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Ricardo Gondim, no seu site
Para ser salvo é preciso saber nadar nas águas que escorrem entre as margens do bem e do mal, do ódio e do amor, da delicadeza e da estupidez. É mister também levitar, enchendo os pulmões com o mesmo gás que flutua balões, poetas, romancistas, músicos. Mas não se aconselha permanecer nas alturas; vez por outra vale acocorar-se ao lado do irmão agrilhoado à crueldade da vida.
Para ser salvo convém levar-se a sério. Mas não tão a sério que a alma fique impertinente – mala sem alça continua boa metáfora para descrever pessoas desagradáveis. Viver sem propósito, ao sabor do vento, pode ajudar a recuperar o ânimo de quem perdeu ideal. Enquanto formigas marcham em fila, sem saber a razão de seguirem a rainha, cigarras enchem a floresta de alegria. Por que não cantar nesse coral?
Redenção pode lembrar a liberdade de acordar tarde sem culpa; comer chocolate como rito; comprar perfume caríssimo e dar de presente a alguém especial; colocar brincos na amada; sentar para almoçar sem hora para terminar; conversar besteira só para rir à solta; bater papo com pessoas meio doidas; ler romance; recitar poesia.
Redimidos não temem falar da morte – sem morbidez. Libertos relutam para não perder a nobreza quando são derrotados. Eles anelam crescer em humildade no tempo da vitória. E sabem quão amargo é o tédio do dia a dia.
Resgatados não querem confundir solidariedade com comiseração; fogem para nunca fazerem da inveja motivo de discórdia. Imploram aos céus para que nunca tapem olhos, boca e ouvidos à injustiça. Os salvos querem um coração de carne, sensível ao clamor do oprimido.
Com toda reverência, não prejudica amar a Deus como um “cara muito legal”. E de gravata solta, celebrar que Ele nunca esquece de ser compreensivo e longânimo. Deus não quer meter medo, já que busca amigos íntimos. Salvação é uma festa.
Soli Deo Gloria
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