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"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história." Bill Gates

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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Heroína improvável

publicado na Ultimato
Phiona Mutesi tem hoje 14 anos, mora na vila Katwe, na periferia de Kampala, Uganda, e luta bravamente, com sua mãe e três irmãos, pela sobrevivência. Perdeu o pai para o grande inimigo das crianças Ugandenses, a AIDs.
Sua vida mudou quando teve um encontro com Robert Katende, um jovem órfão cujo sonho era jogar futebol profissionalmente. Tinha potencial e foi jogador por um tempo mas teve de desistir do esporte após ter sofrido um acidente. Em 2003, seu ex-técnico de futebol o convidou para trabalhar como missionário cristão na Igreja Ágape na empoeirada vila de Katwe. Lá, além de ensinar futebol, ele passou a dar aulas de xadrez, jogo que até então era desconhecido das crianças.
Começou com apenas 6 crianças nas dependências daquela igrejinha. Hoje conta com 37, todas crianças muito pobres que talvez comecem a frequentar o programa muito mais interessadas nas refeições oferecidas ali do que no jogo propriamente dito.
Estima-se que em Katwe 50% das adolescentes já são mães. Os perigos daquele contexto são muitos e os horizontes muito extreitos especialmente para as meninas. Assim Phiona, muito consciente, afirma: “Xadrez é muito parecido com a minha vida, se você fizer movimentos inteligentes, talvez escape do perigo, mas se fizer uma decisão errada, essa pode ter sido sua última chance”.
Aos 9 anos, a menina seguiu um garoto na esperança de conseguir algo para comer, sem imaginar que isso contribuiria para mudar seu destino. O garoto era um dos alunos de Robert. Ao chegar ao local Phiona ficou encantada com o que viu. Retornou ao local várias vezes na esperança de receber comida. Um dia Robert Katende convidou-a para jogar. Phiona lembra: “Quando vi os meninos jogando, tão felizes e animados, eu quis essa chance de ser feliz também.”
Phiona passou a andar seis quilômetros, todos os dias para poder jogar xadrez. O primeiro jogo que ganhou, após perder umas 50 vezes, foi contra Joseph Asaba, um menino que antes ganhara dela de uma forma humilhante, com apenas 4 movimentos. Com um ano, Phiona já era capaz de ganhar de seu próprio treinador, Robert. A menina continuou a crescer no jogo. Passou a jogar contra universitários e os derrotou. É uma jogadora focada e dedicada, e faz isso como se sua vida dependesse do jogo, o que não está longe da verdade. Logo se tornou a campeã nacional de xadrez da Uganda.
Em 2010 ela representou seu país na 40ª Olimpíada de Xadrez em Istambul, Turquia em setembro de 2012. Não levou nenhum troféu para casa mas não deixou de impressionar, competindo com os melhores do mundo de igual para igual quando ainda não sabia sabia ler ou escrever.

Justiça mantém a frase "Deus seja louvado" nas cédulas de real




publicado no UOL Economia
A 7ª Vara da Justiça negou o pedido, feito pelo Ministério Público Federal, de retirar a frase "Deus seja louvado" do papel-moeda nacional.
A decisão levou em consideração a alegação do Banco Central de que a retirada da expressão iria custar R$ 12 milhões aos cofres públicos e gerar intranquilidade na sociedade.
Na decisão, o Juiz entendeu que "não se aferiu a existência de oposição aos dizeres inscritos nas cédulas no âmbito do seio social, [...] a alegação de afronta à liberdade religiosa não veio acompanhada de dados concretos, colhidos junto à sociedade, que denotassem um incômodo com a expressão "Deus" no papel-moeda."





A criação do caos




No princípio era a Terra e ela tinha forma e beleza. E o homem habitava as planícies e vales da terra. E disse o homem: "Edifiquemos prédios neste belo lugar." E construiu cidades e encheu a Terra de aço e concreto. E as campinas desapareceram. E viu o homem que isso era bom.

No segundo dia, o homem olhou as águas da Terra. E disse: "Joguemos nossos refugos nas águas para acabar com o lixo." E assim fez. E as águas se tornaram poluídas e seu odor fétido. E viu o homem que isso era bom.

No terceiro dia, o homem olhou as florestas da terra e viu que eram exuberantes. E disse: "Serremos madeira para as nossas casas e cortemos lenha para nosso uso." E assim fez o homem. E as árvores desapareceram e a Terra se tornou árida. E viu o homem que isso era bom.

No quarto dia, o homem viu que os animais corriam livremente pelos campos e brincavam ao Sol. E disse: "Enjaulemos os animais para nosso divertimento e os matemos por esporte." E assim fez o homem. E não havia mais animais sobre a face da Terra. E viu o homem que isso era bom.

No quinto dia, o homem respirou o ar da Terra. E disse: "Espalhemos nossos detritos pelo ar, pois os ventos o dissiparão." E assim fez o homem. E o ar se impregnou de fumo e gases que não podiam ser eliminados. A atmosfera se tornou pesada com a fumaça que sufocava e ardia. E viu o homem que isso era bom.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Pastor evangélico é suspeito de ter abusado de seis meninas, diz MP

Uma das vítimas tem 10 anos e é portadora de síndrome de down.

Pastor evangélico ficou preso por duas semanas e foi solto, em Ariquemes.



