Google+

"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história." Bill Gates

Compartilhe

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Em protestos no Acre, polícia é exaltada em cartazes e slogans

manifestações-acre
Por Fábio Pontes, na BBC Brasil
A onda de manifestações que se espalhou pelo país resultou no Acre em um forte movimento de apoio à polícia – ao contrário do que vem ocorrendo em muitas capitais, onde as forças de segurança são alvo de críticas, pedradas e disparos de fogos de artifício. Um protesto ocorrido no sábado mostrou a insatisfação dos moradores com a corrupção e a mudança de fuso horário no Estado.
Nada de confrontos com tropas de choque, gás lacrimogêneo ou balas de borracha. Na manifestação que reuniu 20 mil pessoas em Rio Branco, um órgão de segurança – a Polícia Federal – foi a instituição mais enaltecida nos cartazes e slogans exibidos pelos manifestantes. Isso foi motivado pelo papel de seus agentes nas investigações de um escândalo de corrupção que supostamente envolve membros do governo estadual.
Havia até cartazes com dizeres como: “Obrigado Polícia Federal”, e “O Acre agradece ao trabalho da Polícia Federal”. E slogans como “Polícia, Polícia, Polícia Federal, prende todo mundo pra nação ficar legal”.
Em maio, a Polícia Federal realizou uma operação batizada de “G7″, que resultou na prisão de secretários e empreiteiros acusados de desvio de verbas públicas.
Ao todo, 15 pessoas foram presas –incluindo o sobrinho do governador Tião Viana (PT), Thiago Paiva – e 29 foram indiciadas. De acordo com a polícia, um grupo de sete empreiteiras teria se reunido em cartel para dominar as licitações e eliminar a concorrência em obras públicas.
Em seis contratos analisados foi apurado o desvio de R$ 4 milhões. O foco de atuação do G7, segundo a PF, estava no Ruas do Povo, programa de pavimentação e saneamento básico nas 22 cidades do Acre.
Já Thiago Paiva está sendo acusado de desvio de verbas do Sistema Único de Saúde (SUS). A polícia diz que, em parceria com um empresário, Paiva, que ainda continua como diretor de análises clínicas da Secretaria de Saúde, estaria autorizando a realização de exames sem pacientes para receber verbas do SUS.
manifestações-acre 1
“Tudo isso estava acontecendo bem debaixo de nosso nariz e foi preciso a Polícia Federal entrar no caso para combater os corruptos e colocá-los na cadeia. Imagina se no Acre não houvesse a atuação de instituições sérias como a Federal? Estaríamos perdidos”, diz o estudante história Cláudio Nunes, de 21 anos.
Referências à operação G7 estavam entre as expressões mais comuns vistas nos cartazes pintados pelos manifestantes. Eles se mobilizaram por meio das redes sociais numa ampla campanha de divulgação e convite.

‘O Acre existe’

A grande maioria dos mais de 20 mil presentes ao protesto eram jovens.
“O Acre Existe. E tem corrupção”, dizia uma das faixas. A frase expressa o que muitos acreanos identificam como sendo um sentimento de rejeição do Brasil pelo Estado amazônico, com piadas recorrentes sobre a possível inexistência do Estado.
Outra bandeira levantada pelos acreanos foi o seu polêmico fuso horário. Até 2008 eram duas horas de diferença em relação a Brasília, mas foi reduzida para uma hora, por meio de projeto de lei, aprovado sem consulta popular, pelo então senador e hoje governador Tião Viana.
manifestações-acre-2
Em 2010 a população foi às urnas em referendo e decidiu pela volta do antigo fuso. Passados mais de três anos, a opção expressa pelo povo acreano ainda perambula pelo Congresso Nacional por meio de um projeto de lei que ainda não foi votado.
Uma das faixas carregadas por manifestantes dizia: “Ditadura: mudar a hora sem ouvir o povo”. Outra afirmava: “Golpe: negar ao povo o referendo da hora”, se lia em outra faixa. A passeata parou o centro de Rio Branco e seguiu pacífica. A polícia acompanhou de longe. E alguns poucos policiais atuaram para organizar o trânsito.

Líder do grupo Diante do Trono, Ana Paula Valadão tornou-se a cantora mais famosa da música evangélica

