Jalloul (de joelhos) na cerimônia em Qom, no Irã (Divulgação) |
Radicado há seis anos no santuário de Qom, no Irã, o paulistano Rodrigo Jalloul, 27, tornou-se o primeiro brasileiro nato a ser oficialmente reconhecido como clérigo xiita.
Em cerimônia organizada anteontem na mesquita da Escola Superior Imã Khomeini, epicentro do ensino teológico xiita, um aiatolá (cargo mais alto do xiismo) colocou sobre a cabeça de Jalloul um turbante branco, símbolo do reconhecimento como mulá, sábio religioso.
O brasileiro agora possui o status de hojatoleslam, equivalente a um grau abaixo do cargo de aiatolá na hierarquia xiita.
A credencial lhe confere autoridade espiritual para se pronunciar sobre questões religiosas e reconhecer casamentos, divórcios e enterros.
"Estou muito feliz e me sinto vitorioso diante das dificuldades que encontrei no caminho", disse Jalloul à Folha, por telefone, desde Qom, cidade situada 120 km ao sul da capital do país, Teerã.
"Passei por problemas financeiros e enfrentei resistência até mesmo dentro da religião", afirma o hojatoleslam, um católico que se converteu ao xiismo em 2004 e obteve bolsa para estudar no Irã dois anos depois.
Jalloul envolveu-se em uma polêmica em 2010, quando a revista "Veja" o apontou como expoente de um plano do governo iraniano para doutrinar brasileiros com o intuito de fincar uma suposta ideologia terrorista na América do Sul.
Ele nega as acusações e diz que seu único objetivo é aprofundar estudos teológicos no xiismo, ramo minoritário no islã, dominado por sunitas.
O mulá diz não ter planos de seguir estudando para alcançar o cargo de aiatolá, algo que exigiria uma dedicação exclusiva nos estudos por pelo menos mais dez anos.
Jalloul, que faz frequentes viagens pelo interior do Irã para ministrar palestras religiosas no idioma local farsi, afirma querer completar um ciclo de especialização em Qom antes de voltar ao Brasil, por volta de 2015.
"Minha intenção é ensinar aos brasileiros a verdadeira face do islã e mostrar que se trata de uma religião de paz, amor e solidariedade", afirma ele.
COMBATE A EXTREMISMO
Jalloul diz querer ajudar a ampliar o conhecimento dos brasileiros acerca do islã.
O mulá afirma que entre suas prioridades após o regresso ao Brasil estão programas de caridade --que ele diz já ter iniciado em São Paulo com colegas evangélicos e kardecistas-- e de combate à ideologia salafista, um ramo ultrarradical do islã sunita pregado em algumas mesquitas brasileiras.
"Nos meus longos anos de estudos, nunca ouvi falar que homem deveria bater em mulher ou que pessoas iriam queimar no mármore do inferno. Quem diz isso está distorcendo a religião."
Jalloul afirma querer "quebrar essa imagem negativa do islã." Segundo ele, uma religião não deve ser imposta, mas explicada a quem se interessa.
O jovem clérigo planeja montar uma família, de preferência ao lado de uma mulher brasileira. "As iranianas são muito bonitas, mas a cultura não bate com a nossa."
O clérigo insiste em que a mulher não precisa ser muçulmana. "Mas ela tem que acreditar em Deus; não posso me casar com uma incrédula", acrescenta.
Em cerimônia organizada anteontem na mesquita da Escola Superior Imã Khomeini, epicentro do ensino teológico xiita, um aiatolá (cargo mais alto do xiismo) colocou sobre a cabeça de Jalloul um turbante branco, símbolo do reconhecimento como mulá, sábio religioso.
O brasileiro agora possui o status de hojatoleslam, equivalente a um grau abaixo do cargo de aiatolá na hierarquia xiita.
A credencial lhe confere autoridade espiritual para se pronunciar sobre questões religiosas e reconhecer casamentos, divórcios e enterros.
"Estou muito feliz e me sinto vitorioso diante das dificuldades que encontrei no caminho", disse Jalloul à Folha, por telefone, desde Qom, cidade situada 120 km ao sul da capital do país, Teerã.
"Passei por problemas financeiros e enfrentei resistência até mesmo dentro da religião", afirma o hojatoleslam, um católico que se converteu ao xiismo em 2004 e obteve bolsa para estudar no Irã dois anos depois.
Jalloul envolveu-se em uma polêmica em 2010, quando a revista "Veja" o apontou como expoente de um plano do governo iraniano para doutrinar brasileiros com o intuito de fincar uma suposta ideologia terrorista na América do Sul.
Ele nega as acusações e diz que seu único objetivo é aprofundar estudos teológicos no xiismo, ramo minoritário no islã, dominado por sunitas.
O mulá diz não ter planos de seguir estudando para alcançar o cargo de aiatolá, algo que exigiria uma dedicação exclusiva nos estudos por pelo menos mais dez anos.
Jalloul, que faz frequentes viagens pelo interior do Irã para ministrar palestras religiosas no idioma local farsi, afirma querer completar um ciclo de especialização em Qom antes de voltar ao Brasil, por volta de 2015.
"Minha intenção é ensinar aos brasileiros a verdadeira face do islã e mostrar que se trata de uma religião de paz, amor e solidariedade", afirma ele.
COMBATE A EXTREMISMO
Jalloul diz querer ajudar a ampliar o conhecimento dos brasileiros acerca do islã.
O mulá afirma que entre suas prioridades após o regresso ao Brasil estão programas de caridade --que ele diz já ter iniciado em São Paulo com colegas evangélicos e kardecistas-- e de combate à ideologia salafista, um ramo ultrarradical do islã sunita pregado em algumas mesquitas brasileiras.
"Nos meus longos anos de estudos, nunca ouvi falar que homem deveria bater em mulher ou que pessoas iriam queimar no mármore do inferno. Quem diz isso está distorcendo a religião."
Jalloul afirma querer "quebrar essa imagem negativa do islã." Segundo ele, uma religião não deve ser imposta, mas explicada a quem se interessa.
O jovem clérigo planeja montar uma família, de preferência ao lado de uma mulher brasileira. "As iranianas são muito bonitas, mas a cultura não bate com a nossa."
O clérigo insiste em que a mulher não precisa ser muçulmana. "Mas ela tem que acreditar em Deus; não posso me casar com uma incrédula", acrescenta.