A encarregada de lavanderia, mãe de duas vítimas, e a técnica 
de enfermagem mãe de duas meninas vítimas do pastor, entre 
elas uma com síndrome de down 
(Foto: Diego Rodrigo/Divulgação)
publicado no G1

Quatro mães denunciam pastor evangélico por ter abusado sexualmente das filhas delas, em Ariquemes (RO). Devido às denúncias registradas na Polícia Civil, o pastor Sérgio Galvão ficou preso durante 14 dias, mas obteve liberdade provisória. Segundo o Ministério Público, seis crianças entre sete e 11 anos de idade foram vítimas do pastor.

A mãe de duas vítimas conta que o primeiro caso foi descoberto no fim de agosto, quando uma criança de 10 anos revelou abusos sexuais por parte do pastor da Igreja de Deus Pentecostal do Brasil, localizada no Bairro União I.

A técnica em enfermagem, que prefere não ter o nome divulgado, conta que frequentava a igreja há quatro anos e que o pastor também abusou sexualmente de suas duas filhas, uma de oito e outra de 10 anos, portadora de síndrome de down.

Minha filha chorava muito, até que contou que o pastor a beijou na boca, com língua e passou a mão nos peitos,"
Técnica em enfermagem
Na primeira situação, a criança de oito anos teria contado à mãe que o pastor teria a molestado. “Minha filha chorava muito, até que contou que o pastor a beijou na boca com língua e passou a mão nos peitos, bumbum, pernas e vagina. E, ainda disse a ela que não podia contar a ninguém, pois aquilo era um segredo deles”, relata.

Depois do relato da filha, a mãe conta que entrou em contato com a esposa do pastor, que levantou a possibilidade da criança estar mentindo. Depois disso, uma comissão da coordenação da igreja marcou para falar com a mãe da menina, a esposa e o pastor na igreja.

“Eles começaram a conversar conosco e disseram que tínhamos que perdoá-lo [pastor Sergio]. Depois ele [o pastor] chegou e confessou que havia beijado a menina e passado a mão no corpo dela e disse que este era o lado podre do evangelho”, lembra.

Conforme a mãe, na reunião, o pastor teria dito que iria se entregar à polícia, enquanto a esposa Raimunda chorava e pedia para ela não registrar boletim de ocorrência.

“Saímos da reunião direto para delegacia para registrar ocorrência. Até então eu nem imaginava que ele [pastor Sérgio] tinha feito isso com minha outra filha com síndrome de down. Mas levei as duas na Delegacia da Mulher e a psicopedagoga conversou com a menor, que revelou que o pastor também tinha passado a mão em seu corpo. É uma dor imensa, saber que a pessoa que se dizia nosso pastor, que pregava o evangelho fez uma coisa dessas. Ele confessou na igreja e hoje ele mente. Minha filha ficou traumatizada, ela chora o tempo todo”, conta a técnica em enfermagem.

Menina de 11 anos conta que pastor a atacou durante carona para a escola
 (Foto: Eliete Marques/G1)

A mãe de outra menina se diz revoltada com a soltura do pastor. Ela conta que ficou preocupada quando soube dos outros casos de abusos e começou a questionar as filhas, de 11 e sete anos para saber se algo tinha acontecido com elas.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Uma pequena lição



x
Nando Costa, no Conteúdo Proibido
Muitas vezes uma lição de vida vem de onde a gente menos espera, como de uma criança por exemplo.
O pequeno Gabriel recebeu de sua irmãzinha um pouco mais velha um ensinamento que será valioso para o resto de sua vida. Se ele seguir direitinho, vai mantê-lo longe de encrencas por muito tempo!

Padre 'surta', puxa cabelo de catequista e a expulsa da igreja a gritos em AL

publicado no NE10
Confusão aconteceu na igreja São José, em Olho D'Água do Casado
Era para ser apenas uma missa de sábado no interior, mas acabou se tornando uma confusão entre o pároco e uma fiel. A Igreja São José, no município de Olho D'água do Casado, estava cheia de católicos que aguardavam o início do culto dedicado ao jovens.
A confusão, que aconteceu no último sábado (24), começou na sacristia, terminou no altar da paróquia e chocou quem estava no local. Ao invés de missa, os fiéis assistiram a um bate-boca entre o padre Sebastião Costa Lima, de 55 anos, e a dona de casa Maria Magna Andrade, de 43 anos.
A catequista diz ter sido agredida pelo pároco por ter sido convidada a participar da missa dedicada aos jovens da cidade. "Eu fui convidada a ir até o padre, porque ele estava chamando outras jovens. Só que chegando lá, o padre gritou muito alto comigo e eu saí", conta Maria Magna, que ainda foi impedida pelo padre de fazer a leitura de um salmo durante o rito litúrgico, sendo expulsa do templo "porque não era jovem".
A fiel relata que, inconformada com a atitude do padre, se dirigiu ao altar e explicou aos outros fiéis presentes na igreja o motivo de estar sendo expulsa. Foi justamente nesse momento que o pároco perdeu o controle e partiu para agredir Maria Magna. 
"Ele me agrediu, puxou meus cabelos", conta a catequista. "Depois que um jovem apartou o padre de mim, ele ainda veio outra vez pra cima de mim para me agredir." O pároco e a fiel trocaram gritos e ofensas mútuas assustando as demais pessoas que estavam na paróquia.
Uma testemunha, que não quis se identificar, disse ter ficado assustada com a forma como o padre tratou os catequistas. “Teve gente até que pulou da janela com medo. De criança só tinha minha filha, ela ficou muito assustada e disse que não quer voltar nunca mais para a igreja”, relatou.