A artista belo-horizontina costuma atrair multidões para os seus shows e lançar moda entre as religiosas
Ana Paula: “Nunca imaginei aparecer na TV em rede nacional. Só queria divulgar a mensagem do amor de Deus”
Ana Paula: “Nunca imaginei aparecer na TV em rede nacional. Só queria divulgar a mensagem do amor de Deus”
Sabrina Abreu, na Veja BH
Voz, nome e rosto mais conhecidos da música gospel no país, ela atrai multidões para seus shows, lança moda entre as evangélicas e, vez ou outra, desperta a fúria das feministas. Com mais de 10 milhões de discos vendidos, a cantora e pastora Ana Paula Machado Valadão Bessa, de 37 anos, ainda se surpreende com o sucesso alcançado à frente do grupo Diante do Trono, que acaba de completar quinze anos. “Nunca imaginei aparecer na TV em rede nacional. Só queria divulgar a mensagem do amor de Deus”, diz a belo-horizontina, que já se apresentou em todos os estados brasileiros e também no exterior, em países como Estados Unidos, Israel, Suíça e Japão. Nascida em uma família de cinco gerações de protestantes, entre presbiterianos e batistas, ela buscou na religião o consolo para o término de um noivado, aos 19 anos. Estava no chuveiro quando cantarolou pela primeira vez a melodia da canção Diante do Trono. Um ano depois, em 1998, a banda liderada por ela, também batizada de Diante do Trono, lançou de forma independente seu primeiro álbum. “Para garantirmos a gravação, vendemos na igreja vales-CD, no valor de 5 reais cada um”, lembra o pai da cantora, o pastor Márcio Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha.
Do Q.G. do grupo, no bairro São Luís, onde funciona o moderno estúdio projetado pelo arquiteto Renato Cipriano — que tem entre seus clientes a cantora Ivete Sangalo e a banda Jota Quest -, Ana Paula cuida atualmente da produção de mais três discos: Renovo, que foi gravado ao vivo no Expominas, em março, e será lançado no próximo mês; Tu Reinas, com faixas inéditas que serão gravadas no próximo dia 9, em Juazeiro do Norte, no Ceará; e um álbum em inglês, de título ainda não definido, que será veiculado na internet. “Minha equipe é muito capaz, mas tudo passa pela minha mão”, diz ela, confirmando sua fama de centralizadora. Nas palavras dos assessores, a cantora é uma máquina de trabalhar. Além de realizar shows e gravar com o Diante do Trono, Ana Paula se dedica como pastora a um culto mensal só para mulheres, escreve livros (já tem dois publicados) e atualiza pessoalmente suas redes sociais, que atraem milhares de fãs. Só no Twitter reúne mais de 590 000 seguidores. “Tudo o que ela faz, centenas de mulheres copiam”, afirma o cabeleireiro Silvio Nogueira, que cuida de seu visual há dez anos. Foi assim quando, em 2009, Ana Paula resolveu cortar os cabelos curtinhos. Vaidosa, usa nas apresentações figurinos assinados por grifes de luxo como Barbara Bela e Mares. Gosta de um estilo romântico, com organza, seda e renda. Os modelos, porém, não podem mostrar muito o corpo. “Para a mulher bíblica, a sensualidade é vivida toda dentro do casamento. Ela não usa roupas sexy”, explica. Muitas peças precisam ser adaptadas para que Ana Paula possa vesti-las. “Ponho anágua quando a saia é meio transparente e tapa-colo, um clipezinho abotoado no sutiã, para esconder o decote”, conta.
Os conselhos da cantora sobre feminilidade atraem milhares de fiéis à Igreja da Lagoinha. Toda última quarta-feira do mês, o templo, com capacidade para 6 000 pessoas, fica lotado. No culto Mulheres Diante do Trono, a presença de homens é proibida. Do púlpito, com sua Bíblia em mãos, a pastora mescla passagens da própria vida a trechos do Velho e do Novo Testamentos. “Como mulher, você pode trabalhar fora, realizar os seus sonhos, ter diálogos com seu marido, sugerir, decidir com ele, mas tem de respeitar toda figura masculina”, prega. Casada desde 2000 com o pastor Gustavo Bessa, de 39 anos, ela diz que, em casa, deixa de lado a postura controladora que não consegue evitar no trabalho. “Lá, eu tiro o chapéu da liderança.” As pregações dão arrepios em muitas feministas. No fim do ano passado, quando vídeos do culto se espalharam pela internet, o resultado foi uma avalanche de críticas indignadas e zombarias. Ana Paula não se intimidou. “Achei bom. A mensagem foi replicada e chegou a mais pessoas.”
O dever de submissão ao marido não é sua única opinião polêmica. Ela é contra o casamento gay e não esconde seu ponto de vista. “Se há um cristão falando por aí que é a favor da homossexualidade, ele não é um cristão de verdade”, afirma. Mas garante que os homossexuais são bem-vindos em sua igreja. “Tenho um grande amigo ex-gay.” Também não se constrange ao abrir o coração e falar das próprias dores a seus fãs. “Na gravação do CD Esperança, em 2004, ela contou no palco que não conseguia engravidar”, lembra o pai. Mais de 1 milhão de pessoas ouviram a cantora  — hoje mãe de Isaque, de 7 anos, e Benjamin, de 4 – falar sobre seus problemas de fertilidade.
A líder da banda Diante do Trono em apresentação em Manaus: ela já fez shows em todos os estados
A líder da banda Diante do Trono em apresentação em Manaus: ela já fez shows em todos os estados
Ela credita seu sucesso às letras inspiradas em versículos bíblicos e nas suas experiências de fé. “As pessoas se identificam com os versos que falam de cura interior”, diz ela, que começou a compor quando ainda era criança. “Da passagem do cometa Halley até a aids, tudo o que via na TV ou na escola virava tema”, conta, às risadas. Os comentários de um adulto, no entanto, a desanimaram. “Ele disse que eu não tinha jeito para a coisa e acreditei. Fiquei sem escrever dos 13 aos 18 anos.” Nesse período, resolveu apostar na carreira de intérprete. Cantava no King’s Kids, grupo evangélico de dança e música para adolescentes, e no El-Shamah, coral adulto da igreja, que se apresentava aos domingos. “Eu era nova para o grupo. Só me deixaram entrar porque eu realmente tinha talento”, explica, revelando certo incômodo com insinuações sobre ter tido privilégios por ser filha do líder da igreja. Em 1996, depois de abandonar a faculdade de direito da UFMG e mudar-se para Dallas, nos Estados Unidos, onde foi estudar música, finalmente se sentiu livre. “Lá ninguém se importava com meu sobrenome.” Disputando uma vaga com outros 100 alunos, foi selecionada para a banda da escola. Disciplinada, impressionava os professores pela dedicação à rotina pesada dos ensaios.

