*
Reinaldo José Lopes, na Folha de S.Paulo
"Não penseis que vim trazer paz à Terra; não vim trazer paz, mas espada. Vim trazer divisão entre o homem e seu pai, entre a filha e sua mãe", declara Jesus no capítulo dez do Evangelho de Mateus.
Durante séculos, a maioria dos cristãos interpretou a frase belicosa do Nazareno de modo espiritual. Afinal, se levadas ao pé da letra, as exigências de Cristo para abandonar riquezas, casa, pais e filhos para segui-lo não estão entre os assuntos mais agradáveis para um almoço familiar de domingo.
Para o escritor norte-americano de origem iraniana Reza Aslan, no entanto, está na hora de voltar a ler os versículos em seu contexto original -no qual a ideia era desembainhar uma espada literal, e não metafórica.
Eis, em essência, a premissa de "Zelota: a Vida e a Época de Jesus de Nazaré" [trad. Marlene Suano, Zahar, R$ 36,90, 308 págs.], novo livro de Aslan, 41, que acaba de ser lançado no Brasil: Jesus não era um mestre pacifista, que só pensava em exaltar as virtudes dos lírios do campo e oferecer a outra face.
O principal objetivo do profeta de Nazaré, fomentar a vinda do "Reino de Deus", equivalia a um programa político (e revolucionário), que envolvia a expulsão dos romanos da Palestina e a recriação da antiga e gloriosa monarquia israelita, com o próprio Jesus no trono, sob as bênçãos de Deus.
Daí o nome do livro: zelota (do grego "zelotes") é como os autores bíblicos denominavam os judeus especialmente zelosos das prerrogativas religiosas do Deus de Israel -uma divindade que, ao menos no Antigo Testamento, era capaz de uma aterrorizante fúria militar contra os inimigos dos israelitas. Mais tarde, o termo seria usado para designar uma seita revolucionária judaica.
"Vamos colocar a coisa da seguinte forma: há aqueles que acham que Jesus era total e absolutamente único, diferente de todos os judeus do seu tempo. E há os que acham que, embora ele fosse extraordinário e inovador, ainda assim seu pensamento tinha muito em comum com o de outros judeus. Eu faço parte desse segundo grupo", explicou Aslan, à Folha, em entrevista por telefone.
"Os demais judeus do século 1º d.C. acreditavam que o Messias era um descendente do rei Davi cujo trabalho seria derrotar os inimigos de Israel e implantar o Reino de Deus na Terra. Acredito que essa era a visão que Jesus tinha sobre si mesmo."
Aslan é um acadêmico, com mestrado em teologia na Universidade Harvard e doutorado em história das religiões na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara, mas seu livro conquistou o grande público. Razões alheias ao seu conteúdo contribuíram para que a obra tivesse virado best-seller nos nos EUA.
No dia 26 de julho, dez dias após o lançamento norte-americano do livro, Aslan foi hostilizado por uma entrevistadora do canal conservador Fox News, que exigiu que ele explicasse por que um muçulmano iria querer escrever um livro sobre Jesus. "Ser atacado de falta de 'jesusidade' por uma âncora da Fox Nex é aparentemente um bom caminho para conduzir seu livro ao número 1 das listas", comentou Adam Gopnik, na revista "New Yorker".
O que a âncora de TV provavelmente não sabia era que o histórico religioso de Aslan é mais complexo do que ela deu a entender. Nascido numa família iraniana secular, ele tornou-se evangélico na adolescência e, mais tarde, retornou à fé de seus ancestrais.
"O ponto mais importante, que muito gente não conseguiu entender, é que o livro não é sobre o cristianismo -Jesus, afinal, não era cristão, mas judeu. Meu tema é o judaísmo de veia revolucionária que existia no século 1º d.C., do qual Jesus era um representante", sustenta Aslan, que hoje é professor da Universidade da Califórnia em Riverside.
O BÁSICO
A abordagem do escritor é, em grande medida, uma espécie de "retorno ao básico" na pesquisa histórica sobre a figura de Jesus Cristo.