Bispo manda que padre retire estátuas de santos da praça da matriz

Segundo o bispo, estátuas de santos 'ofendem' outras religiões, em Cacoal.
'Quando a casa é sua, você faz o que quiser no quintal', diz coordenador.


Estátuas de santos que estão na praça da igreja matriz
ofendem outras religiões, segundo o bispo (Foto: Paula Casagrande/G1)
publicado originalmente no G1

As 22 estátuas de santos que estavam sendo feitas para adornarem a praça que circunda a Igreja Sagrada Família, em Cacoal (RO), terão que ganhar outra finalidade. A pedido do bispo Dom Bruno, as seis estátuas que já estão na praça terão que ser realocadas. O motivo, segundo o bispo, é que as esculturas que representam as imagens de santos católicos podem ofender religiosos de outros credos.

O coordenador da igreja, Fernando da Silva Azevedo, é contra a retirada das esculturas. “Fiquei decepcionado com a ordem dada pelo bispo. Acredito que quando a casa é sua, você faz o que quiser no quintal dela. As estátuas são uma forma de lembrar daqueles que já passaram por aqui e deixaram sua história”.
Acredito que quando a casa é sua, você faz o que quiser no quintal dela"
Fernando Azevedo, coordenador da igreja

Entre as estátuas que já estão na praça, há imagens de Jesus, Nossa Senhora de Aparecida e Santa Rita de Cássia. Seis já foram colocadas na praça da igreja matriz e as outras estavam esperando para serem postas. As esculturas representam os santos de cada comunidade católica de Cacoal.

A respeito da retirada, Fernando diz que não fará. “Se eles quiserem mesmo retirar, vão fazer sem minha ajuda. Pedi para sair da coordenação da igreja já. Eu prefiro morrer a ter que retirar as estátuas”, considera.

Entre as estátuas colocadas na praça, está a de Jesus Cristo
 (Foto: Paula Casagrande/G1
"Por mim podia deixar lá as que já estão", opina o padre Valdemir Galdino, responsável pela Igreja Sagrada Família. Questionado sobre o dinheiro gasto na confecção das esculturas, o padre fez apenas um comentário: "já foi". Segundo o pároco, as estátuas serão doadas para as comunidades de cada santo.

O Inferno em que Rob Bell se Meteu

por Augusto Nicodemos, no seu blog

Acabo de ler a entrevista que Rob Bell deu à revista VEJA desta semana (28/11/2012) com o título “Quem falou em céu e inferno?”. A entrevista provocou intensa polêmica nas redes sociais. Rob Bell se tornou uma figura polêmica quando passou a pregar a salvação de todos os seres humanos no final (universalismo) negando, assim, a realidade do inferno. Este ano ele deixou a igreja que fundou, a Mars Hill Bible Church – não confundir com a Mars Hill Church do Mark Driscoll, uma não tem nada a ver com a outra – para se dedicar ao ministério itinerante percorrendo, segundo a revista VEJA, “o mesmo circuito das bandas de rock”.
Inteligente, carismático, conectado e bom comunicador, Rob Bell tem atraído muitos jovens evangélicos no Brasil, especialmente após o lançamento de seu livro O Amor Vence no ano passado e seus vídeos muito bem produzidos no YouTube.
Achei a entrevista dele extremamente esclarecedora, mesmo considerando que estas entrevistas são editadas e por vezes amputadas pelos editores e raramente publicadas na íntegra. Se o que temos na VEJA é realmente o pensamento de Rob Bell, então declaro aqui que poucas vezes na minha vida vi uma figura religiosa de prestígio se contradizer tanto em um espaço tão curto. É por isto que esta entrevista é esclarecedora. Qualquer evangélico de bom senso, que tenha um mínimo de conhecimento bíblico e que saiba seguir um raciocínio de maneira lógica irá se perguntar o que Rob Bell tem que atrai tanta gente.
Vou começar reconhecendo o que não há de tão ruim na entrevista. Bell se posiciona contra o aborto e reconhece as limitações do darwinismo para explicar a totalidade da existência, embora aceite que Deus poderia ter usado o processo evolutivo como o método da vida.  
Bell também está certo quando diz que céu e inferno são “como dimensões da nossa existência aqui e agora”. Concordo com ele. Os ímpios já experimentam aqui e agora, alguns mais e outros menos, os sofrimentos iniciais do inferno que se avizinha. Da mesma forma, os salvos pela fé em Cristo, pela graça, já experimentam o céu aqui e agora, embora de forma limitada. Lembremos que Jesus disse que quem crê nele já tem a vida eterna. O Espírito em nós é o penhor da nossa herança e nos proporciona um gosto antecipado do que haverá de vir.
Surpreendente para mim foi ver que nesta entrevista Bell não nega o céu ou o inferno depois da morte, mas sim que possamos saber com certeza que eles existem depois da morte. Nas suas próprias palavras, “acredito que céu e inferno são realidades que se estendem para a dimensão para a qual vamos ao morrer, mas aí já entramos no campo da especulação”. A “bronca” dele é com a certeza e a convicção que as igrejas e os evangélicos têm de que após a morte existe céu e inferno. “Vamos pelo menos ser honestos. Ninguém sabe o que acontece quando morremos. Não tem fotografia, não tem vídeo”. É claro que, por este critério, também não podemos ter certeza se Deus existe ou que Jesus existiu, pois não temos nem foto nem vídeo deles – que eu saiba...
Nesta mesma linha, ao se referir ao fato de que acredita que Deus ao final vai conquistar todos, diz “não sei se isso vai acontecer, também não sei o que acontece quando morremos.”
Então, tá. Não sabemos o que acontece depois da morte. Mas é aí que começam as contradições de Rob Bell. Ao ser perguntado se Gandhi, que não era cristão, estaria no inferno, ele responde “acredito que está com o Deus que tanto amou”. Isso só pode ser o céu, certo? A resposta coerente e honesta com seu pressuposto seria “não sei”.
Da mesma forma, quando a revista pergunta sobre Hitler, se ele está no céu, Bell responde que Deus deu a Hitler o que Hitler buscou a vida toda, “infernos para si e para os outros”. E acrescenta “qualquer reconciliação ou perdão, nesse caso, está além da minha compreensão”. Se esta resposta não quer dizer que Hitler recebeu o inferno da parte de Deus depois da morte não sei o que mais poderia representar. A resposta coerente e honesta deveria ter sido esta: “não sei”, o que significa dizer que ele admite a possibilidade de Hitler ter ido para o céu.
À certa altura o jornalista perspicaz indaga acerca do livre arbítrio: “não existe escolha, então, ninguém pode dizer não ao paraíso?” E Bell retruca, “acho que você pode dizer não ao paraíso e neste caso talvez você fique em algum estado de rejeição ou resistência. Talvez seja esse o estado que as pessoas chamam de ‘inferno’”. Bom, parece por esta resposta que para Bell o inferno é na verdade o céu, só que os

