João Euler, no Eu, ler? Poder ser!
“Minha vida era andar por esse país...” era a canção que eu mais gostava. Trabalhava viajando de uma cidade para outra. Às vezes, sem descanso, só pra dar tempo de chegar logo na outra cidade bem cedim. Eu achava muito bom essa vida que eu tinha mesmo doendo a saudade da minha família.
Mas tenho que contar “procês” um “causo” que mexeu com minha vida, com a vida desse sertanejo "véi" da Judéia. Aprendi uma coisa que escola nenhuma me ensinou. O que é de verdade um próximo. Aquilo que as Escrituras Sagradas falavam através dos nossos avós. Eu tava vindo de Jerusalém pras bandas de Jericó. Sempre fazia isso, era costumeiro. Pois num é que apareceu um bando “servergonhe” de ladrão. Eu não sei daonde aqueles cão saíram. Não é assim? Do nada, as desgraças aparecem? Só sei que me pegaram de jeito, levaram meu jumentim que carregava as coisas tudo. Meu material de venda, meu mostruário, minhas malas, meu dinheiro... Ainda me bateram, me bateram, me bateram... Quando pedi pra parar... aí, que me bateram mais. Nunca senti tanta dor.
No chão, me senti humilhado. Só lembrei da minha família. Como ia voltar pra casa. E se eu ia, como ia levar o sustento... Pedi tanto a Deus a morte. Mas nada... Só silêncio. Sem força, só tinha a saída de esperar alguma coisa caído naquele sol quente. Nunca me senti tão só em toda a minha vida. Nem um pé de gente naquele fim de mundo.
Quando de repente vem alguém. Tava com a vista ruim, mas deu pra ver que era alguém importante. Acho que era um sacerdote, um líder da igreja certamente. Pela roupa, dava mais ou menos pra ver. Eu vi que ele me viu. Talvez tenha me reconhecido, mesmo eu não sendo da religião dele. Quem sabe, eu tinha até visitado lá o lugar dele. Tentei falar, fiquei com vergonha. Afinal... eu tava quase nu. Quem é que vai ajudar alguém sem nada, não é mesmo? O que pude ver mesmo, foi ele passar meio que “arrudeando” por onde eu tava. Quando ele se foi, só me deu vontade de chorar... de tristeza, de dor, de sofrimento...
Depois de um tempim, deu pra notar no meio dos raios do sol, outro homem vindo. Era conhecido? Era sim... Era cantor! Eu tinha comprado os LP’s dele! Eu não ia reconhecer aquele chapéu dele de longe? Oura não?! Esse eu vou chamar. Na verdade, eu vou cantar a música mais famosa dele. Não dá, não tenho forças. Ele passou tão rápido, que... deixa pra lá! Não valho nada mesmo. Não tenho nada. Devo morrer. Ninguém se importa comigo.
Eu estava chorando, quando sem perceber, um homem parou e, ao se abaixar, colocou suas mãos no meu ombro dizendo pra não eu me preocupar. Ele tirou de sua bolsa remédios e ataduras, e cuidou de minhas feridas. Ele me “arribou” no lombo do cavalo e me levou pra um Hotel na beira da estrada lá perto. Nunca vou esquecer. Não sabia quem eu era. Não fez nem questão de saber. Só sei que ele era de Samaria. Os Judeus não gostavam muito do povo de lá não.
O Samaritano ainda tinha que viajar pra outro lugar. Assim, deixou tudo pago no Hotel tanto pra hospedagem quanto pro meus cuidados. E como ele conhecia o dono, se tivesse mais despesa podia ficar fiado que ele pagava na volta.
Nunca vou esquecer. Aprendi o que é ser próximo. Ensinei pros meus filhos. Conto a história do que esse Samaritano fez por mim no pior momento da minha vida. Ele não era nada meu, fez o bem pra mim pelo simples fato de ser um “Cabra bom”.
Leia: (Lc 10:25-36)
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