nasceria e onde viveria para o propósito dele”. Finalmente, afirma que “o propósito de Deus levou em conta o erro humano e até mesmo o pecado”.
Para entender o que significa “Deus levou em conta o erro humano e até mesmo o pecado”, podemos acessar as afirmações de Mark R. Talbot, no artigo “Liberdade verdadeira”, publicado em Teísmo aberto: uma teologia além dos limites bíblicos, organizado por John Piper.
Diz Talbot: “O que significa dizer que Deus ordena alguma coisa? Significa que ele desejou eternamente que aquilo se realizasse (…) Vistas no seu todo, as Escrituras realmente asseveram, presumem ou implicam que Deus ordena todas as coisas, incluindo o mal natural e o mal moral (…) O ensinamento bíblico é que Deus ordenou, desejou ou planejou todas as coisas que acontecem em nosso mundo desde antes da Criação. Deus é o agente primário – a causa primária, a última explicação – de tudo o que acontece”.
Agora você vai cair da cadeira. Talbot prossegue dizendo: “Não nego nem por um momento quão difícil pode ser evitar responsabilizar Deus pelos males do mundo simplesmente porque ele ordena todas as coisas. De que maneira um Deus bondoso poderia ordenar o Holocausto? Como ele pode ordenar o abuso sexual até mesmo de uma única criança? Como ele poderia ordenar a morte lenta e dolorosa de alguém que amo? Contudo, como acontece com todas as outras doutrinas cristãs, o teste da verdade dessa doutrina não é que a consideremos plausível ou atraente, mas que a encontremos nas Escrituras”.
Pessoalmente, não apenas considero essa doutrina nada atraente e nada plausível, como também e principalmente não a encontro nas Escrituras.
O Dr. Gerry Breshers, professor de teologia do Western Theological Seminary, apresenta uma outra perspectiva de compreensão da soberania de Deus (veja aqui). Ele afirma que a soberania de Deus significa que Deus não deve satisfações a ninguém, e, portanto, não precisa prestar contas ou dar explicações de seus atos. Isso é evidente, pois Deus não tem ninguém acima dele que o obrigue a fazer ou deixar de fazer o que quer que seja. Nesse sentido, é soberano, é absolutamente livre para agir, sem se submeter a qualquer outra vontade senão a sua mesma.
Essa livre autodeterminação de Deus implica que Deus é soberano no sentido de poder fazer qualquer coisa que escolha fazer, em qualquer tempo que escolha fazer. “Deus pode fazer” é diferente de “Deus faz”. O fato de Deus poder fazer qualquer coisa que escolha fazer não significa que tudo o que acontece se explica pela ação de Deus. Deus não é “o agente primário – a causa primária, a última explicação – de tudo o que acontece”, como pretende Talbot. De fato, há muita coisa que acontece em oposição à vontade de Deus.

De olho na comissão de Direitos Humanos, Bolsonaro avisa que nem gays, nem negros vão atrapalhar

Sem temer pressão de movimentos sociais, deputado federal quer substituir Marco Feliciano
 Bolsonaro é contra movimento gay e defende pena de morte (foto: Wilson Dias/ABr)
Bolsonaro é contra movimento gay e defende pena de morte (foto: Wilson Dias/ABr)
Carolina Martins, no R7
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), envolvido em várias polêmicas ao se posicionar contra as lutas de movimentos sociais na Câmara dos Deputados, quer ser o novo presidente da CDH (Comissão dos Direitos Humanos). Ele quer substituir o também polêmico deputado Marco Feliciano (PSC-SP), que assumiu a comissão em março de 2013.
Ele acredita que assumir o colegiado é uma boa forma de ter “visibilidade” em um ano de eleições, e não teme a pressão de grupos que se sentem discriminados por ele.
Para Bolsonaro, “quanto mais se fala em direitos humanos, mais a violência cresce em nosso País” e, por isso, ele vai abrir espaço para debates que defendem os “seres humanos”.
Em entrevista ao R7, Bolsonaro disse ser a favor da pena de morte, levantou a bandeira pela redução da maioridade penal e pela revogação do Estatuto do Desarmamento.
Sobre o movimento negro, Bolsonaro foi categórico: “não quero saber a cor de pele de ninguém”. E a opinião do deputado sobre o movimento homossexual também não mudou — continuam sendo “o que há de pior na sociedade”.
Confira entrevista abaixo:
R7: Como estão as negociações? O senhor está otimista, acha que vai conseguir presidir Comissão de Direitos Humanos?
Jair Bolsonaro: O nosso partido [PP] tem direito a duas comissões. Tem 90% de chance de uma delas ser a de Direitos Humanos. O líder do partido fechou comigo. Não sou eu falando com meia dúzia de deputados, o líder fechou. Até porque, ele sabe que essa comissão dá visibilidade, é importante, estamos em um ano de eleições. O partido teria como aparecer bastante em algumas propostas que eu levaria. O pessoal concorda comigo. Além disso, eu estou no sexto mandato, está na hora de eu assumir alguma coisa.
R7: E os acordos com os partidos? Não vai ter resistência do PT para abrir mão da CDH?
Bolsonaro: Vai. Mas, de qualquer maneira, o PT já está se desgastando porque, para pegar a comissão de Direitos Humanos, ele vai ter que abrir mão de uma comissão importante. E a CDH é uma comissão que ninguém quer. Ela ganhou visibilidade com o Marco Feliciano (PSC-SP). Antes, ela sobrava, caia no colo dos partidos, porque sempre tratou de coisas que a grande maioria da população é contra.
R7: O senhor tem algum projeto em mente, diante de toda a polêmica do ano passado, quando o deputado Marco Feliciano assumiu a presidência da CDH?
Bolsonaro: É porque tinha o ativismo gay que imperava ali. Por exemplo, em 2010, o Chico Alencar (PSOL-RJ) patrocinou uma emenda de R$ 11 milhões para causa LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais].
R7: E o senhor não concorda com isso?
Bolsonaro: Não! Lógico que não! Com tantas coisas mais importantes para você destinar esse recurso?
R7: O senhor não teme uma reação, como foi com o Marco Feliciano no ano passado?
Bolsonaro: Os homossexuais vão se fazer presentes. Eu vi agora na internet que a juventude socialista vai fazer uma manifestação. Mas não é só isso. Já foi em frente na comissão um seminário LGBT infantil. Isso é uma excrecência. Esses facínoras, que eu prefiro chamar de marginais, que integravam a comissão naquela época, deram apoio a um seminário onde você discute se um menino de 11 anos de idade já é menino ou pode ser menina ainda. E você tem que dar direito e deixar ele desabrochar sua sexualidade. Isso é uma covardia. E, em cima disso, vem o material didático. Tudo que, no meu entender, serve para estimular o homossexualismo.

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