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

“Deus cometeu um erro, eu deveria ser uma menina”

foto: Facebook [via International Business Times]
título original: Transtorno de identidade sexual na infância divide especialistas

Carolina de Andrade, na Folha de S.Paulo


Aos quatro anos, um menininho inglês que se chamava Jack disse para a mãe: “Deus cometeu um erro, eu deveria ser uma menina”.
Aos oito, ele mandou um e-mail para as pessoas da escola onde estudava (e sofria bullying) avisando ser “uma menina presa em um corpo de menino”. E passou a se vestir como garota. Aos dez, disse à mãe que se mataria se começasse a “virar homem”.
Aos 11, Jack teve uma overdose e fez outras seis tentativas de suicídio antes de completar 16 anos.
Como a lei inglesa não permite cirurgia de mudança de sexo antes dos 18, Jack foi operado na Tailândia, aos 16.
A história de Jack, que a rede de TV britânica BBC exibiu nesta semana, mostra
Jackie Green, primeira transexual finalista do concurso de Miss Inglaterra [foto: Steve Meddle/Rex Features]
os contornos e as dores do transtorno de identidade sexual na infância. Jackie Green tem agora 19 anos, é modelo e foi a primeira finalista transexual do concurso de Miss Inglaterra.
A OMS define o fenômeno como o desejo, manifesto antes da puberdade, de ser (ou de insistir que é) do outro sexo. O termo “transexualismo” só é usado para adultos.
Não há estatísticas de incidência do fenômeno. Entre pessoas acima de 15 anos, estima-se que um a cada 625 mil seja transexual, segundo o psiquiatra Alexandre Saadeh (leia entrevista abaixo).
De acordo com Carmita Abdo, do programa de estudos em sexualidade da USP, a experiência clínica mostra que só um terço das crianças com o transtorno serão transexuais.
Na visão da psiquiatria, transexualidade não é escolha, como querem alguns setores. Como psiquiatra, é claro que Alexandre Saadeh defende o diagnóstico de transtorno de identidade sexual na infância –embora critique seu uso estigmatizante.
Professor da PUC-SP e coordenador do Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Hospital das Clínicas de São Paulo, ele conta como a medicina caracteriza o problema, à luz das últimas pesquisas.
*
Folha – Como saber se a criança sofre de transtorno de identidade de gênero?
Alexandre Saadeh – Pode ser que a criança esteja só brincando de assumir um papel, o que é comum entre os quatro e os seis anos, faz parte do desenvolvimento. Para constatar o transtorno é preciso que o comportamento ocorra por tempo prolongado.
Quais são os indícios?
Não é só o uso de roupas ou a criança se chamar por nome do outro gênero. Ela apresenta outros sinais: fica deprimida, irritada e agressiva se é obrigada a se comportar segundo o sexo anatômico. A necessidade de ser tratada como se fosse do outro gênero é constante. Muitas percebem que o comportamento incomoda os pais, aí o escondem.Os primeiros indícios surgem na infância, mas são raros os casos em que é claro desde o início se tratar de transexualismo.
Nem toda criança com o transtorno fará cirurgia de mudança de sexo quando adulta. Mas todo transexual teve o transtorno. A criança deve ser avaliada por profissionais para evitar diagnósticos equivocados.
Quais são as causas?
Há evidências de que a diferenciação cerebral intrauterina pode ser influenciada por níveis de andrógenos [hormônios que desenvolvem as características sexuais masculinas] circulantes na gestação, o que pode gerar um cérebro masculino ou

