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segunda-feira, 22 de abril de 2013

“Deixem o Feliciano trabalhar”, diz vice-presidente do PSC


Cotado para ser candidato à Presidência em 2014, pastor Everaldo Pereira diz que Feliciano, apesar de usar palavras inadequadas, nunca foi homofóbico

Pastor Everaldo, vice-presidente do PSC (Divulgação)
Cecília Ritto, na Veja
"O partido tem posição. Nem todos gostam. Mas, se o nosso inspirador foi rejeitado e crucificado, é porque não há unanimidade: todos têm rejeição e aprovação. Faz parte do jogo"
Nome mais cotado até o momento para ser o candidato do PSC à Presidência em 2014, Everaldo Pereira, 57 anos, carioca nascido na favela de Acari e formado em ciências atuariais, é um dos principais quadros da Assembleia de Deus. Apesar de ser o vice-presidente do partido, é ele quem, de fato, lidera a sigla, alçada ao primeiro plano de visibilidade nacional desde que o pastor Marco Feliciano (SP) assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Das manifestações contrárias às declarações do deputado emergiram, admite, dois cenários positivos. Um deles o de aumento da popularidade, que beneficia o partido e os eleitores que se identificam com as ideias de Feliciano. Outro, o fato de o PSC não mais ser percebido como “partido nanico”. Assim como outros líderes evangélicos e da política, Pereira trata, agora, de conter os efeitos indesejáveis da superexposição da sigla. Se para alguns o importante é ressaltar que as posições de Feliciano não necessariamente são as dos evangélicos, para o pastor Everaldo o momento é de defender a liberdade de expressão. Concorda que Feliciano não soube dosar as palavras, mas ressalta: “O direito de opinião ainda não é crime no Brasil. Ele fez declarações inconvenientes, mas o histórico de Feliciano não é homofóbico nem racista”.

Como o PSC avalia as manifestações contra Marco Feliciano?
Quando foi escolhido que a comissão ficaria com o PSC, pediram que o nome indicado não fosse o de Feliciano. Ora, o partido é de quem? Desde então, alguns setores têm feito manifestações desastrosas e desrespeitosas. Todos podem protestar numa democracia, mas não precisa ser dessa forma. Há um mês, esse mesmo grupo, do qual fazem parte segmentos do PT, foi contra a cubana Yoani Sánchez, que não concorda com o sistema de Cuba. Qual é a democracia que esse pessoal quer? Só serve quando é a opinião deles? Não podem conviver com o contrário? As coisas estão meio invertidas no Brasil. Antigamente, esse pessoal ia para as ruas pedir CPI. Hoje, vão às ruas para não ter CPI.
O partido acredita que Marco Feliciano era o melhor nome para ser indicado ao cargo de presidente da Comissão de Direitos Humanos?Foi o ideal. Com a chegada de Feliciano à comissão, ficou claro que os direitos humanos em si não estavam sendo cuidados, mas apenas o interesse de um segmento específico, o movimento gay. A causa é justa. Entendo que estamos em uma democracia e todos têm o direito de lutar. Mas não pode ser dessa maneira. Alguém viu algum movimento cristão ir para a câmara gritar, desrespeitar ou fazer ato obsceno? Vamos experimentar o contrário: vamos deixar o Feliciano trabalhar. Se ele tiver uma atuação que não seja condizente, nós do partido seremos os primeiros a tomar atitude.
O senhor acha, então, que falta à sociedade dar uma chance ao Feliciano?
Não é a sociedade, você vai me perdoar. Falta a essas minorias, pequenininhas, que não se conformam de ter perdido espaço.
O PSC ganhou maior adesão dos evangélicos com a visibilidade do deputado?Aflorou, naturalmente, um sentimento de indignação entre segmentos da Igreja Católica e, principalmente, entre os evangélicos, porque ficou caracterizada uma perseguição religiosa em cima do Marco Feliciano. Ele fez declarações inconvenientes, mas, graças a Deus, estamos em um estado democrático e o direito de opinião ainda não é crime no Brasil. O histórico do deputado não é homofóbico nem racista.
O senhor acredita que, para 2014, o partido conseguirá concentrar os votos dos evangélicos?Evangélicos são pessoas que pensam. Ninguém faz lavagem cerebral em evangélico. Ele vai duas ou três vezes por semana à igreja, estuda a Bíblia. Evangélico não é manada. O Partido Social Cristão se baseia em alguns princípios. Não é um partido de igreja, nem de religião nenhuma. No PSC, há gente de todo tipo. Um partido político não segrega, não discrimina, não exclui ninguém. Para entrar no PSC tem de ter ficha limpa.

A decisão de lançar candidato à Presidência em 2014 foi consequência da visibilidade alcançada com Feliciano na Comissão de Direitos Humanos?A nossa vontade de lançar candidato próprio à Presidência não tem nada a ver com Feliciano. Em janeiro de 2011, após as eleições de 2010, o partido começou a trabalhar a candidatura própria. Em 2012, corri o Brasil todo organizando o partido para as eleições municipais e o meu discurso sempre foi de que, para 2014, elegeremos senador, governadores e, se Deus quiser, teremos candidatura própria à Presidência. Vimos que um partido, para poder se firmar no país, precisa colocar princípios e mostrar a sua forma de interpretar o Brasil.
Na próxima eleição, o PSC levará os valores morais para o centro do debate?Isso já está caracterizado. Não preciso trabalhar mais os valores. Hoje, a inflação está subindo, o país está estagnado, a carga tributaria é insuportável. O trabalhador tem que trabalhar mais de 150 dias por ano só para pagar imposto. Faltam professores em escolas, há capitais no país sem saneamento básico. A quantidade de ministério é um absurdo. Nós iremos reduzir para 20 o número de ministérios. Precisamos do estado necessário: nem pequeno, nem elástico. A questão dos princípios não tem que ser discutida. Esse é um assunto que já é a nossa cara. Olham para nós e sabem. No entanto, temos a intuição de que os opositores dirão que somos fundamentalistas. Não é verdade. Somos do principio cristão e jamais negaremos isso.
O PSC caminhou junto com o governo. Por que vai deixar a base aliada?Por coerência, apoiamos a presidente Dilma sem discriminá-la, mesmo com ela dizendo que não sabia se acreditava em Deus e não tendo se declarado contra o aborto. Ela representava a continuidade das politicas sociais que Lula implantou. Ficamos na base, mesmo sem termos sido tratados com a mesma atenção dispensada aos outros partidos menores do que nós. Não nos trataram bem.
O que mudou para o PSC depois da polêmica envolvendo o Feliciano?Ficou caracterizado, agora, que somos um partido de verdade. Lamentavelmente, o PSC era considerado um nanico. Hoje não. O partido tem posição. Nem todos gostam. Mas, se o nosso inspirador foi rejeitado e crucificado, é porque não há unanimidade: todos têm rejeição e aprovação. Faz parte do jogo.

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