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Roldão Arruda, no Estadão
O Brasil está assistindo ao avanço de partidos políticos que se ligam cada vez mais a segmentos religiosos, o que constitui ameaça ao pluralismo religioso e à democracia. O alerta foi feito pelo escritor e teólogo católico Frei Betto, que chegou comparar esse movimento, de matriz fundamentalista e ainda pouco percebido pela sociedade, ao surgimento do nazismo, na primeira metade do século passado.
“Estamos assistindo a certos segmentos religiosos chocarem o ovo da serpente, expressão que vem do nazismo dos anos 30, na Alemanha: depois que a coisa esquentou é que muita gente se deu conta”, disse o religioso, durante conferência no 9º Encontro Nacional Fé e Política, realizado no final de semana, no campus da Universidade Católica de Brasília (UCB).
“O Estado e os partidos não devem ter religião, mas respeitar a diversidade do pluralismo religioso”, afirmou, diante de quase duas mil lideranças católicas. “No Brasil, determinados segmentos religiosos estão cada vez mais partidarizados. Existe no Congresso Nacional a bancada evangélica. Não tenho nada contra os evangélicos, tenho contra essa bancada.”
Na conferência, proferida no sábado e denominada O Poder na Cultura do Bem Viver, o dominicano, autor de 53 livros, foi enfático: “Precisamos abrir o olho porque está sendo chocado no Brasil o poder fundamentalista de confessionalização da política. Isso vai dar no fascismo.”
Frei Betto tem vínculos históricas com as comunidades eclesiais de base (CEBs) e contribuiu para o surgimento do PT – partido do qual se afastou durante o primeiro mandato de Lula.
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