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

No Facebook: Homem é marcado em foto e a esposa ciumenta entra em ação




publicado no E17


Estudante baiana leiloa virgindade na internet e se arrepende


O maior lance que a jovem recebeu foi de um rapaz que ofereceu R$ 300. Outro da própria cidade disse que pagaria só R$ 0,15 (foto reprodução youtube)

O exemplo da catarinense Catarina Migliorini, 20, que colocou a virgindade no leilão, por intermédio de uma produtora australiana, ganhou uma seguidora baiana na cidade de Sapeaçu. Rebeca Bernardo Ribeiro, de 18 anos, estudante do segundo ano do ensino médio tomou a iniciativa leiloar a virgindade por meio de um vídeo postado na internet, na última sexta-feira (16/11).

De acordo com a jornalista Cristina Santos Pita, do jornal A Tarde, a estudante já está arrependida pela sua decisão. “Perdi minha paz e por isso mudei de ideia. Não imaginei que a repercussão fosse negativa. Só queria ajudar minha mãe, que está doente numa cama. Ainda que me ofereçam um milhão, recusarei todas as propostas”, desabafou a estudante.

Narra a reportagem que para realizar o sonho de voltar para São Paulo, onde nasceu, e até participar de um reality show no Brasil, a jovem gravou, em segredo, o vídeo na casa de um amigo. Mas por onde passa, os olhares seguem Rebeca, que também se queixa do afastamento das amigas e da reprovação da família.

A estudante tirou o vídeo do ar, mas não adiantou: “Fizeram cópias e espalharam. Minha mãe me pediu para parar com isso. Ela é evangélica e eu deixei de frequentar a igreja há três anos, mas fui

Site lista dez coisas que realmente fazem você feliz


O site "BuzzFeed" compilou diferentes pesquisas para listar as dez coisas que realmente fazem o ser humano feliz.
Dinheiro, amigos e sexo são, segundo esses estudos, quase uma unanimidade para alegrar as pessoas.
publicado no F5
10. Cuidar de crianças
A Universidade de Canterbury descobriu que cuidar de crianças deixa as pessoas muito felizes, mas um outro estudo apontou que ter filhos e tomar conta deles é uma das atividades que as pessoas menos gostam. Além disso, ter filhos diminui a quantidade de dinheiro, sexo e chocolate.
Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Cuidar de crianças deixa as pessoas muito felizes
Cuidar de crianças deixa as pessoas muito felizes
9. Compras
Descobriu-se em 2011 que comprar alguma coisa deixava as pessoas mais felizes, mas com alguns efeitos negativos. Comprar é muito benéfico e terapêutico, mas quanto mais você gasta, menos dinheiro você tem, o que poderá reduzir sua vida erótica, e, assim, a alegria de viver.
Luiza Sigulem/Folhapress
Descobriu-se que comprar alguma coisa deixava as pessoas mais felizes, mas com alguns efeitos negativos
Descobriu-se que comprar alguma coisa deixava as pessoas mais felizes, mas com alguns efeitos negativos
8. Religião
Uma pesquisa, realizada entre 2005 e 2009, mostrou que religião deixa as pessoas mais felizes, mas apenas em países onde há falta de comida, trabalho ou assistência médica --em países ricos esse efeito não ocorre. No entanto, o estudo neozelandês diz que meditação empata em quarto lugar com religião como atividade mais prazerosa.
Amauri Nehn/News Free/Folhapress
Religião deixa as pessoas mais felizes, mas apenas em países onde há falta de comida, trabalho ou assistência médica
Religião deixa as pessoas mais felizes, mas apenas em países onde há falta de necessidades básicas
7. Exercício
Uma outra pesquisa apontou que as pessoas ficavam muito felizes quando se exercitavam --apenas sexo era mais divertido que isso. Mas exercício não está entre as dez coisas apontadas na

Sínodo rejeita possibilidade de Igreja Anglicana ter bispas

por Eric Albert para Le Monde, via site de Paulo Lopes

Rowan Williams, líder da Igreja,
disse ter ficado decepcionado
Surpresa na Igreja da Inglaterra. Depois de 12 anos de procedimentos, de votações intermináveis, de discussões ferozes, o Sínodo rejeitou ontem (20), a possibilidade de nomear bispas mulheres. A decisão provocou uma grande surpresa e consternação entre os próprios anglicanos. Após o resultado, obtido com apenas seis votos de diferença, grupos de mulheres desoladas e com lágrimas nos olhos se consolavam no anfiteatro da Church House, em Londres, onde se realizou a votação.

A decisão final surpreendeu porque a grande maioria da Igreja da Inglaterra é favorável a essa medida. Votaram a favor quase três quartos dos membros do Sínodo. Mas as regras muito democráticas dessa Igreja exigiam uma maioria de dois terços em três Câmaras: a dos bispos, a do clero e a dos leigos. As duas primeiras se pronunciaram amplamente a favor da medida. Mas a terceira não, em que foram contados 132 votos a favor e 74 contra. Uma mudança de seis votos ou uma abstenção de nove contrários teria permitido que a medida fosse aprovada.

