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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Ex-assessor liga Feliciano a vídeo que ataca deputados

Wellington de Oliveira afirma que vai à Polícia Federal mudar versão sobre autoria de gravação contra opositores

Eduardo Bresciani, em O Estado de S. Paulo

Brasília - Assessor do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) até dezembro passado, quando foi demitido, Wellington de Oliveira diz em entrevista exclusiva ao Estado que vai procurar a Polícia Federal para mudar seu depoimento sobre a autoria de um vídeo de apoio ao pastor Feliciano veiculado em março do ano passado com ataques contra outros parlamentares, como Jean Wyllys (PSOL-RJ).

Oliveira diz ter sido orientado pela equipe do pastor a mentir e negar a autoria do vídeo. Agora, contará ser o responsável pela produção e ter encaminhado a Feliciano o material antes da publicação na internet. A PF investiga o caso a pedido dos deputados atacados. "Vou procurar a Polícia Federal e desmentir a história do vídeo", diz o ex-assessor. "Ele (Feliciano) adorou, comprou a ideia e mandou realizar o vídeo, inclusive aprovou por e-mail, só não queria assumir como nosso."

O vídeo chama de "rituais macabros" manifestações feitas contra o pastor e afirma que Wyllys, opositor do deputado, tem "preconceito contra cristãos".


O material diz ainda que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, antes da presidência de Feliciano, havia sido comandada por simpatizantes de movimentos homossexuais e usa imagens de seminário sobre sexualidade na infância dizendo que ele estimularia a pedofilia.

O vídeo postado na internet traz também imagens dos deputados Érika Kokay (PT-DF) e Domingos Dutra (SDD-MA), também adversários de Feliciano.

Oliveira diz que a produção do vídeo fez parte de um projeto maior que não foi adiante, segundo o relato dele, porque o pastor não queria assumir a autoria das críticas e preferia vê-las disseminadas como "viral" na rede.


Feliciano figurou nas manchetes ao longo de 2013 ao assumir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Sua chegada ao cargo gerou protestos de movimentos da área que o acusam de "racista" e "homofóbico" por declarações publicadas nas redes sociais. Oliveira trabalhou ao lado dele por nove anos realizando a produção do programa de TV e a assessoria de imprensa na Câmara. Atuou também como pastor em Ribeirão Preto.

Fantasmas.

Oliveira também confirma a existência de ao menos onze funcionários fantasmas no gabinete de Feliciano. As suspeitas foram reveladas em março do ano passado pelo jornal Folha de S. Paulo. Segundo Oliveira, pessoas ligadas às igrejas do pastor recebem da Câmara sem realizar qualquer trabalho relativo à atuação do parlamentar. O ex-assessor diz que o deputado usa dinheiro da Câmara para pagar salários a pastores e outros funcionários, além de dívidas relativas a serviços prestados antes do mandato. "Todos estes que listei fazem o trabalho para a igreja, para o escritório particular, nada para a política, para o mandato."

Segundo Oliveira, do atual gabinete, Adilson Brito, André Oliveira, Rafael Octávio e Roseli Octávio atuam somente para as igrejas de Feliciano na região de Orlândia (SP), berço político do deputado pastor. Os salários deles vão até R$ 3,5 mil. Roseli Octávio é bispa na sede da Catedral do Avivamento, em Orlândia, enquanto seu filho, Rafael, atua na igreja em Franca (SP). Brito atua em Guará (SP) e André Oliveira, em São Joaquim da Barra (SP).

Oliveira cita ainda outros exemplos de pessoas que trabalham para Feliciano diretamente, sem ligação com a política. Wagner Guerra, que tem salário de R$ 8,6 mil, cuida das contas pessoais e da agenda do deputado, não tendo qualquer relação com o gabinete. Marina Octávio, mulher de Guerra e filha de Roseli, também está lotada no gabinete. O ex-assessor diz que faz as denúncias na busca de "moralizar" o meio religioso e por uma "crise de consciência" após ter convivido com os desvios.

Feliciano nega ter orientado o ex-assessor Wellington de Oliveira a produzir o vídeo com ataques a adversários e diz que só soube do material ao recebê-lo por e-mail. "Se ele está dizendo que foi ele, que assuma. Eu não sei quem fez, mas que ficou bom, ficou", disse.

Ele chamou de "falácia" a acusação de que funcionários do gabinete trabalham para as igrejas. "Essas pessoas trabalham para mim como deputado. O trabalho na igreja é voluntário." Chefe de gabinete, Talma Bauer chamou de "leviandade" as acusações de Oliveira. Adilson Brito disse que trabalha na "área política", mas não explicou que serviço realiza. Os outros funcionários citados não foram localizados ou não responderam às ligações.

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