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"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história." Bill Gates

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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Professores da vida

Fábio Porchat, no Estadão [via Livros e Pessoas]
Policial lança jato de gás de pimenta em professores em greve - Marcos de Paula/Estadão
Policial lança jato de gás de pimenta em professores em greve – Marcos de Paula/Estadão
Eu estudei a minha vida toda numa mesma escola, o Nossa Senhora do Morumbi. Da primeira série ao terceiro colegial. (Nem sei mais como chama hoje, “colegial” mudou pra “nono ano”, sei lá, to me sentindo que nem minha mãe que falava que estudou no científico. Às vezes, a gente não envelhece, envelhecem a gente. Enfim…) Tenho as melhores lembranças possíveis de lá. A começar pelo ambiente, um pedaço de mata Atlântica no meio da cidade. Fazíamos passeios pelo meio do mato dentro da própria escola, olha que legal! Soube que estão querendo destruir a mata para a construção de condomínios e afins. Sou contra e fica aqui o meu apoio aos que lutam pra manter o verde de pé.
Lembro da minha primeira professora. Tia Itamara. Ela era ótima. Lembro que a turma toda gostava dela e ela era uma pessoa muito doce. Na segunda série, veio a Tia Ingrid (que dizia que não era nossa tia). Era severa, mas eu adorava. Talvez porque eu e o Alexandre (meu grande amigo até hoje) éramos seus preferidos. Lembro que de vez em quando, no finzinho da tarde, a Ingrid ficava fitando o horizonte com um olhar perdido, como se lembrasse de alguém, ou estivesse feliz por existir. Era nesse dia que a classe podia fazer a maior bagunça que ela nem ligava.
A Vivian (não mais tia agora) foi nossa professora na terceira e na quarta série. Ela era perfeita. Divertida, boa professora, atenciosa, propunha atividades, nos ouvia, nos aguentava, era rígida no ponto certo, coroou o fim do primeiro grau. Quando entrei pra quinta série, aconteceu o pior. Passei a estudar de manhã. Acordar às seis e quinze da manhã em São Paulo é o que eu chamo de punição/tortura/porquê. É um frio cão. Uma tristeeeeeza. No lugar de um professor, vários. Da quinta a oitava me lembro de muitos. Dona Lídia, de História, era uma das minhas favoritas. Muito por causa dela, que era divertida sem saber que o era, porque falava com um sotaque muito curioso de paulistana da Mooca, mas que ensinava muito bem, e muito também porque História sempre foi minha matéria preferida.
Dona Tereza (não sei se era com ‘s’ ou com ‘z’) foi uma professora de português que me marcou muito. Ela me ensinou como ler contos e poesias. Lembro até hoje o do Café com Pão. Ela me incentivou muito a ler. Nos deixava ler, entre um clássico e outro, o livro que quiséssemos e isso foi uma maravilha. Ela era super séria, firme, mas precisa. Dona Beth me fez odiar menos a matemática. Miss Vivian era divertidíssima. Newton, meu professor de educação física era um cara boa gente, bom de papo e que adorava misturar futebol com outros esportes. Trivelato, meu professor de Ciências, era imbatível. Ótimo, e de tão fechado, hilário. Um dia jogou um apagador na parede. Todos ficaram mudos e ele: isso é velocidade e atrito. Fiquei amigo de seu filho Guilherme (cadê você?) e íamos pro seu sítio, onde passei parte da minha adolescência.
Esses e muitos outros foram responsáveis por me tornar quem eu sou hoje. E eu tenho certeza de que você também é muito daqueles seus professores. Hoje, os professores, estão nas ruas do Rio de Janeiro reivindicando um aumento de salário, melhores condições e mudanças (necessárias) na área
da educação. Eles estão apanhando por isso. A polícia assassina e despreparada da cidade do Rio de Janeiro está batendo na cara daqueles que transformam crianças e adolescentes em pessoas. Na verdade, estão batendo é na nossa cara.

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