terça-feira, 25 de junho de 2013

A distância entre o púlpito e as ruas

Imagem do protesto em Recife
Oportuno ressuscitar o Chacrinha: Quem não se comunica se trumbica. Em plena ebulição de manifestantes lotando centenas de cidades pelo Brasil a fora, uma breve visita aos programas evangélicos revela não apenas a desconexão das principais igrejas-empresas, como a alienação que elas submetem seus fieis. Todas mantêm o velho e sovado discurso do milagre, da bênção da prosperidade e da salvação para depois da morte. Resta uma pergunta: os comunicadores evangélicos são bem-sucedidos em suas empreitadas? A resposta cabe tanto um sim como um não. Sim, caso se considere o espetacular crescimento numérico dos crentes e fortuna que amealham. Não, se levarmos em conta o recrudescimento de preconceitos e a ostensiva rejeição que evangélicos sofrem entre os formadores de opinião.
Dificilmente qualquer um dos famosos televangelistas se aventurariam nas ruas durante os protestos. Nenhum deles marcharia ao lado daqueles primeiros manifestantes. Chego a pensar no pior. Se rasgaram bandeiras de partidos, imagine o que fariam aos mais audazes televangelistas – os que vivem de dedo em riste. Se já aconteceram relatos de discriminação contra pastores ao preencherem cadastro de crediário ou quando alugam casas e fazem o check in em hotel, numa passeata em que xingam tudo e todos, os pastores seriam linchados. Se políticos são considerados – numa generalização irresponsável – corruptos, o senso comum trata pastores como falastrões, sempre ávidos por dinheiro.
Eugene Peterson narra sua aflição numa conversa com um passageiro que viajava ao seu lado pela Ásia. Em determinado momento, o homem indagou a profissão de Peterson. Sou pastor, respondeu. A reação do homem foi constrangedora: Pastor, responda-me, por favor: por que, quando me vejo perto de um monge budista, tenho a sensação de estar ao lado de um santo homem de Deus, mas junto de um pastor fico com a impressão de que converso com um  homem de negócios?
Líderes evangélicos precisam acordar: o tempo reclama por mais do que mera retórica. Na inquietação popular, evidenciou-se a penúria dos sermões – o conteúdo dos púlpitos não vai além de chavões surrados, reciclados e esvaziados por excessivo uso. A grande maioria dos pastores só tem um punhado de versículos – não passam de uma centena – pinçados dos contextos de guerra ou da percepção do Deus ainda tribal em Israel. Pastores repetem ad nauseum vitória nas batalhas e milagres excepcionais, mas não conseguem articular agenda de mudança social. O meio gospel trata como excepcionais evangelistas que decoram esses poucos versículos e conseguem citá-los, como rajada de metralhadora, no meio de um sermão. A retórica funciona bem entre os que se acostumaram à subcultura gospel, mas soa estranha fora de seus muros.
O tempo exige credibilidade. Cansado de corrupção, de conto-do-vigário, o povo precisa de um aceno mínimo dos pastores de que eles não participam da mesma cultura dos caudilhos, dos coronéis, das oligarquias e das elites que se favoreceram da miséria. Caso contrário, permanecerá no país a ideia de que eles não passam de espertalhões, prontos a surfar na onda que prevelacer. O povo os procurará apenas para conseguir bênção, mas jamais acreditará que têm proposta de como organizar a vida. Assim pastores se condenam à categoria de feiticeiros, hábeis na técnica de acessar o sobrenatural, fazendo com que a magia substitua o engajamento político e a religião continue vassala dos interesses de quem precisa de alienados.
Agora, mais do que nunca, tornou-se imperativo sintonizar sermão e vida. De nada serve lidar com conceitos que fazem todo sentido em torres de marfim. Como o evangelho não doura a pílula existencial, os pastores não podem ter a pretensão de que, em tese, os fieis, literalmente, andam sobre as águas, seguram serpentes sem serem picados e bebem veneno. Os cristãos também sofrem em ônibus lotados, também esperam semanas por vaga em hospital público e também sobrevivem com subsalários.
Tornou-se inadiável o diálogo entre a igreja e os diferentes setores que reivindicam mudança radical. Ficou claro: o problema da corrupção, pobreza crônica e injustiça social extrapola pessoas e partidos políticos. Qualquer partido, uma vez no poder, ficará exposto a uma estrutura que exige que ministros ou presidentes de estatais – da Petrobrás aos Correios – sejam ocupados, não por técnicos, mas por indivíduos que defendem os interesses particulares de caciques partidários.
O dilema shakespeareano em que o Brasil se meteu é: mudança ou revolução, eis a questão. Os neopentecostais brasileiros podem até pedir mudança, mas parecem indispostos a “vender tudo e dar aos pobres”. Envolver-se numa revolução radical de inclusão, ascensão social e justiça econômica custa caro – uma cruz. Em Para além do bem e do mal, Nietzsche disse que quando adestramos a nossa consciência, ela beija-nos ao mesmo tempo que nos morde. Fica a sensação de não haver grupo mais preocupado nesse adestramento do que os neopentecostais; e mesmo que não cogitem, eles estarão entre os que serão mordidos.

As raposas têm covis...

