Pastor evangélico ficou preso por duas semanas e foi solto, em Ariquemes.
A encarregada de lavanderia, mãe de duas vítimas, e a técnica
de enfermagem mãe de duas meninas vítimas do pastor, entre elas uma com síndrome de down
(Foto: Diego Rodrigo/Divulgação)
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publicado no G1
A mãe de duas vítimas conta que o primeiro caso foi descoberto no fim de agosto, quando uma criança de 10 anos revelou abusos sexuais por parte do pastor da Igreja de Deus Pentecostal do Brasil, localizada no Bairro União I.
A técnica em enfermagem, que prefere não ter o nome divulgado, conta que frequentava a igreja há quatro anos e que o pastor também abusou sexualmente de suas duas filhas, uma de oito e outra de 10 anos, portadora de síndrome de down.
Minha filha chorava muito, até que contou que o pastor a beijou na boca, com língua e passou a mão nos peitos,"
Técnica em enfermagem
Depois do relato da filha, a mãe conta que entrou em contato com a esposa do pastor, que levantou a possibilidade da criança estar mentindo. Depois disso, uma comissão da coordenação da igreja marcou para falar com a mãe da menina, a esposa e o pastor na igreja.
“Eles começaram a conversar conosco e disseram que tínhamos que perdoá-lo [pastor Sergio]. Depois ele [o pastor] chegou e confessou que havia beijado a menina e passado a mão no corpo dela e disse que este era o lado podre do evangelho”, lembra.
Conforme a mãe, na reunião, o pastor teria dito que iria se entregar à polícia, enquanto a esposa Raimunda chorava e pedia para ela não registrar boletim de ocorrência.
“Saímos da reunião direto para delegacia para registrar ocorrência. Até então eu nem imaginava que ele [pastor Sérgio] tinha feito isso com minha outra filha com síndrome de down. Mas levei as duas na Delegacia da Mulher e a psicopedagoga conversou com a menor, que revelou que o pastor também tinha passado a mão em seu corpo. É uma dor imensa, saber que a pessoa que se dizia nosso pastor, que pregava o evangelho fez uma coisa dessas. Ele confessou na igreja e hoje ele mente. Minha filha ficou traumatizada, ela chora o tempo todo”, conta a técnica em enfermagem.
Menina de 11 anos conta que pastor a atacou durante carona para a escola (Foto: Eliete Marques/G1) |
A mãe de outra menina se diz revoltada com a soltura do pastor. Ela conta que ficou preocupada quando soube dos outros casos de abusos e começou a questionar as filhas, de 11 e sete anos para saber se algo tinha acontecido com elas.
Conforme a encarregada de lavanderia, que também não quis divulgar o nome, o primeiro abuso teria acontecido com a filha de 11 anos. “Após o batismo, as pessoas foram tomar banho no rio. Minha filha disse que o pastor mergulhou e ficou passando a mão em sua vagina embaixo da água e na outra vez foi a caminho da escola”, conta.
Se estes abusos tiverem acontecido com outras crianças, as mães devem denunciar "
Elias Chaquian, promotor de Justiça
Uma menina de nove anos também foi vítima de abuso do pastor Sérgio, segundo a mãe da criança. De acordo com a dona de casa, a menina ensaiava coreografia na igreja e com isso costumava frequentar a casa do pastor, que tem uma enteada de 15 anos. “Depois de saber dos outros casos, perguntava para minha filha se ele [pastor Sérgio] tinha feito algo com ela, mas ela só chorava, até que um dia revelou que o pastor tinha passado a mão no peito dela e na genitália. Este pastor é um falso profeta, pois está usando o nome de Deus para fazer uma coisa dessas. Eu quero justiça e que ele volte para cadeia”, diz.
Relato
A filha da encarregada de lavanderia ainda brinca de boneca e gosta de desenhos animados. A menina, que tem 11 anos, conta que estava a caminho da escola, quando o pastor ofereceu uma carona, mas ressalta que ele teria parado no meio do caminho. “Ele [pastor Sérgio] começou a passar a mão no meu peito e vagina e me deu um beijo na boca com língua. Ele disse que se eu contasse para alguém, ele ira matar toda a minha família e que quando tivesse 13 anos, iria me roubar”, lembra.
Além disso, a menina revela que neste dia, o pastor teria mostrado o órgão sexual e pedido para ela fazer sexo oral, mas conseguiu abrir a porta do carro e fugir. “Eu fiquei com medo dele fazer alguma coisa de ruim comigo, ou com a minha família. Quando ele ia à escola atrás de mim, eu pedia para dizer que não estava”, lembra.
Justiça
O pastor foi preso dia 31 de outubro e solto dia 14 de novembro. O promotor de Justiça Elias Chaquian, da 2ª Promotoria de Justiça de Ariquemes, afirma que o pastor está respondendo por estupro de vulnerável, conforme o artigo 217-A, e a pena pode ser de oito a 15 anos de reclusão.
