A comunidade de pescadores de Barra Nova, no litoral
sul de Alagoas, está inconformada. Há dois meses, a Igreja de São Pedro
está fechada e não há previsão de retomada das missas.
Igreja de São Pedro estrá fechada há dois meses |
A paróquia ficou órfã de padre após uma confusão
ocorrida durante uma missa às vésperas do padroeiro da comunidade, São
Pedro, no final de junho. Estavam todos assistindo a celebração do padre
Raul, que visitava a igreja, quando um homem invadiu o local, tomou o
microfone das mãos do religioso durante o sermão e desferiu todo o tipo
de acusação e ofensas sem se dar conta de que falava com o padre errado.
O militar da reserva Cícero Costa, pivô da confusão,
queria brigar com o padre Marcos, que, até então, era o responsável pela
paróquia da Barra Nova.
Quem estava presente ficou estarrecido com a fúria do
militar, que também é conhecido com Ciçou. “Achei que ele pegou o
microfone para fazer uma homenagem e não para ofender o padre visitante.
Ele chegou a dizer que sustentava o padre dando 150 reais por mês e,
por isso, ele tinha que fazer uma festa de São Pedro”, conta a
professora Graciete da Silva.
Cícero Costa se defende por ter ofendido a pessoa
errada, mas não se arrepende do que disse sobre o padre Marcos. “Ele
disse que a nossa capela nunca foi a 'Casa de Deus' e que nossa
procissão era de 'bonecas'. Aí, eu peguei o microfone e disse: se minha
procissão de São Pedro é de boneca, você é boneca duas vezes”, relatou o
militar, que ainda acusa o religioso de homofobia. “Ele não gosta de
nada! Ele tem raiva de homossexual, negro, da capela, de tudo”, disse.
Depois da baixaria, nem o padre visitante, nem o
titular da paróquia reapareceram para celebrar uma missa sequer. O
arcebispo de Maceió, Dom Antônio Muniz, diz que não há previsão de
retomada das atividades da igreja no povoado e que foi aberto um
inquérito policial para apurar o caso.
Agora, quem se diz ameaçado é o militar revoltado. Cícero Costa conta que os moradores o culpam pela “fuga” dos padres.
“Não acho correto todo mundo pagar pelo erro de uma pessoa”, reclama a aposentada Irinete dos Santos.
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