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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Brasil é o segundo maior “exportador” de missionários no mundo

O fortalecimento do cristianismo nos países do hemisfério Sul tornou o Brasil a segunda maior fonte de “exportação” de missionários na última década, sendo ultrapassado somente pelos evangelizadores norte-americanos.

publicado em ALC Notícias

imagem: google
Ao interpretar dados publicados pelo Centro de Estudos do Cristianismo Global da Universidade Gordon-Conwell e publicados pela BBC Brasil, o teólogo e professor da Faculdades EST, Roberto Zwetsch, enfatizou a necessidade de acompanhar criticamente essa onda missionária. “Quem envia esses missionários, com que objetivos e qual a teologia da missão que fundamenta as suas ações?” - questionou.

Segundo Zwetsch, a proximidade linguística e cultural é um fator que pode, pelo menos em parte, explicar a presença massiva de missionários católico-romanos e também evangélicos em comunidades latino-americanas dos Estados Unidos. A crescente consciência missionária também desafia as igrejas a se engajarem na missão.

A pesquisa liderada pelo professor da Gordon-Conwell, Todd Jonhson, constatou que 34 mil missionários brasileiros foram enviados ao exterior em 2010, 70% a mais do que no ano anterior. “A quantidade de missionários enviados pelo Sul global supera o declínio do cristianismo na Europa”, frisou o estudioso.

Na avaliação de Zwetsch, a melhoria das condições de vida no Brasil repercutiu diretamente no seio das igrejas, estimulando, em parte, o interesse por ações missionárias no exterior.

Ao citar a missionária presbiteriana dos Estados Unidos, Sherron George, o professor da EST esclareceu que muitos missionários seguem a estratégia paulina dos “fazedores de tendas” e, quando enviados em missão, garantem o seu sustento a partir do exercício de seus ofícios de origem, seja como médico, professor, assistente social, entre outras. “Outra possibilidade é o caminho das parcerias com igrejas do hemisfério Norte que colaboram em projetos, financiando o trabalho missionário em outros países com missionários da América Latina”, pontuou.

O professor da EST lembrou o trabalho desenvolvido junto a comunidades pobres de Moçambique pela diaconisa luterana brasileira Doraci Edinger, assassinada em 2004 por razões até hoje desconhecidas, com o intuito de apontar dificuldades da inserção missionária em outros contextos culturais, eclesiais e políticos.

“Missão tem a ver com contextualização e inculturação, o que evidencia a necessidade de um duro e paciente trabalho de inserção na cultura hospedeira, sem o qual se pode comprometer o anúncio do evangelho e a própria presença missionária”.


Para o professor da EST, antes de instituir-se como “salvadora do mundo”, os séculos de missão cristã colonialista e os muitos males por ela implantados na África, na Ásia e na América Latina deveriam ajudar a refletir sobre o sentido da ação missionária. Aprender com a história e optar por caminhos cuidadosos e abertos a parcerias e à comunhão com o outro pode evitar a propagação de qualquer tipo de messianismo ou salvacionismo ultrapassado, alertou.

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