"Estou decepcionado", admitia logo após a votação Rowan Williams (foto), arcebispo de Canterbury, chefe da Igreja, que tenta há uma década encontrar um compromisso entre os dois lados. "É uma decisão que será difícil que o restante da sociedade compreenda. É uma péssima notícia para a Igreja da Inglaterra", acrescentou Stephen Cottrell, bispo de Chelmsford.

A rejeição é ainda mais surpreendente porque as mulheres podem se tornar sacerdotisas desde 1992. À época, a decisão havia provocado fortes tensões, e muitos anglicanos haviam realizado a secessão, unindo-se à Igreja Católica. Hoje, as mulheres representam quase metade das novas ordenações. Permitir que elas se tornassem bispas parecia lógico. Parecia até inevitável, dado que 42 das 44 dioceses haviam votado a favor da medida.

Quase a metade das "províncias" anglicanas do mundo (a Igreja da Inglaterra representa apenas duas) já aceitam o princípio das bispos mulheres. Por uma coincidência de calendário, a África do Sul escolheu no dia 20 de novembro a sua primeira bispa mulher, que assumiu na Suazilândia. "Talvez seja a hora de que a Inglaterra tenha aulas com a mama África", dizia um membro do Sínodo, antes do resultado da votação.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Os limites da pregação religiosa


Algumas situações levam a aconselhamento religioso não solicitado. Mas até que ponto é educado falar de fé para quem não conhecemos bem?

Aline Viana , especial para o iG São Paulo
Divulgação

Para o padre Anísio Baldessin, é melhor atrair
pelo exemplo do que pelo discurso
A situação é difícil: um colega de trabalho descobre uma doença grave ou perde um ente querido. A intenção é boa: o primeiro consolo que lhe vem à cabeça é de cunho religioso. Mas pode ser ofensivo “evangelizar” alguém neste contexto. E em outros contextos também.
Quem nunca ouviu que religião, política e futebol não se discutem? “Na verdade, esses assuntos não se condenam. Não tenho como julgar a escolha do outro, apenas me cabe respeitá-la”, redefine Janaína Depiné, coach em relacionamentos e especialista em etiqueta.
Para Janaína, os atritos ocorrem quando se desrespeita o direito do outro de pensar diferente ou se fica preso a uma interpretação literal de uma escritura. “Jesus pregava para leprosos e prostitutas. Por isso é estranho ver alguns pastores evangélicos condenando os homossexuais. Mesmo que o Antigo Testamento condene a prática do homossexualismo, a Bíblia também diz para respeitar todos”, pontua Janaína.
Junto ao respeito, há a questão da oportunidade. Por mais que se queira levar a palavra de Deus, Jeová, Ogum, Maomé, etc. a todos, existem hora e lugar certos para fazer isso.
“Usamos muito a expressão ‘a pessoa tal é uma pessoa de Deus’ porque não precisa pregar, as atitudes falam por si mesmas”, observa o padre Anísio Baldessin, autor do livro “Entre a Vida e a Morte: Medicina e Religião” (Editora Loyola). “É melhor atrair pelo exemplo do que pelo discurso, porque se o outro se sentir agredido jamais ficará interessado em conhecer mais sobre a sua religião”, concorda Janaina.
Gustavo Magnusson/ Fotoarena
Paulo Vinicius passou por uma saia justa incomum no velório do pai: em vez de confortá-lo, membro da igreja que ele deixara de frequentar ignorou-o
Intolerância ao pé da letra
No velório do próprio pai, o auxiliar judiciário Paulo Vinicius Mendes Ananias, 29, se sentiu agredido pelo comportamento de um irmão de sua antiga igreja. Ele tinha sido Testemunha de Jeová e, segundo as leis da igreja, os fiéis não podem mais manter contato com quem se afasta.
“No velório do meu pai, estávamos eu, minha mãe e a minha namorada. Chegou um irmão da igreja e cumprimentou todo mundo, menos eu. Apertou a mão da minha mãe, dos outros e passou direto por mim. Só tinha eu de filho lá na hora. E ele é um ancião, uma figura de autoridade da igreja. Eu me senti humilhado e mais triste do que já estava”, relembra Paulo.
Ele pontua que nem todos os religiosos agiram assim na ocasião. “Havia outras pessoas da igreja que me cumprimentaram, conversaram e tentaram me confortar. Mas foi justamente com aquele que não me cumprimentou que eu tive um relacionamento mais próximo, porque foi ele quem me passou os ensinamentos da religião quando eu era criança”, conta. “Hoje eu não vou mais a nenhuma igreja porque não acredito mais em nada.”
O que não fazer
Sugerir um momento de oração em local de trabalho ou de estudo pode ter a melhor das intenções, mas sair pela culatra e criar um clima de isolamento para quem não quer participar. Se uma única pessoa se sente constrangida ou desconfortável, é melhor respeitar e deixar a prática para outro momento.