De fato, um dos primeiros intelectuais a tentar uma interpretação secular para entender quem foi o Nazareno, o alemão Hermann Samuel Reimarus (1694-1768), já defendia que os objetivos de Jesus eram basicamente políticos.
Especialistas contam ao menos três grandes fases de "busca pelo Jesus histórico", a mais recente delas nos anos 1980. Um consenso entre os estudiosos parece quase tão distante quanto era no século 19.
Aslan diz que não há muito mistério sobre o porquê desse aparente fracasso acadêmico. "Fora do Novo Testamento, simplesmente não há nenhum traço de evidências a respeito de Jesus que seja do século 1º d.C.", afirma.
"Creio que até existe algum consenso, mas ele é muito limitado. Podemos dizer que Jesus era um judeu, que iniciou um movimento para os judeus da Palestina, e que Roma o executou como inimigo do Estado. E é só", diz Aslan. "O que conseguimos fazer é pegar esse pouquinho e colocá-lo no contexto do mundo no qual Jesus viveu, sobre o qual sabemos muita coisa.
Sempre há a possibilidade de que alguma nova descoberta arqueológica mude esse cenário. Mas por enquanto isso não aconteceu."
INTERPRETAÇÕES
Diante de tal pobreza de dados, talvez não seja surpreendente que haja hoje no mercado uma variedade enorme de interpretações sobre Jesus.
Excetuando a ideia de que o personagem nunca tenha existido, sendo apenas uma figura mitológica inventada pelo apóstolo Paulo ou outro membro da primeira geração de cristãos -o que raríssimos historiadores sérios consideram como uma possibilidade-, uma das visões mais influentes é a esposada pelo ex-padre irlandês John Dominic Crossan.
Autor de "Quem Matou Jesus?" [trad. André Cardoso, Imago, R$ 60, 268 págs.], Crossan afirma que Jesus teria sido uma versão judaica dos filósofos cínicos gregos. Em outras palavras, um pensador itinerante que atacava as convenções sociais e convidava seus ouvintes a levar uma vida de solidariedade radical ("comensalidade" é um dos termos técnicos), defendendo que o "Reino de Deus" já estava presente entre os membros dessa confraria.
Outro termo técnico para descrever a posição de Crossan e de outros especialistas é "escatologia realizada", no sentido de que o Jesus histórico pintado por eles não esperava o Juízo Final e a ressurreição dos mortos (e talvez nem a sua própria): a "escatologia", ou seja, a consumação do plano de Deus para o mundo, aconteceria naturalmente entre os que abraçassem a mensagem do Nazareno.
Opõe-se a essa visão um grande campo de pesquisadores, bastante heterogêneo, para quem Jesus era acima de tudo um profeta apocalíptico, ou seja, alguém que previa -provavelmente "para ontem", ainda durante seu tempo de vida- a intervenção decisiva de Deus na história, libertando o "povo escolhido" de Israel e instaurando uma nova era de justiça e de paz.
Uma das abordagens mais influentes sob essa perspectiva está em um dos quatro volumes da série, ainda não concluída, "Um Judeu Marginal: Repensando o Jesus Histórico" [trad. Laura Rumchinsky, Imago, 468 págs., esgotado], do padre norte-americano John P. Meier.
Ao analisar algo que parece ser tão banalmente cristão quanto a oração do Pai Nosso, por exemplo, Meier argumenta que a expressão "Venha a nós o vosso reino" deve ser lida, nos lábios de Jesus, como nada menos que um pedido para que a intervenção apocalíptica de Deus no Cosmos acontecesse o mais breve possível -o "reino" nada mais seria que esse domínio restaurado do Senhor.
Aslan pende mais para o segundo campo, embora sua ênfase política o distinga de Meier, de quem se declara admirador. "Não acho que eu esteja explorando algum terreno realmente novo na questão", pondera. "Consegui apenas reunir os principais dados e argumentos de uma maneira coerente e que pode ser compreendida pelo leitor não especializado."