as-raposas-têm-covis
Raposas têm covis, se escondem, se protegem, se garantem, mas o Filho do Homem, disse Jesus, o humano não tem um lugar assim.
Não ter covil significa não procurar um lugar de conforto e comodismo imobilizador e de nenhuma transformação da realidade. Correr os riscos pelo de fato de estar de olhos bem abertos e denunciar tudo o que é contra a vida.
Enquanto vejo jovens e adolescentes empunhando cartazes para que o Brasil mude sua estrutura política, econômico-financeira e social, vejo líderes religiosos convocando suas igrejas para manifestarem-se simplesmente fechando os olhos, em outras palavras orando. Que isto sim seria o verdadeiro manifesto. Fecharem-se dentro de seus templos (mais uma vez) e clamarem a Deus que segundo eles, é o único que pode resolver. Clamar a Deus e não aos “homens”, alegam eles.
Há lugar para oração, mas jamais a oração deve ser um ato que fecha os olhos para a realidade. A oração deve nos engajar na realidade da vida.
Volto meu olhar para apenas o período de minha idade. Apenas os últimos cinquenta anos.
Em 64 veio a ditadura militar.
Enquanto os filhos dessa nação apanhavam, eram torturados e mortos, líderes convocaram suas igrejas para fechar os seus olhos e orarem pela nação, invocando Crônicas 7.
Enquanto a igreja mantinha seus olhos fechados muitos desses líderes, tal qual uma raposa de mansinho se aproximaram da ditadura envergando a bandeira bíblica de que “toda autoridade é constituída por Deus.” Só pediram para os fiéis abrirem os olhos para que vissem eles se banqueteando na mesa do poder como prova de resposta da oração. Enquanto isso os fiéis continuavam com o mesmo pão e água de sempre, domesticados pelo autoritarismo.
Com o fim do AI-5 e a queda do militarismo, morrendo de medo, novamente parte expressiva da liderança evangélica correu para mais uma vez fechar os olhos do povo para orar e não ouvir o clamor de seus jovens, a dor de seu povo enquanto preparavam mais um lugar confortável para repousarem, pois associados à ditadura, com o fim da mesma, temiam por seus destinos. Olhos dos fiéis novamente abertos somente para que as ovelhas vissem seus pastores abocanhando a oportunidade dada pelo Collor a quem apoiaram. Aliás, quem não apoiasse era tido como “contra Deus”. Ser pró PT era ter aliança com o diabo.
O PT reverteu o jogo político e preparou um lugar “confortável” E agora?
Mais uma vez, esses líderes pediram para a igreja fechar os olhos e orar, clamar até que a resposta viesse.
Adivinha qual foi a “resposta” divina?
O sucesso deles como prova de que a “igreja” estava sendo beneficiada.
Só se para eles igreja for o caixa que administram, porque se for as pessoas que a ela pertencem, essa continuou na mesma, levantando cedo e dormindo tarde para ganhar o pão suado e enfrentando filas de madrugada para marcar uma consulta médica.
Costuraram acordos para se locupletarem e deixar o covil cada vez mais confortável.
A Frente Parlamentar Evangélica, formada no mesmo ano da eleição do Lula, tomou conta do noticiário nacional no seu primeiro mandato, ao ter quase metade de seus componentes envolvidos no desvio de verba parlamentar.
Enquanto a igreja fecha os olhos para orar, deve-se perguntar sobre o que de concreto pelo bem de nossos jovens, pelo bem da saúde e educação do povo a Bancada Evangélica com cerca de 80 deputados e 4 senadores fazem?
Arrumam confusão pois praticamente todos têm algum processo correndo contra eles. Como todo réu político nesse país, alegam inocência escondendo-se atrás da falácia de se tratar de um perseguição política ou religiosa.
Apesar de desfrutarem de excelentes benesses parlamentares nenhum deles se manifestou contra as excessivas verbas parlamentares, empunhou uma bandeira da saúde ou educação, simplesmente pedem que a igreja feche os olhos e orem e certamente continue trazendo todos os dízimos para que Deus repreenda o devorador do pouco que ganham e não deixem de comprar as bugigangas gospel para ser abençoada.
Quando jovens e adolescentes saem às ruas para lutarem contra a injustiça e os desmandos desse país e contra as falcatruas políticas que inclui esses evangélicos, novamente querem que o povo entre em seus templos e fechem os olhos? Não querem que o povo abra os olhos e vejam a realidade? Justiça não se faz com oração, se faz com postura, com ação.
Jesus nunca trabalhou para montar um covil e muito menos às custas da inocência do povo que ele amava. Quando Jesus orava era para ter forças para enfrentar os hipócritas farisaicos que se oporiam a ele na sua luta contra o banditismo em nome de Deus que extorquia os pobres.
Sabe o que esses políticos evangélicos fizeram de relevante?

O gigante foi criado a leite com pera e Ovomaltine na geladeira

Crônica sobre um titã incompreendido.
foto: Johnnie Walker
foto: Johnnie Walker
Cauê Madeira, no Medium [via Pavablog]
Militantes das antigas, comunistas comedores de criancinhas, políticos corruptos e malvados em geral: tremei! O gigante acordou.
Acordou, de fato, não há o que se discutir quanto a isso. Mas acho que acordou com amnésia. Ou o gigante esqueceu da história recente do país ou talvez não a tenha vivenciado. Estava dormindo, afinal de contas.
O gigante também quer brigar contra o que está errado, mas não entende muito bem o que está acontecendo. Acho que ele acordou assim meio de sopetão, no susto. Ouviu uma gritaria, uma certa baderna e à princípio achou ruim – quem gosta de baderna? Mas depois que viu algumas pessoas apanhando da polícia sem qualquer motivo aparente, mudou de ideia e resolveu participar.
Foi assim que descobriu um pessoal brigando por seus direitos. Mas no calor do momento ele não pôde parar para entender o que de fato estava acontecendo. Simplesmente entrou na dança.
acordou
Correndo ali no meio do povo, o gigante ouviu dizerem que todo o vuco-vuco era para baixar o preço da tarifa do transporte público, que havia subido vinte centavos. Aquilo era meio estranho pro gigante, pois ele nunca andou de ônibus e alguns centavinhos para ele era mixaria.
Foi aí que ele ouviu alguém gritar: “É mais do que vinte centavos!” e tudo fez sentido. Gigantes, você deve saber, têm dificuldade para interpretar as coisas, por isso ele entendeu que aquela era a hora de lutar por TUDO de uma vez só: saúde, educação, salários justos, etc.

Em meio àquele carnaval ideológico, o gigante se sentiu em casa. Escreveu cartaz, pintou a cara e se vestiu de branco. Até que finalmente encontrou uma causa ainda mais nobre para defender: chegara a hora de lutar contra o verdadeiro Mal.
Gigantes não compreendem nuances de pensamento. Eles são maniqueístas por natureza, por isso precisava de um vilão bem malvado para lutar contra. Imagine como ele ficou contente ao sussurrarem em seu ouvido: o governo atual é o vilão, pegou dinheiro do povo. E como ele esteve dormindo por tanto tempo, achou que foi o partido do governo que inventou a corrupção, e que antes deles nada disso tinha ocorrido no Brasil.
E quem pode culpar o gigante? Poxa, ele não sabe das coisas. No fundo ele é bem intencionado, se você pensar bem: quer acabar com a corrupção, quem poderia ser contra isso?
Então o gigante avistou um monte de bandeiras vermelhas, cada uma com uma sigla totalmente diferente da outra, mas como ele não sabia ler direito, achou que todas eram a favor do governo, achou que todas representavam o Mal. E se chateou, pediu para baixarem a bandeira.
O pessoal não quis ouvir o grandalhão. Até tentaram explicar o conceito de democracia pro gigante, mas o blablabla acabou por irritar o colosso ainda mais, que bateu nos manifestantes sem a menor cerimônia. Gigantes são assim: muito fortes, bastante estabanados e têm um pavio muito curto.
Mas quem poderia culpar o gigante? Ele dormiu durante as aulas de História, por isso não sabia que aquelas pessoas estavam acordadas muito antes dele. Já tinham lutado muito, conquistado direitos, derrubado governantes. Mas para ele isso tudo não queria dizer nada.