Reação ‘evangélico-pernambucana’: Pastor Eurico quer tornar obrigatória frase ‘Deus seja louvado’ em cédulas

publicado no Diário de Pernambuco
deusVem do PSB de Pernambuco a primeira reação à possível retirada da frase “Deus seja louvado” das cédulas. O deputado federal Pastor Eurico ergue a bandeira.
Nesta terça (20) ele apresentará Projeto de Lei com o intuito de tornar a frase obrigatóriaConfira mais informações no texto da liderança do PSB na Câmara:
Recentemente, a Procuradoria da República no Estado de São Paulo pediu à Justiça Federal que determine a retirada da expressão “Deus seja louvado” das cédulas de reais, com o fundamento de que o estado é laico e por isso não deve privilegiar nenhuma religião.
Segundo o deputado federal Pastor Eurico (PSB-PE), o grande erro que se prega sobre a laicidade do Estado, é que o mesmo não se deve inclinar a nenhuma forma religiosa, e sim, assumir uma postura neutra para não beneficiar uma ou outra religião.
“Dizer que o texto constitucional é laico é uma mentira, pois a promulgação da Constituição Federal foi feita ‘sob a proteção de Deus’. Está expressa no preâmbulo da Constituição a palavra ‘Deus’, fazendo com que todo o texto constitucional tenha validade ‘sob a proteção de Deus’”, afirmou o socialista.
Muito se fala se o Preâmbulo é um dispositivo jurídico ou não, mas conforme conceituação jurídica:
“Preâmbulo é o conjunto de enunciados formulado pelo legislador constituinte originário, situado na parte preliminar do texto constitucional, que veicula a promulgação, a origem, as justificativas, os objetivos, os valores e os ideais de uma Constituição, servindo de vetor interpretativo para a compreensão do significado das suas prescrições normativas e solução dos problemas de natureza constitucional”.
Desta forma, todo o texto constitucional está vinculado e amarrado aos conjuntos formuladores que se encontra no Preâmbulo da Constituição Federal. Não há porque querer retirar a frase “Deus seja louvado” das cédulas de dinheiro.
Em razão disso, nesta terça-feira (20), Pastor Eurico vai apresentar Projeto de Lei, com objetivo de tornar obrigatória a frase em questão para acabar com essa polêmica que há anos vem se fortalecendo.

Deus não é genocida

Civil palestino defendendo sua família - imagem da Internet

por Sóstenes Lima, no seu blog

Uma boa parte dos cristãos, ancorada numa interpretação ideologizada e equivocada da bíblia, sempre foi simpática, conivente e, em alguns casos, cooperadora com as ações genocidas de Israel, como a que está em curso no momento.

São muitos os cristãos que, sem ativar o menor senso ético, concebe as batalhas de guerra dos hebreus, registradas no Antigo Testamento, em especial nos livros de Josué, I e II Reis e I e II Crônicas, como sendo ordenadas e sancionadas por Deus. Algumas dessas batalhas, massacres para ser mais preciso, são comumente citadas em sermões, como exemplos do cuidado e provisão de Deus para com aqueles que lhe são fiéis. É muito comum ver pregadores citando as ações militares de Josué (algumas delas com conteúdo claramente impróprio para crianças) sem sentir o menor constrangimento ético.

Invasões e expedições de horror, abertamente genocidas, como as de Josué[1], são normalmente interpretadas, por correntes fundamentalistas, como demonstração do cumprimento da vontade de Deus. Aliás, a ocupação de Canaã como um todo, com a consequente destruição dos povos locais, é vista como o ponto culminante do plano de Deus em instituir para si uma nação: Israel.

Vitórias esmagadoras, com a dizimação de prisioneiros de guerra e civis (em sua maioria mulheres e crianças), são alardeadas por pregadores fundamentalistas como um prêmio que Deus concedia aos hebreus por eles serem o povo escolhido. Triunfos, quando em desvantagem militar, são frequentemente apresentados como exemplos máximos de situações em que Deus pode intervir em favor dos seus escolhidos, providenciando vitórias onde há pouquíssima ou nenhuma possibilidade de acontecer.

Para quem interpreta literalmente a bíblia, a aliança de Deus garantia aos hebreus, caso estivessem em dia com as leis cerimoniais, civis e morais editadas pelo próprio Deus no deserto, sucesso em quaisquer incursões de guerra. Mesmo planos imperialistas, como o de Davi, eram abonados por Deus.

Falta a muitos cristãos a coragem de fazer uma leitura ético mais radical do Antigo Testamento, levando em conta os princípios defendidos no sermão do monte. Isso implica, certamente, a coragem de instabilizar e, por vezes, devastar algum dogma. Levar o sermão do monte e a mensagem de Jesus às últimas consequências tem efeitos perigosos.

Eu sei que ler as narrativas de guerra do Antigo Testamento a partir de outros pressupostos de éticos, isto é, fora da caixa de conserva da ortodoxia, é opção bastante provocadora. Contudo, penso que, quando amparados por um valor ético superior, não devemos ter medo de enfrentar os dogmas. O princípio ético segundo o qual todo ser humano tem direito à vida sobrepõe qualquer dogma. Então, não me preocupo em tocar no dogma da inerrância e inspiração verbal plena da bíblia. Afinal, busco seguir Jesus, não a bíblia. Ela é para mim o mapa que aponta para o destino, não o destino em si. E, se vista como mapa, a bíblia necessariamente precisa de leitura e interpretação.

