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Sabine Righetti, na Folha de S.Paulo
Quase 40% das meninas brasileiras discordam que são tão inteligentes quanto os meninos. E mais de 10% delas não se orgulha e nem se sente feliz por ser menina.
Os dados são da ONG britânica Plan International, que entrevistou 1.948 meninas de seis a 14 anos nas cinco regiões do Brasil.
O estudo mostra que as garotas se enxergam de modo diferente dos meninos –e que são tratadas de maneira desigual por suas famílias.
Entre as entrevistadas, 76,8% disseram que lavam a louça em casa, mas que só 12,5% de seus irmãos meninos fazem a mesma tarefa.
“Eu arrumo a minha cama e a dos meus dois irmãos”, conta L., 14, uma das meninas atendidas pela Plan em São Luís do Maranhão.
Ela diz que gasta uma hora e meia todos os dias com as tarefas do lar. No tempo que sobra, ela estuda “bastante”, pois quer ser médica.
“As meninas se ocupam mais de tarefas do lar e acabam tendo menos tempo que os meninos para brincar ou estudar”, explica Célia Bonilha, assessora de gênero da Plan. “Isso pode ser muito prejudicial na escola.”
Segundo a pesquisa, 76,3% das brasileirinhas revelaram que são cuidadas principalmente pela mãe. O pai está presente nos cuidados de uma em cada quatro delas.
“O ‘cuidar’ ainda é tido como atividade especialmente feminina”, diz Bonilha.
Os dados mostram ainda um possível quadro “mascarado” de violência em casa.
Apesar de a maioria das meninas dizer que se sente “bem” em casa, cerca de 60% delas não quiseram responder se recebem castigos.
“O fato de não responderem não significa que não saibam a resposta. O silêncio diz muito”, analisa Bonilha.
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