O que poucos sabem, entretanto, é que gigantes são muito vaidosos. E toda aquela confusão que ele já tinha causado acabou chamando a atenção da mídia. Só que ao invés de contrariá-lo, a mídia resolveu bajular o gigante. Disse que aquilo que ele estava fazendo era o certo, e o gigante ficou todo cheio de si.
Gigantes gostam de ser tratados assim, com todo o carinho. Experimente dizer “não” a um gigante. Não dá certo. Gigantes foram criados na base do leite com pera e Ovomaltine na geladeira. Quando vão no supermercado com os pais, sempre saem com um brinquedo novo. Quando vão para a balada, acreditam que todas as meninas são obrigadas a dar atenção pra ele. E se por acaso forem contrariados, os gigantes brigam. Brigam muito, esperneiam, se jogam no chão, batem, quebram tudo. Se a briga não der certo, chamam os pais. Aí a coisa fica séria, pois os pais dos gigantes são gigantes também, mas têm muito mais poder. Normalmente mais dinheiro, mais influência, mais cara-de-pau.

Todos achavam que o gigante acalmaria em algum momento, mas aí a tal da manifestação da tarifa deu certo: reduziram o preço pago pelo transporte público. Foi a maior festa. Só que o gigante queria mais, não podia simplesmente parar ali. Finalmente ele estava acordado, não queria dormir de novo.
Por favor não julgue o incompreendido gigante. Faltou educação, faltou mais carinho e menos mimos. Tente entender o lado do gigante: um belo dia ele acorda e vê que o povo tem poder. E assim, sem entender, ele se envolve com a luta e consegue atingir um dos principais objetivos. Ora, não tem nada que um gigante goste mais do que quando cedem a seus pedidos. Por isso ele acabou se descontrolando de vez.
Começou a carregar placas de tudo quanto é tipo. Falaram de um tal de PEC e que isso era ruim. Ele passou a ser contra. Falaram que a Copa era ruim, ele gritou contra. Falaram que os médicos de Cuba queriam roubar emprego dos médicos brasileiros, e o gigante gritou contra. Falaram que o melhor era tirar os vermelhos do poder, e então ele passou a gritar pelo impeachment da presidenta – mesmo sem ter nenhuma proposta do que fazer depois que ela saísse do poder. Mas ele gritou mesmo assim.

FBL-WC2014-CONFED-PROTEST
E foi aí que resolveram fazer o gigante de bobo de vez. Pois gigantes são, como eu falei antes, muito fortes e maniqueístas, estão sempre preocupados em fazer o Bem e lutar contra o Mal. Mas são ingênuos, coitados. É só fazer um carinho aqui, um lero-lero ali e eles já ficam todo abertos. E a tal da mídia – amiguinha do gigante – tinha um plano. Sabendo que o gigante estava todo cheio de “causas”, apresentou para o grandalhão um amigo de longa data, o Novo Candidato. Era um fulano genérico, sem bandeira de partido nenhum. Vestia branco e dizia que o Brasil não tinha que ir pra esquerda nem pra direita: tinha que ir pra frente. O gigante foi ao delírio.

"Não está mais funcionando!"

naofuncionamais

Carta Aberta à Polícia (E A QUEM A COMANDA)


Policial ataca mulher com spray de pimenta na Praça XV,
no Rio de Janeiro (Foto: Victor R. Caivano/AP)
Willian Douglas, no seu blog

Sou ex-Delegado de Polícia, atualmente juiz federal, mas também professor e cidadão, e, mais que tudo, pai de família. Meus alunos e meus filhos têm o direito de irem às ruas e não serem tratados como bandidos apenas por fazerem uso de seus direitos constitucionais. Igualmente, eu e todos os demais brasileiros temos direito a uma Polícia que prenda os arruaceiros, depredadores e vândalos. Por isso, eu realmente gostaria que vocês aprendessem a diferenciar os dois grupos. Não é tão difícil, asseguro.

É tão simples distinguir que é possível que o problema seja de comando. A quem interessa confundir os dois grupos? Não faz sentido a Polícia ficar quieta contra vândalos e atacar estudantes em movimento pacífico! O dever da Polícia é proteger a população e os bens, assim como prender quem estiver violando a lei. Quem comanda, comande isso, oriente e treine a tropa.
A explicação é simples:

(a) quem estiver jogando pedras, queimando, depredando ou incendiando é vândalo, por favor prendam (fazendo apenas uso da força necessária para tal) e levem para a Delegacia Policial mais próxima;

(b) quem estiver caminhando e cantando, sem violência, é estudante (seu filho, talvez), é cidadão (como você é também), é gente cansada de corrupção, de ser feito de tolo, de ver o dinheiro de hospitais e escolas irem, bem, todo mundo sabe para onde está indo.

Dentre as coisas que faltam, uma delas é a Polícia (E QUEM A COMANDA) fazer seu trabalho com os bandidos e cumprir seu dever moral com as pessoas de bem, estejam em casa ou na rua.

Dentre outras coisas que faltam, acrescento: lugar de deputado, senador, ministro e presidente tratar da saúde é no SUS. E o lugar dos filhos deles estudarem é na escola pública. Simples assim. E que pais e filhos usem transporte público (sem carro oficial). Rapidamente, o SUS, escolas e transportes públicos ficarão muito bem, obrigado. O povo todo, porém, deve entrar na onda e não participar mais do “jeitinho”, do "por fora", da sonegação, do voto em troca de mariolas. Enfim, quem sabe não chegou o tempo em que vamos passar o país a limpo? Sem violência, claro, no bom sistema que Jesus, Gandhi, Luther King Jr e Mandela utilizaram.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O Grito Não Pode Ser Distorcido!

