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"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história." Bill Gates

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domingo, 24 de julho de 2011

Um santo de auréola torta

De um fotolog por aí
Não estou nos meus melhores dias, estou impaciente, intolerante, azedo. Fora do padrão cristão esperado. Fora da expectativa de recepção esperado pelas pessoas mais próximas de mim, nada que se torne agressivo ou inconveniente, apenas azedo.

Na minha adolescência, acreditava que ser crente era ser alguém imaculado, santo, alvo mais que a neve como se cantava. Acreditava que nos tornávamos uns "anjos" ou quem sabe um paciente sedado em estado contemplativo que nada poderia lhe tirar do sério, irritar ou lhe fazer pecar. E que nossos próprios esforços nos fariam chegar a um estado quase arrebatador. Quando pensamos assim, somos mais certos, mais justos, mais santos do qualquer outro mortal na face da terra, nos tornamos fariseus, pois na verdade conhecemos nossas intenções, nossos pensamentos, nossos pecados, mesmo tentando ocultá-los ao máximo.

"Na época das penitências nosso foco era superar nossas fraquezas, livrarmos-nos dos nossos entraves e alcançarmos a maturidade cristã". Brennan Manning
 É nocivo a fé acreditarmos que nunca podemos ter dias de azedume, como se tivesse me embriagado com uvas verdes. É nocivo a fé acreditarmos que nós ou qualquer pessoa somos perfeitos, santos, santos santos... Pois invariavelmente nos confrontaremos com as mais profundas ranhuras da nossa alma, as vezes são tão profundas que apenas um olhar para elas nos causa repulsa. Nestes momentos, preciso me concetrar menos no que eu posso fazer, e mais no que Deus pode fazer.

Quando Deus pediu a Jonas para ir a Nínive ele não julgava que aquele povo perverso e promíscuo pudesse ser digno da Sua misericórdia. Queria que a "justiça" de Deus fosse derramada sobre aquele povo, só que a justiça de Jonas era vingança, era falta de perdão, era ausência de graça. O Deus de jonas não era diferente do Deus da cruz, o qual não precisamos esconder quem somos nem nossos mais terríveis pecados. A mesma graça que Jesus compartilhou com maltrapilhos, com protitutas, combradores de impostos, foi a graça que Deus desejava derramar sobre Nínive, mas Jonas tinha uma visão míope de Deus. Não podemos moldar Deus à nossa imagem, nem como um instrumento de execução da nossa justiça cega. 

Tememos o desconhecido, conhecemos Deus parcialmente, acredito que há a necessidade de conhecermos mais a Deus para que não tenhamos um relacionamento baseado no medo, foi que levou Oséias a dizer: "Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR" [Oséias 6.3]. Examinemos nós mesmos as escrituras, precisamos estar fascinados pelo conhecimento de Deus através de sua palavra escrita, assim como Moisés, Isaías, Jeremias e os discípulos foram fascinados pela palavra falada que revelava quem Deus era de fato. Muito embora o conhecimento de Deus não seja conceitual, mas experimental, pois precisamos ter a experiência pessoal com ele, não apenas como um exame daquilo que podemos conhecer de Deus. Não podemos fazer ninguém sentir Deus, apenas apontamos o caminho.

Nada que façamos poderá fazer Deus nos amar mais. Ele nos amou quando ainda éramos pecadores, assim, precisamos compreender que o perdão precede o arrependimento, ou seja, primeiro somos perdoados e em seguida somos constrangidos por sua infinita graça a mudarmos nosso caminho, sua atitude e nossas escolhas. Quando caímos no legalismo, temos a tendência de desconfiarmos de Deus e acreditarmos que sua graça redentora é apenas para os merecedores, para os que deram uma contra-partida para Deus. 

Somos santos de auréolas tortas, apesar de nossa humanidade, de nossos pecados e da imperfeição que habita em nós fomos santificados pela única coisa que pode nos deixar limpos, o sangue de Jesus que nos purifica de todo o pecado. As roupas novas que João descreve em apocalipse será a eliminação completa de nossa vida de maltrapilhos espirituais.

Um comentário:

  1. Rodrigo,

    O texto como sempre é belíssimo. No início bastante pessoal, se despiu sem meias palavras o que realmente sente. O reconhecimento das suas imperfeições humanas que reflete os seus piores dias. Escrever o que sente, não é o mesmo que escrever o que agrada. Há uma diferença enorme. Esta lacuna é percebida quando escrevemos sem medir palavras. Simplesmente esvaziamos a cabeça e a alma, como se fosse uma busca de alivio interior sem hesitar soltar um grito de socorro a Deus.

    Há dias que os nossos pecados nos envergonham de tal maneira que não temos coragem nem de nos olhar no espelho e daí criamos uma falsa proteção chamada “mau humor”, uma espécie de barreira para manter as pessoas que amamos longe, e assim, elas não podem perceber o que em nós está tão nítido que são as fraquezas dos nossos corações, nossas repulsas de nós mesmos.

    De sorte Deus nos ver como adolescentes rebeldes em fase de pura incompreensão e nos consola colocando a sua mão em nosso ombro. Certo que no dia posterior toda inquietude dos nossos corações serão abrandadas como fogueiras no dia seguinte. O que resta são cinzas e se espalham com o vento.

    Um forte abraço.

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