É preciso, ao ler o Antigo Testamento, especialmente as passagens que narram eventos de guerra, separar o que é interesse de Deus (quase nada) e o que é interesse militar e nacional dos hebreus. Quem precisava de um território e um Estado eram os hebreus, não Deus. Então, as medidas militares (especialmente aquelas que desrespeitavam certos princípios de guerra universais, como garantir a vida de prisioneiros e proteger civis) executadas por Israel para conquistar território eram ações motivadas por suas necessidades e ambições, não pelo desejo de Deus.

Sei que uma proposta de interpretação como essa, que questiona o status da bíblia como a narrativa dos atos de Deus, custa muito caro. Interpretações críticas e não dogmáticas são severamente combatidas; são comumente tachadas de heresia.

Não me importo em ser herege. O que não posso fazer é permitir que um dogma me leve a passar por cima de um pressuposto ético universal tão basilar como o que o garante a todos o direito de viver. Não posso, por exigência de um dogma, aceitar que Deus seja genocida. Quem é genocida é o ser humano e o seu maior aparelho de poder, o Estado, não Deus. Quem invade territórios alheios, dizima exércitos oponentes, mata friamente prisioneiros de guerra e massacra cruelmente mulheres e crianças são os exércitos de um Estado, sob o comando de um monarca e/ou de um general genocida, não Deus.

O homem é o senhor da guerra. Não há um Deus da guerra. Yaweh Sabaoth (Deus dos exércitos) é uma invenção pagã dos hebreus para legitimar suas ações militares, o qual não cabe em hipótese alguma na espiritualidade cristã.

Se as batalhas do general Josué, tal como narradas no livro de Josué, acontecessem hoje, Josué seria certamente encarado pela comunidade internacional como um genocida. Não tenho dúvida de que, havendo oportunidade de enfraquecer seu poderio militar, ele seria julgado e condenado por um tribunal internacional por violação dos direitos humanos e por crime de guerra, genocídio.

Dizer isso a respeito de Josué, uma grande herói da fé e um exemplo impecável de confiança em Deus, é para muitos cristãos um sacrilégio, uma profanação, um sinal claro de apostasia. Não me importo com isso.

Não me considero um apóstata. Pelo menos aos meus olhos, parece bastante compatível com a fé cristã a ideia de que, em Jesus, recebemos uma revelação explícita de que Deus não tem planos de ocupar palácios, montar secretariado, financiar a indústria da violência, comandar exércitos. Jesus nos mostrou com precisão que a agenda de Deus está na contramão do poder. Então, não vejo incoerência ou heresia no que estou dizendo.

Sou um cristão convicto. Leio e respeito a bíblia. Mas busco não ser fundamentalista. Talvez meu problema seja que, na busca por não ser fundamentalista, acabe me tornando um heterodoxo (um sinônimo bonito para herege). Realmente não consigo ser ortodoxo. Não consigo crer em certos postulados à revelia da ética.

Não creio num Deus que tem seus próprios princípios éticos, completamente alheios aos princípios éticos humanos. Não consigo crer num Deus que segue regras éticas arbitrárias, sem levar em conta aquilo que, para a maior parte dos humanos, é horrendo, medonho, hediondo. Simplesmente não consigo crer num Deus que manda matar todos os homens, idosos, mulheres e crianças de um território invadido. Sequer creio num Deus que manda invadir.

Se fé ortodoxa significa crer em Yaweh Sabaoth (um deus pagão), posso ser tachado de herege. Prefiro crer num Deus que não se mete em guerra, a não ser para acolher o paulistano e o palestino que estão atualmente sendo massacrados pelo crime e pela barbárie da guerra, a idolatrar um monstro sanguinário.

Um Deus que tem prazer no sangue simplesmente não entra em mim. Não consigo me ancorar em qualquer teologia que faz vista grossa à ética. Prefiro ser herege, mantendo-me coerente com princípios éticos que julgo invioláveis, a ser ortodoxo e bater de frente com princípios éticos universais, como os que estão expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos.


[1] A seguinte narrativa ilustra muito bem uma situação em que os direitos de prisioneiros de guerra são violados. Mais que isso. Há aí a violação de direitos humanos, um genocídio cruel, bárbaro:

“[23]. Os cinco reis foram tirados da caverna. Eram os reis de Jerusalém, de Hebrom, de Jarmute, de Láquis e de Eglom. [24]. Quando os levaram a Josué, ele convocou todos os homens de Israel e disse aos comandantes do exército que o tinham acompanhado: "Venham aqui e ponham o pé no pescoço destes reis". E eles obedeceram.

[25]. Disse-lhes Josué: "Não tenham medo! Não se desanimem! Sejam fortes e corajosos! É isso que o Senhor fará com todos os inimigos que vocês tiverem que combater". [26]. Depois Josué matou os reis e mandou pendurá-los em cinco árvores, onde ficaram até à tarde.

[27]. Ao pôr-do-sol, sob as ordens de Josué, eles foram tirados das árvores e jogados na caverna onde haviam se escondido. Na entrada da caverna colocaram grandes pedras, que lá estão até hoje.

[28]. Naquele dia Josué tomou Maquedá. Atacou a cidade e matou o seu rei à espada e exterminou todos os que nela viviam, sem deixar sobreviventes. E fez com o rei de Maquedá o que tinha feito com o rei de Jericó” [Josué 10.23-28 NVI].

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