Imagem dos protestos [na internet]

Ariovaldo Ramos

“Jovens, eu vos escrevi porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno”

Paulo, um dos grandes articuladores do movimento cristão, experimentou um fenômeno social curioso.

Ele e o seu companheiro de propagação, foram protagonistas de um ato extraordinário, numa das cidades da Ásia Menor, foram tidos como deuses, e os queriam homenagear, eles resistiram, deixando claro a visão que estavam a compartilhar.

Pouco tempo depois, adversários de Paulo chegaram à cidade e, contra todas as expectativas, convenceram a multidão que, a pouco, queria homenagear Paulo a mata-lo a pedradas.

Isso é o que pode acontecer quando estamos a mexer com a multidão.

Jovens, vocês estão nas ruas. E estão por uma ótima causa: o bem do país.

Porém, cuidado! Tudo que tem a ver com multidão pode ser subvertido.

Paulo foi apedrejado e quase morre, ele viu a força da massa quando ela perde o foco e se deixa influenciar pelos que querem a destruição.

Lembrem-se, destruição não é um propósito, destruição é o fim de todo o propósito.

Jovens, não percam a palavra da construção de uma nova sociedade: justa, com controle social, onde haja tolerância zero para a corrupção.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Meu partido é um coração partido: Aprendendo a ouvir os clamores das ruas

manifestacaobh
E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.
Ezequiel 36:26
Caio Marçal, no Blog do Fale
Participamos de uma manifestação em Belo Horizonte, onde os mesmos sentimentos de transformação que levaram milhares de outras pessoas em boa parte do país também contagiou muitos em “terras inconfidentes“. Como “bons falantes“ que somos, estávamos ansiosos para entender o que estaria por trás dessa surpreendente onda nova.
Embora o Tribunal de Justiça de Minas Gerais tenha acatado o pedido do Governo do Estado que determinou que não houvesse manifestações nessa época de Copa das Confederações, uma decisão no mínimo absurda numa sociedade democrática, um coletivo de organizações, inicialmente ligadas ao tema do passe livre e da mobilidade urbana, conseguiram mobilizar um grande número de cidadãos. É Preciso dizer que Belo Horizonte é a que tem a área viária mais comprometida por engarrafamentos e lentidão no país e tem um transporte público deficiente.
Num tom extremamente pacífico e em alguns momentos festivos, foi possível perceber o quão é revelador quando participamos desses atos. Sinalizam que existem outros retratos sobre esse ativismo que colocam em cheque os conceitos e preconceitos que o senso comum, fortemente manipulável pelos donos do Quarto Poder tenta impingir.
Não podemos deixar batido que essa articulação teve componente de mobilização inicialmente nas redes sociais. Divulgada na Web como “reunião na Savassi“, muitas pessoas se aglomeraram para esse ato público. Ao chegar lá, logo deparamos com um cartaz que dizia  “Saímos do Facebook“.  Quem sabe essa afirmação seja uma alfinetada em alguns críticos que desqualificam demonstrações de solidariedade em redes sociais. Quem sabe…
Algo longo da manifestação, algo nos chamou a atenção: uma diversidade considerável de bandeiras que mostram o quanto nosso país precisa melhorar em relação a promoção de direitos essenciais para seu povo e o como há uma insatisfação crescente. Os manifestantes, conscientes do caráter aglutinador e catalisador dessa nova espécie de  engajamento, não permitiam que alguns partidos empunhassem suas bandeiras. Quem teve a “coragem“ de fazer isso, recebeu sonoras vaias. “Aqui não tem partido“, refrão que ecoou amplamente e reverberou pelas ruas centrais da capital mineira.
Não deixou de ser tocante ver uma jovem com um cartaz que reproduzia a letra de uma música: “meu partido é um coração partido“. Ao ler essa mensagem, não pudemos parar de pensar em outra coisa senão o quão necessário é ter pessoas que exercem essa militância do coração,  que é capaz de se condoer ante a dor e faz dela um ato em defesa da vida. Que não vivem ensimesmados em seu individualismo ególatra ou fechados em guetos ideologizados, mas conseguem reconhecer a demanda dos outros e por eles ir para as ruas defender o coletivo!

Tarifa de ônibus no Brasil está entre as mais caras do mundo

Manifestação  realizada nas imediações do Estádio do Maracanã (RJ) neste domingo. O ato sofreu forte repressão da Polícia Militar, que respondeu com bombas de efeito moral e balas de borracha (Foto: Mauro Pimentel / Terra)
Manifestação realizada nas imediações do Estádio do Maracanã (RJ) neste domingo. O ato sofreu forte repressão da Polícia Militar, que respondeu com bombas de efeito moral e balas de borracha
(Foto: Mauro Pimentel / Terra)
Samy Dana e Leonardo Siqueira, na Folha de S.Paulo
A última semana foi marcada pelos protestos contra o aumento das passagens de ônibus pelo país; parece que a manifestação originada em São Paulo está escrevendo um capítulo da história.
Mas será que nossa passagem de ônibus é tão cara? Pesquisamos o preço das passagens de ônibus em dez cidades ao redor do mundo e os comparamos com Rio e São Paulo, onde os protestos foram mais intensos.
Muitas análises pesquisam o preço na moeda local e os transforma em dólar. Esses resultados chegam à mesma conclusão: o Brasil está longe de ser o local com passagens mais caras -São Paulo e Rio são mais baratas, pela ordem, do que Londres, Tóquio, Ottawa (Canadá), Nova York, Lisboa, Paris e Madri.
Esse tipo de análise é superficial, pois não considera o salário médio; ou seja, um dólar num país ser mais fácil de ganhar do que outro.
Mais realista é levar em conta o preço das passagens em minutos trabalhados, considerando, portanto, a renda média e as horas trabalhadas em cada cidade.
Ao classificar os preços pelos salários, São Paulo e Rio têm as passagens mais caras.
O paulistano tem que trabalhar 14 minutos para pagar uma passagem. Para o morador do Rio, são 13 minutos.
São superiores aos quatro minutos dos chineses.
Talvez as manifestações não sejam contra o aumento de R$ 0,20 na passagem, mas contra um transporte que não apresenta os serviços encontrados ao redor do mundo.