Chaquian conta que as mães procuraram o MP pedindo o retorno do pastor à cadeia. “O pastor está respondendo pelo crime cinco vezes em Ariquemes e uma vez em Porto Velho. Fomos procurados pelas mães, estamos acompanhando o caso e ouvimos relatos revoltantes. Um novo inquérito irá ser criado e o MP irá pedir a prisão do pastor”, enfatiza.
Conforme o promotor, Galvão teve liberdade provisória, mediante a medida protetiva, que proíbe o pastor de ficar distância menor de 500 metros das vítimas. “Se estes abusos tiverem acontecido com outras crianças, as mães devem denunciar na Delegacia da Mulher ou no MP”, alerta o promotor.
O G1 procurou a juíza 1ª Vara Criminal Fabíola Cristina Inocêncio, que emitiu parecer favorável ao pedido de liberdade provisória de Galvão, mas ela disse que não poderia falar nada sobre o caso, pois o processo corre em segredo de Justiça.
O pastor foi preso dia 31 de outubro e solto dia 14 de novembro. O promotor de Justiça Elias Chaquian, da 2ª Promotoria de Justiça de Ariquemes, afirma que o pastor está respondendo por estupro de vulnerável, conforme o artigo 217-A, e a pena pode ser de oito a 15 anos de reclusão.
Chaquian conta que as mães procuraram o MP pedindo o retorno do pastor à cadeia. “O pastor está respondendo pelo crime cinco vezes em Ariquemes e uma vez em Porto Velho. Fomos procurados pelas mães, estamos acompanhando o caso e ouvimos relatos revoltantes. Um novo inquérito irá ser criado e o MP irá pedir a prisão do pastor”, enfatiza.
Conforme o promotor, Galvão teve liberdade provisória, mediante a medida protetiva, que proíbe o pastor de ficar distância menor de 500 metros das vítimas. “Se estes abusos tiverem acontecido com outras crianças, as mães devem denunciar na Delegacia da Mulher ou no MP”, alerta o promotor.
O G1 procurou a juíza 1ª Vara Criminal Fabíola Cristina Inocêncio, que emitiu parecer favorável ao pedido de liberdade provisória de Galvão, mas ela disse que não poderia falar nada sobre o caso, pois o processo corre em segredo de Justiça.
Defesa
A advogada Corina Fernandes Pereira diz que seu cliente é inocente e que uma das mães estaria manipulando as outras para culpar Galvão. “Temos registros de mensagens de celular, onde mães pedem desculpas à esposa do pastor Sergio, pelas declarações e diz que uma mãe estaria influenciando a situação”, afirma.
Com as denúncias, o pastor se mudou para Candeias do Jamari, a 20 quilômetros de Porto Velho, e as mães alegam que ele estaria fugindo da cidade. No entanto, a advogada justifica a mudança. “Ele se mudou para proteção dele, pois estava recebendo ameaças. Mas ele informou à delegada, através de documento, que iria mudar de endereço”, enfatiza.
Corina destaca que em momento algum o pastor quis fugir dos supostos crimes, e que ele trabalha há anos com crianças e nunca teve problemas desta natureza. A advogada ainda destaca que os laudos físicos e psicológicos não concluíram abusos sexuais.
“O pedido de liberdade foi deferido, porque a Justiça viu a boa fé do pastor Sérgio, que em momento nenhum tentou fugir. Ele foi preso em casa, em Candeias. Ele tem uma enteada, hoje com 15 anos; então se ele fosse uma pessoa dessa índole, ele não teria primeiro molestado esta criança”, argumenta.
A advogada Corina Fernandes Pereira diz que seu cliente é inocente e que uma das mães estaria manipulando as outras para culpar Galvão. “Temos registros de mensagens de celular, onde mães pedem desculpas à esposa do pastor Sergio, pelas declarações e diz que uma mãe estaria influenciando a situação”, afirma.
Com as denúncias, o pastor se mudou para Candeias do Jamari, a 20 quilômetros de Porto Velho, e as mães alegam que ele estaria fugindo da cidade. No entanto, a advogada justifica a mudança. “Ele se mudou para proteção dele, pois estava recebendo ameaças. Mas ele informou à delegada, através de documento, que iria mudar de endereço”, enfatiza.
Corina destaca que em momento algum o pastor quis fugir dos supostos crimes, e que ele trabalha há anos com crianças e nunca teve problemas desta natureza. A advogada ainda destaca que os laudos físicos e psicológicos não concluíram abusos sexuais.
“O pedido de liberdade foi deferido, porque a Justiça viu a boa fé do pastor Sérgio, que em momento nenhum tentou fugir. Ele foi preso em casa, em Candeias. Ele tem uma enteada, hoje com 15 anos; então se ele fosse uma pessoa dessa índole, ele não teria primeiro molestado esta criança”, argumenta.