Apesar da modéstia, Aslan teve peito para defender posições controversas mesmo para os padrões da pesquisa sobre o Jesus histórico. Ele vê a célebre "purificação do Templo" (episódio no qual Jesus expulsa cambistas e vendedores de animais do local mais sagrado de Jerusalém) como um ataque político direto à corrupção da elite sacerdotal judaica, aliada a Roma, coisa com a qual muitos outros estudiosos concordam.
Mas vai além e argumenta que a passagem na qual Jesus diz "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" é, na verdade, uma frase sutilmente subversiva. E parte de uma explicação filológica: o "dai" seria tradução do verbo grego "apodidomi", ou "devolver". Em vez de dizer que é certo pagar imposto para os romanos, tema da frase, Jesus estaria dizendo simplesmente que se deve devolver o dinheiro romano ao imperador e retomar o que pertence a Deus, ou seja, a Terra Santa de Israel.
Da mesma forma, a ideia de "oferecer a outra face" seria aplicável apenas a irmãos judeus, não a pagãos ocupando Jerusalém, ou a qualquer outro não judeu.
"O judaísmo era tudo o que Jesus conhecia e pregava. Ele mesmo afirmou que não veio para abolir nem uma só letra da Lei de Moisés", diz Aslan. "O mandamento de amar ao próximo já estava presente no judaísmo, mas valia apenas para membros da comunidade de Israel."
Pergunto se, sob essa perspectiva, Jesus e outros profetas e revolucionários judaicos do século 1º d.C. (alguns dos quais acabariam expulsando os romanos temporariamente entre 66 d.C. e 70 d.C., até serem esmagados) poderiam ser comparados aos muçulmanos que defendem a jihad hoje.
"Certamente em nenhum momento Jesus pregou a violência contra não combatentes", afirma Aslan. "Mas, é claro, ao longo da história, sempre houve o uso da religião como arma contra potências consideradas opressoras ou em favor da justiça social."
REINALDO JOSÉ LOPES, 34, é jornalista, assina o blog "Darwin e Deus" no site da Folha.
"Não penseis que vim trazer paz à Terra; não vim trazer paz, mas espada. Vim trazer divisão entre o homem e seu pai, entre a filha e sua mãe", declara Jesus no capítulo dez do Evangelho de Mateus.
Durante séculos, a maioria dos cristãos interpretou a frase belicosa do Nazareno de modo espiritual. Afinal, se levadas ao pé da letra, as exigências de Cristo para abandonar riquezas, casa, pais e filhos para segui-lo não estão entre os assuntos mais agradáveis para um almoço familiar de domingo.
Para o escritor norte-americano de origem iraniana Reza Aslan, no entanto, está na hora de voltar a ler os versículos em seu contexto original -no qual a ideia era desembainhar uma espada literal, e não metafórica.
Eis, em essência, a premissa de "Zelota: a Vida e a Época de Jesus de Nazaré" [trad. Marlene Suano, Zahar, R$ 36,90, 308 págs.], novo livro de Aslan, 41, que acaba de ser lançado no Brasil: Jesus não era um mestre pacifista, que só pensava em exaltar as virtudes dos lírios do campo e oferecer a outra face.
O principal objetivo do profeta de Nazaré, fomentar a vinda do "Reino de Deus", equivalia a um programa político (e revolucionário), que envolvia a expulsão dos romanos da Palestina e a recriação da antiga e gloriosa monarquia israelita, com o próprio Jesus no trono, sob as bênçãos de Deus.
Daí o nome do livro: zelota (do grego "zelotes") é como os autores bíblicos denominavam os judeus especialmente zelosos das prerrogativas religiosas do Deus de Israel -uma divindade que, ao menos no Antigo Testamento, era capaz de uma aterrorizante fúria militar contra os inimigos dos israelitas. Mais tarde, o termo seria usado para designar uma seita revolucionária judaica.
"Vamos colocar a coisa da seguinte forma: há aqueles que acham que Jesus era total e absolutamente único, diferente de todos os judeus do seu tempo. E há os que acham que, embora ele fosse extraordinário e inovador, ainda assim seu pensamento tinha muito em comum com o de outros judeus. Eu faço parte desse segundo grupo", explicou Aslan, à Folha, em entrevista por telefone.
