Natasha Romanzoti, no HypeScience
Um estudo da Universidade de Plymouth, em Devon (Reino Unido) concluiu que pais que batem em ou gritam com seus filhos os colocam em maiores riscos de desenvolver câncer, doença cardíaca e asma.
Segundo os pesquisadores, mesmo espancamentos e gritos não tão intensos podem ter as mesmas implicações para a saúde da criança a longo prazo do que abuso e trauma graves.
A suposição da equipe é que bater e gritar com as crianças causa estresse nelas. A ciência já provou que níveis elevados de estresse podem causar mudanças biológicas em um indivíduo, o que por sua vez podem levar a sérios problemas de saúde.
“Já é sabido que estresse precoce na forma de trauma e abuso cria mudanças de longo prazo que predispõem as pessoas a doenças mais tarde. Mas este estudo mostra que, em uma sociedade na qual o castigo corporal é considerado normal, seu uso é suficientemente estressante para ter os mesmos tipos de impacto a longo prazo”, explica o principal autor da pesquisa, Michael Hyland, do departamento de psicologia da Universidade.
O estudo
700 pessoas na Arábia Saudita participaram do estudo, sendo que 250 das quais eram saudáveis, e cada 150 restantes tinham câncer, asma ou doença cardíaca.
Os pesquisadores perguntaram se e quantas vezes elas tinham sido fisicamente ou verbalmente punidas como crianças.
O grupo com câncer era 1,7 vezes mais propenso a ter sido espancado quando criança, em comparação com o grupo saudável. O grupo com doenças cardíacas era 1,3 vezes mais propenso, e com o asma, 1,6 vezes mais propenso.
Castigo corporal
A forma de punição física é muito controversa. Há quem pense que as crianças podem receber castigos corporais, porque isso as educa, enquanto outros dizem que bater é um tipo de violência que só traz prejuízos (e que já foi ligado a diversos problemas comportamentais e de saúde mais tarde na vida) e na verdade não educa.
No mundo todo, os países divergem bastante quanto à legislação sobre esse ato. Por exemplo, na Suécia, a punição corporal foi banida em 1976. Desde então, quase 30 países fizeram legislação semelhante.
Já em outros países, como o Reino Unido, a punição corporal é proibida nas escolas, mas não em casa. Por fim, em outros locais, como os EUA, não há nenhuma proibição universal de punição corporal nem mesmo nas escolas.
Segundo uma pesquisa de 2010 realizada com 4.025 pessoas com mais de 16 anos em 11 capitais do Brasil, 70,5% dos brasileiros sofreram alguma forma de castigo físico quando jovens. Comparativamente, nos EUA, a porcentagem passa dos 90%, enquanto na Suécia fica em torno dos 10%.
Os cientistas do estudo atual afirmam que o uso de castigo corporal diminuiu globalmente, mas ainda é visto em 50% das crianças em todo o mundo.[MedicalXpress, DailyMail]