Vamos pra rua igreja? Posso ouvir um amém?

igrejanaruaPablo Silva, no Facebook

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Utilitarismo divino

2084

Carlos Ruas, em Um Sábado Qualquer

Juiz nega a Edir Macedo retirada de vídeo sobre fraude

Edir Macedo
Chefe da Universal é acusado
de ter fraudado uma procuração
A 34ª Vara Cível de São Paulo negou pedido dos advogados dos bispos Edir Macedo (foto) e Honorilton Gonçalves da Costa, da Igreja Universal, para retirada do Youtube dos vídeos gravados em audiências onde ambos negam à Justiça de Itajaí (SC) a prática de falsidade ideológica. [ver vídeos abaixo].

As audiências se referem à ação penal aberta em 2005 para apurar a acusação de que Macedo falsificou uma procuração para transferir as cotas da TV Vale do Itajaí do ex-pastor Marcelo Pires para o pastor Honorilton Gonçalves.

No dia 28 de agosto de 2012, Macedo disse ao juiz não ter se lembrado de tal procuração porque assinava muitos documentos.

Posteriormente, Gonçalves, na sua vez no banco dos réus da Justiça de Itajaí, também afirmou não ter nenhuma informação sobre a suposta fraude na procuração. Ele confirmou que adquiriu 88 cotas da emissora em 1996.

O ex-pastor Pires alegou na ação penal que Macedo fez uso de uma procuração falsificada para lhe tirar as cotas da TV Itajaí.

Pela argumentação dos advogados de Macedo e Gonçalves, a gravação dos depoimentos tem de ser deletado do Youtube por se trata de um “ato covarde” com o objetivo de “promover o sensacionalismo barato”.

Para o juiz Anderson Fabrício da Cruz, contudo, não há nenhuma ilegalidade na divulgação dos vídeos porque eles se referem a um processo judicial de interesse público cujos autos qualquer pessoa pode ter acesso sem necessidade de autorização.

"O trabalho da igreja preza pela ética moral"


É Vinagre!

2086

Carlos Ruas, em Um Sábado Qualquer

V de Vinagre: Um evangélico no #protestosp

vdevinagre
Moisés Lourenço, especial para o Pavablog
Este é meu depoimento sobre a noite do dia 13/06/2013 e podemos chamar de “A REVOLTA DA SALADA” ou “V DE VINAGRE”, como estão dizendo por aí. Julgue-me:
Nos encontramos em frente ao Teatro Municipal de SP. Protestos com canções e faixas. Nada de violência, muito pelo contrário, havia entre os manifestantes, muita educação sob um clima de protesto e a leveza de estar assegurado pela Lei. A policia, como em qualquer protesto, apenas acompanhava a fim de conter os excessos. Não tiveram problema algum com o ponderado protesto inicial.
Andamos até a praça Roosevelt e a manifestação continuou do mesmo jeito. O povo concentrado na praça. Saí de perto para tentar ligar para uma amiga, no que fui surpreendido com a tropa de choque chegando sorrateiramente bem atrás de mim. Desliguei o celular e saí correndo, gritando para dar tempo de avisar os demais manifestantes. Em questão de segundos, a tropa fez cair sobre a turba, uma nuvem de gás que asfixiou a todos, de modo simultâneo.
Corremos, indo para a outra extremidade da praça. O povo ponderado se transformou pelo caos do terror. Desmaios, aglomeração. A larga praça se tornou estreita para os milhares que tentavam sair da fumaça covarde. Moradores e transeuntes tiveram que fugir pelo mesmo encurralamento dos manifestantes. Vi um idoso de bengala no meio da turba, sendo deixando para trás, aparentemente “calmo”, mas que na verdade, estava “condenado” pela pouca força. Estava condenado a andar devagar, com a preocupação exclusiva de se apoiar na bengala, quando era a hora de correr. Não pude fazer nada, por mais que eu quisesse.
Nos espalhamos pelas ruas da Bela Vista. O coração a mil, a revolta instaurada, o cansaço, as mãos vazias. Fomos brutalmente atacados, munidos apenas de nossas vozes. “Para quê o capacete”, “o vinagre”, “a máscara”?. Bem, você é inteligente. Pense. Todas essas coisas são usadas para se proteger do gás e dos tiros de borrachas. Você pensava que era uma armadura terrorista? O vinagre seria utilizado para declarar uma guerra biológica? Não. O vinagre serve para ajudar contra ataques do gás e para nossa surpresa, a polícia decidiu prender a todos que fosse encontrado com o vinagre, ou seja, a ideia era: “você tem que se asfixiar até desmaiar”.
Uma vez encurralados, aviltados, agredidos, submanizados, reprimidos e privados de seus direitos, o povo tolhido e coagido se defendeu com pau, pedra, lixo queimado e pichação do tipo: “O Estado precisa ouvir o povo”. Ora, o povo estava fazendo um protesto limpo, se ajoelhou, pediu clemência e mesmo levou tiro de borracha nos olhos. Foi obrigado a se defender e revidar. O revide foi quase insignificante perante o ataque da polícia. Éramos indefesos diante da cavalaria, dos tiros e dos gases.
Agora, me responda: você acha que a nossa atitude foi de vandalismo? Se você está sendo atacado por uma brutal e esmagadora força superior, você não pegaria em cabo de vassoura ou saco de lixo? Jornalistas sofreram também, por portarem vinagre e por filmarem. Imaginem o que aconteceu com os manifestantes… a mídia pega a cena da queima do lixo, dos jovens de máscaras ou da pichação, edita com a polícia chegando “depois” e…. bingo. O telespectador chega a conclusão: “nossa, um grupo de vândalos com máscaras está queimando a cidade, ainda bem que a polícia chegou a tempo”. Percebem a inversão nos fatos?
Você pode questionar o motivo do protesto. Se é relevante ou não, uma coisa é certa, é preciso respeitar quem julga relevante a ponto de se reunir para se manifestar. Todos têm direito, não é? “Vadias”, evangélicos, homossexuais, professores, índios, “maconheiros” e etecéteras. A conclusão é que o que aconteceu no dia “13”, assim como em dias anteriores, abre um novo tempo no Brasil, de modo semelhante ao que aconteceu na Turquia, que no dia 31/05/2013, levaram milhares de pessoas a contestar a truculência governamental contra cidadãos que se opunham à derrubada de árvores para a construção de um shopping na Praça Taksim, em Istambul. Esses vinte centavos da tarifa, sairão muito caro.
Outrossim, conclamo a todos a aquecer o mercado brasileiro! Vamos deixar nosso país mais rico! Vamos comprar! Vamos comprar vinagre e desembainhar nas ruas, como se fosse uma espada. Porque o vinagre é a versão da arma química do Iraque.
Saia do Facebook. Isso vai chegar na sua cidade. Se organize e proteste. Prepare-se para correr. Se proteja. Filtre as informações da mídia. Contenha os excessos. Quem sabe, esta revolta expanda e abranja protestos contra a corrupção, contra educação falida, onde estudantes concluem o ensino sem saber ler e escrever direito, contra a saúde, que, por causa da negligência, milhares de pessoas morrem todo ano (você vai marcar uma cirurgia hoje, só que precisa entrar na fila e esperar 6 meses; tempo suficiente para o agravamento e a morte), contra a violência, onde vira “moda” queimar dentistas e etc.
Você não acreditou em nada do que eu disse? Venha comigo. Simples. Venha comigo participar do próximo protesto. Você vai ver outra realidade, completamente diferente da noticiada por parte da mídia brasileira (inclusive, a mídia internacional está sendo mais verdadeira).
Acompanhe a página do Passe Livre.
protestosp3protestosp4protestosp6