"Os demais judeus do século 1º d.C. acreditavam que o Messias era um descendente do rei Davi cujo trabalho seria derrotar os inimigos de Israel e implantar o Reino de Deus na Terra. Acredito que essa era a visão que Jesus tinha sobre si mesmo."
Aslan é um acadêmico, com mestrado em teologia na Universidade Harvard e doutorado em história das religiões na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara, mas seu livro conquistou o grande público. Razões alheias ao seu conteúdo contribuíram para que a obra tivesse virado best-seller nos nos EUA.
No dia 26 de julho, dez dias após o lançamento norte-americano do livro, Aslan foi hostilizado por uma entrevistadora do canal conservador Fox News, que exigiu que ele explicasse por que um muçulmano iria querer escrever um livro sobre Jesus. "Ser atacado de falta de 'jesusidade' por uma âncora da Fox Nex é aparentemente um bom caminho para conduzir seu livro ao número 1 das listas", comentou Adam Gopnik, na revista "New Yorker".
O que a âncora de TV provavelmente não sabia era que o histórico religioso de Aslan é mais complexo do que ela deu a entender. Nascido numa família iraniana secular, ele tornou-se evangélico na adolescência e, mais tarde, retornou à fé de seus ancestrais.
O escritor Reza Aslan
(Larry D. Moore/Wikimedia Commons )
|
"O ponto mais importante, que muito gente não conseguiu entender, é que o livro não é sobre o cristianismo -Jesus, afinal, não era cristão, mas judeu. Meu tema é o judaísmo de veia revolucionária que existia no século 1º d.C., do qual Jesus era um representante", sustenta Aslan, que hoje é professor da Universidade da Califórnia em Riverside.
O BÁSICO
A abordagem do escritor é, em grande medida, uma espécie de "retorno ao básico" na pesquisa histórica sobre a figura de Jesus Cristo.
De fato, um dos primeiros intelectuais a tentar uma interpretação secular para entender quem foi o Nazareno, o alemão Hermann Samuel Reimarus (1694-1768), já defendia que os objetivos de Jesus eram basicamente políticos.
Especialistas contam ao menos três grandes fases de "busca pelo Jesus histórico", a mais recente delas nos anos 1980. Um consenso entre os estudiosos parece quase tão distante quanto era no século 19.
Aslan diz que não há muito mistério sobre o porquê desse aparente fracasso acadêmico. "Fora do Novo Testamento, simplesmente não há nenhum traço de evidências a respeito de Jesus que seja do século 1º d.C.", afirma.
"Creio que até existe algum consenso, mas ele é muito limitado. Podemos dizer que Jesus era um judeu, que iniciou um movimento para os judeus da Palestina, e que Roma o executou como inimigo do Estado. E é só", diz Aslan. "O que conseguimos fazer é pegar esse pouquinho e colocá-lo no contexto do mundo no qual Jesus viveu, sobre o qual sabemos muita coisa.
Sempre há a possibilidade de que alguma nova descoberta arqueológica mude esse cenário. Mas por enquanto isso não aconteceu."
INTERPRETAÇÕES
Diante de tal pobreza de dados, talvez não seja surpreendente que haja hoje no mercado uma variedade enorme de interpretações sobre Jesus.
Excetuando a ideia de que o personagem nunca tenha existido, sendo apenas uma figura mitológica inventada pelo apóstolo Paulo ou outro membro da primeira geração de cristãos -o que raríssimos historiadores sérios consideram como uma possibilidade-, uma das visões mais influentes é a esposada pelo ex-padre irlandês John Dominic Crossan.
Autor de "Quem Matou Jesus?" [trad. André Cardoso, Imago, R$ 60, 268 págs.], Crossan afirma que Jesus teria sido uma versão judaica dos filósofos cínicos gregos. Em outras palavras, um pensador itinerante que atacava as convenções sociais e convidava seus ouvintes a levar uma vida de solidariedade radical ("comensalidade" é um dos termos técnicos), defendendo que o "Reino de Deus" já estava presente entre os membros dessa confraria.
