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Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo: rompamos as suas ataduras e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles.
Salmos 2.2-4
Salmos 2.2-4
Concedi uma entrevista a uma jornalista. Logo que sentamos, notei que não cogitara a contundência das perguntas que viriam. Ela mostrou ter estudado bastante antes de me questionar. De início quis saber que pecado capital eu considerava o pior.
Antecipei-me às expectativas da jornalista – O pior não consta na lista dos sete pecados capitais.
Nitidamente surpresa, ela insistiu – Qual seria o grande pecado de qualquer lista, então?
- O pecado que antecede todos outros é a sedução do poder, pois o poder promete autonomia e independência.
Emendei sem gaguejar - O universo desconhece a possibilidade de vida significativa e bela sem nos relacionarmos com o outro, inclusive, com o “Grande Outro”.
A entrevistadora pareceu espantada, pois replicou -Mas Deus não quer que sejamos livres?
Nitidamente surpresa, ela insistiu – Qual seria o grande pecado de qualquer lista, então?
- O pecado que antecede todos outros é a sedução do poder, pois o poder promete autonomia e independência.
Emendei sem gaguejar - O universo desconhece a possibilidade de vida significativa e bela sem nos relacionarmos com o outro, inclusive, com o “Grande Outro”.
A entrevistadora pareceu espantada, pois replicou -Mas Deus não quer que sejamos livres?
Respondi-lhe que liberdade e autonomia não são sinônimos. As pessoas podem ser livres, mesmo vivendo relacionalmente. Autonomia, entretanto, carrega a ideia de afastamento ou desprezo em relação ao próximo. Deus é livre, mas sem ser autônomo. A Trindade convive em um relacionamento verdadeiro desde a eternidade passada. Portanto, Deus jamais criaria pessoas para viverem desconectados, desconhecendo a riqueza das relações.
Contam que Juliano, o apóstata, imperador romano, tombou em batalha. Antes de morrer, porém, gritou: Tu venceste, Galileu! Embora o relato seja desprovido de lastro histórico, ilustra a tensão entre o poder de um monarca e a sua resistência em reconhecer que existisse alguém superior.
Aliás, toda a história descreve desastres e triunfos que resultaram da maneira como a humanidade lidou com o poder. Imperadores, ditadores e tiranos se sucederam, acreditando que eram deuses. Muitos ordenaram cultos a si próprios. Moisés confrontou Faraó como representante de YHVH e o encontro dos dois evidenciou mais que uma barganha político: sinalizou para outras civilizações se a história obedecia ao capricho do rei pretensamente divino ou ao Deus que Moisés representava.
Mais tarde, Nabucodonosor enlouqueceu e pastou como bicho. Os profetas entenderam que o surto psicótico aconteceu devido à sua teimosia em reconhecer que a prosperidade da Babilônia vinha de Deus e não dele.
Jesus alertou Pilatos: você não teria nenhum poder se Deus não lhe concedesse. E Herodes, marionetado pelos interesses imperiais de Roma, ainda procurou ridicularizar Jesus com uma coroa de espinhos e um cetro de cana. Ele imaginava ter conseguido se impor sobre o Nazareno – perdeu, entretanto.
Assim, desde o início da consciência humana, a grande tentação consiste em rejeitar a realidade de que sempre existe alguém maior, mais sábio e mais benigno. As pessoas ambicionam independência e deixam claro, por suas escolhas, que prescindem de ajuda; iludidos, acreditam possuir o poder de viverem sós.
Deus ri dessa pretensão. Quão tola a petulância de alguns acreditarem que podem governar, ensinar, conduzir ou manipular como déspotas. Quão estúpida a religião, partido, sindicato, que só monologa. São donos da verdade? Mulheres e homens, sempre limitados, desconhecem a capacidade do poder de corromper. Sobram exemplos de ungidos que se tornaram mesquinhos e maus.
Só quem se arrisca a desenvolver afetos tem uma pequena chance encontrar as bem-aventuranças descritas nos evangelhos.
Soli Deo Gloria
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