Manifestações no Rio e em São Paulo: O desabrochar da primavera brasileira


Por Hermes C. Fernandes, no Cristianismo Subversivo

Ontem várias cidades brasileiras foram cenário manifestações populares contra o aumento abusivo das passagens de ônibus. Engana-se quem pensa que elas só aconteceram no Rio e em São Paulo.

O protesto no Rio, convocado por estudantes nas redes sociais, começou por volta das 17h15 em frente à Igreja da Candelária, no centro. Cerca de três horas mais tarde, porém, passou a ser reprimido quando os manifestantes seguiram para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Às 20h40, os manifestantes se sentaram no cruzamento das avenidas Rio Branco e Presidente Vargas para bloquear o trânsito. Para dispersá-los, a Tropa de Choque da Política Militar lançou bombas de gás lacrimogêneo e recebeu como resposta flores jogadas por alguns dos presentes. Um grupo ateou fogo a pilhas de lixos e entulhos que estavam nas calçadas e policiais jogaram bombas de efeito moral. A abordagem truculenta da polícia nos remeteu aos tempos da ditadura militar. Sobrou até para jornalistas que cobriam o protesto.

Alguns tentaram ridicularizar o movimento, dizendo que não valia a pena lutar por míseros vinte centavos. Os grande veículos de comunicação anunciaram em tom jocoso. Qualquer um que visse as imagens do helicóptero da rede Globo sobrevoando a avenida Rio Branco no centro do Rio, diria que havia dezenas de milhares de pessoas. O jornal Nacional noticiou que eram apenas duas mil. O governador do Rio disse que tudo não passava de articulação política visando as eleições do próximo ano. 

Para uns, os manifestantes não passavam de baderneiros. Para outros, um bando de esquerdistas e anarquistas. Mas o que eu vi foi o despertar de um gigante, quiçá, semelhante ao que se levantou no mundo árabe recentemente, e que atendeu pela alcunha de "Primavera Árabe". 

Convém lembrar que, coincidentemente, o estopim do grande movimento pelos direitos civis nos EUA encabeçado por Martin Luther King, Jr. foi uma crise entre a população negra de uma cidade e as empresas de ônibus.

Como pregador das boas novas do reino, não posso deixar de me posicionar. E sinceramente, jamais me posicionaria ao lado dos poderosos, dos que oprimem a população, dos empresários de ônibus e dos governos corruptos e hipócritas que só lembram do povo em época de eleição.  Seria como se os discípulos de Jesus se posicionassem por Herodes, Pilatos ou mesmo por César. Prefiro estar ao lado dos oprimidos, dos explorados, que cansados saem às ruas em busca de justiça.  

Moisés era um príncipe no Egito. Criado na corte de Faraó, estava sendo preparado para ser seu possível sucessor. Mas quando deparou-se com um soldado egípcio espancando um escravo hebreu, o que ele fez? De que lado se colocou?

Os que se colocam a favor da ordem em detrimento da justiça, deveria atentar para a admoestação bíblica:
“Até quando defendereis os injustos, e tomareis partido ao lado dos ímpios? Defendei a causa do fraco e do órfão; protegei os direitos do pobre e do oprimido. Livrai o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. Eles nada sabem, e nada entendem. Andam em trevas”.Salmos 82:2-5a
Quero ser contado entre os que bravamente resistiram ao sistema; gente do calibre de Bonhoeffer, Francisco de Assis, Lutero, e tantos outros, alguns dos quais pagaram com sua vida por se atreverem a colocar-se em favor dos fracos.

Vandalismo? Está falando sério? Já ouviu falar de um vândalo que há dois mil anos entrou num templo derrubando tudo? 

Compartilhe no Facebook

Related Posts with Thumbnails