Outro termo técnico para descrever a posição de Crossan e de outros especialistas é "escatologia realizada", no sentido de que o Jesus histórico pintado por eles não esperava o Juízo Final e a ressurreição dos mortos (e talvez nem a sua própria): a "escatologia", ou seja, a consumação do plano de Deus para o mundo, aconteceria naturalmente entre os que abraçassem a mensagem do Nazareno.
Opõe-se a essa visão um grande campo de pesquisadores, bastante heterogêneo, para quem Jesus era acima de tudo um profeta apocalíptico, ou seja, alguém que previa -provavelmente "para ontem", ainda durante seu tempo de vida- a intervenção decisiva de Deus na história, libertando o "povo escolhido" de Israel e instaurando uma nova era de justiça e de paz.
Uma das abordagens mais influentes sob essa perspectiva está em um dos quatro volumes da série, ainda não concluída, "Um Judeu Marginal: Repensando o Jesus Histórico" [trad. Laura Rumchinsky, Imago, 468 págs., esgotado], do padre norte-americano John P. Meier.
Ao analisar algo que parece ser tão banalmente cristão quanto a oração do Pai Nosso, por exemplo, Meier argumenta que a expressão "Venha a nós o vosso reino" deve ser lida, nos lábios de Jesus, como nada menos que um pedido para que a intervenção apocalíptica de Deus no Cosmos acontecesse o mais breve possível -o "reino" nada mais seria que esse domínio restaurado do Senhor.
Aslan pende mais para o segundo campo, embora sua ênfase política o distinga de Meier, de quem se declara admirador. "Não acho que eu esteja explorando algum terreno realmente novo na questão", pondera. "Consegui apenas reunir os principais dados e argumentos de uma maneira coerente e que pode ser compreendida pelo leitor não especializado."
Apesar da modéstia, Aslan teve peito para defender posições controversas mesmo para os padrões da pesquisa sobre o Jesus histórico. Ele vê a célebre "purificação do Templo" (episódio no qual Jesus expulsa cambistas e vendedores de animais do local mais sagrado de Jerusalém) como um ataque político direto à corrupção da elite sacerdotal judaica, aliada a Roma, coisa com a qual muitos outros estudiosos concordam.
Mas vai além e argumenta que a passagem na qual Jesus diz "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" é, na verdade, uma frase sutilmente subversiva. E parte de uma explicação filológica: o "dai" seria tradução do verbo grego "apodidomi", ou "devolver". Em vez de dizer que é certo pagar imposto para os romanos, tema da frase, Jesus estaria dizendo simplesmente que se deve devolver o dinheiro romano ao imperador e retomar o que pertence a Deus, ou seja, a Terra Santa de Israel.
Da mesma forma, a ideia de "oferecer a outra face" seria aplicável apenas a irmãos judeus, não a pagãos ocupando Jerusalém, ou a qualquer outro não judeu.
"O judaísmo era tudo o que Jesus conhecia e pregava. Ele mesmo afirmou que não veio para abolir nem uma só letra da Lei de Moisés", diz Aslan. "O mandamento de amar ao próximo já estava presente no judaísmo, mas valia apenas para membros da comunidade de Israel."
Pergunto se, sob essa perspectiva, Jesus e outros profetas e revolucionários judaicos do século 1º d.C. (alguns dos quais acabariam expulsando os romanos temporariamente entre 66 d.C. e 70 d.C., até serem esmagados) poderiam ser comparados aos muçulmanos que defendem a jihad hoje.
"Certamente em nenhum momento Jesus pregou a violência contra não combatentes", afirma Aslan. "Mas, é claro, ao longo da história, sempre houve o uso da religião como arma contra potências consideradas opressoras ou em favor da justiça social."
REINALDO JOSÉ LOPES, 34, é jornalista, assina o blog "Darwin e Deus" no site da Folha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário