foto: Exposição Human Body |
Osvaldo Luiz Ribeiro, no Peroratio
Um homem - e também mulheres - tem um cérebro absurdamente criativo: acima da média. Ele, então, ciente disso, e sabendo que o mundo "baba" por seu talento, vende-o: escreve livros, dirige blockbusters, esculpe Davis e Moisés, ergue pontes de 30 quilômetros, constrói estádios monumentais...
Olhamos para eles, que vendem o que tem, no corpo, de melhor, que, com o corpo - ou será com outra coisa, senhores? -, produzem objetos de desejo e vendem, e vendem-se, e vivem disso... e os achamos gênios...
Os cantores vendem a voz, a peso de ouro! Divas! Monstros! Milhões de discos - vendidos os discos e as vozes: corpo vendido... Cultura pop... inclusive gospel...
A mulher tem as coxas desejadas, a bunda desejada, os peitos desejados, o sexo desejado, a boca desejada: ela sabe disso, ela sabe que é objeto profundo e inamovível de desejo, e vende-se - posa para fotos, faz filmes, aluga o espaço de suas pernas. É puta, dizemos...
Curioso isso.
Vender as mãos para os patrões: homem decente, trabalhador. Vender o cérebro para o consumo viciado das massas, seja a elite, consumidora de Kafka - será? -, seja a massa, consumidora de tons de cinza e Paulo Coelho, é talento, é cultura, é genialidade...
Mas, (se) vende(r) o corpo que todo corpo quer, é puta...
Curioso...
Muito, muito curioso.
Mas, (se) vende(r) o corpo que todo corpo quer, é puta...
Curioso...
Muito, muito curioso.
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